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domingo, 27 de novembro de 2016

Hora da reestruturação

Foto: Dhavid Normando / Futura Press
Em setembro, após vitória contundente sobre o Atlético-GO por 2 a 0, pela 27ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro, o torcedor do Vasco já esboçava um sorriso: o acesso para a elite do futebol nacional estava prestes a acontecer. Tristão Garcia, um dos matemáticos mais conceituados do país, anunciara, à época, que 62 pontos são suficientes para garantir a vaga. Naquela ocasião, faltavam 11 para o Cruz-Maltino cravar o seu acesso.

Porém o que se viu nas rodadas seguintes foi um time apático, com postura de deixar aqueles mesmos torcedores com raiva. Derrotas para Náutico, Paysandu e CRB. Jogos que eram apontados como fáceis se tornaram difíceis. E o caminho começou a surgir pedras, obstáculos. O título ficou distante. O Atlético-GO embalou vitórias e abriu vantagem. Sagrou-se campeão, com méritos, é verdade.

A obrigação do time carioca era conquistar o título. Não foi possível. E a vaga, que parecia tão fácil, começou a ficar complicada. Na última rodada, não dependia apenas de suas próprias forças. Tinha que contar com uma ajuda do Oeste, que, no mesmo horário, enfrentava o Náutico, que também lutava pelo acesso. Briga de foice.

Ceará foi ao Maracanã para fazer a sua parte e honrar a camisa. Mas o Vasco estava com o seu pensamento apenas na Arena Pernambuco. Lá, o time do interior paulista abriu o placar com Pedro Carmona. Pela proximidade das arquibancadas com o banco de reservas, Jorginho e sua comissão técnica foram avisados pela torcida. Os jogadores tinham noção do que estava acontecendo. Mas o time cearense abriu o placar, com um golaço de Eduardo. Que coisa!

Drama? Tragédia anunciada? Mais sofrimento? O que viria a acontecer? O segundo gol do Oeste. Naquela ocasião, o Vasco estava subindo. Mas não pelos seus méritos, visto que a campanha no segundo turno foi lamentável. Na segunda etapa, o Cruz-Maltino voltou com postura de time grande: ofensivo, mostrando raça. Conseguiu a vitória após dois gols de Thalles. No Recife, vitória do Oeste por 2 a 0. Ufa! Que alívio! Vasco de volta à elite.

Após o apito final, teve torcedor que chorou, comemorou e se revoltou. A revolta é contra o presidente Eurico Miranda. A rejeição aumenta a cada dia. E os torcedores pediram a sua saída do comando do clube.

O acesso está garantido! A festa tem que continuar! Mas o Campeonato Brasileiro da Série A já começou para o clube carioca. É hora de fazer o balanço da temporada, analisar peças e fazer o desmanche.

Aproveitar quem se destacou, como o meia-atacante Nenê e o goleiro Martin Silva, responsáveis por evitar o pior: a permanência na Série B, que acarretaria no prejuízo da imagem e nos cofres. Portanto, é hora da reestruturação, tanto na diretoria quanto no material humano. Caso contrário, mais dificuldades estão a caminho.

O treinador Jorginho, em entrevista coletiva, foi certeiro ao afirmar que o clube precisa de reforços: "O Vasco precisa de uma renovação, de uma maturação".

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Diego vai assumir um papel importante no Flamengo

Diego foi apresentado no Flamengo (Reprodução/Twitter)
Diego finalmente foi apresentado oficialmente na Gávea, sede do Flamengo. Ele chega ao clube motivado. Para a torcida, o camisa 35 terá a responsabilidade de liderar o meio-campo do Rubro Negro. "Era a peça que faltava", argumenta os torcedores. De fato. Diego Ribas foi a contratação mais acertada por parte da diretoria - a mesma que decidiu por apostar em Leandro Damião, que viveu um 2015 apagado e tenebroso.

Diego e Flamengo já tiveram um namoro, em 2012. O próprio jogador confessou que o clube ao qual ele pertencia não viabilizou a saída. À época, ele estava no Werder Bremen, da Alemanha, por onde foi ídolo. Conquistou campeonatos, fez gol que Pelé não fez, referência.

A passagem do meio-campista pela Juventus talvez tenha sido a mais frustrante da sua carreira, uma vez que não conseguiu ganhar espaço, muito devido às lesões que sofrera. No Fernebahçe, da Turquia, também foi apagado. Terminou a temporada sem títulos e não conseguindo se destacar. Está há mais de dois meses sem disputar um jogo oficial.

Ele confessou que a forma física precisa ser revista. Isso mostra que não quer correr o risco. Precisa controlar a empolgação e a ansiedade em fazer a estreia. Parafraseando o presidente Eduardo Bandeira de Mello, Diego vai trazer experiência e qualidade ao elenco. Porém não será o salvador da pátria. Precisamos ter calma.

O Flamengo passa a ganhar confiança, um time de respeito e que merece ser destacado pelas suas atuações. Tem Zé Ricardo à beira do gramado, um técnico capacitado e que vem mudando a filosofia do time carioca. Mancuello e William Arão passam a ser as referências do setor onde Diego vai atuar. Montaria o Flamengo da seguinte forma: Alex Muralha; Rodinei, Juan, Réver, Jorge; William Arão, Cuellar, Mancuello e Diego; Felipe Vizeu e Guerrero.

É claro que Diego precisa passar por uma série de adaptação física e técnica até que seja relacionado e passe a ter ritmo de jogo ideal. O futebol brasileiro mudou. Enquanto isso, tem Ederson para fazer a função de passador, articulador. Além disso, tem o zagueiro Donatti, o meia Everton e os atacantes Marcelo Cirino e Leandro Damião como opções.

Ou seja, hoje o Flamengo e o seu torcedor podem se orgulhar de ter um elenco que pode, sim, disputar uma vaga para a disputa da Libertadores e até brigar pelo título do Campeonato Brasileiro.

Diego não foi protagonista no Velho Continente. Mas marcou território. Ele não resolverá todos os problemas, mas tecnicamente pode render. Tem qualidade. Em termos, é o melhor meia que a equipe tem em seu elenco. Vai assumir um papel importante. Entretanto, a sua atuação de brilhar os olhos há de demorar um pouco.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Cristóvão Borges e a chance de ouro

Foto: Divulgação
Entre tantos nomes sondados e procurados, o Corinthians optou por trazer um técnico de pouco calibre para substituir aquele que escreveu lindas histórias e se tornou o maior de todos os tempos - Cristóvão Borges é a bola da vez. A escolha dividiu opiniões entre os torcedores e boa parte da imprensa.

Na questão dos torcedores, ela tem que ser entendida. Afinal, perdeu Tite para a seleção brasileira. A chegada de Cristóvão não foi aceita, mas precisa ser tratada com naturalidade e confiança. A comparação entre os dois nomes envolvidos me parece injusta. Pela imprensa, alguns membros torceram o nariz, mas nada pode ser feito. A decisão vem de cima.

O primeiro conquistou tudo o que podia pelo clube, inclusive a gratidão, palavra dita por ele em sua homenagem de despedida, na Arena Corinthians. Já o segundo não vem de bons trabalhos e tem em suas mãos uma pepita de ouro a ser muito bem lapidada, e um piano nas costas para ser carregada.

Cristóvão já atuou pelo Corinthians como jogador. Defendeu o clube nos anos 80. Sabe da responsabilidade que vai exercer. Porém é preciso separar o joio do trigo. Do trabalho de Tite vai restar apenas o legado. Daqui a instantes, uma nova fase do Timão se inicia. É a Era Cristóvão. Um novo método, um novo conceito. Nova mentalidade.

O que se espera é que aquele treinador que comandou o Vasco em 2011 e 12 quando, por coincidência, duelou com o Corinthians de Tite pelo Brasileiro e Libertadores, tenha a mesma performance. Não teve medo de encarar o adversário, colocou um time ofensivo e por pouco não fez história.

Cristóvão pode ser um novo Claudio Ranieri, treinador do Leicester, porquê não. Muitos o tacharam como "velho, desconhecido, desatualizado". Não vejo e muito menos penso assim. O treinador é experiente, tem seus pontos positivos e pode levar o Corinthians a conquista de títulos.

O novo treinador corintiano chega sem fazer barulho. Vai comer pelas beiradas, mostrar seu potencial, e aos poucos vai ganhando a confiança da torcida. Pela primeira vez, ele comanda um time paulista.

Um dia todos nós fomos novatos. A experiência foi sendo conquistada aos poucos, com muito suor, empenho e comprometimento. Cristóvão tem isso. Pelo tempo fora dos gramados e por ser um sujeito boa praça, chegou a vez da oportunidade de ouro. Deixe ele mostrar seu valor.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Paulista sub-20: Corinthians goleia Taubaté; São Paulo bate Bragantino

Pela sexta rodada do Campeonato Paulista sub-20, o Corinthians goleou o Taubaté por 6 a 0 nesse domingo, 12, com destaque para Fabricio Oya, de apenas 16 anos, que anotou três gols. O São Paulo também fez o dever de casa e bateu o Bragantino por 3 a 0, com dois gols de João Paulo e um de Frizzo.

Com o resultado, o Corinthians assumiu a liderança do grupo 3 da competição, com 13 pontos, e manteve a invencibilidade no campeonato. Em cinco jogos disputados até aqui, são quatro vitórias e um empate. Já o Taubaté aparece em sexto, somando sete pontos.

O São Paulo é o quarto na tabela, com 11, e também está invicto. São três vitórias e dois empates. Com as derrotas, Bragantino e Taubaté ocupam, respectivamente, a sexta e a sétima colocação, com sete pontos.

Na próxima rodada, o Corinthians visita o Bragantino, em Bragança Paulista. O jogo será realizado neste sábado, 18, às 15h, no estádio Nabi Abi Chedid. No mesmo dia e horário, o Taubaté pega o São José dos Campos FC, lanterna do grupo, ainda sem pontuar.

segunda-feira, 6 de junho de 2016

A imagem e a emoção

Reprodução: Premiere FC
Recentemente completei 20 anos. Nesse tempo já me emocionei com várias coisas. O gol do título do meu time; uma surpresa; reunião de amigos; os fogos que celebram o fim e o início de um ano. Mas o que causa mais emoção é ver cenas ligadas ao futebol. Os ídolos quando se despedem de um time do coração, a homenagem da torcida para um atleta que honrou aquele manto; o minuto de silêncio ensurdecedor. 

Aqui, neste espaço, já critiquei o humorista Fábio Porchat, por ter dito que "não tem lógica nenhuma torcer que nem um imbecil" e quem que torce para um time de futebol é um inútil. Utilizei como exemplo - e ratifico isso novamente - o exemplo do menino Matheus. Ele sofre de uma doença rara e não esconde a sua paixão pelo Cruzeiro, é fã do atacante Willian. E tinha um sonho: ter o seu nome gritado no Mineirão. E conseguiu realizar esse feito num domingo, dia 8 de novembro. Seu nome foi gritado pelos torcedores cruzeirenses. 

E neste domingo, 5 de junho, a emoção bateu forte novamente. No intervalo de Flamengo 1 x 1 Palmeiras, no estádio Mané Garrincha, valentões de uma torcida organizada do Verdão quis atrapalhar o espetáculo e promover a baderna. Invadiram o setor dedicado aos flamenguistas. E conseguiram a proeza de chamar a atenção. A Polícia foi acionada e gás de pimenta foi lançada. Como o vento bate a favor, o cheiro do gás invadiu as cabines de transmissão, outros setores do estádio e até mesmo chegou ao gramado, onde os jogadores já estavam se preparando para retomar a peleja. 

No meio dessa confusão, deparo-me pela televisão com uma das cenas mais tristes e revoltantes. Um pai decide sair da arquibancada. Junto aos seus braços, ele sai carregando um filho deficiente físico no colo. Aos prantos e beijos carinhosos no rosto do filho como sinal de proteção, A criança passou mal com gás da PM. 

Isso mostra que ainda tem muita coisa errada aqui. Muitos até dirão que o culpado seja o pai por levar o filho. Não!!! Esporte é família. Talvez tenha sido a primeira vez que aquele pai e filho estiveram juntos em um ambiente de futebol. São palmeirenses e queriam ver o seu time em ação. Agora, pergunto: será que eles vão retornar um dia aos estádios? 

É de cortar o coração e enxugar as lágrimas com um pacote de lenço. Eu não aguentei. Chorei e hei de chorar mais. A minha vontade era abraçar ambos. Confortá-los. É difícil controlar esses momentos emotivos que tocam e revoltam. 

Eu espero que tanto o pai quanto a criança estejam bem. Que eles consigam ter paz e esqueçam do que aconteceu no Mané Garrincha, em Brasília. A vitória palmeirense por 2 a 1 deveria ser dedicada a eles. Seria muito justo. 

Para encerrar, deixo o seguinte questionamento: odiamos por qual motivo? A troco do quê?

sábado, 7 de maio de 2016

Soberba e irresponsabilidade


Quando o relógio do segundo tempo marcava 38 minutos, a torcida do Corinthians vivia ali a expectativa do gol de empate. A essa altura, o placar apontava 2 a 1 para o Nacional-URU. Era jogo de volta das oitavas de final da Libertadores. Na partida de ida, o empate em 0 a 0. Acertar o pênalti seria um momento que iria além da felicidade e explosão das arquibancadas da Arena Corinthians. Representaria que a chance de conseguir uma virada inédita estava aberta. 

André quis assumir a responsabilidade. Havia sido o único jogador que acertou a cobrança contra o Audax, pela semifinal do Campeonato Paulista. Além disso, fora o responsável por levar o jogo às penalidades máximas. Porém, uma nuvem negra, um clima nebuloso pairava sobre o atacante do Timão. Não parecia tão confiante para bater. Tanto que Marquinhos Gabriel, recém-contratado e que sofrera a falta dentro da área, colocou a bola embaixo dos braços, mas o camisa nove a pegou e disse "deixa comigo". 

A velha catimba uruguaia veio. Goleiro e zagueiro fazendo de tudo para desconcentrar (ainda mais) o jogador de apenas 25 anos, mas que já passou por Santos, Atlético-MG e Sport antes de acertar com o alvinegro paulista. 

O juiz apitou. Era a hora da verdade. André foi em câmera lenta, fez a paradinha (duas, por sinal). E bateu fraco. Deu de presente para o arqueiro do time uruguaio. Ah, André! Que soberba absurda! Bate forte, no alto. Chuta forte! A responsabilidade se tornou em irresponsabilidade. As vaias e os xingamentos eram evidentes. Ficada cada vez mais forte quando ele tocava na bola. 

André está devendo (e muito) até aqui. Podemos comparar a sua fase com o outro atacante, que recentemente deixou o Corinthians. Vagner Love também ficou em dívida por um bom tempo. A cada gol perdido, a cada passe errado, crescia proporcionalmente o número de torcedores desconfiados e irritados com a sua postura em campo. 

Só que a fase final de Love no Timão foi boa. Melhorou sua forma física, cresceu e renasceu das cinzas, fazendo gols importantes e encaminhando o título do Campeonato Brasileiro no ano passado. Não sei se o André vai conseguir repetir a história, o roteiro do camisa 99. André não é um jogador aplicado taticamente. Tite precisa entender isso. Lucca e Romero são melhores. Fato é que o Corinthians precisa de um atacante fixo, verdadeiro camisa 9, senão vai sofrer no Brasileirão e Copa do Brasil. 

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Telê Santana: ao mestre, com carinho

Há dez anos, no dia 21 de abril de 2006, o técnico Telê Santana nos deixou. Um dos maiores e melhores treinadores que esse país teve. Treinou com maestria a seleção brasileira na Copa do Mundo de 1982 e o São Paulo no começo dos anos 90. Tanto o Brasil quanto o Tricolor jogaram por música sob o seu comando.

A sua história de sucesso começou em 1969. O treinador mostrou seu talento ao formar o time do Fluminense, que se sagrou campeão carioca de 1969. Depois, no Atlético-MG, foi responsável por montar aquele timaço (com Ronaldo, Dario e Tião comandando a linha ofensiva).

No Palmeiras, em 1979, Telê tirou leite de pedra. O elenco era limitado. Jorge Mendonça era o craque único, responsável por fazer grandes partidas. Como a equipe vivia em época de vacas magras, o investimento não era tão exorbitante. O título do Brasileirão não veio, em compensação o carinho da torcida ao mestre.

Antes de falar sobre o seu momento à frente do Brasil, devemos passar pelo São Paulo, clube com o qual o treinador tem mais carinho e reconhecimento. Até 1990, Telê carregava um grande peso nas costas: ser chamado constantemente de pé-frio. No Tricolor, simplesmente provou o contrário e derrubou todos os tabus e questionamentos.

Fez campanhas históricas. Como não lembrar da conquista do Brasileiro de 1991? E do bicampeonato da Copa Libertadores da América e do Mundial Interclubes, em 1992 e 1993? Foi nesse curto espaço de tempo que Telê conseguiu a façanha de ser um cara respeitado, valorizado. Provou que tinha competência e potencial.

Conseguiu fazer dos jogadores grandes seres humanos. Jogador comandado por Telê tinha que ser perito no passe, tinha que ter personalidade e humildade. Hoje o merecimento, alcunha que vem sendo muita usada por Tite, com Santana já existia.

Telê montou uma família. Um grupo muito forte, unido, técnico. Com qualidades e respeito. O futebol solidário voltou a aparecer. Ao todo, conquistou 22 títulos com o Tricolor. Dificilmente um técnico conseguirá bater esse recorde.

Não sei o que se passara na cabeça de Telê após aquelas conquistas no São Paulo. Mas creio que ele trocaria todos (ou a maioria desses canecos) por uma realização pessoal e nacional. O mineiro assumira o comando da seleção brasileira em 1980. Viria a ser o técnico na Copa do Mundo de 1982, na Espanha.

Telê era um cara de sorte. Tinha uma safra de puro talento que transbordava naquela época. A parte mais difícil, talvez, como convocar aqueles gênios da bola. Júnior, Leandro, Zico, Falcão, Sócrates e Éder. Que esquadrão para nos representar naquela edição de mundial.

Porém o desfecho não foi como queria. Um tal de Rossi apareceu no meio do caminho dos brasileiros. A tragédia de Sarriá. Derrota para a Itália por 3 a 2, e eliminação. Como aquele time conseguiu ser superado? Era imbatível. Telê queria aquela Copa!

Não foi fracasso. Foi detalhe e inspiração de um italiano faminto. Essa derrota fez com que sua ideologia no futebol passasse por um processo de transformação, mas nunca se esquecendo daquela velha e temida ofensividade.

O futebol nacional passaria, a partir daqueles anos, a focar mais nos resultados do que nos espetáculos. Está aí a prova do fracassado futebol que temos hoje. Com Dunga no comando!!

Telê faz falta ao futebol de hoje. Ele era perfeccionista, ofensivo no jogo e gostava de ensinar. Era um mestre. Um pai. Hoje vivenciamos uma geração de moleques mimados. Muita estrela, pouca bola.

Ah, Telê! Sentiremos - e muito - ainda a sua falta!

domingo, 10 de abril de 2016

Tempo de reflexão

Quem me acompanha, me segue, deve ter reparado que as minhas postagens aqui no blog tiveram uma queda.

Isso pode ser explicado através do meu trabalho profissional. E, também, à faculdade. Aulas, pesquisas, mais trabalhos. São madrugadas silenciosas adentro.

Apenas eu e a tela do computador, somadas ao celular, aos livros, papéis e canetas. Não é fácil. Não está sendo fácil.

Mas se engana aquele que diz na vida, tudo é moleza, o famoso pão com manteiga.

Além desses fatores, tenho usado bastante a reflexão. Pensamento introspectivo.

As horas e os minutos livres tenho me dedicado ao pensar. À leitura de obras que trabalhassem com o meu cérebro.

Lembro-me de uma professora que dava aula no Ensino Médio. Ela dizia que é na faculdade que você encontra novas amizades e tem uma vida melhor. Logo, fui contra.

O melhor da faculdade é ter bagagem profissional. O pessoal, nessa fase, não conta muito, vem em segundo plano.

No primeiro ano, há sempre aquelas incertezas. É um mundo diferente. Cultura nova, atitudes diferentes. Há quem crê que é na universidade que as pessoas ganham maturidade.

Pelo o que observo, tenho as minhas dúvidas. Enfim....

Nesses três anos que completo de curso, o contato com os professores são mais sólidos do que com alunos.

Posso ser considerado chato por isso, não tem problema. Sou responsável por aquilo que falo/escrevo, e não pelo que as pessoas ao meu redor entendem.

Surgem nesses tempos o que chamamos de amizade. Textões de Facebook, postagens no Instagram. Sim, admito, fiz  - e talvez - faça muito isso.

Mas nesses quatro meses de 2016 passei a observar com mais atenção e com uma visão mais focada que não há quase amizades genuínas, apenas aliados provisórios. Isso por um motivo: interesse.

Tanto que, ao observar que algumas "amizades" criadas e citadas, não são mais intensas e verdadeiras, apaguei as publicações.

Antes, amizade era uma palavra que tinha sentimento verdadeiro. Hoje, é apenas uma lata de milhos, que vem com data de vencimento em seu rótulo.

Aprendi nesses anos de ensino superior que a gente vive o presente, com a esperança no futuro, mas o fato é que queríamos estar em um determinado momento do passado. Recordar é viver!!

A geração mudou. O tempo passou. Houve evolução. Ou o que chamo de evolução caranguejo. Gosto de conversar com pessoas mais experientes (e não velhas, como costumam usar). E elas dizem que o descartável apenas se referia ao lixo. O século XXI passa por problemas.

Esse texto até aqui nada tem a ver com o futebol.

O que vem a seguir fica a cargo da interpretação.

Precisamos refletir mais. O nosso futebol está chato. Não se pode fazer comemorações, porque vem críticas do outro lado. As federações impedem que o torcedor faça protestos. Por quê?

A seleção brasileira (ou da CBF) não tem representatividade. É um bando comandando!

Fomos humilhados pela Alemanha em julho de 2014, no país-sede. Estamos em abril de 2016 e nenhum fator transformador foi colocado em plano.

A Alemanha ganhou com maestria e merecimento! Que nos sirva de lição! Até agora, nada.

Parece que foi um jogo comum, numa competição qualquer. Só erros. Visão velha e distorcida.

Enquanto Tite opta por não abandonar o Corinthians, a CBF diz não a Jorge Sampaoli, responsável por colocar o Chile num patamar mais elevado do futebol sul-americano.

Para contextualizar: Tite é o melhor treinador brasileiro em atividade. Mas ele está certo em fazer jogo duro com a entidade que não patrocina o futebol. Muito por conta das pessoas que lá estão.

Del Nero, presidente-fantasma da CBF, diz que Dunga e Gilmar Rinaldi ficam até o confronto contra a Bolívia, pelas Eliminatórias. Até lá, teremos Olimpíadas (ok, outro grupo) e Copa América Centenária. Testes de fogo.

E nas Eliminatórias estão mancando. Cedemos o empate contra o Uruguai, e arrancamos o empate no modo bumba-meu-boi diante do Paraguai. Ocupa a sexta colocação, a pior de sua história.

Eles ainda estão tentando descobrir os erros. Procuram o caminho para acertar e colocar o Brasil novamente no cenário positivo.

É o famoso jargão: cada dia, um a 7 a 1 diferente. E assim se caminha. Fundo do poço? Talvez.

Para ter novas ideias é preciso ter novas pessoas, com capacidade de analisar a situação.

Gosto de um trecho da coluna de Robson Morelli, do Estadão, quando ele diz:

"Os alemães, de modo geral, pediram para que nós, brasileiros, não joguemos no lixo toda a tradição e história do nosso futebol. Para que isso não aconteça, é preciso de fato mudar muita coisa. Ou continuaremos afundando nessa areia movediça em que caímos."

É isso. Falta reflexão. Ou tempo para refletir.

segunda-feira, 28 de março de 2016

Impasse de Cuca e falta de controle da diretoria

Cuca é técnico do Palmeiras e está na corda-bamba (Cesar Greco/Ag. Palmeiras)

Troca de técnico, elenco inchado, jogos apáticos, sem qualidade. Palmeiras vive uma crise que parece não ter fim. Nos últimos 15 anos, os vexames têm se acumulado. Dois rebaixamentos à Série B, goleadas sofridas em sequência para Mirassol, Coritiba, Goiás e, recentemente, Água Santa - o time que se profissionalizou apenas em 2011.

Esta semana foi conturbada para o time paulista. Além de duas derrotas no Campeonato Paulista, teve um áudio vazado em que consta que o grupo estaria rachado, com problemas de relacionamento entre alguns jogadores, como Fernando Prass e Zé Roberto; e a insatisfação de Dudu ao ser substituído pelo treinador na derrota para o RB Brasil. E nesse sábado, 26, a torcida organizada invadiu o treino, pedindo raça e cobrando dos atletas.

Cuca vive um momento turbulento, conturbado. Já são quatro jogos e quatro derrotas sob o seu comando. O Palmeiras corre risco de ser rebaixado para a Série A2 do Campeonato Paulista. Precisa nesses últimos três jogos que restam vencer ao menos um e torcer por combinações de resultados. Sem precisar de ninguém, tem a obrigação de somar os nove pontos possíveis.

E na Libertadores? Situação ainda mais complicada. A pressão existe. As duas últimas derrotas no torneio continental custaram caro. E a equipe precisa de um resultado positivo contra o Rosário Central na Argentina para sonhar com a vaga na próxima fase. Isso sem depender de nenhuma combinação.

Seu contrato é curto. O treinador vive um impasse. Resultados precisam surgir antes que uma nova troca no comando seja efetuada pelos maiores culpados por esse momento ruim do Palmeiras - Alexandre Mattos e Paulo Nobre. Eles incharam o elenco. Contrataram à rodo. Só esqueceram de avisar que quantidade não é qualidade.

E Cuca já avisou: quer mais reforços. É como se fosse cobrar mais imposto para a situação econômica do nosso país melhorasse. Porém, no momento, não é necessário ir ao mercado para inchar ainda mais o elenco. Tem que pegar esses atletas e exigirem deles uma dedicação maior nos treinamentos. Isso se faz aprimorando a parte técnica, fazendo variações de jogo, colocando-os para suar.

Falta controle na gestão da diretoria. E os jogadores contratados e que hoje integram a equipe precisam de mais comprometimento, honrar a camisa e o clube que paga o salário.

terça-feira, 8 de março de 2016

Entrevista com Taynah Espinoza, apresentadora do Esporte Interativo

No Dia Internacional da Mulher, o blog recebe, com muito carinho, a jornalista Taynah Espinoza, que atualmente trabalha nos canais Esporte Interativo. Antes de assumir o posto de repórter e apresentadora, ela estava na TV Bandeirantes, onde foi funcionária da emissora por quase cinco anos. Exerceu as funções de estagiária, produtora de rádio, depois fez a interatividade do Jogo Aberto RS e  se mudou para São Paulo, onde participou de diversas transmissões ao vivo.

Nesta entrevista, ela fala sobre o início no rádio, o trabalho que exerceu na assessoria de imprensa do Grêmio, a chegada ao Esporte Interativo, o preconceito que existe com as mulheres que trabalham no jornalismo esportivo e muito mais.

Como foi a tua escolha pelo jornalismo?
Eu sempre gostei muito de esporte. Pratiquei vários esportes na infância e na adolescência e adorava assistir tudo. Fiz meu primeiro vestibular pra Educação Física, mas só pra ver como era mesmo. Não tinha certeza se queria isso. E aí fiquei 6 meses trabalhando com outras coisas e meu pai percebeu que eu tava sempre assistindo esporte na TV. Via de tudo, toda hora. Ele que me deu a ideia de fazer isso. Fiquei super na dúvida, mas pensei em começar a faculdade pra ver se gostava. E me apaixonei! Fiz jornalismo pra trabalhar com esporte.

A sua carreira se iniciou no rádio. Como foi esse começo?
Comecei na área esportiva na Assessoria de Imprensa do Grêmio. E na época, o clube foi pioneiro em ter uma web rádio e web tv. Meu primeiro jogo foi da categoria junior. E é um dos meios que eu mais gosto. A internet é muito rápida nas informações, mas nada supera o rádio. Quando acontece uma tragédia, ou quando acontece um título de um clube, o rádio é o veículo que consegue fazer a repercussão com maior rapidez. Consegue ouvir familiares, pessoas importantes no fato. Por isso gosto muito!

Trabalhar no rádio facilita o processo na TV?
Trabalhar no rádio facilitou muito o processo pra TV, com certeza. No rádio, na prática, a gente não escreve um texto pra falar. Na entrada ao vivo, você precisa dominar o assunto que tá falando e saber a melhor forma de passar isso ao ouvinte. Diferente da TV, que tem a imagem pra ajudar, ou do texto, que o leitor pode reler caso não entenda logo de primeira, no rádio, não tem essa ajuda. Ou seja, você precisa ser o mais claro possível, o mais simples, limpo nas informações. E o rádio esportivo tem muito também da improvisação. Não tem como você prever o que vai acontecer no jogo pra pensar num depoimento de gol. Você precisa assistir e informar exatamente o que acabou de acontecer. Então essa improvisação, esse jogo de cintura ajuda demais na TV.

E a sua chegada à Band RS?
Cheguei a Band depois de 2 anos de estágio no Grêmio. Fiz 6 meses de estágio na BAND. Comecei como produtora de rádio e fazia a interatividade do Jogo Aberto RS, programa local. Depois de 6 meses, já fui contratada e comecei a apresentar um programa de esportes olímpicos, saí da produção e consegui me tornar repórter de rádio e comecei a fazer reportagens de TV também. Na rádio, viajava pra acompanhar as partidas de Grêmio e Internacional fora do estado. Fui a primeira mulher a viajar por uma rádio pra cobertura de futebol no Rio Grande do Sul. Apresentei um programa de futebol na rádio feito apenas por mulheres, virei debatedora do programa...enfim, foi uma GRANDE escola pra mim. Só tenho a agradecer!

Depois, você se transferiu para a Band de São Paulo. Como foi esse processo?
A Band SP já conhecia o meu trabalho da Band RS, afinal as minhas reportagens passavam nos programas nacionais, eu fazia transmissões nacionais...então eles me convidaram pra integrar a equipe da Band SP e foi ótimo. A repercussão é outra. A Band tem muita força em SP, lá trabalhei com grandes pessoas, tive ótimas experiências de grandes coberturas. Cobri a Seleção Brasileira na Copa do Mundo, viajei ao México pra conhecer um pouco mais da Seleção que estava na chave do Brasil, cobri campeonato de Skate em Barcelona. Apresentei Jogo Aberto nacional, Band Esporte Clube, Melhor da Liga...foram quase 2 anos de muito aprendizado.

Das reportagens/matérias que você fez na emissora, qual aponta como a principal? Por que?
Nossa, isso é tão difícil. Cada reportagem é um filho, cada uma tem sua importância! Ehehe Mas gostei muito das reportagens da série do México, fiz uma matéria que gostei bastante também com um jogador que estava com leucemia, contei a influência da TPM no desempenho das mulheres no esporte, consegui juntar Beatles com “Gabrieeeeel, Gabrieeeeel” do Oswaldo de Oliveira numa reportagem sobre o Gabriel Jesus...e, claro, todas as matérias do Brasil na Copa do Mundo. Tem muito filho bom!

Muitos seguidores foram surpreendidos quando você saiu do Grupo Bandeirantes. Qual foi o motivo?
O que alegaram pra mim foi a questão financeira. A Band passava por uma crise e precisava desligar vários profissionais. E eu fui um deles.

Taynah Espinoza no Esporte Interativo (Reprodução/Facebook)

O que te levou a acertar com o Esporte Interativo?
O Esporte Interativo é um canal que está crescendo muito. A emissora tem grandes projetos e isso chama muito a atenção. É um canal que informa com seriedade, discute assuntos importantes, mas sabe brincar também. Me identifico muito com isso. Gosto de informar, que é o nosso grande papel. Mas gosto de poder me divertir também, afinal esporte é entretenimento. Dá pra informar e divertir.

Quem são as suas referências no canal?
Me identifico muito com estilo da Mariana Fontes, que está de licença maternidade agora. Ela tem essa pegada de informar, de dominar o assunto que fala, mas brinca, sabe a hora de descontrair. Andre Henning também tem isso. Passa emoção, dá seriedade a transmissão quando precisa, mas adora brincar também.

Logo na sua estreia no canal, o atacante Emerson Sheik ironizou o Vasco. Qual foi a sua reação naquele momento?
Eu ri. O Emerson Sheik sempre foi um cara de declarações únicas, ele fala o que pensa mesmo. Já me perguntaram que eu havia combinado aquilo com ele. De jeito nenhum! Eu perguntei uma coisa, ele respondeu, saiu, e eu continue o meu boletim e ele voltou do nada pra brincar. Eu, sinceramente, adoro isso! Acho que futebol é essa brincadeira mesmo. A gente reclama dos discursos sempre iguais, mas quando alguém fala algo diferente, reclamam também.

É mais fácil ser apresentadora ou repórter?
Uma coisa ajuda muito a outra. Como repórter, sempre tenho o costume de ler muito, ouvir rádio, acompanhar diversos programas, buscar informações em sites internacionais...procuro estar sempre muito bem informada. E isso é muito bom quando você está apresentando programa. Dominar o assunto é básico. Não existe função mais fácil ou mais difícil. As duas tem duas peculiaridades e eu gosto muito dos dois lados. A apresentadora provavelmente é um pouco mais julgada pelo público porque tá no ar por mais tempo. E a repórter é quem ouve tudo e mais um pouco quando cobre um jogo de futebol, por exemplo. Então tem lado bom e ruim nas duas funções.

O Esporte Interativo está crescendo no país. Presente em algumas operadoras e atualmente está negociando os direitos de transmissão com alguns clubes. O que há de diferente na emissora?
A emissora está crescendo muito. O diferencial é a emoção que o canal dá a todas as competições. Claro que a Liga dos Campeões é o maior produto que temos. Mas isso não significa que vamos desvalorizar campeonatos estaduais ou a Copa do Nordeste. Pro torcedor do Ceará, por exemplo, a Copa do Nordeste é tão ou mais importante que a Liga dos Campeões. E o segredo do canal é conseguir colocar a emoção em todos os eventos.

Sabemos que existe preconceito com as mulheres no jornalismo esportivo. Por quê há esse tipo de injustiça? Já sofreste algum?
Existe preconceito ainda, sim. Muito! Por mais que a gente veja muitas mulheres na cobertura diária de clubes de futebol, o preconceito ainda é muito grande. É muito comum que uma mulher consiga alguma informação em primeira mão e alguns colegas de profissão digam: “o que será que ela precisou oferecem em troca pra conseguir isso?” ou “com certeza ele tem um caso com o fulaninho e por isso soube essa notícia”. Se uma mulher dá uma informação errada, “só podia ser mulher pra falar uma bobagem dessas”. Se um homem erra, tudo certo, ele apenas se enganou. Eu evoluí muito rápido na Band RS e ouvi muito que eu era amante do diretor. Isso é das coisas mais lamentáveis de ouvir.

O que achou do desfile feito pelo Atlético-MG?
Achei ridículo o desfile. Não entendo o que leva um clube a colocar mulheres com a bunda de fora num desfile de camisas de futebol. O que as bundas acrescentaram ali? Assim como acho péssimo associar marcas de cerveja a mulheres com pouca roupa. Por quê? Só homem bebe? Só homem usa camisa de clube de futebol?

Qual a sua expectativa para os times brasileiros na Libertadores?
O Corinthians, mesmo com o desmanche que sofreu, ainda é o time que eu acredito que pode ir mais longe. O Galo se reforçou muito bem também, mas o rodízio imposto pelo Aguirre pode atrapalhar mais uma vez, como atrapalhou o Internacional o ano passado. O Grêmio conseguiu manter a base e contratar jogadores pontuais, mas não tem a mesma pegada e nem perto da organização da temporada passada. Além disso, ainda está no grupo mais forte. Palmeiras e São Paulo, não acredito que irão muito longe.

A Liga dos Campeões chegou à emissora, com exclusividade. O que você diria para quem ainda não assistiu às partidas pelo canal?
Que pena! Quem ainda não assistiu a cobertura que estamos fazendo, está perdendo muito! Não tenho dúvida que a cobertura que o Esporte Interativo faz é a maior que a Champions já teve no Brasil. Temos correspondentes na Inglaterra, Espanha, Portugal, França...e diariamente falamos sobre futebol internacional com a entrada de todos esses repórteres. Ou seja, quem assiste o EI, fica por dentro de todas as informações o ano todo. E na semana de Liga dos Campeões isso é ainda maior. Falamos direto dos estádios com muitas horas de antecedência, conseguimos entrevistas exclusivas com grandes personagens, temos um programa todo sábado dedicado especialmente a Liga dos Campeões. Só não enxerga o crescimento e a qualidade do Esporte Interativo quem vê com preconceito. Ou não quer.

No atual jornalismo, são muitos os que exercem a função sem diploma e com falta de credibilidade. Você é a favor do diploma para a atuação? E qual a importância da fonte na hora de de divulgar uma notícia?
Sou super a favor da obrigatoriedade do diploma. A faculdade me ensinou coisas muito importantes. Não tenho dúvida que a prática foi a minha melhor escola, mas princípios de jornalismo são muito importantes na hora de exercer a profissão. E muito do que eu ouvi na faculdade eu lembro e uso diariamente na função. Sobre a fonte, não vejo necessidade em divulgar pra comprovar a notícia que você está bancando. Mas você precisa saber em quem confia, precisa ter certeza que essa fonte é confiável.

Quais dicas você daria para quem pretende entrar na profissão?
É uma profissão apaixonante! Mas cansativa. Dá um prazer enorme contar histórias que serão lembradas por gerações e gerações, fatos importantes de um país, de um clube, de um povo, de um atleta. Mostrar a superação de alguém aqui, a corrupção no campeonato ali...isso pode ser um grãozinho pra mudar coisas enormes. Amo o que faço! Mas é preciso gostar muito pra trabalhar todos os feriados, todos os finais de semana, perder tantos eventos com amigos e família e achar tudo isso normal.

quarta-feira, 2 de março de 2016

A Ferroviária é exemplo para o futebol brasileiro

Hoje, quem pratica o melhor futebol no cenário paulista é a Ferroviária. Que aplicação tática perfeita! Pressão na saída de bola, toques curtos e precisos, pensa no coletivo. Esta aí a receita para o time ser o destaque. É só os técnicos brasileiros copiarem. Afinal, quem comanda a Ferrinha é o português Sérgio Vieira, que pode ser apontado como um discípulo de José Mourinho, consagrado técnico lusitano. 

Vale, aqui, um dado interessante: quando o time de Araraquara subiu da Série A2 para a elite do Campeonato Paulista, o responsável por escrever essa história foi Milton Mendes, que logo depois aceitou o convite e foi treinar o Atlético-PR. O português Sérgio Vieira, atual treinador, trabalhava no próprio time paranaense. Por meio da parceria do Furacão com o Guaratinguetá, que hoje está na Série A3 do estadual e disputa a Série C do Campeonato Brasileiro, Sérgio foi o responsável por arrancar o Tricolor do Vale e impedir que o clube fosse rebaixado para a quarta divisão nacional. 

A Ferroviária entra em campo com a missão de ter a posse de bola o máximo de tempo possível. Filosofia simples. Usa a agressividade na transição defesa-ataque, e quando é necessário se recompor, usa da marcação em linha. Quem observa o desempenho do clube na atual edição pode fazer uma análise simplista e dizer que apenas é uma fase. Discordo. 

O time complicou a vida de Corinthians e Palmeiras. E não é de hoje. Basta recordarmos a Ferroviária de 1960, que tinha em seu esquadrão: Rosan, Zé Maria, Antoninho, Lucas, Dirceu e Rodrigues, Faustino, Baiano, Bazani, Beni e Dudu. Essa formação vencera o famoso time do Santos de Dorval, Zito, Pagão, Pelé e Tite por 4 a 0. 

Voltando à fase atual, os comandados de Sérgio Vieira preferem cadenciar o jogo, pensar na melhor estratégia possível para reter por mais tempo a posse de bola. Por isso, as bolas longas para o ataque só acontecem em caso de necessidade. O trabalho é de pé em pé. Podemos compará-lo ao Osasco Audax, comandado por Fernando Diniz, que implementou o estilo tiki-taka, tão conhecido no Barcelona, aqui no Brasil. Vieira faz o mesmo. 

E pensar que os grandes treinadores que aqui estão, casos de Muricy Ramalho, Tite, Marcelo Oliveira, Roger Machado, não conseguem com tanta proeza estudar uma metodologia aplicada. Tite e Roger fizeram isso em 2015, quando seus times - Corinthians e Grêmio, respectivamente, - eram considerados os melhores nesse quesito. Atualmente, os dois times apresentam um futebol bem abaixo do esperado. Com o Timão, era notório que o ritmo e a qualidade tivessem uma relativa diminuição, vide à debandada do elenco titular. As peças que chegaram ainda buscam o melhor ritmo de jogo. Já o Grêmio, conseguiu manter a base e ainda se reforçou, mas está longe do nível apresentado. 

A Ferroviária é exemplo, atualmente, para o futebol brasileiro. E os frutos do treinador português serão colhidos. 

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Somos jornalistas, torcedores e humanos

Ana Thaís Matos (Reprodução/SporTV)
Quando optei por cursar o Jornalismo, logo tive consciência do quão arriscado seria. Vida de jornalista não é fácil, aliás, nenhuma profissão merece essa alcunha. Mas você trabalha com as opiniões, figura pública, o lado emocional e o racional. 

Quando se trabalha com o jornalismo esportivo, área em que quero e vou mergulhar, debruçar, é ainda mais complicado. Sempre fui de arquibancada - desde o futebol ao basquete. Sou um torcedor apaixonado. Aquele que incentiva, passa orientação para os técnicos e jogadores. Isso acontece no estádio Martins Pereira ou no ginásio Lineu de Moura. Normal. A paixão não acaba.

Sempre há aquela pergunta: para qual time você torce? Na minha seção de entrevistas com os profissionais da comunicação, há essa indagação Antigamente, era comum os profissionais divulgarem para qual agremiação se torcia. Hoje, não mais. Há o remorso e o medo. Por quê?

Com o crescimento das redes sociais, surgiu-se um novo fenômeno: os "valentões de monitor", aqueles que usam e abusam de seu perfil para criticar de forma ferrenha tudo que possa ser seu alvo. O mais triste disso tudo é quando há o apoio de outras pessoas, aumentando o grau da violência digital. 

É fácil impor sua visão sem ao menos ter argumentos inteligentes. Atacar, xingar, humilhar os profissionais (ou quaisquer outros usuários do bem) por meio de um teclado é fácil. E na frente? Cara a cara? Segurar o rojão depois que o caso vem à tona? Isso não acontece. Logo deletam suas contas e fica por isso mesmo.

Antero Greco, Lédio Carmona, Mauro Cezar Pereira e tantos outros amigos e colegas de imprensa são alvo da irracionalidade que invadiu de vez o nosso futebol. Quinta-feira, 25 de fevereiro, foi a vez de Ana Thaís Matos sofrer com os linchamentos da torcida palmeirense. 

Internautas descobriram postagens antigas da jornalista - que ainda nem era profissional formada - fazendo piadas normais, de qualquer torcedor no bar ou em seu ambiente de trabalho. Brincadeiras com o rival que ela postou em 2009! Meu Deus! Quanta imbecilidade desses usuários. E o pior: teve jornalista que ajudou nesse ataque.

Ana Thaís foi colocada para ser setorista do Palmeiras em 2015. Respirou o ar do clube, conheceu o clube, trouxe bastidores e passou todo o seu conhecimento para quem a segue nessas redes sociais. Não a conheço pessoalmente. Pena! Queria muito ter um contato mais próximo com alguém que é referência na Rádio CBN/Globo. Que durante a semana faz aparições no Seleção SporTV, um dos melhores programas da emissora, com apresentação de Marcelo Barreto.

Enfim, todo mundo tem um time para se chamar de seu. Ninguém nasce dentro de uma faculdade de jornalismo. Ou com o selo de imparcialidade no berço e nos pijamas. Ana tem o time dela. Eu também tenho o meu. Pode-se torcer. Isso não faz mal nenhum. Não se pode é distorcer algo. O que Ana jamais cometeu.

Se entramos nesse meio é porque nos apaixonamos por um time, cujo não será o mesmo daquele que beija o escudo. O fato de eu torcer para o Corinthians significa que irei fazer uma péssima matéria sobre o São Paulo?? De forma alguma. Vou trabalhar com o empenho em ambos os lados. O mais importante é você passar a notícia de forma clara, noticiar aquilo que você está vendo e presenciando.

Mas os imbecis não pensam assim. Azar o deles.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Cuéllar, Arão e Mancuello: o Flamengo encontrou o seu meio-campo ideal

A maior obsessão do Flamengo foi conquistada com sucesso neste começo de temporada. Um bom meio-campo com passes precisos, inteligência e velocidade finalmente apareceu. Com Cuéllar, Willian Arão e Mancuello, o Rubro-Negro mostra que tem competitividade nesse setor. E isso ficou evidente no clássico do último domingo, contra o Fluminense, no estádio Mané Garrincha, em Brasília.

O Flamengo venceu por 2 a 1 - com uma boa exibição desse trio e ainda contando com a cereja peruana do bolo, o atacante Paolo Guerrero, que volta a viver uma boa fase no futebol brasileiro. O que se viu em campo contra o Tricolor foi uma equipe forte e criativa, que desde o começo da primeira etapa se impôs e foi aumentando o volume de jogo, a intensidade.

Muricy Ramalho conseguiu encontrar uma boa formação ofensiva e até mesmo defensiva, visto que Mancuello pode atuar como segundo volante. E possui boas peças na reserva, casos de Alan Patrick e Ederson.

Antes desse trio, talvez o que melhor tenha se destacado foi aquele com Thiago Neves e Ronaldinho Gaúcho. Tinha padrão de jogo, entrosamento e toques envolventes. Claro que não foi a melhor dupla da história, mas teve a sua importância.

Cuéllar, Arão e Mancuello foram responsáveis por 87 passes certos e apenas cinco errados. O colombiano, em sua estreia pelo estadual, acertou 30 passes e cometeu apenas um erro. E vale acrescentar: Cuéllar tem a cara do Flamengo.

Além de ser bastante técnico, é amplamente superior ao Márcio Araújo, amuleto de Muricy Ramalho nesse começo de Campeonato Carioca e Primeira Liga. O ex-jogador do Deportivo Cali mostrou que tem potencial e não será apenas segunda opção.

Por sua vez, Willian, ex-meia do Botafogo, foi o responsável por acertar 37 passes, sendo o principal armador do Fla e responsável por alguns dos bons momentos do time no clássico. E mostra que tem faro de artilheiro; já anotou três gols e continua evoluindo a cada rodada. Mancu acertou 20, atuando mais na transição defesa-ataque.

A dinâmica é outra. E, se persistir com essa metodologia, o meio-campo do Flamengo pode ser a válvula de escape para que o time tenha rumo nas competições que disputar. Será a base da pirâmide. É claro que é apenas o começo de uma reciclagem que está sendo realizada. Mas houve melhoras e Muricy parece ter resolvido com um simples diagnóstico um problema que era crônico.

sábado, 20 de fevereiro de 2016

A torcida brasileira precisa protestar e sair do comodismo

Finalmente a torcida brasileira protesta com dignidade, por uma causa justa e necessária: o barateamento dos ingressos. E a torcida do Corinthians é a que lidera esse âmbito por uma readequação na cobrança dos bilhetes. Desde 2014, na Arena Corinthians, membros da Gaviões da Fiel levantam faixas contra o coronelismo da Federação Paulista e da Confederação Brasileira de Futebol. 

O ideal, para um estádio de futebol, é que o preço do ingresso seja suficiente para que o clube mandante consiga dinheiro para investir em atletas, mas baixo para que o estádio esteja totalmente ocupado. É via de mão dupla. Mas se os preços estão nessa faixa exorbitante é culpa da elitização da modalidade, de seus estádios luxuosos e a falta de bondade dos dirigentes. 

A comparação com os países europeus é inevitável. Na Inglaterra e na Alemanha, eles se dão ao luxo de cobrar caro porque lá dificilmente se vê uma ocupação menor que 40%, como ocorre aqui. Lá, os clubes possuem donos. Ou seja, é mais negócio propriamente dito do que uma obrigatoriedade em se cobrar mais caro. Recentemente a torcida do Liverpool protestou contra o aumento do ingresso. Houve questionamento por causa do valor de 77 libras (R$ 443), cobrado pelo espaço popular do estádio. E, justamente no minuto 77 da partida contra o Sunderland, torcedores se levantaram das cadeiras e foram embora. A medida deu certo, já que não haverá aumento. 

Outro protesto simbólico veio do Borussia Dortmund. Torcedores arremessaram bolas de tênis no gramado, fazendo uma alusão que o preço taxado é digno de um esporte elitista, como é o caso daquela. Sempre houve uma luta para que o futebol fosse do povo e para o povo. Mas não é o que ocorre na prática. 

Recordo-me de um texto do Rodrigo Capelo à revista Época, em que ele aponta que há mais variáveis que atraem ou afastam torcedores do estádio, independentemente dos valores dos tíquetes, que são: desempenho do time, ídolo(s), acesso à arena, segurança, conforto, dia, horário, clima, fase do campeonato, se são pontos corridos, se é mata-mata. Isso deve ser considerado. Enquanto na Europa, se assiste à grandes jogos e os melhores jogadores atuam do lado de lá, aqui, no Brasil, o futebol é pobre, sem atrativo nenhum. A menos que seja uma final de Copa do Brasil ou quando um clube brasileiro vai disputar uma competição mais significativa - no caso, a Libertadores da América. 

Se as torcidas dos clubes largassem por um momento a rivalidade banal e iniciasse juntas um processo que reajustasse a taxa dos ingressos, assim quebrando os paradigmas e lutando por um futebol melhor para todos (afinal, vale aqui citar: cadê o Bom Senso FC?) os mandatários iriam ceder à pressão e diminuiriam os preços. Mas não. Aqui prefere-se lutar para ver quem é o melhor, quem tem mais poder. Não há união. E com isso fica difícil de ver uma readequação nas arquibancadas. 

A Federação Paulista, justamente uma das mais criticadas, emitiu nessa sexta-feira, 19, uma nota afirmando que é a favor da liberdade de expressão dos clubes e torcidas. A entidade dá um passo muito importante ao valorizar o diálogo e o respeito. 

Mas será que os árbitros e a Polícia Militar entenderam o recado? No embate entre Corinthians e São Paulo, realizado na Arena Corinthians no último domingo, o árbitro Luís Flávio de Oliveira precisou pedir ao zagueiro Felipe que ordenasse a retirada de faixas contra a própria FPF, CBF e dirigentes que cobram um preço exorbitante para um futebol que se assiste em menos de duas horas. 

Confira a nota:

A Federação Paulista de Futebol vem a público esclarecer que não se opõe a nenhum tipo de manifestação pacífica durante os jogos, e que seus regulamentos não vetam a exibição de faixas ou bandeiras de protesto.

Não há, tampouco, qualquer orientação por parte da FPF a árbitros, delegados de partida, profissionais envolvidos nos campeonatos paulistas, ou mesmo à Polícia Militar, para que oprimam estes movimentos.

A única regra que versa sobre manifestações em estádios é o Estatuto do Torcedor, legislação federal que veta faixas com mensagens ofensivas.

No entanto, na visão da FPF, as faixas expostas nos últimos jogos do Campeonato Paulista não feriram esta lei e, assim como qualquer manifestação pacífica, devem ser respeitadas, sem prejuízo ao andamento da partida.

No caso do clássico de domingo (14) entre Corinthians e São Paulo, por exemplo, o jogo não deveria ter sido paralisado. A FPF defende, sim, a liberdade de expressão, princípio básico da democracia.

O recado foi dado. E o comodismo da torcida brasileira está perto do fim. Não se pode aceitar que haja um abuso por parte de entidades e autoridades no bolso do torcedor. Que mudanças sejam vistas e colocadas em práticas o mais rápido possível. 

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Palmeiras: O título da Copa do Brasil representa uma falsa ilusão

Cesar Greco/Ag. Palmeiras
Quando o Palmeiras conquistou a Copa do Brasil no ano passado, sobre o Santos, a opinião pública apontou para o sucesso de Marcelo Oliveira e a qualidade de boa parte do grupo. Veio 2016. São seis jogos disputados: duas vitórias, três empates e uma derrota - esta para o Linense, no último sábado (13), no Allianz Parque. Fazendo um comparativo, fica difícil de entender porquê o time não consegue mostrar a mesma eficiência e padrão de jogo. O que há de errado?

A diretoria alviverde manteve Marcelo no comando e continuou investindo a rodo em contratações. Régis, Moisés, Jean, Edu Dracena e tantos outros. A base do time campeão foi mantida, com destaque para a dupla de volantes que, em minha análise, deveria ser titular: Arouca e Matheus Sales. Dudu, atacante que custou caro aos cofres do Palmeiras, vem crescendo. Graças ao técnico, que o colocou não só na função de armador, mas também como finalizador, fazendo gols. Robinho é outro que merece ser destaque. O restante, estático. Sem evolução.

O título da Copa do Brasil, atualmente, representa uma falsa ilusão que foi criada para o time. Tem no comando um técnico de currículo invejável - bicampeão brasileiro e quatro vezes finalista da Copa do Brasil. Não reinventou o futebol, logicamente. Mas com o seu esquema tático (4-2-3-1) trouxe alternâncias. Todavia, o elenco não funciona.

Quem olha na tabela de classificação e o vê em primeiro lugar, vai dizer que a opinião pública está querendo implantar um princípio de crise e está sendo totalmente parcial. Porém, vai muito além dos números e posição. O futebol apresentado é fraco. Marcelo Oliveira bate sempre na mesma tecla: falhas bobas que causam prejuízos. Fato. Mas por quê não as corrigi?

Insiste no Leandro Almeida, que apresenta uma limitação astronômica. Os dois gols do São Bento, no empate em 2 a 2, saíram de falhas de posicionamento. Se Marcelo tem à disposição o Augusto - zagueiro que foi bem na Copinha, apesar de ter sido infantil na cobrança de pênalti contra o América-MG, nas quartas de final - porque não testá-lo?

Ok, ainda é começo de temporada, as oscilações acontecem. Mas a formação e a montagem do elenco precisam ser feitos o mais rápido possível. Marcelo Oliveira vai para o seu maior teste de fogo no alviverde - Copa Libertadores. Do que adianta ter um elenco inchado sendo que falta tudo: bons passes, um armador que pensasse o jogo, intensidade e marcação alta?

A situação está preocupante.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Calleri: entre o faro de gol e a pressão

Dois jogos, três gols e 130 minutos em campo. O argentino Jonathan Calleri mostra que vai conseguir com proeza fazer a função que foi deixada pelo atacante Alexandre Pato, que retornou ao Corinthians, mas foi emprestado para o Chelsea: comandar o ataque. E isso é fácil para o camisa 12. No seu ex-clube - o Boca Juniors - anotou 23 gols em 58 jogos.

Na sua apresentação oficial, Calleri já demonstrou que veio para o Brasil para fazer história. E essa vai ganhando bons capítulos no Tricolor do Morumbi. Fez o gol de empate contra o modesto Cezar Vallejo, do Peru, na quarta-feira, pelo jogo de ida da primeira fase da Libertadores. Depois, pelo Paulistão, fez dois contra o Água Santa, ajudando o São Paulo a conquistar a sua primeira vitória no estadual.

O seu contrato é curto, vai apenas até o fim da Libertadores. Mas admitiu que, caso o São Paulo saia vencedor da competição sul-americana, ele fica para o Mundial de Clubes. Muita personalidade. Embora tenha tido duas boas exibições, o argentino é sereno nas palavras. Disse que não joga para si, e sim pensa nos seus companheiros em primeiro lugar. Isso é reconhecimento.

Com 1,75m, o jogador não tem a altura como um ponto forte, mas consegue jogar centralizado, como pivô. Apesar do pouco tempo em que vai permanecer no clube, a pressão não será menor. Jonathan tem outros nomes do São Paulo a serem seguidos.

A aposta em contrato curto é algo que faz parte da política do clube. Em 2005, também na Libertadores, a diretoria apostou em Luizão. Contrato de sete meses, suficiente para levantar o título do Campeonato Paulista e a competição sul-americana, sobre o Atlético-PR.

Ricardo Oliveira e Adriano Imperador também foram jogadores que tiveram pouco tempo no Tricolor, mas que conseguiram corresponder dentro de campo. Calleri terá essa sombra.

As suas jogadas pela ponta do campo e o seu faro de gol são a fórmula para o argentino encantar a torcida são-paulina, que tentará esquecer Pato, principal atacante do Tricolor na temporada passada.

domingo, 31 de janeiro de 2016

Paixão pela escrita, situação inusitada na Espanha e reportagens especiais: conheça Thiago Crespo

Thiago Crespo entrevista Gabriel Jesus
"A possibilidade de contar histórias com as minhas próprias palavras sempre me fascinou". Essa frase é do jornalista do SporTV, Thiago Crespo. É um indivíduo que se ocupa do bom jornalismo. Além de utilizar o microfone com maestria, utiliza-se da escrita como um diferencial.

Ela nos oferece várias possibilidades. Por meio da relação papel/caneta, computador/teclado (não necessariamente nessa ordem) podemos mostrar com clareza o que somos, o que pensamos. Podemos transmitir às pessoas nossos sentimentos, ideias. Thiago faz muito bem isso em relatar suas experiências em seu blog.

Escavador de histórias marcantes e preciso nas informações, Thiago surgiu no cenário jornalístico no programa de estágio da emissora - Passaporte SporTV. Mas ele não sabe porquê decidiu entrar na profissão. "Foi orgânico", diz o menino nascido em Rio Claro, interior de São Paulo.

Humilde, amigo e atencioso, Thiago conta-nos nesta entrevista sobre vários assuntos. Origem no jornalismo esportivo, fala da seleção brasileira no período da Copa América, relembra uma situação inusitada que passou na Espanha, elege as reportagens mais especiais.

Para os futuros leitores, explique quem é Thiago Crespo?
Ih... Não gosto muito da ideia de me definir. Primeiro porque eu não saberia, depois porque eu não gostaria de me prender a uma ideia fixa sobre mim mesmo. Mas, pra simplificar, sou jornalista (e isso talvez diga muito sobre uma pessoa, né?).

Em que momento decidiu se tornar jornalista? Você teve alguma influência familiar?
Foi orgânico. Não houve um momento específico, por exemplo, em que eu tenha tomado a decisão de ser jornalista. Não me lembro de ter sequer me sentado pra pensar qual seria a minha opção no vestibular. "Não sei, só sei que foi assim". Gosto de escrever desde muito pequeno e também sempre gostei de ler; acho que são os passos mais óbvios pra escolher esse tipo de profissão. A possibilidade de contar histórias com as minhas próprias palavras sempre me fascinou. Meu pai é engenheiro e minha mãe é bióloga/professora, mas houve muita influência familiar no que diz respeito ao incentivo que eles sempre me deram pra que eu escrevesse.

Quem são os jornalistas e/ou profissionais da comunicação que mais admira?
Admiro uma lista infinita deles. Hoje, em termos de reportagem, tenho quatro referências: Eliane Brum, Caco Barcellos, Tino Marcos e Pedro Bassan. Em termos de comunicação em geral, o Marcelo Tas, Pedro Bial e o Tiago Leifert; Juca Kfouri, pelo espírito combativo.

Na sua opinião, a cobertura esportiva brasileira é satisfatória? Não faltaria, por exemplo, um pouco mais de jornalismo investigativo?
A mídia esportiva sempre vai viver um dilema existencial: é jornalismo ou é entretenimento? Dá pra ser os dois?  A partir disso é que a gente define o que falta, o que sobra, o que precisa ser reciclado. Hoje, mais do que nunca, existe espaço pra tudo.

Quais são suas opiniões a respeito da seleção brasileira? A revolução no futebol deveria começar muito antes da derrota contra a Alemanha?
Não dá mais pra se sustentar na ideia de que o Brasil é o maior campeão mundial de todos os tempos. Embora não seja um fato desprezível, o que importa discutirmos agora é o "hoje" e o "amanhã". Esse time que eu vi de perto na Copa América do ano passado é a pior seleção brasileira de que eu tenho notícia. Se honestidade e coragem significam "revolução', então precisamos disso.  

O seu início no SporTV foi através do programa "Passaporte SporTV". Qual é a importância desse projeto?
É uma escola. O repórter participa integralmente do processo de feitura da matéria que vai ao ar: ele sugere, produz, opera a câmera, grava, edita, manda o material pro Brasil. São vários desafios simultâneos - e o maior deles é voltar ao "chão", depois do projeto, e perceber que você ainda está só começando a entender como funciona a TV. A oportunidade de ser correspondente internacional no início da carreira é a inversão do glamour que esse tipo de posto sugere. Mas a responsabilidade é a mesma: reportar um país com olhos de estrangeiro.

Em 2012, a Espanha conquistou a Eurocopa, e você não conseguiu gravar a matéria. Conte-nos o que aconteceu naquela noite.
Eu estava em Madri, na Praça de Cibeles, tradicional reduto dos torcedores espanhóis em dias de festa. A seleção ia desfilar em carro aberto, era um momento histórico e o povo estava absolutamente maluco. Eu precisava mandar duas ou três matérias em poucas horas, pra todos os telejornais do SporTV, e os caras simplesmente não me deixavam gravar nada... me abraçavam, tocavam altíssimo aquelas vuvuzelas no meu ouvido,  despejavam cerveja em cima de mim... Quando eu voltei pro hotel e percebi a comicidade de tudo aquilo, vi que aquela bagunça poderia ser uma reportagem. A não-matéria era a melhor matéria que eu poderia ter pra mostrar como estava o clima no país!

Você já morou em Dublin, capital da Irlanda, durante dois anos. Poderia nos contar como foi essa estadia?
Se eu viver 50, 100 ou 200 anos, aqueles sempre serão dos mais importantes da minha vida. Pelo que amadureci, pelo que viajei, pelo desprendimento e liberdade que a gente aprende a conquistar. O plano era aprimorar o inglês, como qualquer intercambista, e em pouco tempo a gente vê que o idioma é só mais um detalhe de uma viagem como essa.

Também aproveitei pra fazer um curso de pós-graduação em reportagem. Trabalhei num pub como garçom (além de servir, eu também separava o lixo depois do expediente); uns meses mais tarde fui ganhar a vida num supermercado, onde comecei como faxineiro e depois fui pro caixa, pra lanchonete, pro departamento de laticínios, etc. Trabalhei em todos setores possíveis... um dia ainda terei meu próprio supermercado! (risos).

Cite um momento importante pelo qual você passou na Copa do Mundo, e porquê.
Uma Copa do Mundo no Brasil é importante do início ao fim. Fui "correspondente" do canal em Brasília... acompanhei dois jogos do Brasil no Mané Garrincha: a vitória sobre Camarões, talvez o melhor jogo da seleção, e a derrota pra Holanda, logo depois da humilhação diante da Alemanha. Foram momentos contrastantes.

Outras duas passagens que me marcaram bastante:

1 - Conhecer e gravar uma reportagem com o cinegrafista brasileiro que filmou o Maracanaço. A imagem daquele gol do Uruguai que a gente  vai ter na cabeça pra sempre é dele! História viva e emocionante!

VEJA: Repórter Thiago Crespo toca e canta ao vivo no Madruga SporTV

2 - Luau com o Digão, dos Raimundos, ao vivo no Madruga SporTV. A gente ficou duas ou três horas tocando violão e cantando na frente do Palácio do Planalto. Meu ídolo quando era moleque, pô, e eu ali... "trabalhando".

Você é dono de um blog chamado Literatofonia, um espaço em que você conta histórias, publica suas matérias. Como surgiu a ideia de fazer um blog?
Da necessidade de escrever, uma das minhas maiores paixões.

O que deve ser feito para aumentar o público nos estádios brasileiros, principalmente aqueles que sediaram partidas durante a Copa do Mundo?  
Oferecer um espetáculo completo. O torcedor tem que sair de casa pra algo mais do que ver um jogo.
E além disso, claro, principalmente, tem que ter uma garantia mínima de que vai assistir a um jogo de qualidade, com jogadores de qualidade. Segurança deveria ser outra coisa óbvia, intrínseca, mas atualmente parece um favor.

Um sonho que pretende realizar?
O maior deles, juro, é levar minha mãe pra conhecer o Roberto Carlos. É algo simples, mas distante. Por isso é sonho. Os outros, menores, mais egoístas e mais palpáveis, são coisas como escrever um livro, viajar o mundo inteiro, folgar todos os finais de semana...

Reportagem especial de Thiago Crespo com Leonardo Véliz, esquerdista
e que atuou pela seleção do Chile durante o regime de Pinochet
Uma reportagem inesquecível?
A carreira é curta, ainda iniciante, mas posso me permitir mais de uma?

- Quando fomos ao Quênia, em 2012, mostrar por que eles são ases do atletismo.

- A importância do futebol na vida dos meninos da Fundação Casa, antiga FEBEM.

- A história de Leonardo Véliz (Copa América em 2015). Esquerdista convicto, foi jogador da seleção chilena durante os anos do regime de Augusto Pinochet.

Como é a sua rotina? Tem hora para entrar e sair?
Todo dia, entre 20h e 21h, os repórteres recebem a escala de trabalho do dia seguinte. Posso entrar tanto às 7h como às 19h... depende das pautas. O cardápio é variado: treinos, jogos, entrevistas exclusivas, reportagens especiais, desembarque de medalhistas, etc.

A gente costuma brincar que sempre tem horário de entrada - e quase nunca de saída. Além do mais, o jornalismo é dinâmico e imprevisível; tudo pode mudar de uma hora pra outra. Já aconteceu de eu estar a caminho do treino do Palmeiras, por exemplo, e receber a ligação avisando que o Mano Menezes ia cair do comando da seleção brasileira.

Não há rotina -- e isso é bom e ruim. Bom porque, pessoalmente, detesto a ideia de viver todos os dias do mesmo jeito. Prefiro estar na rua, cada hora em algum lugar diferente, a estar sentado na frente de um computador cumprindo o horário comercial. Por outro lado, é mais cansativo e mais difícil programar atividades fora do trabalho.

Quais dicas você dá a quem está iniciando na área jornalística?
Acho que soaria professoral, pretensioso demais dar dicas a alguém que está começando. Também estou começando, né? Mais justo compartilhar aquilo que eu procuro fazer no dia a dia pra melhorar ao máximo meu trabalho.

Ler. Jornais, revistas, livros, encartes promocionais e todos aqueles papeizinhos que te entregam no semáforo. Ler tudo o que puder.

Escutar. Hoje em dia todo mundo gosta muito de falar, de emitir opiniões sobre tudo, e pouca gente se preocupa em ouvir os outros com atenção. O Mario Vitor Santos, meu professor na faculdade e um dos melhores que tive na vida, sempre nos lembrava que "Deus está nos detalhes". Exercitar a escuta, além de fortalecer a humildade, é encontrar mais e mais detalhes.

Enxergar. Olhe pro lado contrário ao que todos estão olhando. Se houver sensibilidade e disposição, você encontra uma grande história até em uma rua vazia. Quando entramos no SporTV (eu e os outros repórteres do Passaporte), o Pedro Bial disse uma coisa da qual nunca vou me esquecer: "Jornalista tem que ter brilho nos olhos". Acho que ele sintetizou de uma forma romântica, mas genuína. Precisamos ser essencialmente humanos pra fazer bom jornalismo.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Adriano de volta ao futebol: o quê esperar?

Foto: José Patrício/AE
Há 655 dias fora de ação, Adriano Imperador retorna ao futebol. Na verdade, essa quantidade de dias vai aumentar, pois ele pretende passar o seu aniversário - 17 de fevereiro - ainda longe dos gramados. Seu acerto é com o Miami United, time dos Estados Unidos. O atacante comprou 40% do clube.

Nos últimos meses, despertou interesse de vários clubes, como Gama-DF, União-MT, Cruzeiro-RS e Desportiva-ES e do São José-SP. Esse último, aliás, foi o que mais chamou a minha atenção. O acordo seria milionário. Salário alto em dia, além de divisão de lucros, como em participações em vendas de camisas.

Adriano na Águia do Vale seria um ponto fora da curva diante da realidade do clube, que chegou a disputar um jogo-treino vestindo o uniforme do adversário. Rompeu a parceria com a G&J Sports por desavença política e o futuro na Série A3 do Paulista é incerta, vide a mudança que teve no regulamento do estadual.

A nova parceira é forte no ramo de negociações, mas será que o camisa 9 vale tudo isso? No mínimo, apostaria no contrato por produtividade, modelo que vem sendo adotado pelos mandatários de clubes daqui.

Seu último clube foi o Atlético-PR. Depois de ficar 22 meses parado, atuou com a camisa do Furacão, em 2014. Disputou quatro partidas e anotou apenas um gol, contra o The Strongest, da Bolívia. Mesmo assim, o gol não evitou a derrota por 2 a 1, em jogo válido pela Libertadores.

Confesso que não apostaria na volta dele à modalidade. Seria até arriscado. Caso fosse o Adriano de seis, sete anos atrás, quando arrebentou pelo Flamengo, eu até apostaria e investiria em seu retorno. Até penso que ele quer ser um pouco esquecido, fugir dos holofotes. Falso detalhe, vide a suas publicações diárias nas redes sociais. Vira manchete.

A perda do pai, dois anos antes de uma Copa do Mundo, e o consequente fracasso da seleção no Mundial, e a má fase no Campeonato Italiano, quando atuava pela Inter de Milão, foram fatores que transformaram vida do camisa 9 num inferno astral. Aos poucos, ele se recuperou e mostrou que estava pronto para novamente ajudar e provocar aquela tensão nos goleiros e zagueiros adversários. Foi assim no Flamengo em 2009, quando marcou 19 gols em 32 jogos. Ajudou o Rubro-Negro a conquistar o hexacampeonato do Brasileirão.

Antes de terminar, quero, aqui, destacar dois pontos:

Primeiro: Faltam bons centroavantes no nosso atual momento. Vivemos uma crise técnica no nosso setor ofensivo. O melhor atacante que temos não atua no futebol brasileiro e pode até parar preso. E Adriano ainda é visto como uma opção e solução para curar essa carência. E concordo com esse ponto de vista. Se ele mantivesse o nível, hoje estaria despontando na nossa seleção e poderia estar novamente na Europa.

Segundo: Conhecemos a fama de polêmico e as mais variadas confusões que Adriano se envolve. Metralhadora na mão, aparentemente embriagado em um bar, já deu um soco no jogador adversário. Agora, ele vai para Miami. Uma cidade que nunca dorme. De cassinos imponentes. Alguma dúvida de que as manchetes dos países noticiarão o lado extra-campo do ex-atacante da seleção brasileira?

É o retorno de Adriano. Situação diferente. Histórias (provavelmente) iguais. A ver.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Os clubes precisam ser maiores que a entidade que não patrocina o futebol

Fica comprovado a cada dia o seguinte: a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) não está nem aí para o futebol. Só quer defender seus interesses políticos e tapar o sol com a peneira. A trupe comandada por Antonio Carlos Nunes, Del Nero, Marin e companhia querem saber apenas de dinheiro e parcerias. Com isso, a realização da Primeira Liga está em xeque. A CBF vetou, mas os clubes mantêm o posicionamento e admitem que vão jogar o torneio.

Alexandre Kalil, ex-presidente do Atlético-MG, chegou a decretar a morte da Primeira Liga que está a dois dias de seu início. Mas ela ainda está de pé. E vai acontecer. Os clubes participantes precisam mostrar do que são capazes. Não podem dizer amém a uma entidade que é o câncer do futebol tupiniquim. Batam de frente.

Parece que os sucessivos vexames não significaram nada para esses caras sujos que comandam o nosso futebol. O futebol brasileiro é do povo. Representa o povo. E a torcida está convicta de que quer a realização da Primeira Liga. As emissoras de TV, idem. Sabem da importância do campeonato.

Para acabar com o poder da entidade e assumirem de vez o controle do futebol brasileiro, os clubes daqui precisam de união. E é exatamente esse legado que o campeonato está trazendo. As agremiações publicam notas oficiais dizendo que compactua com a opinião de adversários. É um passe importante e significativo.

O problema é que são apenas 12 clubes disputando: Flamengo, Fluminense, Atlético-MG, Cruzeiro, América-MG, Atlético-PR, Coritiba, Avaí, Figueirense, Internacional, Grêmio e Criciúma. O futebol brasileiro não existe sem os clubes.

Se a CBF realmente vetar a realização do campeonato, é muito simples resolver esse problema: não entrem em campo nos Estaduais. Se continuarem pressionando, os times devem entrar com uma representação. Não é tão simples assim, é claro. Mas as armas estão aí.

A única solução é se desvencilhar da entidade podre. E a Justiça fazer o seu papel: prender os corruptos que tanto assolam a prática do esporte popular.

O presidente da Federação Catarinense, Delfim Pádua, admite que os clubes da Primeira Liga vão boicotar a realização do Campeonato Brasileiro se Flamengo e Fluminense forem punidos pela Ferj, entidade que surrupia e desvaloriza o futebol carioca.

E um detalhe merece ser escrito aqui: a diretoria do Volta Redonda quer impedir a realização do jogo Fluminense x Atlético-PR no Raulino de Oliveira, "seu" estádio. Isso é inadmissível e lamentável. O estádio não pertence ao clube; apenas à Prefeitura. Só ela pode decidir e dar o seu veredicto.

Não sou a favor do método da Primeira Liga. Muito pelo contrário. É um campeonato que incha o nosso calendário. Porém tem seu grau de importância. É o único torneio que pode fazer com que os clubes deixem de ser frouxos.

Às armas, presidentes de federações e clubes envolvidos! Que a Primeira Liga represente o primeiro grito de liberdade!

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Bauza e Lugano: os incentivadores que podem fazer de PH Ganso um jogador mais decisivo

Quase três anos e cinco meses se passaram. Foi no dia 21 de setembro de 2012 que o São Paulo acertou a contratação de Paulo Henrique Ganso, o meia que foi apontado como uma das revelações do futebol brasileiro na época. Dois anos antes, em 2010, no auge do seu futebol, a crítica esportiva o queria na Copa do Mundo da África. Dunga não atendeu ao pedido. E o camisa 10 recebeu defesa.

No Tricolor do Morumbi, Ganso não se tornou uma peça-chave, um jogador que transmita confiança e que volte a ser um dos melhores meias do Brasil. Nem mesmo quando o próprio se intitulou o acima da média. Paulo Henrique começou usando a camisa 8. Agora veste a 10, que um dia já foi honrada por craques do time paulista, como Pedro Rocha, Raí, Canhoteiro, Pagão, Terto, Gerson, Teodoro, Pita e Leonardo. Que responsabilidade! Por enquanto, frustada.

Ganso sabe do que é capaz. Talento, ele tem. O problema é que falta energia, vibração. Ele não consegue dar suas arrancadas, como fizera brilhantemente na equipe santista. O leitor pode até argumentar - e com razão - que as inúmeras cirurgias no joelho e a falta de um atacante como Neymar são geradoras de tal declínio futebolístico. Mas são quatro anos!! Há de se ter bom-senso.

Com as chegadas de Edgardo Bauza e Lugano, argentino e uruguaio, respectivamente, a tendência é que o sangue que percorre as veias de ambos seja repleto de gás, incentivo, raça. Exatamente o veneno benéfico que falta ao Ganso. Eles serão incentivadores para que ele volte a defender a seleção brasileira. Bauza já de um primeiro passo em entrevista coletiva. Sabe do potencial que está em suas mãos. Ofereceu ajuda. Basta o meia são-paulino querer.

sábado, 9 de janeiro de 2016

Opção de risco x genialidade: Zidane no Real Madrid

Após uma passagem sem vontade e emoção, Rafa Benítez foi demitido pela diretoria do Real Madrid. Fiorentino Pérez sabia que essa decisão tinha que ser tomada há muito tempo. Mas antes tarde do que nunca. E em seu lugar, ao invés de nomes consagrados, Pérez optou por uma solução caseira: Zinédine Zidane.

É uma aposta de risco. Zidane não tem um currículo expressivo como treinador. Comandou o Real Castilla - uma filial merengue - que disputa a terceira divisão espanhola. Viveu uma temporada de altos e baixos.

Mas como duvidar de Zidane, sendo que ele é o melhor jogador francês que já vi atuar? (Por favor, levem em consideração a minha idade antes de qualquer crítica). Ele tinha visão de jogo quando atuava pelos gramados do mundo. Passe refinado, cabeça erguida, mostrando respeito. Na área técnica, pode desenvolver o mesmo talento, baseado nos princípios de Marcelo Bielsa e Carlo Ancelotti, suas principais referências.

Neste sábado, 9, o craque pisou novamente no estádio Santiago Bernabéu. Trocou a camisa 5 que por muito tempo vestiu pelos acessórios sociais - camisa, gravata, terno. Manteve a mesma classe. Só mudou o figurino e a linguagem. O jogo era contra o Deportivo La Coruña. A vitória se fazia necessária, pois o Barcelona havia vencido o Granada por 4 a 0.

Sob o comando de Zizou, pude notar uma melhora expressiva no comportamento dos jogadores e no esquema tático. Com Rafa, era um time desorganizado, sem padrão de jogo, vontade. Os atletas pareciam insatisfeitos com o método de trabalho. Em poucos dias, Zidane mostrou que é um pai de família e vai dar conselhos aos filhos, para que novamente se tornem atletas de qualidade e respeito.

Contra o La Coruña, optou por colocar James Rodriguez e Danilo no banco de reservas. Os dois vinham sendo utilizados por Benitez, mas de forma equivocadas. Danilo era a Avenida Paulista aos domingos. O colombiano, por sua vez, era a Imigrantes em dia de volta de feriado. Ficava preso à marcação adversária e não possuía tanta facilidade para chegar à meta.

Zidane colocou Isco. Não fez uma boa partida, mas fez com Benzema e Bale jogassem e anotassem os cinco gols que levaram os merengues à vitória. Ficou comprovada a sua inteligência. Precisou de apenas 90 minutos para mostrar a que veio. Mas os resultados positivos não vão fazer parte de toda essa história que apenas está no início. Os desempenhos ruins vão acontecer, o que é natural e prática do futebol.

Portanto, não adianta os analistas de resultados expuserem suas críticas em momentos de agonia, tensão do Real Madrid. Analisem como um todo. Isso é necessário. A falta de experiência no papel de treinador pode gerar complicações em alguns momentos, voltando à tese de opção de risco, que ainda é superior em porcentagem se compararmos com outros nomes disponíveis no mercado, como o de José Mourinho ou Pep Guardiola, que já cravou que vai sair do Bayern de Munique nesta temporada. Mas o antigo camisa 5 daquele galáctico esquadrão tem o remédio: a genialidade e a precisão.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Corinthians pode repetir façanha de 1995, quando teve o terceiro pior ataque na primeira fase da Copinha

O Corinthians é o atual campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior. É responsável por revelar grandes nomes para o time principal. Mas o rendimento da equipe nesta edição não é agradável. Embora tenha conquistado duas vitórias e assegurado a sua classificação para a segunda fase do torneio, os comandados de Osmar Loss estão "imprecisos" quando o assunto é fazer gols.

Em dois jogos, foram duas vitórias pelo mesmo placar: 2 a 0 - sobre Bragantino e Botafogo-PB. Até o momento, está sendo o segundo pior ataque do clube desde 1995, ano em que a equipe também anotou quatro gols. Um ano antes, em 1994, e em 2001, em três jogos disputados, o Timãozinho balançou as redes apenas três vezes, pior ataque na história do clube na competição.

Para quebrar essa escrita, a equipe tem um confronto contra a Inter de Limeira, nesta quarta-feira, 6. Mantendo a média de dois gols, e vencendo o time do interior paulista por esse placar, o Corinthians iguala o número de tentos marcados de 2004. Em 2009, a equipe anotou cinco gols, pior desempenho nas seis últimas edições.

Veja mais detalhes abaixo:

Ano
Gols marcados
1994
3
2001 3
1995 4
2016* 4
2009 5
2004 6

Se por um lado, o ataque não vem sendo produtivo, o mesmo não pode ser descrito pela defesa. A equipe segue sendo a menos vazada no campeonato, com nenhum gol sofrido, repetindo a façanha de 2012, quando terminou o campeonato sem sofrer um gol sequer.

 *Primeira fase em andamento