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quarta-feira, 16 de julho de 2014

E agora, futebol brasileiro?

Foi necessário uma goleada para que o termo 'reformulação' fosse citado com força nas mídias.

Foi necessário um 7 a 1 para que o futebol brasileiro fosse visto com outros olhos.

É assim que funciona.

Depois da goleada sofrida pela Alemanha, a seleção brasileira e o futebol brasileiro terão que mudar. E para melhor, pois caso contrário, outras derrotas acachapantes poderão vir.

Felipão e sua comissão técnica foram demitidos. Rodrigo Paiva, assessor de imprensa da CBF, também. A princípio, a CBF está interessada em mudar sua visão e do futebol de nosso país. Mas é pouco.

A reformulação começa desde cedo. Começa na base, onde os futuros jogadores estão ali concentrados e esperando uma oportunidade. Santos, São Paulo, Corinthians, Flamengo e Grêmio são os clubes que revelam futuros craques, jogadores que podem disputar uma Copa do Mundo num futuro próximo. Há investimento e cuidado para moldá-los.

Dos 23 convocados por Felipão para esta Copa, apenas quatro atuam aqui no Brasil: Victor (Atlético-MG), Jefferson (Botafogo); Jô (Atlético-MG) e Fred (Fluminense). Por que não convocar jogadores daqui? Na Copa de 82, a seleção brasileira tinha por base atletas que jogavam no nosso país. Não ganhou a Copa por conta de Paolo Rossi estar inspirado, mas encantou os olhos de quem assistiu, acompanhou.

A Alemanha treina com esse elenco que foi campeã da Copa há 8 anos. A média de idade do time é de 25. Calma, não estou falando que há a necessidade de copiarmos os alemães, holandeses, franceses ou argelinos. A verdadeira mudança começa pelos corredores da entidade chamada CBF. José Maria Marin, Marco Polo Del Nero, Andrés Sánchez e outros engravatados que jogam com a caneta precisam ser retirados. É para o bem da administração do futebol. É para o bem do futuro da nação futebolística.

As bases são formadas para erguer taças e não para forjar jogadores aos times principais. Os técnicos daqui são medíocres, pois não estudam, salvo um nome: Tite. É o treinador que mais sabe de futebol. Não é demagogia, bairrismo e muito menos oportunismo. É realidade, aceitem isso. Tite foi acompanhar jogos na Inglaterra, Espanha e Itália para aprimorar a sua capacidade.

A reformulação também passa pela organização dos campeonatos, que são longos, cansativos. É jogo quarta, domingo, terça. Não há pausa de pelo menos uma semana para os atletas. A fórmula de disputa é esdrúxula. Tenho saudades do mata-mata, verdadeira fase que levava o público ao estádio. Hoje, com a 'arenização', com os horários manipulados por uma emissora, o torcedor não sente vontade de ir ao estádio; prefere assinar o PPV e assistir no conforto de casa com a família.

Para ter novas ideias é preciso ter novas pessoas. Marin pode ser considerado um pseudônimo de Ricardo Teixeira, seu antecessor. A troca foi de 6 por meia dúzia. Nada mudou. Para um futebol melhor para todos, como prega o Bom Senso FC (falando nisso, cadê o Paulo André, Alex, Rogério Ceni para falar sobre a reformulação?), é crucial que haja pessoas comprometidas com o futebol brasileiro. O hexa não veio em 2014, e pode não vir em 2018 se continuarmos com essa visão de olhar para o próprio umbigo.

Ainda dependemos de um único jogador para assombrar os adversários. Até quando? Futebol é um esporte coletivo. Há muita soberba, infelizmente, quando se fala apenas em Neymar. É um jogador importante, claro, mas jogam com ele mais dez. Individualismo é algo podre. Mas estamos acostumados com isso. Nesta Copa, não tivemos meio-campo. David Luiz e Thiago Silva, zagueiros, apostavam nos lançamentos longos. Faltou um Sócrates, Rivelino, Zico, Rivaldo. Maestros que sabiam realmente assombrar os zagueiros adversários.

Quando um jogador da seleção brasileira recebe destaque é um zagueiro, isso significa que o buraco é ainda mais embaixo na qualidade, técnica e tática dos jogadores.

O Campeonato Brasileiro está voltando do recesso pós-Copa. A ver como será o comportamento das equipes. Não se sabe até quando o futebol brasileiro pode piorar. Como disse Robson Morelli, colunista do Estadão, "Os alemães, de modo geral, pediram para que nós, brasileiros, não joguemos no lixo toda a tradição e história do nosso futebol. Para que isso não aconteça, é preciso de fato mudar muita coisa. Ou continuaremos afundando nessa areia movediça em que caímos."

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