É com muita honra que o blog recebe mais um jornalista de respeito. Teve passagens pela Revista Placar, Correio Brasiliense e Diário de Pernambuco. Atualmente, está na Band. Estou falando de Marcondes Brito.
Nascido na Paraíba em 13 de fevereiro de 1953, Marcondes Brito iniciou
sua carreira na década de 70 como repórter esportivo da Rádio Arapuan e
do jornal O Norte, de João Pessoa-PB. Isso depois de uma fugaz
experiência como jogador de futebol no juvenil do Náutico-PE e no
profissional do Botafogo-PB.
Abandonou o futebol e partiu para a área jornalística. Acumulou grande experiência como correspondente da
Revista Placar em seu Estado, transferindo-se posteriormente para
Brasília, onde foi editor de esportes da Radiobras e do Correio
Brasiliense. Fez várias coberturas internacionais de Copas do Mundo e
Jogos Olímpicos.
Foi diretor superintendente de sete empresas dos Diários Associados na
Paraíba e, depois de outro cargo diretivo no Diário de Pernambuco (onde
ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo, em 2008), recebeu, em 2009, o
convite para ingressar no Grupo Bandeirantes.
Durante quatro anos foi Diretor Executivo de Rede, até assumir, em 2013, o cargo de Diretor de Controle de Emissoras.
"Nunca deixei de atualizar o blog um dia sequer. Nem quando saio de
férias com a família", disse o entrevistado.
Confira, a seguir, um pouco mais do entrevistado:
Gabriel Dantas: Para os futuros leitores, explique quem é Marcondes Brito?
Marcondes Brito: Um jornalista esportivo que virou executivo na área de comunicação, mas que nunca deixou de ser jornalista.
GD: Em que ano ingressou no jornalismo? Teve alguma influência?
MB: Na metade da década de 70, depois de uma curta experiência como jogador profissional.
GD: Você já passou Revista Placar, Correio Brasiliense e Diário de Pernambuco. Como foi trabalhar nessas três esferas?
MB: Na
Placar, tive a honra de trabalhar com craques como Juca Kfouri e Carlos
Maranhão. No Correio Braziliense, conheci e convivi de perto com o
mestre Ricardo Noblat. No Diário de Pernambuco
– embora já estivesse atuando na área executiva – tive a oportunidade
de ganhar o Prêmio Esso.
GD:No
Diário de Pernambuco, em 2008, você ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo.
Como foi a sensação de ter ganho um dos mais notórios prêmios da
profissão?
MB: Ganhei
o Prêmio Esso com o jornal em braile. O Diário – o mais antigo jornal
em circulação na América Latina – foi o único veículo do mundo a ter
edições diárias também em braile. Esse projeto
me enche de orgulho. E o Prêmio foi uma consequência desse trabalho.
GD: Em que ano e como surgiu o convite de ir trabalhar na Band?
MB: Começo
de 2009, a convite do vice-presidente Frederico Nogueira, assumi a
Direção Executiva de Rede do Grupo Bandeirantes. Nesta casa posso dizer
que me sinto em casa.
GD: Tem algum time de coração?
MB: Já
escrevi sobre isso no blog e (acredite!!) ninguém acreditou. Não torço
absolutamente por nenhum time. Torço pelo bom futebol. Às vezes quero
ver um time grande tropeçando só pra agitar e
movimentar o blog.
GD: O que gostaria de fazer na carreira e ainda não conseguiu realizar?
MB: Já
estou na estrada há mais de 30 anos e sempre penso que falta conquistar
um bocado de coisas. Acho que essa é a minha motivação.
GD: Você acredita que um jornalista esportivo deve assumir seu time de coração?
MB: Não vejo mal nenhum nisso. Se eu torcesse por algum time, não teria o menor problema em tornar pública essa preferência.
GD: Quem são os jornalistas e/ou profissionais da comunicação que mais admira?
MB: Já falei lá
em cima(terceira pergunta) do Juca e do Noblat, mas tem muita gente boa com quem convivo
e/ou convivi. Atualmente virei amigo e fã do Milton Neves.
GD: Como é sua rotina hoje? Que horas você entra? Tem hora pra sair?
MB: Tenho uma
rotina de viagens, por conta do meu trabalho executivo na Band. Mas
nunca deixei de atualizar o blog um dia sequer. Nem quando saio de
férias com a família.
GD: Atualmente,
você assina o blog Futebol e etc. Como é esse blog como é sentir a
emoção de ser um líder de audiência no portal da Band?
MB: O jornalismo
eletrônico virou uma grande paixão para mim. Já fiz rádio, jornal, TV
(ainda hoje tenho a coluna no BandNews TV), mas a internet – com o
jornalismo em tempo real – quebrou paradigmas e
mudou a forma de se comunicar no mundo inteiro.
GD: Que perfil
precisa ter um profissional para se destacar nos grandes centros, como
São Paulo e Rio de Janeiro, e conseguir oportunidades em grandes
empresas como a Band?
MB: O jornalismo
de hoje só tem espaço para os “multiprofissionais”, aqueles que
conseguem atuar nas diversas plataformas de comunicação. Não há mais
espaço para quem é apenas repórter de rádio ou de jornal.
O bom profissional precisa saber fazer de tudo um pouco.
GD: Sem citar nomes, mas já tiveste algum tipo de rusga ou desentendimento com algum colega de trabalho? Ou sempre tudo na paz?
MB: Até hoje, nunca!!
GD: Tem alguma história curiosa ou engraçada da profissão?
MB: Acho tem
algumas, mas não parei para pensar especificamente numa história que
possa ser contada aqui, em poucas linhas. Talvez um dia escreva um
livro.
GD: Na sua
opinião, a cobertura esportiva brasileira é satisfatória? Não faltaria,
por exemplo, um pouco mais de jornalismo investigativo?
MB: O jornalismo
esportivo no Brasil é muito melhor do que o da Europa. Lá, eles são
apaixonados e as vezes escondem os fatos negativos de determinados
clubes. Aqui no Brasil, não. Aqui é pancadaria –
quando eles merecem pancadaria, naturalmente.
GD: Mudando de
assunto, o que achou do título do Brasil na Copa das Confederações? Você
acha que vai existir um clima de oba-oba apenas por ter ganhado da
Espanha?
MB: A seleção
reconquistou a confiança de todos, especialmente da torcida. Mas não
gostei de ver o técnico Felipão falando que tem 100% de certeza no
título. Uma coisa é ter confiança. Outra coisa – completamente
diferente – é a soberba.
GD: Para o ano que vem, Felipão deve chamar Ronaldinho Gaúcho, Kaká e Ramires? Por que?
MB: Dos três ai, somente o Ramires, que é um volante ultramoderno. Ronaldinho e Kaká já passaram do ponto.
GD: No assunto Seleção Brasileira, você prefere a de 70 ou 82?
MB: A seleção de
70 – com Pelé, Tostão, Gerson, Rivelino e Jairzinho - era quase uma
covardia. Mas eu fui na Copa de 82 e vi aquele time deslumbrar o mundo
com um futebol tipicamente brasileiro. Foi uma
lástima aquela derrota no Parque Sarriá.
GD: Neymar é a
estrela do atual futebol brasileiro. Você acha que ele pode se tornar um
dos melhores jogadores do mundo com essa transferência para a Europa?
MB: Neymar é
diferente, disso todos nós já sabemos. Mas o auge de um jogador de
futebol é entre 24 e 27 anos. Ele ainda vai precisar melhorar muito.
GD: Diego Costa fez o certo ao se naturalizar espanhol? Por que?
MB: Dei a minha
opinião no blog e no BandNews TV e fui muito criticado. Acho que o
Diego Costa é tremendo de um “traira”. Quero que ele seja muito infeliz
na Copa. Ele e a Espanha.
GD: Sobre o Brasileirão, o Cruzeiro mereceu ser campeão? Qual jogador merece o seu destaque?
MB: O
Brasileirão é um campeonato sui generis. O Cruzeiro escapou de cair em
2012 na última rodada e acabou campeão em 2013. Uma situação
inversamente proporcional à do Fluminense, campeão do ano passado
e quase rebaixado este ano. O Cruzeiro mereceu, lógico. E Everton
Ribeiro, na minha opinião, foi o craque do campeonato.
GD: Na sua opinião, quais serão as duas últimas equipes a serem rebaixadas para a Série B?
MB: A coisa está muito feia para Vasco e Fluminense.
GD: Tite foi demitido recentemente. A diretoria do Corinthians acertou? Mano Menezes é um bom nome?
MB: Errou. Tite, como técnico, dá de 10x0 em Mano Menezes.
GD: Em relação à Copa do Brasil, Flamengo mereceu ser campeão? Faltou garra ao Atlético-PR?
MB: É curioso o
que acontece no Brasil. Um time, às vezes (como são os caso do Flamengo e
da Ponte Preta) vai mal no Brasileirão, mas parece que tem a capacidade
de mudar o “chip” para disputar outros
torneios. O Flamengo foi levado pela sua grande torcida. Mereceu o
título, com certeza.
GD: Qual a sua opinião sobre o Bom-Senso FC? A organização veio para revolucionar o futebol brasileiro?
MB: Sinceramente,
não sei. A maioria dos líderes é de veteranos, jogadores que ganharam
muito dinheiro e estão com o burro amarrado na sombra. A CBF parece que
não está levando o movimento muito
a sério e isso pode gerar um confronto mais na frente.
GD: A CBF é uma ditadura? Qual a sua opinião a respeito do presidente José Maria Marin?
MB: Marin está só passando uma chuva. Vamos ver como será a administração Marco Polo Del Nero.
GD: As torcidas organizadas ajudam ou atrapalham o futebol? Por que?
MB: O que é mais
chocante é saber que algumas dessas torcidas (senão todas) são
financiadas pelos clubes. Já deveriam ter sido proibidas de frequentar
estádios.
GD: Qual seu conceito sobre a participação das mulheres no jornalismo esportivo?
MB: Quando você
vê uma apresentadora como Renata Fan em ação, não pode duvidar da
capacidade das mulheres. Renata é craque, entende mais do que muitos
marmanjos.
GD: Em relação à
Copa de 2014, quais são as suas impressões ou constatações? A
organização do Brasil, ao final da Copa, poderá ser digna de aplausos?
MB: O Brasil
esperava que, além dos estádios, houvesse também melhorias na mobilidade
urbana, aeroportos e segurança pública. Os estádios vão sair na marra. O
resto ficou só no papel.
GD: Para
finalizar, deixe um recado para os nossos leitores que querem seguir a
área do jornalismo e nos conte como é trabalhar na Band.
MB: Não
pensem que é uma profissão fácil. Não pensem que é só glamour. Um dos
meus filhos virou jornalista, passou pelas redações da Folha, Estadão,
Sportv, e ralou muito. E eu, até hoje, estou
ralando.
Esse é Marcondes Brito. Perdemos um craque no futebol. Porém, ganhamos um craque no jornalismo.
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