29 de novembro de 2016, 6h15.
Nesse horário, eu acordava para me preparar para mais um dia de trabalho.
Como de costume, toda manhã, antes de me levantar, procuro saber as principais notícias, ver o que aconteceu na madrugada.
Nesse dia, falando hoje, não queria ter visto. Que triste!
O avião que transportava a delegação da Chapecoense, além de convidados e jornalistas, havia caído na Colômbia. Um baque! Um soco no estômago logo pela manhã!
O café estava amargo, o pão com manteiga não estava tão saboroso. Como era difícil ver aquelas cenas na TV. Chorei muito! (E choro a cada vez que vejo algum material sobre).
O time de Chapecó vivia o seu melhor momento na história. Estava na final da Sul-Americana, iria enfrentar o Atlético Nacional.
71 pessoas não sobreviveram ao maior desastre aéreo envolvendo um clube de futebol. Seis sobreviventes, sendo que três eram jogadores - Alan Ruschel, Neto e Follmann, que teve que passar por um processo de amputação. O jornalista Rafael Henzel e dois comissários também sobreviveram.
Como foi difícil trabalhar! Acompanhava o noticiário por meio do rádio, redes sociais e da TV ligada na redação.
Escrevi uma das matérias mais difíceis! Dois ex-jogadores da Chape jogaram no Guaratinguetá - o zagueiro Filipe Machado e o volante Gil. Doía digitar cada palavra!
Meu pensamento estava em Chapecó e nas residências dos familiares. Meu Deus!
A cada minuto, novas informações (e boatos) surgiam.
Uma atitude louvável foi a do Grêmio. O vice de futebol, Adalberto Preis, sugeriu que as demais equipes da Série A se mobilizassem e emprestassem gratuitamente atletas à Chape para o Brasileirão de 2017. Que coisa linda!
Depois, o Atlético Nacional concedeu o troféu de campeão para a Chapecoense. Que generosidade dos colombianos, tanto dentro quanto fora dos gramados! Algo que transcendeu o futebol! Todos os povos unidos, em oração! Com o título de campeão da Sul-Americana, o time ganhou o direito de disputar, de forma inédita, a Libertadores 2017.
Após todo aquele cenário triste e dolorido, principalmente da chegada dos corpos à Chapecó e do velório coletivo, havia ainda dúvidas sobre o futuro do clube. Quem seria o técnico? Como seria o elenco?
Eis que mais uma atitude de respeito aparece, agora, por parte da Chape. O clube catarinense recusou proteção por três anos no Campeonato Brasileiro. "Entendemos que a gente tem que disputar a permanência dentro de campo", disse à época o presidente, Plínio David de Nês Filho.
A Chapecoense retornou aos gramados. E contra um adversário especial: o Palmeiras. Em 27 de novembro de 2016, esse duelo foi vencido pelos paulistas, que carimbaram o título de campeão brasileiro. Meses depois, o reencontro e o recomeço. Um empate por 2 x 2 que foi muito além dos gramados!
De cara nova, mas sem esquecer o passado. De cara nova, mas sonhando com um futuro próspero. Foi campeão do Campeonato Catarinense. Nos gramados, se classificou para as oitavas de final da Libertadores. Perdeu a vaga por ter escalado, irregularmente, o zagueiro Luís Otávio.
Vágner Mancini, responsável por encabeçar o projeto, vinha fazendo um trabalho digno, mas foi demitido após uma série de resultados ruins. O desfecho foi no empate por 3 a 3 com o Fluminense. Um erro da diretoria, a meu ver, e que poderia colocar em risco a permanência do clube na Série A.
Vinícius Eutrópio não conseguiu dar o formato ideal para a Chapecoense. Teve um desempenho muito ruim e também foi demitido. A solução foi caseira, com Emerson Cris. Bons resultados no começo deram um ânimo. Porém, a diretoria optou por Gilson Kleina.
Esse, sim, merece um destaque maior. Foram 10 jogos de invencibilidade. A Chape foi campeã do returno do Brasileirão, com 32 pontos (nove vitórias, cinco empates e cinco derrotas). E como recompensa se classificou para mais uma edição da Copa Libertadores. Dessa vez, jogará a pré-Libertadores. Mas a fase da competição pouco importa.
O que realmente interessa é que a Chape está gigante, se consolidando como uma equipe! Desde que entrou na Série A, nunca foi rebaixada! A melhor campanha da história no principal torneio nacional!
Neto, zagueiro sobrevivente, está próximo de retornar aos gramados. Alan Ruschel já é uma realidade (e uma grata surpresa). Follmann virou embaixador!
E os guerreiros de Condá jamais serão esquecidos! A turma representou muito bem aqueles que se foram!
Vamo, vamo, Chape!
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