Há dez anos, no dia 21 de abril de 2006, o técnico Telê Santana nos deixou. Um dos maiores e melhores treinadores que esse país teve. Treinou com maestria a seleção brasileira na Copa do Mundo de 1982 e o São Paulo no começo dos anos 90. Tanto o Brasil quanto o Tricolor jogaram por música sob o seu comando.
A sua história de sucesso começou em 1969. O treinador mostrou seu talento ao formar o time do Fluminense, que se sagrou campeão carioca de 1969. Depois, no Atlético-MG, foi responsável por montar aquele timaço (com Ronaldo, Dario e Tião comandando a linha ofensiva).
No Palmeiras, em 1979, Telê tirou leite de pedra. O elenco era limitado. Jorge Mendonça era o craque único, responsável por fazer grandes partidas. Como a equipe vivia em época de vacas magras, o investimento não era tão exorbitante. O título do Brasileirão não veio, em compensação o carinho da torcida ao mestre.
Antes de falar sobre o seu momento à frente do Brasil, devemos passar pelo São Paulo, clube com o qual o treinador tem mais carinho e reconhecimento. Até 1990, Telê carregava um grande peso nas costas: ser chamado constantemente de pé-frio. No Tricolor, simplesmente provou o contrário e derrubou todos os tabus e questionamentos.
Fez campanhas históricas. Como não lembrar da conquista do Brasileiro de 1991? E do bicampeonato da Copa Libertadores da América e do Mundial Interclubes, em 1992 e 1993? Foi nesse curto espaço de tempo que Telê conseguiu a façanha de ser um cara respeitado, valorizado. Provou que tinha competência e potencial.
Conseguiu fazer dos jogadores grandes seres humanos. Jogador comandado por Telê tinha que ser perito no passe, tinha que ter personalidade e humildade. Hoje o merecimento, alcunha que vem sendo muita usada por Tite, com Santana já existia.
Telê montou uma família. Um grupo muito forte, unido, técnico. Com qualidades e respeito. O futebol solidário voltou a aparecer. Ao todo, conquistou 22 títulos com o Tricolor. Dificilmente um técnico conseguirá bater esse recorde.
Não sei o que se passara na cabeça de Telê após aquelas conquistas no São Paulo. Mas creio que ele trocaria todos (ou a maioria desses canecos) por uma realização pessoal e nacional. O mineiro assumira o comando da seleção brasileira em 1980. Viria a ser o técnico na Copa do Mundo de 1982, na Espanha.
Telê era um cara de sorte. Tinha uma safra de puro talento que transbordava naquela época. A parte mais difícil, talvez, como convocar aqueles gênios da bola. Júnior, Leandro, Zico, Falcão, Sócrates e Éder. Que esquadrão para nos representar naquela edição de mundial.
Porém o desfecho não foi como queria. Um tal de Rossi apareceu no meio do caminho dos brasileiros. A tragédia de Sarriá. Derrota para a Itália por 3 a 2, e eliminação. Como aquele time conseguiu ser superado? Era imbatível. Telê queria aquela Copa!
Não foi fracasso. Foi detalhe e inspiração de um italiano faminto. Essa derrota fez com que sua ideologia no futebol passasse por um processo de transformação, mas nunca se esquecendo daquela velha e temida ofensividade.
O futebol nacional passaria, a partir daqueles anos, a focar mais nos resultados do que nos espetáculos. Está aí a prova do fracassado futebol que temos hoje. Com Dunga no comando!!
Telê faz falta ao futebol de hoje. Ele era perfeccionista, ofensivo no jogo e gostava de ensinar. Era um mestre. Um pai. Hoje vivenciamos uma geração de moleques mimados. Muita estrela, pouca bola.
Ah, Telê! Sentiremos - e muito - ainda a sua falta!
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