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domingo, 31 de janeiro de 2016

Paixão pela escrita, situação inusitada na Espanha e reportagens especiais: conheça Thiago Crespo

Thiago Crespo entrevista Gabriel Jesus
"A possibilidade de contar histórias com as minhas próprias palavras sempre me fascinou". Essa frase é do jornalista do SporTV, Thiago Crespo. É um indivíduo que se ocupa do bom jornalismo. Além de utilizar o microfone com maestria, utiliza-se da escrita como um diferencial.

Ela nos oferece várias possibilidades. Por meio da relação papel/caneta, computador/teclado (não necessariamente nessa ordem) podemos mostrar com clareza o que somos, o que pensamos. Podemos transmitir às pessoas nossos sentimentos, ideias. Thiago faz muito bem isso em relatar suas experiências em seu blog.

Escavador de histórias marcantes e preciso nas informações, Thiago surgiu no cenário jornalístico no programa de estágio da emissora - Passaporte SporTV. Mas ele não sabe porquê decidiu entrar na profissão. "Foi orgânico", diz o menino nascido em Rio Claro, interior de São Paulo.

Humilde, amigo e atencioso, Thiago conta-nos nesta entrevista sobre vários assuntos. Origem no jornalismo esportivo, fala da seleção brasileira no período da Copa América, relembra uma situação inusitada que passou na Espanha, elege as reportagens mais especiais.

Para os futuros leitores, explique quem é Thiago Crespo?
Ih... Não gosto muito da ideia de me definir. Primeiro porque eu não saberia, depois porque eu não gostaria de me prender a uma ideia fixa sobre mim mesmo. Mas, pra simplificar, sou jornalista (e isso talvez diga muito sobre uma pessoa, né?).

Em que momento decidiu se tornar jornalista? Você teve alguma influência familiar?
Foi orgânico. Não houve um momento específico, por exemplo, em que eu tenha tomado a decisão de ser jornalista. Não me lembro de ter sequer me sentado pra pensar qual seria a minha opção no vestibular. "Não sei, só sei que foi assim". Gosto de escrever desde muito pequeno e também sempre gostei de ler; acho que são os passos mais óbvios pra escolher esse tipo de profissão. A possibilidade de contar histórias com as minhas próprias palavras sempre me fascinou. Meu pai é engenheiro e minha mãe é bióloga/professora, mas houve muita influência familiar no que diz respeito ao incentivo que eles sempre me deram pra que eu escrevesse.

Quem são os jornalistas e/ou profissionais da comunicação que mais admira?
Admiro uma lista infinita deles. Hoje, em termos de reportagem, tenho quatro referências: Eliane Brum, Caco Barcellos, Tino Marcos e Pedro Bassan. Em termos de comunicação em geral, o Marcelo Tas, Pedro Bial e o Tiago Leifert; Juca Kfouri, pelo espírito combativo.

Na sua opinião, a cobertura esportiva brasileira é satisfatória? Não faltaria, por exemplo, um pouco mais de jornalismo investigativo?
A mídia esportiva sempre vai viver um dilema existencial: é jornalismo ou é entretenimento? Dá pra ser os dois?  A partir disso é que a gente define o que falta, o que sobra, o que precisa ser reciclado. Hoje, mais do que nunca, existe espaço pra tudo.

Quais são suas opiniões a respeito da seleção brasileira? A revolução no futebol deveria começar muito antes da derrota contra a Alemanha?
Não dá mais pra se sustentar na ideia de que o Brasil é o maior campeão mundial de todos os tempos. Embora não seja um fato desprezível, o que importa discutirmos agora é o "hoje" e o "amanhã". Esse time que eu vi de perto na Copa América do ano passado é a pior seleção brasileira de que eu tenho notícia. Se honestidade e coragem significam "revolução', então precisamos disso.  

O seu início no SporTV foi através do programa "Passaporte SporTV". Qual é a importância desse projeto?
É uma escola. O repórter participa integralmente do processo de feitura da matéria que vai ao ar: ele sugere, produz, opera a câmera, grava, edita, manda o material pro Brasil. São vários desafios simultâneos - e o maior deles é voltar ao "chão", depois do projeto, e perceber que você ainda está só começando a entender como funciona a TV. A oportunidade de ser correspondente internacional no início da carreira é a inversão do glamour que esse tipo de posto sugere. Mas a responsabilidade é a mesma: reportar um país com olhos de estrangeiro.

Em 2012, a Espanha conquistou a Eurocopa, e você não conseguiu gravar a matéria. Conte-nos o que aconteceu naquela noite.
Eu estava em Madri, na Praça de Cibeles, tradicional reduto dos torcedores espanhóis em dias de festa. A seleção ia desfilar em carro aberto, era um momento histórico e o povo estava absolutamente maluco. Eu precisava mandar duas ou três matérias em poucas horas, pra todos os telejornais do SporTV, e os caras simplesmente não me deixavam gravar nada... me abraçavam, tocavam altíssimo aquelas vuvuzelas no meu ouvido,  despejavam cerveja em cima de mim... Quando eu voltei pro hotel e percebi a comicidade de tudo aquilo, vi que aquela bagunça poderia ser uma reportagem. A não-matéria era a melhor matéria que eu poderia ter pra mostrar como estava o clima no país!

Você já morou em Dublin, capital da Irlanda, durante dois anos. Poderia nos contar como foi essa estadia?
Se eu viver 50, 100 ou 200 anos, aqueles sempre serão dos mais importantes da minha vida. Pelo que amadureci, pelo que viajei, pelo desprendimento e liberdade que a gente aprende a conquistar. O plano era aprimorar o inglês, como qualquer intercambista, e em pouco tempo a gente vê que o idioma é só mais um detalhe de uma viagem como essa.

Também aproveitei pra fazer um curso de pós-graduação em reportagem. Trabalhei num pub como garçom (além de servir, eu também separava o lixo depois do expediente); uns meses mais tarde fui ganhar a vida num supermercado, onde comecei como faxineiro e depois fui pro caixa, pra lanchonete, pro departamento de laticínios, etc. Trabalhei em todos setores possíveis... um dia ainda terei meu próprio supermercado! (risos).

Cite um momento importante pelo qual você passou na Copa do Mundo, e porquê.
Uma Copa do Mundo no Brasil é importante do início ao fim. Fui "correspondente" do canal em Brasília... acompanhei dois jogos do Brasil no Mané Garrincha: a vitória sobre Camarões, talvez o melhor jogo da seleção, e a derrota pra Holanda, logo depois da humilhação diante da Alemanha. Foram momentos contrastantes.

Outras duas passagens que me marcaram bastante:

1 - Conhecer e gravar uma reportagem com o cinegrafista brasileiro que filmou o Maracanaço. A imagem daquele gol do Uruguai que a gente  vai ter na cabeça pra sempre é dele! História viva e emocionante!

VEJA: Repórter Thiago Crespo toca e canta ao vivo no Madruga SporTV

2 - Luau com o Digão, dos Raimundos, ao vivo no Madruga SporTV. A gente ficou duas ou três horas tocando violão e cantando na frente do Palácio do Planalto. Meu ídolo quando era moleque, pô, e eu ali... "trabalhando".

Você é dono de um blog chamado Literatofonia, um espaço em que você conta histórias, publica suas matérias. Como surgiu a ideia de fazer um blog?
Da necessidade de escrever, uma das minhas maiores paixões.

O que deve ser feito para aumentar o público nos estádios brasileiros, principalmente aqueles que sediaram partidas durante a Copa do Mundo?  
Oferecer um espetáculo completo. O torcedor tem que sair de casa pra algo mais do que ver um jogo.
E além disso, claro, principalmente, tem que ter uma garantia mínima de que vai assistir a um jogo de qualidade, com jogadores de qualidade. Segurança deveria ser outra coisa óbvia, intrínseca, mas atualmente parece um favor.

Um sonho que pretende realizar?
O maior deles, juro, é levar minha mãe pra conhecer o Roberto Carlos. É algo simples, mas distante. Por isso é sonho. Os outros, menores, mais egoístas e mais palpáveis, são coisas como escrever um livro, viajar o mundo inteiro, folgar todos os finais de semana...

Reportagem especial de Thiago Crespo com Leonardo Véliz, esquerdista
e que atuou pela seleção do Chile durante o regime de Pinochet
Uma reportagem inesquecível?
A carreira é curta, ainda iniciante, mas posso me permitir mais de uma?

- Quando fomos ao Quênia, em 2012, mostrar por que eles são ases do atletismo.

- A importância do futebol na vida dos meninos da Fundação Casa, antiga FEBEM.

- A história de Leonardo Véliz (Copa América em 2015). Esquerdista convicto, foi jogador da seleção chilena durante os anos do regime de Augusto Pinochet.

Como é a sua rotina? Tem hora para entrar e sair?
Todo dia, entre 20h e 21h, os repórteres recebem a escala de trabalho do dia seguinte. Posso entrar tanto às 7h como às 19h... depende das pautas. O cardápio é variado: treinos, jogos, entrevistas exclusivas, reportagens especiais, desembarque de medalhistas, etc.

A gente costuma brincar que sempre tem horário de entrada - e quase nunca de saída. Além do mais, o jornalismo é dinâmico e imprevisível; tudo pode mudar de uma hora pra outra. Já aconteceu de eu estar a caminho do treino do Palmeiras, por exemplo, e receber a ligação avisando que o Mano Menezes ia cair do comando da seleção brasileira.

Não há rotina -- e isso é bom e ruim. Bom porque, pessoalmente, detesto a ideia de viver todos os dias do mesmo jeito. Prefiro estar na rua, cada hora em algum lugar diferente, a estar sentado na frente de um computador cumprindo o horário comercial. Por outro lado, é mais cansativo e mais difícil programar atividades fora do trabalho.

Quais dicas você dá a quem está iniciando na área jornalística?
Acho que soaria professoral, pretensioso demais dar dicas a alguém que está começando. Também estou começando, né? Mais justo compartilhar aquilo que eu procuro fazer no dia a dia pra melhorar ao máximo meu trabalho.

Ler. Jornais, revistas, livros, encartes promocionais e todos aqueles papeizinhos que te entregam no semáforo. Ler tudo o que puder.

Escutar. Hoje em dia todo mundo gosta muito de falar, de emitir opiniões sobre tudo, e pouca gente se preocupa em ouvir os outros com atenção. O Mario Vitor Santos, meu professor na faculdade e um dos melhores que tive na vida, sempre nos lembrava que "Deus está nos detalhes". Exercitar a escuta, além de fortalecer a humildade, é encontrar mais e mais detalhes.

Enxergar. Olhe pro lado contrário ao que todos estão olhando. Se houver sensibilidade e disposição, você encontra uma grande história até em uma rua vazia. Quando entramos no SporTV (eu e os outros repórteres do Passaporte), o Pedro Bial disse uma coisa da qual nunca vou me esquecer: "Jornalista tem que ter brilho nos olhos". Acho que ele sintetizou de uma forma romântica, mas genuína. Precisamos ser essencialmente humanos pra fazer bom jornalismo.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Adriano de volta ao futebol: o quê esperar?

Foto: José Patrício/AE
Há 655 dias fora de ação, Adriano Imperador retorna ao futebol. Na verdade, essa quantidade de dias vai aumentar, pois ele pretende passar o seu aniversário - 17 de fevereiro - ainda longe dos gramados. Seu acerto é com o Miami United, time dos Estados Unidos. O atacante comprou 40% do clube.

Nos últimos meses, despertou interesse de vários clubes, como Gama-DF, União-MT, Cruzeiro-RS e Desportiva-ES e do São José-SP. Esse último, aliás, foi o que mais chamou a minha atenção. O acordo seria milionário. Salário alto em dia, além de divisão de lucros, como em participações em vendas de camisas.

Adriano na Águia do Vale seria um ponto fora da curva diante da realidade do clube, que chegou a disputar um jogo-treino vestindo o uniforme do adversário. Rompeu a parceria com a G&J Sports por desavença política e o futuro na Série A3 do Paulista é incerta, vide a mudança que teve no regulamento do estadual.

A nova parceira é forte no ramo de negociações, mas será que o camisa 9 vale tudo isso? No mínimo, apostaria no contrato por produtividade, modelo que vem sendo adotado pelos mandatários de clubes daqui.

Seu último clube foi o Atlético-PR. Depois de ficar 22 meses parado, atuou com a camisa do Furacão, em 2014. Disputou quatro partidas e anotou apenas um gol, contra o The Strongest, da Bolívia. Mesmo assim, o gol não evitou a derrota por 2 a 1, em jogo válido pela Libertadores.

Confesso que não apostaria na volta dele à modalidade. Seria até arriscado. Caso fosse o Adriano de seis, sete anos atrás, quando arrebentou pelo Flamengo, eu até apostaria e investiria em seu retorno. Até penso que ele quer ser um pouco esquecido, fugir dos holofotes. Falso detalhe, vide a suas publicações diárias nas redes sociais. Vira manchete.

A perda do pai, dois anos antes de uma Copa do Mundo, e o consequente fracasso da seleção no Mundial, e a má fase no Campeonato Italiano, quando atuava pela Inter de Milão, foram fatores que transformaram vida do camisa 9 num inferno astral. Aos poucos, ele se recuperou e mostrou que estava pronto para novamente ajudar e provocar aquela tensão nos goleiros e zagueiros adversários. Foi assim no Flamengo em 2009, quando marcou 19 gols em 32 jogos. Ajudou o Rubro-Negro a conquistar o hexacampeonato do Brasileirão.

Antes de terminar, quero, aqui, destacar dois pontos:

Primeiro: Faltam bons centroavantes no nosso atual momento. Vivemos uma crise técnica no nosso setor ofensivo. O melhor atacante que temos não atua no futebol brasileiro e pode até parar preso. E Adriano ainda é visto como uma opção e solução para curar essa carência. E concordo com esse ponto de vista. Se ele mantivesse o nível, hoje estaria despontando na nossa seleção e poderia estar novamente na Europa.

Segundo: Conhecemos a fama de polêmico e as mais variadas confusões que Adriano se envolve. Metralhadora na mão, aparentemente embriagado em um bar, já deu um soco no jogador adversário. Agora, ele vai para Miami. Uma cidade que nunca dorme. De cassinos imponentes. Alguma dúvida de que as manchetes dos países noticiarão o lado extra-campo do ex-atacante da seleção brasileira?

É o retorno de Adriano. Situação diferente. Histórias (provavelmente) iguais. A ver.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Os clubes precisam ser maiores que a entidade que não patrocina o futebol

Fica comprovado a cada dia o seguinte: a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) não está nem aí para o futebol. Só quer defender seus interesses políticos e tapar o sol com a peneira. A trupe comandada por Antonio Carlos Nunes, Del Nero, Marin e companhia querem saber apenas de dinheiro e parcerias. Com isso, a realização da Primeira Liga está em xeque. A CBF vetou, mas os clubes mantêm o posicionamento e admitem que vão jogar o torneio.

Alexandre Kalil, ex-presidente do Atlético-MG, chegou a decretar a morte da Primeira Liga que está a dois dias de seu início. Mas ela ainda está de pé. E vai acontecer. Os clubes participantes precisam mostrar do que são capazes. Não podem dizer amém a uma entidade que é o câncer do futebol tupiniquim. Batam de frente.

Parece que os sucessivos vexames não significaram nada para esses caras sujos que comandam o nosso futebol. O futebol brasileiro é do povo. Representa o povo. E a torcida está convicta de que quer a realização da Primeira Liga. As emissoras de TV, idem. Sabem da importância do campeonato.

Para acabar com o poder da entidade e assumirem de vez o controle do futebol brasileiro, os clubes daqui precisam de união. E é exatamente esse legado que o campeonato está trazendo. As agremiações publicam notas oficiais dizendo que compactua com a opinião de adversários. É um passe importante e significativo.

O problema é que são apenas 12 clubes disputando: Flamengo, Fluminense, Atlético-MG, Cruzeiro, América-MG, Atlético-PR, Coritiba, Avaí, Figueirense, Internacional, Grêmio e Criciúma. O futebol brasileiro não existe sem os clubes.

Se a CBF realmente vetar a realização do campeonato, é muito simples resolver esse problema: não entrem em campo nos Estaduais. Se continuarem pressionando, os times devem entrar com uma representação. Não é tão simples assim, é claro. Mas as armas estão aí.

A única solução é se desvencilhar da entidade podre. E a Justiça fazer o seu papel: prender os corruptos que tanto assolam a prática do esporte popular.

O presidente da Federação Catarinense, Delfim Pádua, admite que os clubes da Primeira Liga vão boicotar a realização do Campeonato Brasileiro se Flamengo e Fluminense forem punidos pela Ferj, entidade que surrupia e desvaloriza o futebol carioca.

E um detalhe merece ser escrito aqui: a diretoria do Volta Redonda quer impedir a realização do jogo Fluminense x Atlético-PR no Raulino de Oliveira, "seu" estádio. Isso é inadmissível e lamentável. O estádio não pertence ao clube; apenas à Prefeitura. Só ela pode decidir e dar o seu veredicto.

Não sou a favor do método da Primeira Liga. Muito pelo contrário. É um campeonato que incha o nosso calendário. Porém tem seu grau de importância. É o único torneio que pode fazer com que os clubes deixem de ser frouxos.

Às armas, presidentes de federações e clubes envolvidos! Que a Primeira Liga represente o primeiro grito de liberdade!

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Bauza e Lugano: os incentivadores que podem fazer de PH Ganso um jogador mais decisivo

Quase três anos e cinco meses se passaram. Foi no dia 21 de setembro de 2012 que o São Paulo acertou a contratação de Paulo Henrique Ganso, o meia que foi apontado como uma das revelações do futebol brasileiro na época. Dois anos antes, em 2010, no auge do seu futebol, a crítica esportiva o queria na Copa do Mundo da África. Dunga não atendeu ao pedido. E o camisa 10 recebeu defesa.

No Tricolor do Morumbi, Ganso não se tornou uma peça-chave, um jogador que transmita confiança e que volte a ser um dos melhores meias do Brasil. Nem mesmo quando o próprio se intitulou o acima da média. Paulo Henrique começou usando a camisa 8. Agora veste a 10, que um dia já foi honrada por craques do time paulista, como Pedro Rocha, Raí, Canhoteiro, Pagão, Terto, Gerson, Teodoro, Pita e Leonardo. Que responsabilidade! Por enquanto, frustada.

Ganso sabe do que é capaz. Talento, ele tem. O problema é que falta energia, vibração. Ele não consegue dar suas arrancadas, como fizera brilhantemente na equipe santista. O leitor pode até argumentar - e com razão - que as inúmeras cirurgias no joelho e a falta de um atacante como Neymar são geradoras de tal declínio futebolístico. Mas são quatro anos!! Há de se ter bom-senso.

Com as chegadas de Edgardo Bauza e Lugano, argentino e uruguaio, respectivamente, a tendência é que o sangue que percorre as veias de ambos seja repleto de gás, incentivo, raça. Exatamente o veneno benéfico que falta ao Ganso. Eles serão incentivadores para que ele volte a defender a seleção brasileira. Bauza já de um primeiro passo em entrevista coletiva. Sabe do potencial que está em suas mãos. Ofereceu ajuda. Basta o meia são-paulino querer.

sábado, 9 de janeiro de 2016

Opção de risco x genialidade: Zidane no Real Madrid

Após uma passagem sem vontade e emoção, Rafa Benítez foi demitido pela diretoria do Real Madrid. Fiorentino Pérez sabia que essa decisão tinha que ser tomada há muito tempo. Mas antes tarde do que nunca. E em seu lugar, ao invés de nomes consagrados, Pérez optou por uma solução caseira: Zinédine Zidane.

É uma aposta de risco. Zidane não tem um currículo expressivo como treinador. Comandou o Real Castilla - uma filial merengue - que disputa a terceira divisão espanhola. Viveu uma temporada de altos e baixos.

Mas como duvidar de Zidane, sendo que ele é o melhor jogador francês que já vi atuar? (Por favor, levem em consideração a minha idade antes de qualquer crítica). Ele tinha visão de jogo quando atuava pelos gramados do mundo. Passe refinado, cabeça erguida, mostrando respeito. Na área técnica, pode desenvolver o mesmo talento, baseado nos princípios de Marcelo Bielsa e Carlo Ancelotti, suas principais referências.

Neste sábado, 9, o craque pisou novamente no estádio Santiago Bernabéu. Trocou a camisa 5 que por muito tempo vestiu pelos acessórios sociais - camisa, gravata, terno. Manteve a mesma classe. Só mudou o figurino e a linguagem. O jogo era contra o Deportivo La Coruña. A vitória se fazia necessária, pois o Barcelona havia vencido o Granada por 4 a 0.

Sob o comando de Zizou, pude notar uma melhora expressiva no comportamento dos jogadores e no esquema tático. Com Rafa, era um time desorganizado, sem padrão de jogo, vontade. Os atletas pareciam insatisfeitos com o método de trabalho. Em poucos dias, Zidane mostrou que é um pai de família e vai dar conselhos aos filhos, para que novamente se tornem atletas de qualidade e respeito.

Contra o La Coruña, optou por colocar James Rodriguez e Danilo no banco de reservas. Os dois vinham sendo utilizados por Benitez, mas de forma equivocadas. Danilo era a Avenida Paulista aos domingos. O colombiano, por sua vez, era a Imigrantes em dia de volta de feriado. Ficava preso à marcação adversária e não possuía tanta facilidade para chegar à meta.

Zidane colocou Isco. Não fez uma boa partida, mas fez com Benzema e Bale jogassem e anotassem os cinco gols que levaram os merengues à vitória. Ficou comprovada a sua inteligência. Precisou de apenas 90 minutos para mostrar a que veio. Mas os resultados positivos não vão fazer parte de toda essa história que apenas está no início. Os desempenhos ruins vão acontecer, o que é natural e prática do futebol.

Portanto, não adianta os analistas de resultados expuserem suas críticas em momentos de agonia, tensão do Real Madrid. Analisem como um todo. Isso é necessário. A falta de experiência no papel de treinador pode gerar complicações em alguns momentos, voltando à tese de opção de risco, que ainda é superior em porcentagem se compararmos com outros nomes disponíveis no mercado, como o de José Mourinho ou Pep Guardiola, que já cravou que vai sair do Bayern de Munique nesta temporada. Mas o antigo camisa 5 daquele galáctico esquadrão tem o remédio: a genialidade e a precisão.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Corinthians pode repetir façanha de 1995, quando teve o terceiro pior ataque na primeira fase da Copinha

O Corinthians é o atual campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior. É responsável por revelar grandes nomes para o time principal. Mas o rendimento da equipe nesta edição não é agradável. Embora tenha conquistado duas vitórias e assegurado a sua classificação para a segunda fase do torneio, os comandados de Osmar Loss estão "imprecisos" quando o assunto é fazer gols.

Em dois jogos, foram duas vitórias pelo mesmo placar: 2 a 0 - sobre Bragantino e Botafogo-PB. Até o momento, está sendo o segundo pior ataque do clube desde 1995, ano em que a equipe também anotou quatro gols. Um ano antes, em 1994, e em 2001, em três jogos disputados, o Timãozinho balançou as redes apenas três vezes, pior ataque na história do clube na competição.

Para quebrar essa escrita, a equipe tem um confronto contra a Inter de Limeira, nesta quarta-feira, 6. Mantendo a média de dois gols, e vencendo o time do interior paulista por esse placar, o Corinthians iguala o número de tentos marcados de 2004. Em 2009, a equipe anotou cinco gols, pior desempenho nas seis últimas edições.

Veja mais detalhes abaixo:

Ano
Gols marcados
1994
3
2001 3
1995 4
2016* 4
2009 5
2004 6

Se por um lado, o ataque não vem sendo produtivo, o mesmo não pode ser descrito pela defesa. A equipe segue sendo a menos vazada no campeonato, com nenhum gol sofrido, repetindo a façanha de 2012, quando terminou o campeonato sem sofrer um gol sequer.

 *Primeira fase em andamento

domingo, 3 de janeiro de 2016

Resultados dos 32 jogos da Copa São Paulo de Futebol Júnior

A 47ª edição da Copa São Paulo de Futebol Júnior teve início neste sábado, 2 de janeiro. Trinta e dois (32) jogos movimentaram as cidades do interior da Capital. Os destaques foram o Botafogo, Coritiba, Corinthians, Cruzeiro, Fluminense e Internacional. Teve goleada em Bauru, onde o Coritiba aplicou 10 a 0 sobre o União Barbarense.

Em Marília, o maqueiro não conseguiu carregar o jogador do Comercial-SP, proporcionando uma cena patética e, ao mesmo tempo, engraçada para quem estava no estádio. E, em Tanabi, o segundo tempo de Chapecoense x Juventude começou com 15 minutos de atraso, porque os policiais decidiram ir embora no intervalo.

Neste domingo, 3, haverá o complemento da primeira rodada da competição, com destaque para Palmeiras, Vasco, São Paulo, Flamengo e Atlético-MG.

Confira os resultados desse sábado e os jogos deste domingo.

Grupo 1:
Tanabi 4 x 0 América-SP
Chapecoense 0 x 1 Juventude

Grupo 2:
Rio Preto 1 x 3 União ABC-MS
Atlético-PR 1 x 2 Sport

Grupo 3:
Penapolense 2 x 3 Mirassol
Santa Cruz 0 x 1 Vila Nova-GO

Grupo 4:
Linense 0 x 0 Sobradinho-DF
Botafogo 4 x 2 São Bento

Grupo 5:
Cruzeiro 2 x 0 Comercial-SP
Marília 5 x 0 Vitória da Conquista

Grupo 6:
Noroeste 4 x 0 Palmas
Coritiba 10 x 0 União Barbarense

Grupo 7:
Ferroviária 0 x 2 América-PE
Santos 1 x 0 Confiança-SE

Grupo 8:
Guaratinguetá 1 x 3 CSP-PB
Ceará 0 x 1 Joinville

Grupo 9:
São Carlos 5 x 1 Serrano-BA
Internacional 6 x 0 Botafogo-SP

Grupo 10:
Lemense 2 x 4 Rio Claro
Atlético-GO 1 x 2 Criciúma

Grupo 11:
Inter de Limeira 0 x 3 Botafogo-PB
Corinthians 2 x 0 Bragantino

Grupo 12:
Náutico 0 x 0 Mogi Mirim
Paysandu 1 x 1 Guarani

Grupo 13:
Capivariano 0 x 2 Água Santa
Fluminense 4 x 1 Real Noroeste-ES

Grupo 14:
Primavera-SP 1 x 1 Boca Júnior-SE
Avaí 2 x 1 Paraná

Grupo 15:
Desportivo Brasil 4 x 0 Espigão-RO
Porto-PE 0 x 2 Ponte Preta

Grupo 16:
Ituano 1 x 0 Santos-AP
Grêmio 2 x 2 Desportiva Ferroviária-ES

Jogos deste domingo, 3:

Grupo 17:
14h - São Paulo x Paulista
16h - Audax x Tiradentes-CE

Grupo 18:
16h - Taboão da Serra x XV de Piracicaba
18h - Figueirense x Fast-AM

Grupo 19:
17h - Grêmio Osasco x Altos
19h - Vitória-BA x Rondonópolis

Grupo 20:
14h - São Bernardo x Galvez-ES
16h - Goiás x ABC

Grupo 21:
13h - Taubaté x Sabiá-MA
15h - Bahia x Desportiva Aliança-AL

Grupo 22:
16h - Atlético-MG x River-PI
18h - Araxá-MG x Desportiva Paraense-PA

Grupo 23:
14h - Atibaia x Brasília
16h - Goiânia x Portuguesa

Grupo 24:
17h30 - União Mogi x Palmeira-RN
19h30 - Flamengo x Red Bull Brasil-SP

Grupo 25:
17h - Palmeiras x Sampaio Corrêa-MA
19h - São José FC x Estanciano-SE

Grupo 26:
14h - Flamengo-SP x Santo André
16h - Fortaleza x Luverdense

Grupo 27:
9h - Nacional x São Raimundo-RR
11h - Vasco x Guaicurus-MS

Grupo 28:
14h - Juventus x Pérolas Negras (Haiti)
16h - América-MG x São Caetano

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Copinha 2016: Vitrine para os clubes ou empresários?

Gustavo Hebling surgiu como aposta para o São Paulo (Foto: Reprodução)
A Copa São Paulo de Futebol Júnior começa neste sábado, 2 de janeiro. É o campeonato que abre a temporada do futebol brasileiro. Nos últimos anos, grandes apostas e promessas surgem nos clubes tradicionais e até mesmo nos desconhecidos, caso do meia Valdívia, que ficou conhecido no Rondonópolis-MT e hoje é destaque no Internacional. Malcom, titular absoluto no ataque do Corinthians, também foi revelado na competição. Lucas Taylor, Matheus Sales e Gabriel Jesus, todos do Palmeiras, foram descobertos pela vitrine. Aliás, o Palmeiras luta para conquistar o título que ainda não possui na sua vasta galeria de troféus.

Mas a intenção deste post é apontar e questionar quais são, realmente, as oportunidades que esses destaques do torneio podem receber no time principal. E qual a parcela de culpa. Gustavo Hebling (foto) não teve uma chance sequer no Tricolor Paulista.

Apontado como revelação desde os 12 anos de idade e servindo as seleções brasileiras de base, o volante não teve o seu contrato renovado com o clube e, imediatamente, foi levado para o PSG, da França, que o repassou para o modesto PEC Zwolle, da Holanda, com um contrato de empréstimo por duas temporadas.

E aquele Corinthians que venceu o Fluminense em 2012? Pois então. Poucos jogadores tiveram sucesso na equipe principal. Antonio Carlos, herói daquela partida, marcando dois gols, fez boa temporada no Avaí. E o exemplar volante Gomes passou por diversos clubes após aquela final. Seu último foi o Guaratinguetá, em 2014.

Outro caso de mal-sucedido vai para o talentoso Matheus Cassini. Foi destaque no título da Copinha em 2015, quando superou o Botafogo-SP. Tite fechou os olhos para o garoto. Foi relacionado apenas uma vez, no Campeonato Brasileiro. E hoje está no Palermo, da Itália.

Vale destacar: o atleta não tem direito a absolutamente nada no que se refere ao passe. O Corinthians tem a maior fatia da pizza, com 70%, enquanto o restante pertence à Art Sports, que agencia a carreira do jogador.

Neste ano, serão 112 clubes disputando o campeonato, quase 3.000 jogadores foram relacionados. Quantos Matheus Cassini e Gustavo Hebling estarão em campo? De fato, o torneio é apenas saudável para os conhecidos olheiros, que observam um jogador habilidoso, conversam com ele, fazem propostas irrecusáveis e viajam pelo interior do Brasil à procura de se vingar no cenário futebolístico. Para os grandes clubes do país, se tornou desinteressante.

Outro fator é que a minoria desses jogadores despontarão como promessas para o problema crônico do futebol brasileiro, que é justamente a base. Mal-cuidada e surrupiada por agentes, grupos de empresários e empresas-fantasmas. É difícil. Mesmo assim, a Copinha tem a sua essência, que precisa ser lapidada.