Pages

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Racismo no futebol brasileiro: casos, soluções, perspectivas e o grande dilema: como punir e acabar com o episódio?

A torcedora gremista Patrícia Moreira é flagrada pelas câmeras de transmissão do jogo entre Grêmio e Santos chamando o goleiro Aranha de "macaco".


A história do futebol brasileiro contém, ao longo de quase um século, registros de episódios marcados pelo racismo. Eis o paradoxo: se de um lado a atividade futebolística era depreciada aos olhos da “boa sociedade” enquanto profissão destinada a pobres, negros e marginais, de outro ela se achava investida do poder de representar e projetar a nação em escala mundial.

Casos de discriminação racial fazem parte da história do futebol desde que o esporte chegou ao Brasil. No início, o esporte adotado pela elite excluiu os negros. No Brasil, em alguns clubes eles eram proibidos de jogar até a década de 1950, como no caso do Grêmio. O Vasco da Gama foi o primeiro clube a aceitar oficialmente esportistas negros.

Neste ano, já foram registrados 14 casos de racismo no futebol brasileiro; porém alguns ganharam mais destaques, como o do volante Tinga (Cruzeiro); do árbitro Márcio Chagas, do Rio Grande do Sul; e o mais recente e comentado: do goleiro Aranha, do Santos. Este último aconteceu no dia 28 de agosto.

O episódio aconteceu aos 43 minutos do segundo tempo, quando o placar já apontava 2 a 0 para os santistas frente ao Grêmio, em jogo válido pela Copa do Brasil. Os xingamentos partiram de uns grupos de torcedores gremistas localizados atrás do gol defendido por Aranha na segunda etapa, setor normalmente destinado às organizadas na Arena do Grêmio.

Patrícia Moreira (foto) foi uma das envolvidas. Ela foi pega pelas câmeras que filmavam o jogo ofendendo o goleiro de ‘macaco’. Após ter a sua imagem veiculada, em poucos minutos as redes sociais foi palco de revoltas. Tanta revolta acabou culminando na sua prisão e afastamento da torcida porto-alegrense. E o Grêmio foi excluído da competição, gerando rancor.

Mas quando começou o racismo no futebol brasileiro?

Em um dos casos mais polêmicos do futebol, o jogador Grafite, que atuava pelo São Paulo, em 2005, foi alvo de ofensas racistas do jogador Leandro Desábato, do Quilmes, time da Argentina. O jogo era válido pela Libertadores da América, os dois times se enfrentavam no estádio do Morumbi, em São Paulo, quando o são-paulino empurrou o rosto do zagueiro argentino e foi expulso de campo.

Ao justificar sua atitude, Grafite afirmou que foi vítima de racismo, ao ser chamado de “macaco” pelo argentino Desábato foi preso no gramado e ficou dois dias na prisão. O atacante prestou queixa contra o argentino e o jogador só foi liberado após pagar uma multa de R$ 10 mil, e pôde voltar à Buenos Aires, mas se comprometendo a voltar ao Brasil durante o processo.

Quem punir e como punir?
O cenário abre espaço para dois pontos polêmicos - quem punir e como punir. A legislação esportiva dá margem para punições rígidas, mas o texto é dúbio em uma questão central: até onde penalizar os clubes aos quais estão ligados os agentes das manifestações racistas. Geralmente, as penas englobam multas e perdas de mando de campo.

Para o advogado desportivo Maurício Corrêa da Veiga, é fundamental que todas as normas existentes sejam aplicadas.

- No Brasil, temos inúmeros instrumentos normativos. Portanto, não é por falta de lei que os casos de racismo e de discriminação racial não são punidos, mas sim por falta de vontade das autoridades competentes – afirma o advogado.

Campanha educativa resolveria o problema?
Corrêa da Veiga comenta que as campanhas são sempre educativas e podem ajudar. Porém, não é apenas isto.

- As campanhas educativas são importantes e podem orientar o torcedor. Porém, creio que a medida mais eficaz, além da conscientização, é adotar mecanismos de punição para o clube, desta forma, a entidade desportiva adotará os meios necessários para coibir práticas de racismo ou de injúria racial – diz o advogado desportivo.

Racismo, injúria racial ou apartheid?
O sociólogo Marcos Rolim diz que os três fenômenos estão misturados porque os negros são maioria entre os pobres. Rolim ainda diz por que Pelé é tão aclamado pela sociedade.

- No caso, o sucesso, a fama e a riqueza agem como elementos de valorização que costumam neutralizar – para aquele personagem – as reações típicas do racismo – afirma o sociólogo.

Sobre a diferença entre racismo e injúria racial, o sociólogo faz uma rápida diferenciação.

- Se alguém impede que um negro tenha acesso a uma escola, por exemplo, pelo fato de ser negro, isto configura o crime de racismo.  Se uma pessoa agride verbalmente um negro, chamando-o de “macaco”, por exemplo, este é o crime de injúria racial – conclui ele.

A exclusão do Grêmio na Copa do Brasil e a posição do STJD
O advogado Márcio Corrêa da Veiga comenta a posição do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) em dois quesitos: na exclusão do Grêmio na Copa do Brasil e na falta de competência criminal para punir os envolvidos no caso de racismo.

 - Deve ser ressaltado que aquele órgão administrativo (STJD) não tem competência criminal, porém, o Código Brasileiro de Justiça Desportiva prevê penas duras para esta prática criminosa (art. 243-G), inclusive com a exclusão do clube do torneio – comenta o advogado.

- A exclusão do time envolvido, daquele campeonato, pode parecer uma pena injusta e desproporcional, pois, afinal, foi apenas um grupo de indivíduos (não evoluídos) que cometeu o ato. Apesar disso, a partir do momento em que você pune a agremiação em razão do ato criminoso praticado por determinado grupo, possivelmente não haverá reincidência, pois os dirigentes terão cuidados redobrados no tocante à fiscalização de seus torcedores – conclui Veiga.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Por onde anda: Lenny

O segundo jogador da série 'Por onde anda' é Lenny. 

Lenny estreou profissionalmente no final de 2005, em alguns jogos do Campeonato Brasileiro, pelo Fluminense. Seu futebol "atrevido" começou a atrair atenção no início da temporada de 2006, durante a disputa da Copa do Brasil.

Seu primeiro título, como profissional, veio com a conquista da Copa do Brasil de 2007, quando o Fluminense derrotou, na final, a equipe do Figueirense. Pouco tempo depois, a despeito da má fase, e de várias lesões, Lenny acabou sendo emprestado ao Sporting Braga, de Portugal.

Após seis meses no futebol português, Lenny foi negociado pelo Fluminense, o dono de seus direitos federativos, com o Palmeiras. No Verdão, disputou 73 jogos e marcou apenas 8 gols. Não tendo sucesso, foi negociado ao Figueirense, de Santa Catarina, em janeiro de 2011

Seis meses depois, foi anunciada a rescisão de seu contrato com o Figueirense devido a lesões que o acompanharam desde os tempos de Palmeiras. Após sua rescisão, Lenny foi parar no Desportivo Brasil.

No ano seguinte, acertou com o Boavista, do Rio de Janeiro. Disputou o Campeonato Carioca. Fez 4 jogos e balançou as redes uma única vez. 

Em 2013, acertou com o Boavista para as disputas do Campeonato Estadual, mas não fez nenhuma partida oficial pela equipe. Em fevereiro do mesmo ano, Lenny anunciou que estava deixando o Brasil para jogar no Japão, no modesto Ventforet Kofu.


Acertou para 2014, com o Atlético Sorocaba. Jogou apenas uma partida, contra a Portuguesa, no dia 19 de fevereiro de 2014. Pediu rescisão do seu contrato, após entrar em acordo com a diretoria. 

Na carreira, conquistou dois títulos: Copa do Brasil, em 2007, pelo Fluminense; e o Campeonato Paulista de 2008, com o Palmeiras. Disputou 151 jogos e marcou em 21 oportunidades, 

Gostaram? Quem você quer ver no 'Por onde anda'. Deixe a sua resposta nos comentários.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Chapecoense tirou pontos importantes dos times grandes; o São Paulo foi o mais afetado

A Chapecoense venceu mais um time grande neste Brasileirão. Ontem, no Maracanã, construiu o placar de 4 a 1 e venceu o Fluminense com autoridade. Com dois gols de Bruno Silva, um de Camilo, outro de Leandro e um contra de Rafael Lima no fim. Além de grande atuação do goleiro Danilo, dono de dois milagres em finalizações de Fred.

O time catarinense só enfrentou o Flu três vezes na história, mas nunca perdeu: venceu as duas esse ano pelo Brasileiro e empatou um amistoso em 1976.

O resultado deixou os cariocas distantes do G-4, com 57 pontos, a quatro de distância do Atlético-MG restando três rodadas para o fim do Campeonato Brasileiro. Já o Alviverde foi a 39 pontos, escapou do Z-4 e empurrou o Coritiba para a zona de rebaixamento.

Embora esteja nesta situação, a Chapecoense é conhecida por ter tirado pontos importantes dos times grandes. Confira abaixo:

São 10 vitórias, sendo que 6 foram contra times 'grandes':

2 x 0 Palmeiras
1 x 0 Flamengo
5 x 0 Internacional
1 x 0 Fluminense
4 x 1 Fluminense
1 x 0 São Paulo

São 9 empates; porém, 4 foram contra os considerado 'grandes':

1 x 1 Corinthians
1 x 1 Santos
0 x 0 São Paulo
0 x 0 Atlético-MG

Dos times que brigam pelo título, o São Paulo foi o mais afetado. Perdeu um jogo e empatou outro. Ou seja, se tivesse vencido os dois jogos contra o time catarinense, os comandados de Muricy Ramalho estariam neste momento com 72 pontos, um ponto atrás do líder Cruzeiro, 73.

Veja como estaria o G-6 caso essas equipes tivessem vencido seus jogos contra a Chape:

1 - Cruzeiro - 73
2 - São Paulo - 72
3 - Atlético-MG - 64
4 - Corinthians - 64
5 - Internacional - 63
6 - Fluminense - 63

Na parte debaixo da tabela, o Palmeiras se manteria na 14ª colocação, com 42 pontos.

Isso é fruto do excelente trabalho que a Chapecoense fez e vem fazendo no Brasileirão, que começou com a arrancada fantástica sob o comando do Jorginho. Mesmo com as dificuldades técnicas e financeiras, ela não se limitou à grandiosidade de outras equipes.

E que fique claro para os que não entendem: este post serve apenas para ilustrar como o campeonato poderia ganhar mais emoção caso não houvesse tropeços.

Para quem ainda persiste em criticar que este mesmo tem o intuito de menosprezar o time catarinense, leia este texto feito no mês passado. http://gabrieldantas-futebol.blogspot.com.br/2014/10/nao-podemos-menosprezar-chapecoense.html

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Por onde anda Madson?

O blog inicia uma nova série: por onde anda? Uma série que contará como anda alguns jogadores que fizeram sucesso no futebol brasileiro e hoje estão sumidos do cenário futebolístico. Um verdadeiro resgate, uma volta ao passado da modalidade mais popular do Brasil e do mundo.

E para iniciarmos a série, contaremos como anda Madson, o ex-motorzinho do Santos.

Madson Formagini Caridade, mais conhecido como Madson, nasceu em Volta Redonda, RJ, em 21 de maio de 1986. Atua como meia-atacante pelo Al-Khor, do Catar.

Madson iniciou sua trajetória no futebol ainda nas divisões de base do clube local, conhecido como "Micão". Em 2005, chamou a atenção do Vasco e foi contratado. Na época, um meia-atacante extremamente habilidoso e veloz, acabou promovido aos profissionais em 2006, pelo então técnico Renato Gaúcho.

Com a saída de Renato Gaúcho e a chegada de Celso Roth para o comando do Vasco em 2007, o meia-atacante foi perdendo espaço e foi emprestado para o Duque de Caxias, clube também do Rio de Janeiro.

Pelo Duque de Caxias, foi eleito o melhor jogador da Segunda Divisão do Campeonato Carioca de 2007. No final do Estadual, foi emprestado ao América-RN; no entanto, a escassez de canhotos no elenco vascaíno levou o técnico Antônio Lopes a solicitar a reintegração de Mádson.

Em 2008 , reestreou pelo Vasco, e foi o responsável pelas principais jogadas ofensivas do time, atuando de forma despojada e com grande destaque. Tanto destaque fez com que o Santos o contratasse, Por mostrar empenho, velocidade inacreditável, bons passes e belos gols, Mádson se tornou uma das peças fundamentais da equipe.

Depois, sem grande sucesso na equipe paulista, foi emprestado ao Atlético-PR. Porém, ficou maior parte dos jogos no banco de reservas devido às atitudes de indisciplinas. O Peixe, com o qual tinha vínculo, não o queria. No fim de 2011, o empresário Léo Rabello conseguiu um teste no Al Khor, do Catar.

Em 56 jogos disputados, marcou 10 vezes.

E aí, gostaram da estreia? Quem você quer ver por aqui? Deixe nos comentários.

sábado, 15 de novembro de 2014

O jornalismo esportivo precisa renascer

Muitos profissionais divergem quando o assunto é o limite entre jornalismo e entretenimento. O jornalismo esportivo tem mudado muito nos últimos anos, passando de coberturas simples e objetivas para programas com reportagens dinâmicas, com características que se aproximam cada vez mais da indústria do entretenimento.

Basta observarmos alguns portais esportivos. Ao invés de uma manchete sobre um jogo de Sul-Americana ou final da Copa do Brasil, nos deparamos com a notícia de que 'Kaká se separou da sua esposa', ou 'Conheça a nova affair do Neymar'. Sinceramente, dá nojo, me entristece profundamente.

Lembro de uma frase do Alessandro Abate, editor do Lance!, na qual ele disse: "A gente precisa se profissionalizar, mas se profissionalizar para ser jornalista e fazer jornalismo, não entretenimento".

Essa frase se encaixa com o meu perfil. É simplesmente ridículo ver os portais com notícias sobre os famosos esportistas. Deixa o Ego, G1, R7, dentre outros noticiarem algo tão pífio no universo do qual faço parte.

Porém, precisa-se partir para um outro viés. O leitor/espectador não quer entender o esporte, não quer aprofundar os saberes sobre os esportes. Ele quer apenas uma divulgação de factóides acerca dos jogadores, equipes, técnicos, dirigentes, autoridades, campeonatos, olimpíadas, copas etc. Só se quer ficar a par dos escores dos jogos e também (pra não dizer principalmente) ler “notícia” de esporte como quem lê matérias de fofocas de revistas da tevê, sobre a vida de seus ídolos.

Por isso, Neymar, Cristiano Ronaldo e outros personagens são mais vistos em capas de revistas e portais noticiosos do que propriamente numa coluna de Esportes.

O jornalismo esportivo diário é, na realidade, um jornalismo de variedades, amenidades, cujo tema não é o esporte em si, mas os seus conglomerados e actantes (personagens) que compõem essa rede mercadológica. Ou seja, tem público que consome esse tipo de "informação".

Vamos ser mais claros, exemplificando:

"Neymar faz dois gols e ajuda o Barcelona a se classificar para a próxima fase da Champions"
"Nova affair de Neymar foi vista em uma praia de nudismo"

Qual dessas notícias vai ganhar mais enfoque? Nem precisa demorar muito para responder. É claro que é a segunda. Depois de noticiada, vai virar pauta do programa Mulheres, da TV Gazeta.

Um outro exemplo é o Tiago Leifert (foto). Começou na TV Vanguarda, afiliada da Rede Globo, apresentando o Vanguarda Mix; depois, foi para a Globo de São Paulo apresentar de segunda a sexta-feira o Globo Esporte. E hoje comanda o The Voice. Do esportivo ao musical. Por que essa mudança? Será que Leifert sabe a diferença entre Jornalismo e entretenimento?.

Que fique claro: não estou fazendo uma crítica à ele. É um bom profissional. Mas que é inadmissível, ah, isso é. Qualquer outro apresentador poderia estar no lugar dele.

Sinto falta de um jornalismo esportivo de caráter científico e investigativo. Não quero, em essência, manifestar um repúdio ao jornalismo esportivo factual. Pelo contrário, pois parto de um pressuposto de que o público leitor já foi adestrado para isso, saber da intimidade dos famosos jogadores. Um beijo ou uma separação ou uma traição vale mais do que um gol de placa.

O que se pretende é tentar despertar outros ou novos ângulos de interesses ao leitor/espectador, a fim de fazer com que o público conheça o jornalismo esportivo como em tese ele deveria ser: noticiando as falcatruas que tem na CBF; apresentar a parcela de compra dos direitos de TV que cada clube tem com a emissora; a transição no mercado da bola, será que houve alguma irregularidade; quem comprou o atacante Heverton para ser escalado contra o Grêmio na última rodada do Brasileirão de 2013? É isso que o público consumidor do esporte futebol deveria saber.

Caso o público admire outra modalidade que não seja o futebol, há de se apresentar algumas curiosidades, vendas, marketing, patrocínios. Há tanta coisa boa  e preponderante a ser noticiada pela veracidade dos fatos. Mas não. Preferem veicular que o atual mandatário da CBF, Marco Polo Del Nero, aparece em imagens carinhosas com Katherine Fontenele, 50 anos mais jovem; ou de que o mesmo Del Nero terminou o seu relacionamento com a modelo Carol Muniz.

A cura da doença do jornalismo esportivo tem cura: chama-se renascer. Trazer de volta àquelas características de décadas atrás.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Para-heróis: superação e exemplos de vida.

Esteja pronto para se surpreender com o que vai ler neste livro. É a vida que está ao seu lado e talvez você não veja. Não precisa nem gostar de esporte, muito menos do esporte praticado por pessoas com muito mais dificuldades do que as demais, como é o caso. Basta gostar de boas histórias, como estas, contadas pelo olhar sensível e comovente da repórter Joanna de Assis.

As histórias de dez pessoas especiais com um sonho em comum: tornarem-se campeões paraolímpicos. Alguns já nasceram com uma deficiência, outros a encontraram mais tarde, mas todos eles descobriram que, mesmo num corpo limitado, o que faz a diferença na vida de um herói é o coração.

Mas eles já são campeões. Demonstram a superação e são exemplos de vida.

Se buscarmos qual é a primeira coisa ou expressão que nos vem à cabeça quando falamos em deficiência, na maioria das vezes termos como dificuldade, incapacidade, e falta de algo, serão os lideres em nossas mentes. E por que isto acontece?

Isto acontece porque, desde sempre, a sociedade discrimina e classifica as pessoas com deficiência usando os termos que citamos a pouco.

Os 10 atletas citados pela Joanna são deficientes, pois encontraram uma barreira em sua vida. Mas não são incapazes. Muito pelo contrário. São capazes de fazer suas atividades, trazer emoção para quem assiste às competições e levar os seguintes pensamentos: superação, vencer barreiras e ultrapassar limites.

O livro-reportagem Para-Heróis é surpreendente a qualquer um que leia as suas páginas, pois mexe com o que é invisível. Não a aparência de uma pessoa deficiente, não a ausência de um braço, uma perna ou da voz… Mas a força que carrega dentro de si.

Nos dizeres do tetracampeão mundial de Para-canoagem Fernando Fernandes, “Joanna tem algo a mais, que a torna ainda mais especial: a delicadeza e o olhar de uma mulher que vivencia e ama o esporte”.

Mesmo que você não seja fã de esporte, o livro lhe irá inspirar para seguir lutando por seus sonhos, sem desistir quando encontrar qualquer dificuldade, lhe dará forças para encontrar seu objetivo e finalmente superar todos os obstáculos.

Joanna de Assis:

Joanna de Assis nasceu em São Paulo (SP) no dia 24 de dezembro de 1981.

Iniciou sua carreira em 1999 no jornal A Gazeta Esportiva. Nos anos seguintes, passou pelos portais Terra, UOL e GloboEsporte.com.

Trabalhou também no Cartão Verde da TV Cultura e na produtora Casablanca, onde apresentou o Cozinhando com o Craque, um programa misto de entrevista com culinária. Além disso, teve uma passagem pela revista Placar.

Atualmente é repórter do SporTV. Sua primeira participação no canal aconteceu por acaso: após a ausência de outro profissional que iria cobrir uma partida de futebol, Joana foi enviada de última hora pelo Globoesporte.com para trabalhar no jogo. Além de repórter, participa do Bem Amigos, programa apresentado por Galvão Bueno.


Joana também faz parte da equipe de repórteres da TV Globo.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Alan Ruiz: o cara do Gre-Nal

Em apenas 12 minutos, Alan Ruiz decidiu o Gre-Nal a favor do Tricolor Gaúcho.

Alan Ruiz entrou no lugar do Luan, que fez uma excelente partida. Àquela altura o jogo estava 2 a 1 para os comandados de Felipão. Logo em seguida, Ruiz fez o terceiro gol, de cabeça, após cobrança de falta. Oportunista, estava bem colocado. Sem goleiro, só empurrou. Fez o quarto também, e fechou a goleada em lance de muita plástica e com um chute certeiro.

Após fazer o quarto gol, comemorou na frente de Abel Braga, causando revolta por parte dos Colorados, que naquela fase do jogo estavam nervosos, sem rumo algum. D'Alessandro, seu compatriota, foi tirar satisfação. A confusão estava armada.

Felipão, inteligente e cirúrgico, decidiu sacá-lo após confusões para evitar expulsão, já que tinha recebido o cartão amarelo.

Alan Ruiz ta longe de ser gênio. Até porque em alguns jogos ele não rende o esperado. Ele é um jogador importante para o grupo. Tem que chamar a responsabilidade e ser o cara da criação e do oportunismo. Igual fez ontem.

Com apenas 12 minutos, fez dois gols, giro, passes precisos, armou contra-golpes. Sem dúvida, foi o cara da partida. Merece elogios.

Boas atuações como a de ontem faz com que a diretoria gremista estude a renovação de seu contrato, junto com San Lorenzo. Bom para o Grêmio e sua torcida. Bom para o futebol brasileiro, já que os meias daqui são poucos criativos e decisivos.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Contra o Galo, Luxa errou apenas uma vez; no conjunto, os erros não apagam o brilhante trabalho no Flamengo

Quando chegou ao Flamengo, Vanderlei Luxemburgo tinha uma dura e conturbada missão: tirar o Flamengo da lanterna. As rodadas foram passando, o torcedor foi jogando junto com o time e o inacreditável aconteceu: o Flamengo saiu do Z-4 e já está garantido na Série A de 2015.

Foi o único técnico que conseguiu levar mais de 50 mil torcedores ao Maracanã para ver sua equipe jogar contra o Sport, mesmo estando na parte de baixo da tabela. Algo raro.

Como ele mesmo dizia em suas entrevistas coletivas, "precisamos sair da zona da confusão". E saiu. Porém, não tinha apenas o Campeonato Brasileiro a ser disputado. Havia a Copa do Brasil. O time é limitado, chegaram reforços importantes, como o lateral Anderson Pico e o atacante Eduardo da Silva. Mesmo assim, não era o time ideal. Pelo menos para disputar a fase de mata-mata.

Entretanto, com a garra dos jogadores e o apoio incondicional do torcedor, a equipe conseguiu eliminar o Coritiba e o América-RN, nas oitavas e quartas de final, respectivamente, chegando assim à semifinal. Luxa sempre dizia que a Copa do Brasil não era o objetivo maior. E tinha razão.

Ontem, contra o Atlético-MG, ele errou ao não escalar o meia Gabriel, novo xodó do Rubro-Negro. Colocou Élton, Luis Antônio e Mattheus Bebeto, filho do ex-jogador da seleção brasileira, Bebeto.

Pela "qualidade" de lançamento do Mattheus, seria interessante ter Everton, Nixon ou Gabriel com velocidade em campo. Mas não. O time estava lento. Cometeu os mesmos erros que o Corinthians contra o mesmo Galo e no mesmo estádio, o Mineirão.

A eliminação por 4 a 1 (mesmo placar do Galo sobre o Corinthians) retrata que Luxemburgo não é o maior culpado pela eliminação. Levir Culpi tem seus méritos. Tinha jogadores à altura e um banco de reservar de dar inveja. Já o banco do Flamengo, era de se assustar. Pouca qualidade, salvo do meia Gabriel.

"O medo de perder tira a vontade de ganhar", já dizia Luxemburgo. E foi exatamente isso que aconteceu. Não se pode tirar os méritos dele à frente do clube carioca.

Contra o Galo, Luxa errou apenas uma vez, ao não colocar o meia Gabriel. Mas no conjunto de seu trabalho, os erros não podem interferir na excelente e surpreendente recuperação da equipe no Campeonato Brasileiro. Em atividade, é o quarto melhor técnico do Brasil, ao meu ver, atrás apenas de Muricy Ramalho (São Paulo), Levir Culpi (Atlético-MG) e Marcelo Oliveira (Cruzeiro). Estes dois últimos irão disputar a final da Copa do Brasil.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Glórias, decadência e o acesso à Série A: o exemplo do Joinville

Cinquenta minutos do segundo tempo. O grito da liberdade e do respiro aliviado! Chegou a hora!

O Joinville está de volta à Série A, depois de 26 anos longe dela. Um time que almejou o acesso histórico desde a temporada passada, porém bateu na trave. E a mesma bola que bateu na trave entrou na noite de uma terça-feira, 04 de novembro. Voo mais alto da equipe de Santa Catarina. Mas para chegar onde está, a equipe passou por momentos de glórias e decadências.

A partir da união dos departamentos de futebol do América e do Caxias, os dois clubes profissionais da cidade na época, foi fundando o Joinville Esporte Clube. Menos de um mês depois, o Joinville estreava no Campeonato Catarinense diante do Marcílio Dias. Em 36 jogos, obteve uma espetacular campanha, com 21 vitórias, 10 empates e apenas 5 derrotas. O JEC nascia campeão.

O fim da década de 1970 e o início da de 80 foi simplesmente espetacular para o time, torcida e cidade. Investindo pesado nas contratações, o clube conquistou por 8 vezes o Campeonato Catarinense, e ainda foi vice em duas outras oportunidades.

A década seguinte foi marcada por grande irregularidade. Diante da dificuldade que assombrava os clubes brasileiros, o JEC traçou uma década sem títulos no profissional. E isso culminou na decadência da equipe catarinense. O clube inaugurou a Arena Joinville. E o início da caminhada no novo estádio foi árduo. Mesmo com a torcida comparecendo em peso, a equipe não conseguia recuperar o prestígio no cenário nacional. Em 2008 e 2009, chegou a ficar sem calendário.

No ano seguinte, foi disputar a Série D do Brasileiro. E terminou desclassificado nas quartas de final pelo América (AM). Porém, logo após a derrota, o setor jurídico do clube identificou que o adversário havia utilizado um jogador irregular nas duas partidas disputadas, então a equipe subiu para a Série C.

Com o objetivo de resgatar a história vitoriosa do clube, o JEC iniciou um processo de reformulação. O trabalho contínuo de reorganização resultou no título inédito e incontestável da Série C em 2011, gerando a volta à segunda divisão nacional após oito anos.

No seu retorno para a Série B, o Joinville acaba o ano em 6º lugar com 60 pontos, 11 pontos atrás do 4º Lugar, o Vitória. O Time chegou a ficar algumas rodadas no G4 do Campeonato, mas após a saída de alguns jogadores perdeu forças e acabou fora. Em 2013 a posição se repetiu, 6º Lugar com 59 pontos, 1 ponto a menos que o 4º lugar, o Figueirense, seu rival.

2014 veio e o drama também. Será que o mesmo filme voltaria a se repetir? A equipe se reformulou e novamente investiu pesado em reforços. No Estadual, o fim do jejum não veio, mas o clube mostrou que reviveu para o futebol catarinense e brasileiro.

Veio o Campeonato Brasileiro. E a equipe mostrou que queria o acesso. Início de empolgar o torcedor e fazer com que o brilho nos olhos aparecesse. Porém, em alguns momentos, uma crise parecia rondar o Joinville. Mas com o apoio da torcida na Arena, e com grandes apresentações, a equipe chegou à 34ª rodada com 63 pontos, necessitando de apenas um empate para o acesso.

Todavia, a equipe queria mais. E veio a vitória sobre o Sampaio Corrêa-MA, por 2 a 1. O JEC voltou para o lugar onde não deveria ter saído: a Série A. O Joinville é um dos melhores times da Série B. Pés no chão? Sim. Humildade? Com certeza, mas agora os adversários que se cuidem. Respeito e moral esse clube tem de sobra.

sábado, 1 de novembro de 2014

Técnicos gaúchos fazem sucesso apenas na seleção brasileira; na Série A, são raros

A escola gaúcha de técnicos tem predominado na seleção brasileira nos últimos 13 anos. Com exceção de Carlos Alberto Parreira, que comandou a seleção canarinho em 2006, desde 2001 há técnicos do Sul do País comandando a seleção.

Oswaldo Brandão foi o precursor nos anos 50 e abriu espaço para João Saldanha, Carlos Froner e Cláudio Coutinho, por exemplo. Da nova geração, temos Dunga, Luiz Felipe Scolari e Mano Menezes.

Porém, na Série A do Brasileirão é uma raridade encontrarmos técnicos gaúchos. Dos 20 técnicos atuais, apenas 3 são gaúchos. Se for levado em consideração a Região Sul do Brasil, o número aumenta para 5, ou seja, 20% do total. Confira abaixo:

Atlético-MG – Levir Culpi (Curitiba, PR)
Atlético-PR – Claudinei Oliveira (Santos, SP)
Bahia – Gilson Kleina (Curitiba, PR)
Botafogo – Vagner Mancini (Ribeirão Preto, SP)
Chapecoense – Jorginho (São Paulo, SP)
Corinthians – Mano Menezes (Passo do Sobrado, RS)
Coritiba – Marquinhos Santos (Santos, SP)
Criciúma – Toninho Cecílio (Avaré, SP)
Cruzeiro – Marcelo Oliveira (Pedro Leopoldo, MG)
Figueirense – Argel Fucks (Santa Rosa, RS)
Flamengo – Vanderlei Luxemburgo (Nova Iguaçu, RJ)
Fluminense – Cristóvão Borges (Salvador, BA)
Goiás - Ricardo Drubscky (Belo Horizonte, MG)
Grêmio – Felipão (Passo Fundo, RS)
Internacional – Abel Braga (Rio de Janeiro, RJ)
Palmeiras – Dorival Júnior (Araraquara, SP)
Santos – Enderson Moreira (Belo Horizonte, MG)
São Paulo – Muricy Ramalho (São Paulo, SP)
Sport – Eduardo Baptista
Vitória – Ney Franco (Vargem Alegre, MG)

A maioria das teses passa quase sempre pela disciplina, a mão firme, que tanto caracteriza essa dependência por técnicos oriundos de lá. A prova que o DNA dos treinadores do Sul tem chamado a atenção dos dirigentes brasileiros.

Mas vale um adendo: não é apenas a garra que vence uma partida e muito menos um campeonato. Há técnica, qualidade, passes refinados e categoria por trás disso tudo. O futebol-força, como é caracterizado o futebol gaúcho ganhou corpo, vem sendo utilizada como modelo. Entretanto, há um certo gosto de um estilo chato e feio, já que se compara ao futebol argentino ou uruguaio, influência pelos limites geográficos.

Precisa-se reinventar os estilos do futebol. Por que não copiar as estratégias do Campeonato Alemão, Espanhol ou Inglês? Priorizar a posse de bola, jogar de forma limpa, dando um brilho aos olhos dos torcedores. Seria um avanço importante para que futuramente sejamos vistos novamente como o País do Futebol.