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sábado, 27 de fevereiro de 2016

Somos jornalistas, torcedores e humanos

Ana Thaís Matos (Reprodução/SporTV)
Quando optei por cursar o Jornalismo, logo tive consciência do quão arriscado seria. Vida de jornalista não é fácil, aliás, nenhuma profissão merece essa alcunha. Mas você trabalha com as opiniões, figura pública, o lado emocional e o racional. 

Quando se trabalha com o jornalismo esportivo, área em que quero e vou mergulhar, debruçar, é ainda mais complicado. Sempre fui de arquibancada - desde o futebol ao basquete. Sou um torcedor apaixonado. Aquele que incentiva, passa orientação para os técnicos e jogadores. Isso acontece no estádio Martins Pereira ou no ginásio Lineu de Moura. Normal. A paixão não acaba.

Sempre há aquela pergunta: para qual time você torce? Na minha seção de entrevistas com os profissionais da comunicação, há essa indagação Antigamente, era comum os profissionais divulgarem para qual agremiação se torcia. Hoje, não mais. Há o remorso e o medo. Por quê?

Com o crescimento das redes sociais, surgiu-se um novo fenômeno: os "valentões de monitor", aqueles que usam e abusam de seu perfil para criticar de forma ferrenha tudo que possa ser seu alvo. O mais triste disso tudo é quando há o apoio de outras pessoas, aumentando o grau da violência digital. 

É fácil impor sua visão sem ao menos ter argumentos inteligentes. Atacar, xingar, humilhar os profissionais (ou quaisquer outros usuários do bem) por meio de um teclado é fácil. E na frente? Cara a cara? Segurar o rojão depois que o caso vem à tona? Isso não acontece. Logo deletam suas contas e fica por isso mesmo.

Antero Greco, Lédio Carmona, Mauro Cezar Pereira e tantos outros amigos e colegas de imprensa são alvo da irracionalidade que invadiu de vez o nosso futebol. Quinta-feira, 25 de fevereiro, foi a vez de Ana Thaís Matos sofrer com os linchamentos da torcida palmeirense. 

Internautas descobriram postagens antigas da jornalista - que ainda nem era profissional formada - fazendo piadas normais, de qualquer torcedor no bar ou em seu ambiente de trabalho. Brincadeiras com o rival que ela postou em 2009! Meu Deus! Quanta imbecilidade desses usuários. E o pior: teve jornalista que ajudou nesse ataque.

Ana Thaís foi colocada para ser setorista do Palmeiras em 2015. Respirou o ar do clube, conheceu o clube, trouxe bastidores e passou todo o seu conhecimento para quem a segue nessas redes sociais. Não a conheço pessoalmente. Pena! Queria muito ter um contato mais próximo com alguém que é referência na Rádio CBN/Globo. Que durante a semana faz aparições no Seleção SporTV, um dos melhores programas da emissora, com apresentação de Marcelo Barreto.

Enfim, todo mundo tem um time para se chamar de seu. Ninguém nasce dentro de uma faculdade de jornalismo. Ou com o selo de imparcialidade no berço e nos pijamas. Ana tem o time dela. Eu também tenho o meu. Pode-se torcer. Isso não faz mal nenhum. Não se pode é distorcer algo. O que Ana jamais cometeu.

Se entramos nesse meio é porque nos apaixonamos por um time, cujo não será o mesmo daquele que beija o escudo. O fato de eu torcer para o Corinthians significa que irei fazer uma péssima matéria sobre o São Paulo?? De forma alguma. Vou trabalhar com o empenho em ambos os lados. O mais importante é você passar a notícia de forma clara, noticiar aquilo que você está vendo e presenciando.

Mas os imbecis não pensam assim. Azar o deles.

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