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terça-feira, 22 de julho de 2014

Dunga está afim de mudar, mas ainda é uma incógnita

Dunga foi apresentado oficialmente como o novo técnico da seleção brasileira. A apresentação aconteceu hoje na sede da CBF. Quem fez o anúncio oficial foi o presidente da entidade, José Maria Marin.

No começo, o novo técnico da seleção brasileira demonstrava certo nervosismo. As primeiras palavras foram de agradecimentos pelo convite:

"Um prazer está aqui novamente, uma felicidade imensa. Agradeço o convite e a confiança", disse Dunga. 

Depois, ele começou a se soltar mais. Questionado sobre a relação dele com a imprensa, fator que norteou a Copa 2010, na África, o ex-técnico do Internacional disse que precisa melhorar o relacionamento. 

"Vocês já me conhecem e dificilmente uma pessoa muda em relação a comprometimento, ética e trabalho. Mas sei que tenho que mudar, como a relação com a imprensa", afirmou. 

Entretanto, soltou algumas pérolas. Dunga disse que vai dar sequência ao trabalho que a CBF faz há dois anos e que nem tudo foi ruim na Copa do Mundo. Ou seja, a esperança por reformulação e o discurso de que foi um vexame diante da Alemanha caíram por terra. 

A todo momento, Dunga utilizava o seu aproveitamento na primeira passagem como fator positivo. Porém, futebol é feito de resultados. Nada de tão complicado a ser analisado. É a função do técnico vencer e conquistar títulos. Todavia, queria-se naquele momento ouvir um projeto, uma tática, uma nova filosofia de jogo.

"Os meus números foram os indícios que o presidente Marin me chamaram de volta. [...] O mais importante que temos que passar é ter um perfil de comprometimento, respeito e ética. Como cometemos erros, temos que reconhecê-los e não cometê-los novamente"

O momento de maior ápice na entrevista coletiva ocorreu quando o jornalista Cosme Rimoli chamou José Maria Marin de estadista. Porém, foi preciso ele(Cosme) perguntar para o presidente da CBF sobre a reforma eminente da Granja Comary e sobre a privacidade, que não ocorreu em nenhuma parte dos treinamentos da seleção brasileira para a Copa de 2014. E, também, alfinetou indiretamente a Rede Globo, detentora dos jogos oficiais da Seleção e sobre o fácil acesso que ela teve durante a preparação. Sobre isso, Marin respondeu que espera ouvir do Dunga qual medida será tomada para evitar o acesso a todo instante:

"A reforma da Granja Comary foi para ter privacidade, conforto e segurança. [...] Estamos esperando as primeiras providências do Dunga para ter a privacidade sem prejudicar o trabalho de vocês [jornalistas]. Nós queremos sugestões, ouvindo principalmente o Dunga e tomar as providências necessárias", disse Marin.

Dunga foi questionado pelo mesmo jornalista sobre a relação dele com a Globo. O novo comandante disse que não teve nenhum problema. 

"Eu não tive problema com a Globo ou com 'A', 'B' ou 'C'. Não vou mudar a minha essência, agora, tem que ser planejado as coisas, colocado no papel e cada um terá seu espaço. Ninguém vai impedir a imprensa de trabalhar. Mas o objetivo maior é a seleção brasileira". 

Ainda sobre o tema privacidade, Dunga completou dizendo que "conversas com jornalistas têm que ser como essa aqui: para todo mundo ouvir!". Ou seja, não se repetirá o fato de Felipão ter conversado com apenas 6 jornalistas.

De um modo geral, a entrevista começou de forma positiva. Porém, teve oscilação e ficou marcado por algumas pérolas, como o elogio ao craque colombiano JIMENEZ (na verdade, é James Rodriguez) e a citação ao "amigo" ENRICO SACCHI, técnico italiano que na verdade se chama Arrigo Sacchi. 

Além das pérolas, houve um erro gravíssimo de concordância, algo que é aprendido no Ensino Fundamental. O técnico disse "Vão suicidar ele".  E o pior veio no final: não foi um erro de português, mas sim, o desmerecimento do título alemão nesta Copa. Ele desconstruiu a reformulação do futebol alemão de 2002 para cá, colocando o título mundial apenas na conta de uma "boa geração". 

Reforçando: Dunga quer ser "paz e amor" e está afim de utilizar a alta rejeição para melhorar o seu desempenho e reconquistar o carinho que tivera na Copa de 1994. Será difícil. Porém, como ele mesmo disse:

"Irei usar os 20% ao meu favor. Não sinto a rejeição que dizem por aí, claro que não podemos querer todo mundo com a mesma opinião. Quero mudar a maneira das pessoas pensarem ao meu respeito. Nelson Mandela tinha tudo contra e conseguiu mudar, com paciência".

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