Pages

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Entrevista com Rafael Araldi

Com passagem pelo Esporte Interativo e atualmente narrador esportivo e coordenador de esportes da Rádio Regional FM 106,5 de Florianópolis, Rafael Araldi é o meu próximo entrevistado.

Rafael Araldi é um narrador, radialista e apresentador esportivo brasileiro. Em 2009, ele foi o vencedor do reality show O Narrador, da TV Esporte Interativo.

"Oito pessoas foram selecionadas entre centenas de vídeos para participar do programa no Rio de Janeiro. Ficamos um mês disputando provas e narrando alguns jogos no canal. No duelo, um narrador enfrentava o outro em uma narração, cada um narrava um tempo do jogo e o público votava em quem deveria ser o novo narrador do canal. Participei de três eliminações e venci. Como prêmio, fui contratado pelo canal".

Natural de Lages (SC), Rafael começou a narrar futebol aos 16 anos, seguindo a paixão herdada do seu pai que também é narrador.

Gabriel Dantas: Para os futuros leitores, quem é Rafael Araldi?
Rafael Araldi: Nascido em Lages/SC, tenho 27 anos e atualmente sou Narrador e Coordenador de Esportes da Regional FM de Florianópolis. Apaixonado por futebol.

GD: Seu pai também é narrador. Foi graças à ele que você decidiu seguir essa carreira?
RA: Foi sim, de tanto acompanhar ele no trabalho acabei me apaixonando pela profissão e tudo foi acontecendo ao natural.

GD: Você é torcedor do Internacional de Lages, o Leão da Serra. Como surgiu essa paixão?
RA: Essa paixão está no sangue, meu avô é fundador do clube e um dos principais nomes da história do time. É o meu time do coração e acompanho o Inter em todos os cantos do Estado. 

GD: Você teve uma passagem pelo Esporte Interativo. Como foi essa experiência?
RA: Acredito que o que aprendi em um ano e meio de Esporte Interativo mudou a minha carreira, foi um grande aprendizado. Lá, fiz grandes amigos e aperfeiçoei muitas coisas que jamais conseguiria sem essa experiência.  

GD: Em 2009, você foi o vencedor do reality show O Narrador, do Esporte Interativo. Como foi esse reality show? Quais eram as regras e o formato?
RA: Oito pessoas foram selecionadas entre centenas de vídeos para participar do programa no Rio de Janeiro. Ficamos um mês disputando provas e narrando alguns jogos no canal. No duelo, um narrador enfrentava o outro em uma narração, cada um narrava um tempo do jogo e o público votava em quem deveria ser o novo narrador do canal. Participei de três eliminações e venci. Como prêmio, fui contratado pelo canal.  

GD: Quem são os jornalistas e/ou profissionais da comunicação que mais admira?
Gosto de ouvir muita gente.
RA: Na TV, os clássicos Luciano do Vale, Galvão, Silvio Luiz, Jota júnior, Luiz Roberto, Luiz Carlos Jr, Milton Leite, João Guilherme... gosto de vários.
No rádio, Pedro Hernesto, Haroldo de Souza, Luiz Penido, José Silvério. No vídeo eu gosto muito do Milton neves e do Kajuru. Cheguei a trabalhar com o Kajuru no E+I, esses dois são os “Pelés” na frente da câmera.

GD: Como é sua rotina hoje? Que horas você entra? Tem hora pra sair?
RA: Geralmente trabalho das 11 às 19h, mas não tenho hora para entrar e nem para sair. Como coordenador, às vezes estou em casa e trabalhando, sempre tem alguma coisa para resolver e se tem jogo, posso chegar à rádio às 11h e voltar pra casa depois da meia noite. Nos finais de semana só trabalho se tenho que narrar. Hoje faço toda a parte de coordenação, então peço linha de transmissão, faço escala, feedback, gravo às chamadas, faço os roteiros e por aí vai.

GD: Como foi trabalhar ao lado de grandes jornalistas do EI, como André Henning, Vitor Sérgio, Henrique Marques e entre outros?
RA: O André eu admiro muito, tem um estilo próprio e no estilo dele é o melhor do Brasil, mas quase não falava com ele, ele chegava, ficava na mesa dele, tinha pouco contato. O Vitor Sérgio eu fiz vários jogos e programas com ele, espetacular profissional. É dedicado e entende muito, gente da melhor qualidade. Ainda tenho que citar amigos que fiz e profissionais de primeiro gabarito como Roberta Barroso, Rafael Oliveira, Leonardo Baran, Jorge Iggor, Rodrigo Vianna, Kajuru, Felipe Rolim e outros amigos que fiz na TV. O Henrique Marques também era nosso chefe, era como ter um irmão mais velho trabalhando comigo, suas dicas me fizeram evoluir e sou grato por isso, fora o fato de ser um ser humano fantástico, me deu muitos conselhos e é um grande profissional no vídeo e na coordenação. Trabalhei pouco tempo com a Bárbara Coelho, mas no pouco tempo já deu para notar que ela era muito talentosa.

GD: Tem alguma história curiosa ou engraçada da profissão?
RA: Tem várias. Uma vez narrei um jogo do Campeonato Alemão e alguém na torcida jogou no campo, um peito de borracha, era um seio de mulher no meio do campo e a Tv geradora da imagem, não parava de filmar. Tivemos que rir junto com o telespectador. Foi muito engraçado.
No rádio, principalmente nos bastidores, temos muitas histórias. O pessoal não sabe os estádios que encontramos pelo Brasil. Em São Januário, tive que implorar um cantinho de uma rádio para narrar, o Vasco não tinha cabine pra todo mundo. No Paraná, já narrei no meio da torcida adversária. Passamos por cada uma que até Deus duvida.

GD: Na sua opinião, a cobertura esportiva brasileira é satisfatória? Não faltaria, por exemplo, um pouco mais de jornalismo investigativo?
RA: Nossa mídia é muito boa, falta mais estrutura e melhores salários para uma classe que é muito desunida, acho que nosso maior problema é a vaidade. É uma briga de ego sem tamanho, mas é gostoso de trabalhar e tem muita gente correta e competente. Eu particularmente desligo a TV quando vejo uma matéria “Zé Graça”. Se estiverem falando de um clube, eu quero saber quem treinou, se alguém vai ser contratado e etc... Não quero saber se o cara é bonito ou outras palhaçadas que querem empurrar para o cara que está em casa vendo. Futebol pra mim é coisa séria, acho que pode e tem que ter descontração na hora e na medida certa. 

GD: Mudando de assunto, o que achou das 32 seleções classificadas para a Copa do Mundo de 2014? Faltou alguma seleção que, particularmente, queria?
RA: Eu gostei quem foi competente se classificou. Vejo futebol internacional e será muito legal ver esses caras jogando na nossa terra. Acho que será um evento inesquecível. 

GD: Brasil é favorito ao título?
RA: Jogando em casa, o Brasil é favorito até em par ou impar. Acho que na Copa do Mundo o furo é mais embaixo, mas temos a força das arquibancadas e o Felipão saberá fortalecer o time para superar às seleções que no conjunto são mais fortes que o Brasil. Estou confiante.  

GD: Neymar é a estrela do atual futebol brasileiro. Você acha que ele pode se tornar um dos melhores jogadores do mundo com essa transferência para a Europa?
RA: Só de ter acertado com o Barcelona ele já começou a jogar mais, ele vai evoluir muito e será muito importante para o Brasil. Se não tiver nenhuma lesão, vai passar o Messi. Futebol é fase e em algum tempo Messi e Cristiano Ronaldo vão envelhecer. Foi assim com Rivaldo, Ronaldo... o tempo passa e novos talentos vão surgindo. 

GD:  Cristiano Ronaldo mereceu ganhar a Bola de Ouro? Por que?
RA: Acho que sim, mas esse ano ninguém arrebentou, tanto que não temos unanimidade. Acho que no geral ele jogou mais bola e mereceu e agora não pode fazer biquinho e falar que é tudo manipulado.  

GD: Caso a Bola de Ouro premiasse pelo coletivo, o Ribéry ganharia?
RA: É complicado. Pra mim, Schweinsteiger, Thomas Muller e Robben (quando não está no DM - Departamento Médico) são mais importantes pro Bayern do que ele, mas ele também é uma peça fundamental. Para qualquer um dos três a Bola de Ouro ficaria em boas mãos.

GD: Qual a sua opinião a respeito dos Estaduais? Devem ser ignorados pelos clubes?
RA: Não, os estaduais são importantes para os times pequenos, o que seria do Brasil sem os Estaduais?. O que tem que ser avaliado, é a fórmula, para que o estadual não seja deficitário para o clube e que esse campeonato não prejudique no restante da temporada. Poderia ter no regulamento que se o time está na séria A ou B, ele entraria apenas na segunda fase e assim resolveria o problema.

GD: O que achou do título do Cruzeiro? Qual jogador merece o seu destaque?
RA: Foi merecido, venceu o melhor time e o Everton Ribeiro comeu a bola, fez na minha opinião os dois gols mais bonitos da séria A. Contra Santos e Flamengo. Merecia uma oportunidade na seleção.

GD:  As torcidas organizadas ajudam ou atrapalham o futebol?
RA: Ajudam quando se preocupam em acompanhar o time e incentivar e atrapalham quando deixam uma máfia se infiltrar nela. Muitas delas causam muita confusão e estragos quando acompanham o time fora de casa. Se tivéssemos rigor no cumprimento da pena, isso iria mudar.

GD: O que está achando desse imbróglio sem fim no caso Brasileirão 2013? Essa Guerra de Liminares está "estragando" o futebol brasileiro?
RA: Pra mim é simples, a Portuguesa escalou um jogador irregular e tem que perder o mando de campo. Se com isso vai cair é problema dela. É simples, não poderia escalar o jogador e escalou. Nem no amador perdem o controle do número de cartões que o atleta leva e quantos jogos ele levou de suspensão.

GD: Qual a sua opinião a respeito do Bom-Senso FC?
RA: Acho que eles não pensam no lado dos clubes que estão quebrados para pagar o que eles querem ganhar. Se eu ganhasse 300 mil por mês trabalharia 14 horas por dia dando risada, mas são atletas e algumas ponderações estão corretas. Precisam realmente de uma boa pré-temporada e de 30 dias de férias como todo trabalhador. Esses dias falei com o Oberdan, que por mais de 10 anos foi zagueiro no Santos de Pelé e ele me disse: Olha Araldi, no nosso tempo ninguém reclamava do número de jogos e jogávamos mais que se joga hoje, naquele tempo o cachê era por jogo, então quanto mais jogos, melhor. E é verdade, hoje jogando, treinando separado ou no DM, o dinheiro pinga na conta. 

GD: Em relação à Copa de 2014, quais são as suas impressões ou constatações? A organização do Brasil, ao final da Copa, poderá ser digna de aplausos?
RA: Tem muita coisa que não vai ficar pronta e muito dinheiro gasto sem necessidade, mas no final acredito que vamos fazer uma boa Copa sim.

GD: Para finalizar, nos deixe uma mensagem e nos conte como é trabalhar na Rádio Regional FM de Florianópolis?
RA: Quero desejar um super 2014 repleto de saúde e realizações. Vou para o quarto ano na Regional Fm de Florianópolis, a rádio vive um grande momento e é líder absoluta no Ibope na região toda.
No esporte formamos uma família, é muito prazeroso trabalhar com meus companheiros, tenho o orgulho de dividir o microfone com o meu pai que também presta serviços pra rádio.
Espero boas campanhas de Avaí e Figueirense e no resto, Deus faz os planos e nós vamos tocando o barco. Forte Abraço e Vida Longa a todos.

0 comentários:

Postar um comentário