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terça-feira, 17 de dezembro de 2013

16 de dezembro - o futebol faleceu

Oito dias após o fim do Brasileirão, o mesmo campeonato começou novamente. A "39ª rodada" começou com o jogo entre Portuguesa x Fluminense. As duas equipes lutaram. Mas não foi no campo, e sim no tribunal. Rua da Ajuda, sede do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva. O nome é uma ironia, não? Ajuda ao futebol. 

Já não bastasse as cenas asquerosas que vivenciamos na Arena Joinville, no último domingo, as duas equipes citadas acima foram ao tribunal. A Portuguesa, que havia terminado em 16º lugar no campeonato, sofreu uma punição de quatro pontos por ter escalado o meio-campo Héverton na partida contra o Grêmio, pela última rodada da competição, no dia 8 de dezembro. Com a punição, o time paulista ficou com 44 pontos e acabou na 17ª posição na competição. Quem se beneficiou com a punição foi o Fluminense, que havia terminado na 17º posição.

Na Arena STJD não havia jogadores. Havia advogados. No lugar de camisas, calções e chuteiras, haviam ternos, gravatas, calças e sapatos. Ao invés de juiz e bandeirinhas, tivemos o presidente e auditor relator do caso. Não havia torcedores, e sim jornalistas. Aliás, torcedores ficaram do lado de fora do "estádio". Não havia narradores. Não tinha posse de bola. Tinha papéis, microfones, computadores e etc. O grito de gol não teve. Não teve mesmo, até por que como se pode comemorar uma vitória no tribunal? Foi isso que os torcedores do clube carioca fizeram.

O Fluminense não ganhou na bola. Precisou ir ao STJD para confirmar a vaga na Série A. Devedor da Série B. A Lusa foi rebaixada para a segunda divisão. Aliás, todos os clubes foram rebaixados. Porém, um novo julgamento, provavelmente no dia 27, será feito pelo Pleno do STJD, com mais auditores na análise do caso, e será a última instância. Caso a Portuguesa perca, o clube poderá ir à Justiça Comum. O que pesou contra o clube paulista, contudo, foi que a avaliação ocorreu na aplicação simples do regulamento.

Esse Brasileirão foi o pior de todos os tempos. O que salvou essa competição foi o título do Cruzeiro. Tivemos brigas entre torcidas, erros de arbitragem, nível tático abaixo de zero e entre outras coisas. Foi um marasmo. Deprimente.

Mais deprimente é ouvir os gritos de "Nense". É ver torcedores do Fluminense comemorando como se houvesse ganhado um título de Libertadores. Não tem jeito. O clubismo é mais forte. Será que eles vão se honrar para sempre desse feito asqueroso que tanto faz mal à saúde do futebol? Não sei. Escolhi o futebol para ser a minha base. Mas tenho vontade de largá-lo. Talvez eu possa optar por outra modalidade. Mas o futebol é minha paixão. Eu disse FUTEBOL, não TRIBUNAL ou TAPETÃO.

No ano passado, a torcida do Atlético-MG protestou, no Independência, contra a CBF e as polêmicas arbitragens do Brasileirão. O jogo foi contra o Fluminense. A torcida abriu uma faixa, dizendo: “o apito é tricolor carioca”. O jogo foi no domingo, dia 21/10. Teve um mosaico que escrevia "CBF" de ponta-cabeça e nas cores verde, vermelha e branca, as mesmas do Flu. No dia 29 de novembro, quinta-feira, o Atlético-MG foi punido. Julgado no STJD, o clube acabou multado em R$ 10 mil. Não coube recurso. Ou seja, as torcidas não podem se manifestar contra à CBF e ao STJD. Porque é falta de respeito com as entidades. E desde quando essas entidades têm respeito para com os times? Basta observarmos as ações desenvolvidas pelo Bom Senso. Vivenciamos um luto no futebol ontem. A Lusa foi vergonhosamente rebaixada. A punição deveria haver, claro, mas não que mudasse a história de dentro de campo, o resultado.

O Fluminense conseguiu se tornar o clube mais odiado no Brasil. Mais um título para se orgulhar, tricolores? Vocês sairão às ruas para comemorar esse feito? Terá champagne?

O STJD mostra-nos que tem que ser extinta. E a CBF mostra-nos que é mesmo apoiador do Fluminense. Parabéns! O futebol morreu. Terá resurreição? Não sabemos. O futuro só a Deus pertence.

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