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segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Preciso escrever sobre a Chapecoense

29 de novembro de 2016, 6h15.

Nesse horário, eu acordava para me preparar para mais um dia de trabalho.

Como de costume, toda manhã, antes de me levantar, procuro saber as principais notícias, ver o que aconteceu na madrugada.

Nesse dia, falando hoje, não queria ter visto. Que triste!

O avião que transportava a delegação da Chapecoense, além de convidados e jornalistas, havia caído na Colômbia. Um baque! Um soco no estômago logo pela manhã!

O café estava amargo, o pão com manteiga não estava tão saboroso. Como era difícil ver aquelas cenas na TV. Chorei muito! (E choro a cada vez que vejo algum material sobre).

O time de Chapecó vivia o seu melhor momento na história. Estava na final da Sul-Americana, iria enfrentar o Atlético Nacional.

71 pessoas não sobreviveram ao maior desastre aéreo envolvendo um clube de futebol. Seis sobreviventes, sendo que três eram jogadores - Alan Ruschel, Neto e Follmann, que teve que passar por um processo de amputação. O jornalista Rafael Henzel e dois comissários também sobreviveram.

Como foi difícil trabalhar! Acompanhava o noticiário por meio do rádio, redes sociais e da TV ligada na redação.

Escrevi uma das matérias mais difíceis! Dois ex-jogadores da Chape jogaram no Guaratinguetá - o zagueiro Filipe Machado e o volante Gil. Doía digitar cada palavra!

Meu pensamento estava em Chapecó e nas residências dos familiares. Meu Deus!

A cada minuto, novas informações (e boatos) surgiam.

Uma atitude louvável foi a do Grêmio. O vice de futebol, Adalberto Preis, sugeriu que as demais equipes da Série A se mobilizassem e emprestassem gratuitamente atletas à Chape para o Brasileirão de 2017. Que coisa linda!

Depois, o Atlético Nacional concedeu o troféu de campeão para a Chapecoense. Que generosidade dos colombianos, tanto dentro quanto fora dos gramados! Algo que transcendeu o futebol! Todos os povos unidos, em oração! Com o título de campeão da Sul-Americana, o time ganhou o direito de disputar, de forma inédita, a Libertadores 2017.

Após todo aquele cenário triste e dolorido, principalmente da chegada dos corpos à Chapecó e do velório coletivo, havia ainda dúvidas sobre o futuro do clube. Quem seria o técnico? Como seria o elenco?

Eis que mais uma atitude de respeito aparece, agora, por parte da Chape. O clube catarinense recusou proteção por três anos no Campeonato Brasileiro. "Entendemos que a gente tem que disputar a permanência dentro de campo", disse à época o presidente, Plínio David de Nês Filho.

A Chapecoense retornou aos gramados. E contra um adversário especial: o Palmeiras. Em 27 de novembro de 2016, esse duelo foi vencido pelos paulistas, que carimbaram o título de campeão brasileiro. Meses depois, o reencontro e o recomeço. Um empate por 2 x 2 que foi muito além dos gramados!

De cara nova, mas sem esquecer o passado. De cara nova, mas sonhando com um futuro próspero. Foi campeão do Campeonato Catarinense. Nos gramados, se classificou para as oitavas de final da Libertadores. Perdeu a vaga por ter escalado, irregularmente, o zagueiro Luís Otávio.

Vágner Mancini, responsável por encabeçar o projeto, vinha fazendo um trabalho digno, mas foi demitido após uma série de resultados ruins. O desfecho foi no empate por 3 a 3 com o Fluminense. Um erro da diretoria, a meu ver, e que poderia colocar em risco a permanência do clube na Série A.

Vinícius Eutrópio não conseguiu dar o formato ideal para a Chapecoense. Teve um desempenho muito ruim e também foi demitido. A solução foi caseira, com Emerson Cris. Bons resultados no começo deram um ânimo. Porém, a diretoria optou por Gilson Kleina.

Esse, sim, merece um destaque maior. Foram 10 jogos de invencibilidade. A Chape foi campeã do returno do Brasileirão, com 32 pontos (nove vitórias, cinco empates e cinco derrotas). E como recompensa se classificou para mais uma edição da Copa Libertadores. Dessa vez, jogará a pré-Libertadores. Mas a fase da competição pouco importa.

O que realmente interessa é que a Chape está gigante, se consolidando como uma equipe! Desde que entrou na Série A, nunca foi rebaixada! A melhor campanha da história no principal torneio nacional!

Neto, zagueiro sobrevivente, está próximo de retornar aos gramados. Alan Ruschel já é uma realidade (e uma grata surpresa). Follmann virou embaixador!

E os guerreiros de Condá jamais serão esquecidos! A turma representou muito bem aqueles que se foram!

Vamo, vamo, Chape!

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

O tempo é o melhor remédio: parabéns, Carille!

Fábio Carille merece respeito (Agência Corinthians)
22 de dezembro de 2016. Na tarde daquela quinta-feira, Fábio Carille foi oficializado como novo técnico do Corinthians, após frustrações com Cristóvão Borges e Oswaldo de Oliveira. Verdadeiramente foi uma aposta. Pouquíssimas pessoas o conheciam. Mas ele tinha uma história dentro do clube. Trabalhou com Mano Menezes e Tite, de quem foi auxiliar na conquista do hexa do Campeonato Brasileiro, em 2015.

Com os investimentos altos dos rivais, criou-se a tal hipótese da "quarta força", "primo pobre", "um time que brigaria para não passar vergonha". O primeiro teste de fogo foi na Flórida Cup, em janeiro, quando o Timão perdeu a decisão para o São Paulo, comandado à época pelo Rogério Ceni.

No Campeonato Paulista, a estreia foi contra o São Bento. Vitória por 1 a 0, gol polêmico de Jô, de pênalti. Mas, jogo a jogo (filosofia implantada desde o início por Fábio), o time foi ganhando, adquiriu confiança e se classificou como primeiro colocado de sua chave e segundo na classificação geral do estadual. Passou pelo Botafogo-SP, eliminou o rival São Paulo e faturou o título sobre a Ponte Preta, revivendo aquela decisão marcante de 1977.

No Brasileirão, a história parecia ser diferente. Afinal, Flamengo, Atlético-MG e Palmeiras (não necessariamente nessa ordem) eram apontados como super favoritos ao título. O empate por 1 a 1 com a Chapecoense, em plena Arena, alimentou aquilo que muitos comentaristas já explanavam: vai brigar para não cair, mesmo após ter conquistado o Paulistão.

Mas a história mudou a partir da quarta rodada, quando vence o Santos por 2 a 0, na mesma Arena Corinthians. Na rodada seguinte, no Rio de Janeiro, triunfo (e com goleada) sobre o Vasco, 5 x 2. Ali, o time de Carille assumiu a liderança. E não abandonou mais! Fez um primeiro turno perfeito, respondeu aos críticos na bola, dentro de campo! Superou os elencos caros e conquistou na noite de ontem o heptacampeonato!

Nenhum clube ganhou mais que o Timão, vencedor de absolutamente tudo desde 2009, quando retornou à Série A do Brasileirão, após ter sido campeão da Série B no ano anterior, sob o comando de Mano Menezes.

Da desconfiança ao sucesso. De desconhecido ao responsável por confiar e recuperar jogadores em baixa. Giovanni Augusto e Kazim, com suas limitações, se tornaram peças importantes nas rodadas finais e fizeram a diferença. De desacreditado em 2016, Jô virou o líder do grupo, responsável por 18 gols, decisivo e que sonha em voltar à seleção brasileira, para, quem sabe, jogar a Copa da Rússia.

A quarta força fecha 2017 com dois títulos. Não despencou na tabela, conforme apontou Renato Gaúcho. Parabéns, Carille! Jogo a jogo, você provou que futebol não é decidido em palavras, frases feitas ou teorias de conspirações. A resposta é na bola! 

Apesar da queda técnica no returno e de algumas convicções erradas, a meu ver, principalmente no que tange às escalações, o título está aí! Comprovado e merecidamente! Venceu o futebol objetivo, pragmático!

E vale um adendo para a gestão do Corinthians. Entre 1º de janeiro de 2008 e 31 de dezembro desse ano, teremos um total de 10 anos. Nesse período terão passado somente 6 treinadores, sendo que dois foram para a seleção (Mano Menezes e Tite). O modelo de jogo está implantado, no sangue! Ou seja, o tempo é o melhor remédio.

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Entrevista com Tatiana Mantovani, correspondente do Esporte Interativo na Espanha

Meus amigos, voltei! 

Depois de um tempo sem postar no blog, estou de volta à ativa! E para reiniciar o caminho, trago esta entrevista com a jornalista Tatiana Mantovani, que atualmente trabalha como correspondente dos canais Esporte Interativo na Espanha.

Cria da rádio, Tatiana trabalhou na Rádio Gaúcha durante cinco anos. Já no país europeu, tem uma passagem pela Cadena Ser. A jornalista chegou à Espanha em 2009. Desde então, acumula momentos especiais, cobrindo o futebol espanhol, com foco nos times da capital - Real Madrid e Atlético de Madrid. A gaúcha também tem um blog (Efeito Fúria), onde faz seus relatos.

Tatiana Mantovani é repórter dos canais Esporte Interativo (Foto: Reprodução/Instagram)
Nesta entrevista ao blog, Tatiana Mantovani relembra o início no Esporte Interativo, fala sobre suas entrevistas que fez com grandes astros de Real e Atlético e afirma que quer cobrir a Liga dos Campeões da Europa "para sempre".

Gabriel Dantas: Você é cria do rádio. Hoje, está no canal Esporte Interativo. Como foi se adaptar ao meio de comunicação? E como recebeu o convite da emissora?
Tatiana Mantovani: Sou cria de rádio. Trabalhei na Rádio Gaúcha e na Rádio Cadena Ser. Foi complicado me adaptar no começo, porque eu nunca tinha feito TV. Mas o pessoal do Esporte Interativo foi muito tranquilo comigo, me deixou esse tempo de aprendizagem, me deixava errar bastante até acertar. Acho que, hoje, consigo entregar o que eles pedem, porque aqui sou faz-tudo, cinegrafista, edito também alguma coisa, sou repórter, então a gente faz tudo sozinho. Mas dá para entregar o material com certa qualidade, eu acredito (risos). O convite foi, na verdade, eu conhecia das redes sociais o Marcelo Bechler. O pessoal do Esporte Interativo estava procurando alguém aqui em Madrid. O Marcelo indicou meu nome, passei por uma seleção, e o canal optou por mim.

Gabriel Dantas: Além disso, você tem o site "Efeito Fúria". Isso te ajudou na chegada ao canal? E por que essa paixão pelo futebol espanhol? Alguma influência?
Tatiana Mantovani: Tenho o meu site, sim, mas não estou conseguindo atualizar tanto do jeito que queria, pois está bastante corrido. Mas, sim, ajudou, porque o pessoal conseguiu ver que eu entendia do que eu estava falando, que eu tinha certo conhecimento do futebol da capital. As redes sociais também ajudaram. Então, ficou mais fácil. Acho que teve alguma influência, porque eles entendiam do que eu estava falando. E a paixão pelo futebol espanhol nada mais do que a paixão pelo futebol em si. Me mudei do Brasil para a Espanha e trouxe o futebol. Eles (torcedores espanhóis) são muito apaixonadas, e a gente se sente mais perto de casa.

Gabriel Dantas: Qual a sensação de cobrir Real Madrid e Atlético de Madrid?
Tatiana Mantovani: Nossa! Sempre digo pra todo mundo que eu estou vivendo, na era moderna, os melhores anos do Real Madrid, e os melhores anos da história do Atlético de Madrid, porque o que o Diego Simeone conseguiu fazer com esse clube é impressionante . Pra mim, é um prazer. Eu me sinto feliz por acompanhar eles de perto, conversar com as pessoas que fazem o clube, conversar com os jogadores, com os técnicos. Realmente, sou privilegiada de poder estar vivendo o futebol da capital da Espanha.

Tatiana Mantovani no estádio Santiago Bernabéu (Foto: Reprodução/Instagram)
Gabriel Dantas: Quem foi o primeiro jogador que você entrevistou na Espanha para o Esporte Interativo? Poderia nos contar os bastidores?
Tatiana Mantovani: O primeiro jogador que eu entrevistei de forma mais tranquila, de botar a câmera, sentar, conversar, fazer várias perguntas e tal, foi o Filipe Luís (lateral do Atlético de Madrid). Fiz sozinha, como cinegrafista, enquadrar, fazer as perguntas. A minha primeira zona mista que tive que fazer, eu lembro que estava com o Arthur Quesada (correspondente do Esporte Interativo em Portugal), porque eu não tinha noção de como fazer uma cobertura de um jogo tão grande sozinha. E a gente foi fazer um jogo do Atlético de Madrid. Naquela zona mista, o Arthur me disse: "Vamos colocar a câmera bem no começo da zona mista e ver quem vai parar". Beleza. Não lembro quem foi o primeiro jogador, mas o segundo foi o Griezmann (atacante do Atlético). Eu me joguei com a cabeça e disse: "Griezmann, para o Brasil". Aí ele veio e falou com a gente. Foi uma coisa que eu disse: "Nossa, que legal!" (risos). Eu fiquei muito nervosa, deu problema na câmera, a gente não conseguia gravar, não conseguia mandar o material. Foi uma correria, mas foi muito legal. Pra ver: o Griezmann já era um grande jogador. E quando a gente fala "Brasil", é impressionante. Os jogadores gostam de falar com o Brasil, de ter uma relação mais próxima. Hoje em dia, é mais difícil falar com o Griezmann na zona mista. Às vezes, eu consigo.

Gabriel Dantas: Em relação ao Brasil, percebe alguma(s) diferença(s) no tratamento dos jogadores com a imprensa, e vice-versa?
Tatiana Mantovani: No Brasil, eu não cheguei a trabalhar com o esporte no dia a dia, trabalhava mais com política, economia, então não posso dizer como é a vivência. Mas, pelo que sinto, no Brasil, tudo é mais próximo. Às vezes, as pessoas aqui pedem pra gente: tenta falar com o médico, com o fisioterapeuta, com o vice-presidente de futebol. Aqui, ninguém fala. Não existe esse tipo de relação. A gente tem uma relação mais próxima de conseguir conversar mais com os jogadores brasileiros, mas com o resto, é uma relação muito distante. A gente não tem acesso às informações de uma forma fácil. Não é fácil entrevistar os jogadores, até mesmo os brasileiros do Real Madrid e do Atlético, a gente tem que ter todo um trabalho de quando pode, ver com o assessor, marcar com o jogador, ser aprovado pelo técnico. É uma parafernália. A roda gira muito mais lenta. Então, aqui, a gente não tem acesso. Tem muito assessor de imprensa, a estrutura do clube é muito grande, tem imprensa de todos os lugares do mundo disputando a mesma entrevista que você, então tudo é muito maior e difícil.

Tatiana Mantovani entrevista Koke, do Atlético de Madrid (Foto: Reprodução/Instagram)
Gabriel Dantas: Os jornalistas brasileiros são mais imparciais que os espanhóis?
Tatiana Mantovani: Eu não sei se são imparciais. É difícil falar isso. A imprensa daqui está mais identificada com os clubes. Se você compra o Mundo Deportivo e o Sport, você sabe que vão defender o Barcelona, porque são da Catalunha. O Marca e o AS são jornais da capital espanhola, é mais Atlético de Madrid e muito mais Real Madrid. Aqui, os jornalistas se posicionam como torcedores dos clubes. Então, eu acho que no Brasil é isso, os jornalistas ainda não se posicionam como torcedores, não estão tão próximos.

Gabriel Dantas: Como é cobrir uma Champions League?
Tatiana Mantovani: Cobrir a Liga dos Campeões é, pra quem gosta de futebol e pra quem é jornalista, nada é melhor, mais legal e mais emocionante e que você aproveita tanto e se sente tão feliz em estar 40 horas no estádio. A gente chega super cedo e sai de madrugada. O pessoal do estádio já diz: "você vai abrir e fechar o estádio, né?". Vou abrir e vou fechar. Eles já sabem que vou chegar cedo e sair tarde. Então, nada disso importa. Ficar sem ir ao banheiro, sem comer. Viver a Liga dos Campeões, pra mim, é a maior coisa que eu poderia ter conquistado nesse jornalismo esportivo.

Gabriel Dantas: Na final da Champions League 2016/2017, você e a Clara Albuquerque participaram da transmissão de Real Madrid x Juventus, em Cardiff. Mas, antes, vocês já estiveram em Real Madrid x Napoli. O que essas coberturas representaram?
Tatiana Mantovani: As coberturas das finais que eu fiz, que o Real Madrid me levou, foi Real Madrid x Atlético de Madrid, na outra só o Real. Como disse, tenho muita sorte de estar vivendo o melhor momentos dos dois clubes. Eu não sei explicar. Você não é torcedor dos times, porque eu não sou torcedora. É impossível não se vincular um pouco mais aos clubes que você está cobrindo. Você vive direto como os torcedores estão vivendo tudo aquilo. É impressionante a estrutura, a organização. Na primeira final, eu não estava na beira do gramado. Já na segunda, eu estava. Eu acho que nunca vou esquecer o gol do Cristiano Ronaldo, do Mandzukic, mas o mais especial foi do Casemiro. Ver um brasileiro marcar na final da Champions foi muito legal. Pra mim, realmente, essa última foi muito marcante, por viver ao lado da Clarinha. Duas mulheres. Pra nós, foi emocionante. A outra final fiz com o Marcelo Bechler, que, pra mim, é um puta profissional. Tinha recém-entrado na TV, então foi um aprendizado muito grande. Na segunda, já consegui aproveitar mais, pois eu já estava entendendo o que eu estava fazendo. Alucinante.

Gabriel Dantas: Durante a cobertura desta final, você conseguiu uma entrevista exclusiva, em português, com Cristiano Ronaldo. Foi o momento mais especial da sua carreira? Como foi entrevistar o craque lusitano?
Tatiana Mantovani: Eu acho que, em termos de relevância, a entrevista com Cristiano Ronaldo, sim, foi o principal momento da minha carreira. A entrevista com Zidane também. É uma coisa que marca na vida, profissional e pessoal, né? Mas, pra mim, todas são especiais. Toda vez que converso com Marcelo, Casemiro, Filipe Luís, Griezmann, Diego Pablo Simeone, Fernando Torres, todo momento é muito especial. Eu me coloco no lugar dos torcedores brasileiros que torcem pelo Real Madrid, que gostam do Simeone, dos torcedores que gostariam de falar com os jogadores brasileiros. Tenho uma entrevista com o Koke, do Atlético. Cara, eu acho o Koke fenomenal, um jogador que vive a vida no Atlético de Madrid. Então, pra mim, todas são especiais. Entrevistar o Cristiano Ronaldo foi especial? Foi. Eu fiquei muito nervosa? Fiquei, tremi igual vara verde. Afinal, é o Cristiano Ronaldo, um dos maiores jogadores da história do futebol. Consegui fazer, respirei, ele foi muito simpático comigo. Mas, como disse, todas as entrevistas são especiais.

"Em termos de relevância, a entrevista com Cristiano Ronaldo, sim, foi o principal momento da minha carreira"
Gabriel Dantas: Já sofreu preconceito no jornalismo por ser mulher?
Tatiana Mantovani: Já sofri preconceito por ser mulher, no jornalismo e na vida. A gente tem que escutar coisas que as pessoas acham que têm o direito de falar pra gente. Não tem direito. Eu sempre digo no jornalismo esportivo que a gente sofre preconceito, assim como sofre a médica, a enfermeira, a atendente da loja. A gente sofre preconceito por ser mulher. Ser mulher é muito difícil. Os homens não se colocam no nosso lugar, na maioria das vezes. O mundo é machista, a sociedade é machista.  É muito complicado. Eu sofro como todas as mulheres. Do meio profissional, eu nunca sofri nada, nem de treinador, nem de jogador, nada. Todo mundo respeita aqui. Mas de torcedor, a gente escuta, porque isso é em qualquer lugar do mundo, é inevitável. Mas temos que fazer alguma coisa para melhorar. Ninguém se coloca no lugar da mulher.

Gabriel Dantas: Pela janela de transferências, acredita em mais um título do Real Madrid?
Tatiana Mantovani: Acredito. O Real Madrid, principalmente na Liga dos Campeões, sempre tem que ser dado como favorito. É impressionante como se transforma o entorno do Santiago Bernabéu, entorno do clube. Tudo se transforma. Mas também aposto no Atlético de Madrid. Eu acho que o Simeone está fazendo um trabalho que, daqui a 20 anos, vai ser visto como o maior da era do futebol. É impressionante. O clube, hoje, é um dos melhores da Europa e já chegou perto de jogar a segunda divisão. É absurdo. Como disse nas chamadas do Esporte Interativo, eu confio nos meus clubes. As finais da Champions deveriam ser entre Real e Atlético (risos).

Gabriel Dantas: Qual sonho pretende realizar?
Tatiana Mantovani: Eu gostaria de fazer o que faço para sempre. Nosso dia a dia é puxado, muita correria. A gente faz tudo sozinho. Mas eu amo o que faço, gostaria de fazer por muito tempo. E cobrir a Liga dos Campeões até o final da minha vida. Melhor competição de futebol do mundo.

Gabriel Dantas: Quais conselhos você daria para os futuros jornalistas que pretendem ser correspondentes na Europa?
Tatiana Mantovani: Preparem a mente e o físico. Ser correspondente é bastante puxado. Uma pessoa que faz um trabalho de várias pessoas. Não falo só por mim. Vejo outros colegas, todo mundo tem uma rotina, a gente trabalha muito. Tem que gostar muito, estar disposto e levar o estilo de vida. Para ser jornalista, tem que gostar de não ter rotina, um dia a dia definido. Ser correspondente é isso elevada à máxima potência. Mas se prepare. Tem que estar disposto e pronto sempre. Baterias da câmera carregadas, cabos funcionando, sete baterias a mais para o celular, porque você pode sair às oito da manhã e voltar daqui a dois dias. Mas é uma experiência incrível. Todos os jornalistas, em algum momento, tem que viver isso. Ser repórter já é algo que a gente precisa ter um dom, ser correspondente ainda mais.

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Ação válida, porém arriscada

Tricampeão brasileiro, idolatrado pelos torcedores, respeitado pelos demais. Muricy Ramalho é unânime no São Paulo, que vive uma fase turbulenta no Campeonato Brasileiro (está na vice-lanterna, com 24 pontos).

E é no perfil vencedor do ex-técnico que os diretores do time apostam na reestruturação. Na virada situação. Ao mesmo tempo que a medida é válida, considero arriscada. Muricy não quer um emprego no São Paulo.

A ação é válida, porque a trajetória vitoriosa e respeitada dão credibilidade e autoridade para Muricy ter liberdade para conversar com a diretoria, comissão técnica e jogadores. Ele conhece o clima, sabe o que se passa no CT de Cotia. Ele quer ser "consultor informar". Busca ajudar da melhor maneira possível o time para que possa sair dessa situação vexatória.

Entretanto, aponto como arriscada, caso algo de ruim possa acontecer no final do ano. Sim, o rebaixamento. Não estou dizendo que isso de fato vai se concretizar. Não quero provocar a ira de ninguém. Mas as hipóteses precisam ser colocadas na mesa para que possa ser feita uma análise.

Caso a queda venha (e vale lembrar que time grande cai, sim), como ficaria a imagem de Muricy? O status de ídolo poderia ser manchada? Rogério Ceni, maior goleiro que o Tricolor teve, não deu certo como técnico.

Se o clube está nessa situação, o ex-arqueiro também tem sua parcela de culpa. Imagem desgastada. Tanto que nem esteve nesta quarta-feira, 13, na reunião da diretoria com os membros da torcida organizada.

Além dos problemas dentro de campo, o clube não tem uma administração séria. É polêmica atrás de polêmica. O grupo está rachado, embora Dorival Júnior negue veementemente. Um exemplo disso é a "picuinha" de Rodrigo Caio e Cueva.

O Tricolor não ganha um título sequer há cinco anos - o último foi a Sul-americana, despedida do meia Lucas, negociado para o Paris Saint-Germain.

Muricy é um excelente profissional. Está arrebentando no SporTV, comentários sempre precisos, eficientes, inteligentes. Ele tem maturidade suficiente para decidir o que é certo e errado.

quarta-feira, 28 de junho de 2017

Montillo: caráter, profissionalismo e força

Força, Montillo (Foto Ricardo Moraes / Reuters)
Desde que Montillo foi anunciado oficialmente como o novo reforço do Botafogo, fui a favor da contratação. Considero um jogador muito importante, cerebral, dos passes inteligentes e finalizações precisas. Ele cairia como uma luva no esquema do técnico Jair Ventura e faria uma excelente dupla com Camilo.

O gol no amistoso contra a Desportiva, do Espírito Santo, foi um grande sinal de que ele poderia, sim, render.

Porém, as expectativas foram diminuindo de acordo com as frequentes lesões que vinham o afastando dos gramados. Não deve ser fácil, para ele e, principalmente, para a família. É muita pressão.

A lesão na partida contra o Avaí, pela 10ª rodada do Campeonato Brasileiro, foi a gota d'água.

Ali, ele percebeu que não daria mais. Substituído logo aos sete minutos da primeira etapa, saiu cabisbaixo, irritado. E com razão. A insatisfação era consigo mesmo. Porque não vinha rendendo.

Mas Montillo merece destaque, respaldo e respeito. Afinal, falou publicamente que havia um acordo com o presidente Carlos Eduardo Pereira para a devolução dos salários.

Não fazia questão do dinheiro que ele próprio conquistou trabalhando, se entregando, suando a camisa, mostrando vontade de se recuperar das lesões e voltar a jogar. Torcida cobrava empenho, mas isso não faltou. É preciso entender os motivos.

Isso é ser profissional. Mostrou um grande caráter.

Num país onde a honestidade passa longe, foi preciso um hermano, de fora, dar a lição mais valiosa para nós. Que atitude!

E que bom que o atleta é ligado à família. Questão de orgulho, honra. É o bem mais precioso que existe. Nas horas tristes e alegres, ela estará lá, um alicerce.

Infelizmente, ele vai se aposentar dos gramados. Fará falta. Mas nos deixa uma grande lição.

sábado, 24 de junho de 2017

Cuca recupera o prestígio e a inteligência de Guerra

Guerra é o cérebro do Palmeiras (Alexandre Schneider/Getty Images South America)

Melhor jogador da última edição da Copa Libertadores, Guerra foi contratado para reforçar o Palmeiras. Quando houve o anúncio oficial, não hesitei em dizer que foi um grande acerto por parte da diretoria. Um jogador inteligente, articulador nato.

Só que o começo dele no Verdão foi marcado por empecilhos. Ele não era uma peça de confiança do Eduardo Baptista. Teve que lidar com o banco de reservas, era apenas opção para preencher uma lacuna.

A história todos sabem: Baptista foi demitido, até pela sua insistência e teimosia. Não aguentou a pressão, aumentada devido às suas declarações após o polêmico e confuso jogo contra o Peñarol, no Uruguai.

Cuca chegou e o Palmeiras mostra sinais de recuperação e evolução tática, mesmo que tardia, se compararmos com outros clubes, como Corinthians e Santos.

Guerra virou a peça principal no meio-campo do Palmeiras. E como o venezuelano tem dado conta do recado. Ele tem uma visão de jogo acima da média. Muito rápido, de movimentação.

Contra Bahia e Atlético-GO, coincidentemente nas duas vitórias do clube, o jogador tem mostrado que está afim de ser aquele jogador decisivo e cerebral do ano anterior, na campanha brilhante do Atlético Nacional.

O treinador palmeirense recuperou a confiança e o prestígio de Guerra, bem como a sua inteligência dentro das quatro linhas. Seja vindo de trás, como no primeiro tempo em Salvador, quanto mais avançado, mostrando variações táticas e confundindo os zagueiros adversários.

Guerra foi um dos melhores em campo contra o time de Goiânia, na rodada anterior do Campeonato Brasileiro. Apesar de não conseguir acertar alguns passes, ele consegue achar um companheiro em melhor posição, para que as jogadas tenham sequência.

É natural que ele fique nervoso consigo mesmo. Mas isso é bom. Mostra que está com vontade, não quer perder a titularidade. A consequência vem. Demanda tempo. Ele tem evoluído aos poucos, e se adaptando ao futebol brasileiro. É aptidão para a adaptação.

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Soberba e incompetência

É preciso admitir os erros, Rogério Ceni (Rubens Chiri / São Paulo FC)
Quando Rogério Ceni foi anunciado e apresentado como novo técnico do São Paulo, fui contra à posição da diretoria. Acho que houve uma queima de etapas. Isso porque o ex-goleiro, apesar de sua liderança dentro de campo, não tinha capacidade suficiente para comandar os atletas fora das quatro linhas.

O time disputou a Flórida Cup, venceu o Corinthians na decisão e conquistou o primeiro título. Ao meu ver, aquilo foi importante, visto a temporada com quatro campeonatos a serem disputados: Campeonato Paulista, Copa do Brasil, Sul-americana e Campeonato Brasileiro.

Ceni valorizou o material humano. Trouxe atletas da base, como o lateral Júnior Tavares, que tem se destacado nos jogos. Ponto positivo.

Na etapa inicial do Paulistão, era perceptível que o Tricolor tinha uma facilidade para criar situações de gols, mas pecava na defesa, com zagueiros lentos, como Lucão e Lugano.

São Paulo eliminou o ABC pela Copa do Brasil, chegou à fase mata-mata do estadual. Ou seja, os resultados mostravam que o time tinha potencial para crescer ainda mais, visto os reforços recentes, como Jucilei e Lucas Pratto.

Entretanto, a reta final de abril e o começo de maio têm que ser esquecidos pelo São Paulo. Em 22 dias, três eliminações. A primeira, na Copa do Brasil, após derrota por 2 a 1 para o Cruzeiro, no Mineirão (no jogo de ida, no Morumbi, os mineiros venceram por 2 a 0). Na mesma semana, foi a vez de dar adeus ao Paulistão: empate por 1 a 1 com o Corinthians, na Arena (no primeiro jogo, vitória do Timão por 2 a 0).

Agora, vem a parte mais delicada e que é necessário admitir os erros e diminuir a soberba. O São Paulo conseguiu ser eliminado, com justiça, para o modesto Defensa y Justicia, da Argentina. Indefensável. Foi a pior atuação do Tricolor em 2017 - quiça nos últimos anos.

Time fraco em campo, parado, observando os argentinos jogarem. Haja visto que o jogo de ida, na Argentina, terminou empatado sem gols.

Antes dessa eliminação vexatória no Morumbi, na noite dessa quinta-feira, o São Paulo ficou quase 20 dias treinando. Ceni fechou as portas para imprensa. Restava apenas a coletiva. Os jornalistas não tinham aquilo que chamamos de "pauta". Parecia que um pote de ouro estava sendo reservado.

O pote foi da vergonha. Pelos mais de 90 minutos de jogo, foi possível detectar o que o time treinou: como deixar espaços, errar passes, não fazer a marcação. E o gol de Thiago Mendes foi um puro ato de sorte. Houve falha do goleiro argentino.

O que mais chama a atenção - e isso também é patético e digno de uma postura covarde e arrogante - é a declaração do Rogério Ceni. "Acho que não foi vexame". Que isso! Esperava mais de um cara que defendeu por tanto tempo a camisa do São Paulo. Esperava mais de um líder, de um cara que cobrava atitude e honra dos companheiros.

O discurso de Ceni se baseia apenas em números. Números, embora importantes para uma análise, não podem, nunca, justificar uma derrota, e ainda mais, uma eliminação precoce em casa. O treinador desdenha dos jornalistas, quer ser o dono da razão. Atitude pequenez, Rogério. Seja melhor! Seja mais competente!

Sabemos que, caso outro técnico estivesse no banco de reservas, ele seria demitido no gramado, no vestiário, durante a coletiva. Em todas as hipóteses. Mas é o Rogério, né? "Ele não pode ser mandado embora", e todo aquele discurso.

Ele não pode ser tratado como inatingível. Para o bem do São Paulo, que agora vai ter foco total no Brasileirão, Ceni tinha que ter o conhecimento e a humildade de reconhecer que não está preparado para suportar a pressão, de continuar à frente do projeto. Precisa de mais rodagem, experiência.

Se ele fez tantos cursos por aí na Europa, por quê não reconheceu que, de fato, era uma tarefa difícil?

Cito aqui o exemplo mais claro de sucesso: Zidane. O também ex-jogador queria virar técnico. Ídolo no Real Madrid, ele buscou conhecimento com Carlo Ancelotti, pegou o esquema, foi treinar o Real Castilla, o time B do clube merengue.

Quando Ancelotti arrumou as malas com direção ao Bayern de Munique, Zidane foi o escolhido. O resultado? Título da Liga dos Campeões, Mundial de Clubes e uma Supercopa da Europa. E vai disputar mais uma final de Champions, contra a Juventus.

Ceni precisa colocar os pés no chão. Caso contrário, o Tricolor pode passar por maus bocados no Campeonato Brasileiro.

quarta-feira, 29 de março de 2017

Confiança, liderança e respeito: Obrigado, Tite

Foto: Lucas Figueiredo/CBF
1 de setembro de 2016. Ali, se iniciava, de fato, a caminhada de Tite no comando da seleção brasileira. O duelo era contra o Equador. À época, o Brasil somava apenas nove pontos e estava fora até mesmo da repescagem para a Copa do Mundo da Rússia. Dentro de campo, a seleção foi perfeita, atuação gigante e vitória por 3 a 0.

29 de março de 2017. Quase sete meses depois de iniciar o trabalho, Tite coloca o Brasil no principal torneio futebolístico. Partiu, Rússia! Vitória incontestável contra o Paraguai, também por 3 a 0 - grande exibição de Paulinho e Neymar.

Durante esse tempo, o treinador resgatou a confiança da torcida brasileira. Afinal, em oito jogos pelas Eliminatórias, foram oito vitórias.  Somou-se os 24 pontos possíveis. De sexto lugar para a liderança isolada. São 24 gols marcados e apenas dois sofridos. Que desempenho!!

É uma seleção que encanta. Mesmo tendo o placar já construído, está atacando, atacando e atacando. Um time onde cada um sabe o que fazer dentro das quatro linhas. Fora delas, um grupo animado, anestesiado pelo espírito de Tite, o melhor técnico na atualidade.

A onda de euforia havia acabado naquele fatídico 7 a 1 para a Alemanha. Após isso, somente fracassos atrás de fracassos. Trabalho pífio de Dunga. Eliminação na Copa América, em um grupo que tinha Peru, Haiti e Equador. Era de chorar. Atuações sonolentas.

Hoje, dá ânimo, gosto, satisfação de ver a seleção brasileira. Como é bom ver Marcelo, Marquinhos, Paulinho, Philippe Coutinho e Neymar dando show atrás de show. Aquela camisa amarela que está no fundo do armário pode ser, finalmente, retirada, para vesti-la. Sorriso estampado!!

Brasil voltou a ter e impor respeito. É uma potência novamente. Claro que é importante destacar que houve vitórias apenas sobre seleções sul-americanas. Mas já é um indício de que essa seleção pode voar mais alto. Temos um compromisso contra a mesma Alemanha no ano que vem.

Mais testes contra seleções europeias seriam importantes, tanto para testar os convocados quanto para uma avaliação mais precisa, forte e coerente.

Mas está ótimo. Tivemos um salto de qualidade muito grande. Houve evolução na parte técnica e tática. Tite recuperou! Os jogadores compraram a ideia do técnico e estão à vontade, soltos. Há um estágio emocional muito diferente de meses atrás!

Tite  ganhou a confiança de todos. Passa uma serenidade absurda nos treinamentos e nas entrevistas coletivas. Sabe controlar o vestiário. Formou um ambiente vencedor. Ele é mágico, sim!

Tite tem a admiração dos torcedores. Foi reverenciado na Arena Corinthians, casa do clube onde o treinador teve passagens brilhantes! Foi campeão de tudo!

Parabéns! E obrigado por recuperar a confiança!

Agora, é só mirar o hexacampeonato!

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Faltou caráter, sobrou arrogância

Foto: Getty Images
Corinthians x Palmeiras. Primeiro dérbi no Centenário. Foi montado um clima perfeito. Os clubes destacaram a rivalidade nas redes sociais, a entrada dos dois times na Arena Corinthians foi feita de forma mista. Nas arquibancadas, infelizmente, via-se apenas uma torcida. Mas a festa estava bonita, digna da grandeza desta história.

Tudo se encaminhava para um jogo com bastante disputa, emoções à flor da pele. Mas eis que, aos 45 minutos do primeiro tempo, um erro do árbitro Thiago Duarte Peixoto coloca tudo a perder.

Gabriel, ex-Palmeiras e que hoje defende o Timão, foi expulso por uma falta que não fez em Keno, atacante do Verdão. Foi aí que o clássico ficou estragado.

Mas, na verdade, quem cometeu a falta foi o Maycon, que se "acusou" como autor. O árbitro sequer deu ouvidos ao atleta. Preferiu por manter a arrogância, a autoridade, se impondo como o dono da razão.

Como o árbitro consegue não diferenciar os jogadores em questão? Afinal, a numeração está voltada para o dono do apito. Era evidente.

Alessandro Darci, quarto árbitro da partida, foi flagrado dizendo "Não foi o Gabriel". Era só assumir o erro, voltar atrás e aplicar o cartão para o Maycon. Simples.

Outro ponto a ser questionado - e lamentado - é a falta de caráter do atacante Keno. Ele aponta para o Gabriel. Mas depois não sabe quem fez a infração sobre ele. Oras, se não sabe quem foi, não acuse.

Não é a primeira vez que Thiago Peixoto quer se aparecer em uma partida. No clássico São Paulo x Santos, pelo Brasileirão de 2015, Rogério Ceni, à época goleiro, já havia dito que o árbitro gostava de se aparecer.

Após o jogo, em uma atitude louvável, Thiago reconhece que errou. Era o mínimo que poderia fazer. A respeito do futuro de sua carreira, fica a incerteza. Mas, ao meu ver, tinha que receber uma punição severa e ficar longe dos gramados por um tempo. É preciso se reciclar.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Feito especial para o PSG; a virada do Barcelona é possível?

Foto: AP

O Paris Saint-Germain atropelou o Barcelona na tarde/noite dessa terça-feira, 14. O clube francês aplicou, sem dó, muito menos piedade, 4 a 0 sobre os espanhóis, em uma atuação inspirada do aniversariante Di Maria, que anotou dois gols, e do meia Draxler, que sobrou sobre Sergi Roberto, e deixou sua marca. O atacante uruguaio Cavani também fez seu gol.

Foi um feito especial por diversos motivos. O Barcelona tem se tornado um "pesadelo" dos franceses na Liga dos Campeões. Nos últimos cinco anos, o clube catalão eliminou o Paris em duas oportunidades na fase de mata-mata da Champions. Por duas temporadas, os clubes se enfrentaram também na fase de grupos. Ao todo, são três triunfos do Barça, dois empates e uma vitória francesa - 3 x 2, na temporada 2014/2015, no Parc des Princes, mesmo palco da atuação impecável dos comandados de Unai Emery.

Além disso, o projeto do PSG é alcançar o topo da Europa e, posteriormente, conquistar o Mundo. É desafiador. O clube tornou-se uma potência local, ganhando espaço importante no cenário do futebol internacional, e tem evoluído a cada investimento do dono e presidente do clube, o xeque Nasser Al-Khelaifi, que não esconde o desejo de levar o time a ser campeão da Liga dos Campeões pela primeira vez em sua história de 46 anos.

Ao Barcelona, que não viveu seus melhores dias, teve um ataque insuficiente, meio-campo pouco criativo e uma defesa frágil, resta reverter a vantagem francesa no jogo de volta, data de 8 de março, para levar, no mínimo, a decisão para a prorrogação. Ou fazer um jogo ainda mais perfeito para conseguir o que é "pouco improvável": fazer cinco gols e conseguir a classificação de forma heroica e brilhante.

No esporte, os resultados podem surgir. O caso mais recente é do Superbowl deste ano, quando o Atlanta Falcons vencia os Patriots por 28 a 3. Nunca havia uma virada assim. O que deu? New England 34 a 28, coroação para os Pats, e muito por causa de Tom Brady. Ou seja, o trio MSN, apagado nessa terça-feira, pode acordar inspirado para fazer o que poucos acreditam ou imaginam.

Não estou torcendo para o Barcelona ou minimizando o feito espetacular do PSG. São análises, interpretações. É o futebol, no seu estado mais puro da imprevisibilidade.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Largaram o legado do Maracanã

Foto: (Yasuyoshi Chiba/AFP)
Incertezas e risco de abandono. Quem imaginaria que o templo do futebol mundial passaria por essa situação alarmante? O palco do desastre da Copa de 1950. O palco onde Zico desfilou o seu talento por inúmeras vezes. O lugar que já teve Carnaval, show do Frank Sinatra, passagem histórica de um Papa...Quantas histórias têm o Maracanã....

Porém, nesses últimos dias, as páginas estão sendo arrancadas, destruídas. O busto que leva o nome do estádio - Jornalista Mário Filho - foi roubado. Levaram a identidade. O que resta? Os pertences estão sendo levados concomitantemente. Televisões, cadeiras das arquibancadas e até fios de cobre. Meu Deus! Lastimável!

Causa indignação. O lugar onde a Alemanha faturou a Copa do Mundo, em 2014, e onde o Brasil conquistou o título que lhe faltava (Jogos Olímpicos, contra a própria Alemanha). Não acredito que a história está ficando amarelada, assim como o gramado que, aos poucos, está sumindo.

Para onde se olha, a imagem é a do descaso. E o legado?? Antes dos Jogos e até mesmo da Copa, falava-se tanto desse termo. Agora, o que sobra é o acúmulo das contas. O principal patrimônio esportivo do Rio de Janeiro virou caso de polícia. Não é possível. Cadê o dinheiro? O estádio está sem luz. Apenas seis seguranças fazem a vigia. Insuficiente, pois os ladrões conseguem entrar com facilidade e cometerem atos de vandalismo e destruição da história. Da humanidade.

Ah, o Maracanã. Mesmo quem não conhece (como a pessoa que vos escreve neste momento), sentia admiração em ver e ouvir o seu nome, estampado nas capas de jornais históricos ou na televisão, em jogos emocionantes. O gol de Neto pelo Corinthians, a estreia de Rivellino pelo Fluminense, o gol de Pelé contra o Paraguai que colocou o Brasil em mais uma edição de Copa do Mundo. Eu não era nascido em nenhum dos dois momentos citados, mas não precisa ir muito longe para se relembrar destes fatos.

O maior palco de emoções do Brasil, como o próprio site do estádio o define, está às moscas. O consórcio já não quer mais administrá-lo. O governo do Rio quer propor um estudo para ver o que pode ser feito para resgatar o estádio e tirá-lo do fundo do poço. Que situação lamentável!