Jogar na altitude não é uma coisa fácil. Até porque exige muito do seu condicionamento físico. Bolívia, Equador, Peru e Chile são países que tem uma elevada altitude. Todos os times sofrem, inclusive times desses países citados. Um exemplo disso foi o jogo da primeira fase da Libertadores entre Bolívar e São Paulo. No primeiro jogo, vitória do Tricolor por 5 a 0. Vaga praticamente concluída. Mas no jogo de volta, o departamento médico do São Paulo levou aproximadamente 10 tubos de oxigênio para seus atletas. Antes de partir para o local da partida, eles ficaram concentrados em uma outra cidade, que fica em torno de 30 km. Depois de tanto respirar pela ajuda de aparelhos, partiram para o jogo. Isso surtiu efeito benéfico. O São Paulo começou arrasador e logo no primeiro tempo fez 3 a 0. No final da primeira etapa, o Bolívar diminuiu. No segundo tempo, a história foi outra. São Paulo morreu em campo e precisava dos 10 tubos. O time boliviano empatou e virou o jogo para 4 a 3. Aí está o grande problema da altitude. A falta de ar. Não adianta ingerir uma grande quantidade de oxigênio pois isso acaba. Rogério Ceni foi perguntado por um repórter, que não citarei a emissora, se faltou atitude do time são-paulino, ele disse: 'Não faltou altitude, e sim atitude'. Fez um jogo de palavras, dizendo que a altitude não foi a tal culpada pela derrota, e sim a falta de ataque do time visitante.
Muitas perguntas são feitas sobre a altitude. E fazendo algumas pesquisas e encontrando respostas, abaixo as cito.
O que acontece quando alguém sai do nível do mar e sobe
demais?
Quem vive em cidades ao nível do mar ou em localidades
relativamente baixas não está acostumado
às condições atmosféricas
das grandes altitudes – portanto, o organismo sente
o impacto da mudança e precisa de tempo para
se adaptar. O corpo responde da seguinte maneira: a
freqüência respiratória aumenta, a
freqüência cardíaca se acelera e a
concentração de glóbulos vermelhos,
que transportam o oxigênio para os músculos,
aumenta no sangue. Nesse período de adaptação,
os sintomas mais comuns são respiração
curta, dores de cabeça, náusea, vômitos,
tontura, insônia (em dois terços dos casos)
e perda de apetite (em um terço das pessoas).
Todas as pessoas sentem os sintomas negativos da altitude
maior?
Não. É impossível prever se alguém
sofrerá com os sintomas ou terá uma adaptação
tranqüila. Calcula-se que os sintomas negativos
sejam sentidos por cerca de 15% das pessoas a 2.000
metros de altura. O índice sobe para 60% quando
se chega a 4.000 metros. A mais de 5.000, todas as pessoas
sentem algum tipo de efeito negativo. Qualquer pessoa
está sujeita ao problema – fatores como
idade ou sexo não são determinantes. A
característica que mais pesa na definição
de quem sofre ou não com os efeitos da altitude
é a condição física. Geralmente,
quem está bem condicionado lida melhor com a
situação. O bom preparo e o fôlego
em dia, porém, não garantem totalmente
que uma pessoa ficará livre dos sintomas.
O que é possível fazer para amenizar (ou
eliminar) esses sintomas?
O melhor é subir aos poucos, ou seja, viajar
a alturas sucessivamente maiores e dar tempo suficiente
para a adaptação. Quanto mais rápida
é a chegada e mais alto é o destino, piores
são os sintomas. Assim, uma pessoa que vive ao
nível do mar e resolve visitar La Paz, a mais
de 3.600 metros, pode evitar problemas gastando alguns
dias numa altura intermediária, a pouco mais
de 2.000 metros. Quem não tem tempo para fazer
a adaptação deve tentar chegar ao destino
com uma boa condição física –
recomenda-se caminhar ou correr nas semanas que antecedem
a viagem. Foi isso que a equipe de médicos do São Paulo sugeriu, mas, naquele dia, não funcionou muito.
Quais são as cidades onde os sintomas podem ser mais
sentidos?
Todas as que são localizadas em grandes cadeias
de montanhas ou em altiplanos. Há localidades
muito altas na Europa, América do Norte e Ásia,
em especial Nepal e Tibete. No continente sul-americano,
as mais altas cidades estão na Bolívia,
no Peru, no Equador e na Colômbia. O país
de Evo Morales tem, além de La Paz, as cidades
de Oruro(onde o Corinthians também sofreu para empatar com o San José), El Alto e Potosí – essa última
é conhecida como a cidade mais alta do planeta,
a mais de 4.100 metros. A peruana Cusco (3.400 metros),
a equatoriana Quito (2.800 metros) e a colombiana Bogotá
(2.650 metros) são outras cidades muito altas
nos países vizinhos.
Por que a Fifa fala em proibir partidas oficiais de
futebol nas alturas?
Porque o calendário da modalidade não
permite que os times e seleções tenham
tempo suficiente para a adaptação à
altitude. As equipes das outras regiões reclamam
do deseqüilíbrio provocado por esse fator
nas disputas. O Equador, por exemplo, foi às
duas últimas Copas do Mundo graças aos
bons resultados obtidos em Quito. Na Copa Libertadores
da América, diversos clubes brasileiros sofreram
nos duelos com equipes muito inferiores tecnicamente.
A forte reação dos países andinos,
que incluiu até a promessa de boicote às
competições internacionais, adiou a aplicação
do veto aos jogos na altitude, decidido no início
do ano. Mas em dezembro, o Comitê Executivo da
Fifa declarou que os jogos não podem ser disputados
acima dos 2.750 metros, a não ser que os times
tenham o prazo necessário para a aclimatação.
Torcemos para que as partidas não seja mais realizadas em locais com altas atitudes. Os jogadores e torcedores precisam jogar, mas não se sacrificar. FIFA e Conmebol devem ajudar e não atrapalhar os condiconamentos físicos de cada atleta. A vida é mais importante que todos os metros elevados de altitude.
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