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terça-feira, 11 de março de 2014

Entrevista com Gláucia Santiago

Não posso negar. Sempre é bom entrevistar mais e mais jornalistas. E, principalmente, entrevistar o público feminino. Nada mais justo do que entrevistar mais uma excelente repórter. Agora é a vez de Gláucia Santiago, repórter da EPTV, afiliada da Rede Globo. Ela trabalha na área de esportes, da região de São Carlos. Nasceu no dia 18 de dezembro de 1985, em Araraquara.

Abaixo, vocês, leitores, poderão conferir um pouco mais da próxima entrevistada.

Gabriel Dantas: Para os futuros leitores, quem é Gláucia Santiago?
Gláucia Santiago: Jornalista por formação e por paixão. Tenho 28 anos, trabalho com TV há pouco mais de 3. Sempre amei esporte, cresci neste meio, foi um fator importante na escolha da minha profissão. Em constante crescimento pessoal e profissional. (difícil essa hein?)

GD: Em que ano ingressou no Jornalismo? Teve alguma influência familiar?

GS: Terminei a faculdade em 2008, mas antes disso, mesmo como estagiária, já estava no mercado. Trabalhei com comunicação interna, assessoria de imprensa, muito embora meu grande desejo sempre tenha sido trabalhar com jornalismo diário e esportivo. desde muito cedo sabia que queria ser jornalista, sempre admirei a profissão, a paixão por esportes e coberturas esportivas, também foram decisivos. Meu pai foi repórter de campo, trabalhou como jornalista, mas depois seguiu na carreira da advocacia. Nunca houve uma influência direta, mas pode ser que exista essa veia.

GD: Quem são os jornalistas e/ou profissionais da comunicação que mais admira?

GS: Já me perguntaram várias vezes, quem é o espelho, quem influencia. Tem tanta gente boa, principalmente da velha guarda ainda da profissão, aqueles que lá atrás foram referência e despertaram até a vontade de seguir. Sempre gostei muito da área esportiva, narradores que na verdade são grande comunicadores. Jota Júnior, Osmar Santos, José Silvério. No geral Carlos Nascimento, Ricardo Boechat, Chico pinheiro. repórteres são muitos Marcos Uchôa, Pedro Bassan, Abel Neto.

GD: Como é sua rotina hoje? Que horas você entra? Tem hora pra sair?

GS: Rotina? (risos) Geralmente entro às 10h30, apresento o esporte no jornal e na parte da tarde vou para a externa. Faço as matérias de esporte, mas também de geral quando preciso. Horário pra sair é complicado. Na rua tudo é muito dinâmico, às vezes demoramos mais que o previsto, enfim. Seriam 8 horas de trabalho, seriam... quase que diariamente vai além disso!

GD: Que perfil precisa ter um profissional para se destacar nos grandes centros, como São Paulo e Rio de Janeiro, e conseguir oportunidades em grandes empresas, como a EPTV/SporTV?

GS: Acho complicado falar em perfil, acho que cada um tem o seu. É normal que profissionais da mesma área tenha seu perfil próprio e dentro do jornalismo, principalmente TV, isso fica mais evidente. Acho que isso é importante, que você tenha seu perfil, seu estilo. Não é possível copiar, querer ser como não é, isso é ruim demais. Acho que caráter, profissionalismo, comprometimento e amar demais o que se faz é o exigido em linhas gerais e em qualquer área.

GD: Tem alguma história curiosa ou engraçada da profissão?

GS: Histórias sempre temos. Vivemos de história, de contá-las. O que mais me marca sempre são os amigos que fazemos, as relações que criamos com gente na rua, a parceria que firmamos com quem trabalhamos diariamente fora da TV. Nos clubes, por exemplo, tenho grandes amigos, cada treino é certeza de risada, de abraços e bons papos.

GD: Na sua opinião, a cobertura esportiva brasileira é satisfatória? Não faltaria, por exemplo, um pouco mais de jornalismo investigativo?

GS: A questão vai além. Que espaço damos de fato ao esporte? Acho que é uma coisa histórica da profissão, o pra quem falamos, do que falamos, o que queremos com aquilo. Com o esporte não é diferente. Muitas vezes o que mostramos, o que temos é uma parcela muito pequena do que de fato é o esporte no Brasil. E é algo geral. desde o incentivo, da cultura, da valorização do esporte, antes de qualquer coisa, antes de comercial, algo social, um instrumento importante na formação do cidadão. Também não podemos negar que há interesses dos mais diversos envolvidos, nas mais diversas esferas, o esporte também não escapa. poderia ser melhor, mais ampla, mas acho que fazemos o que é possível dentro do espaço que isso tem.

GD: A EPTV acompanha o futebol da região de Campinas. Qual o seu parecer sobre o futebol dessa região? Qual equipe mais te surpreende e decepciona?

GS: Minha área de atuação é mais a região central, São Carlos, Araraquara, Rio Claro, entre outras. Acho que de um modo geral o futebol do interior sobrevive. Clubes com cada vez mais dívidas, sem retorno, sem perspectivas. Nesta área, especificamente, por já termos tido equipes fortes, que estavam entre as principais do estado, revelavam jogadores, sinto uma profunda tristeza em ver muitas delas fora da elite do paulista, por exemplo. Hoje temos apenas o Rio Claro no Paulistão. Lamento não termos outros clubes que lá um dia já estiveram como Ferroviária e União de Araras.

GD: Campinas receberá a seleção de Portugal na Copa. Como está sendo a preparação da cidade para esse evento?
GS: Não posso falar por campinas, infelizmente não tenho acompanhado de perto esta preparação na cidade, já que não é minha área de cobertura.

GD: Mudando de assunto, o que achou das 32 seleções classificadas para a Copa do Mundo de 2014? Faltou alguma seleção que, particularmente, queria? 

GS: As principais seleções do mundo estão aí, os Europeus de maior tradição, os Sul-americanos também, acho que não falta ninguém.

GD: Brasil é favorito ao título?

GS: Não acredito em favorito em Copa, ainda mais no nível em que o futebol mundial está hoje. Claro, jogar em casa, alguns nomes de peso, tudo isso é positivo para o Brasil, mas honestamente não considero favorita.

GD: Philippe Coutinho deveria ser convocado pelo Felipão?

GS: Acho que agora ele já tem o grupo definido, já até numa certa base formada. Poderia ir pra compor elenco, talvez, mas nada chocante não estar.

GD: Adriano Imperador retornou ao futebol. Na sua opinião, ele mostrará aquela mesma eficiência de alguns anos atrás? E, se mostrar, ele pode ganhar confiança para ir à Copa?

GS: Ele já caiu no descrédito, né? Diferente de um Ronaldo Fenômeno que lutava com o corpo para jogar, tinha vontade. O Adriano já não tem essa força de lutar contra o que o atrapalha, incomoda, enfim. Mesmo que voltasse a jogar agora, aos 48 do segundo tempo, não acharia justo levá-lo. Outros atletas mereceram por mais tempo, tiveram mais disciplina técnica, mais comprometimento. 

GD: Neymar é a estrela do atual futebol brasileiro. Você acha que ele pode se tornar um dos melhores jogadores do mundo com essa transferência para a Europa?
GS: Tem tudo pra isso, faz o caminho que outros já fizeram. Tem ainda a mídia muito a seu favor, muito em seu foco. mas acho que a concorrência, pra ele, é cada vez maior, há jogadores consagrados por todo o mundo, seus companheiros de equipe mesmo. É preciso jogar muito e ser muito especial para ofuscar um Messi, por exemplo. possibilidades existem, plenas, é só trabalhar.

GD: Qual a sua opinião a respeito dos Estaduais? Devem ser ignorados pelos clubes?

GS: Gosto de Campeonato Estadual. Não devem ser ignorados, precisam ser melhor estruturados. Mais que nos grandes, pensando nos times pequenos, do interior. São 4 meses de trabalho e depois? todo mundo parado, clubes fechados. É preciso haver um interesse maior de federações, principalmente.

GD: As torcidas organizadas ajudam ou atrapalham o futebol?

GS: Tudo é bem relativo. Como em qualquer organização, há os que mais atrapalham do que ajudam. Mais uma vez volto à questão cultural e social que envolve o futebol. Acho que o que elas causam é um reflexo disso, desta desestruturação.

GD: Em relação à Copa de 2014, quais são as suas impressões ou constatações? A organização do Brasil, ao final da Copa, poderá ser digna de aplausos?

GS: Claro que a torcida é para que tudo corra bem... Estamos precisando correr mesmo para que tudo saia! Difícil afirmar qualquer coisa...

GD: Para finalizar, deixe um recado para os nossos leitores que querem seguir a área do jornalismo e nos conte como é trabalhar na afiliada da Rede Globo.

GS: O jornalismo é uma área difícil. Embora, muitas vezes pareça um glamour imenso é um trabalho árduo. Exige do seu físico, do seu psicológico. Trabalhamos muito, incansavelmente, sob pressão, expostos, não ganhamos tanto assim. É preciso bem mais que dedicação, que um simples gostar. É um estado de espírito, uma negação a tantas e tantas coisas. Mas quem quer largar? (risos). Quem ama mesmo, sofre, rala muito e gosta dessa loucura toda. E é assim em qualquer empresa. Umas com algumas dificuldades a mais que outras, mas no geral o jornalismo é isso tudo. Essa coisa que só entende quem faz. e contamos com a compreensão dos demais. Agora quem não estiver disposto a isso tudo nem entre, porque depois, meu amigo, sair não é fácil não! ;)

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