O Bom Senso não teve bom-senso

Todos sabem que o Bom Senso FC veio para revolucionar o futebol brasileiro. A entidade, que já conta com mais de 1000 atletas, vem proporcionando a cada rodada um gesto de manifestação. Ontem, tivemos a penúltima rodada do Brasileirão. Aliás, essa rodada começou na sexta, quando alguns atletas do Náutico divulgaram que iriam fazer uma entrevista coletiva. 

Liderados pelo meio-campista e capitão Martinez, os jogadores do clube pernambucano ameaçaram não entrar em campo na rodada deste fim de semana do Brasileiro se todos os jogadores não recebessem o dinheiro que o clube os devia. Como assim? Explico. Alguns jogadores não receberam os direitos de imagens da televisão, por isso queriam fazer a greve.

Do outro lado, o presidente do Náutico, Paulo Wanderley, criticou duramente o capitão do time, Martinez, por ter "manipulado" os jogadores e exposto a situação ao público. O dirigente chegou a chamar o meio-campista de "ex-atleta" e também atacou o movimento Bom Senso FC.

Horas depois, a diretoria do Náutico disse que dia nove de dezembro - o Brasileirão termina dia 8 - os jogadores irão receber o que falta.

Líder do movimento, o zagueiro Paulo André disse que ainda pode haver uma paralisação na última rodada.

A rodada oficial começou no sábado com duas partidas: Fluminense x Atlético-MG e Corinthians x Internacional. Em ambos os jogos, os jogadores ficaram com os braços cruzados, como mostra a imagem acima.

O protesto continuou nos jogos desse domingo. Em alguns jogos, os jogadores ficaram com os joelhos no gramado. No jogo Grêmio x Goiás, os jogadores chutavam a bola de um lado para o outro, mas um fato inusitado ocorreu: parte da torcida presente na Arena Grêmio vaiou a atitude dos jogadores.

Porém, o destaque maior dessa rodada foi no jogo Vitória x Flamengo. O jogo terminou por 4 a 2. Mas não estou dando destaque aos seis gols da partida, e sim, à não realização do protesto. Entenda o caso:

A partida contou com a presença do presidente da CBF José Maria Marin, que assistiu ao jogo ao lado do presidente do Vitória. Marin ficará na Bahia, já que na próxima sexta-feira vai acontecer, na Costa do Sauípe, o sorteio dos grupos da Copa do Mundo. E com eles no camarote, não houve protesto do Bom Senso FC. Isso mesmo que você, leitor, leu. Por que não houve?

Tudo pode ter uma explicação, menos essa atitude inesperada dos jogadores do Vitória e do Flamengo. Não seria o momento certo para se fazer uma manifestação à frente do presidente da CBF? Seria magnífico. Mostraria que eles, os jogadores, têm o direito de exigir o que é correto. Os noticiários seriam dirigidos aos jogadores, que ficariam com fama por ter protestado na cara de José Maria Marin. O dia 01 de dezembro entraria na história do revolucionário futebol brasileiro. Mas não. Será que os jogadores se sentiram oprimidos? São covardes? Não, é apenas um medo de quem manda no futebol.