Literatura e futebol andam de mãos dadas. Perfeito casamento onde tem briga, polêmicas e boas histórias. Quem escreve esse casamento são os profissionais mais carismáticos, os jornalistas. Todo sonho de um jornalista é lançar um livro, independentemente de qual seja o assunto. Para o jornalista esportivo, por exemplo, ele vai tratar do futebol, da Fórmula 1, do Basquete, enfim, de qualquer modalidade relacionada a sua área.
É comum vermos grandes nomes do jornalismo escrevendo suas emoções vividas. O primeiro livro a gente nunca esquece. A literatura tem muito a ver com o esporte, principalmente com o futebol, esporte mais adorado e visto por todos nós. Para comprovar essa tese, basta ler A bola e o verbo, de Rodrigo Viana, jornalista do SBT. Na obra, futebol, jornalismo e literatura, não exatamente nessa ordem, são explorados. Com base em textos de craques como Mário de Andrade, Lima Barreto, José Roberto Torero e João Saldanha, ele
mostra como a crônica de futebol se instalou na imprensa brasileira e
os desdobramentos desse movimento para a nossa literatura e para o
jornalismo.
Voltemos há 10 anos. Em 2003, Paulo Vinícius Coelho - mais conhecido como PVC -, o seu primeiro livro, Jornalismo Esportivo, lançado em 2003 pela Editora Contexto.
Uma quase autobiografia profissional com excelentes dicas para aqueles que
pretendem abraçar a carreira do jornalismo esportivo. Entre os vários
capítulos, destacamos um que, certamente, desperta enorme curiosidade no público
leitor (e das rádios e TV) do esporte número um do país: a relação do repórter
com a chamada “fonte”. A literatura esá presente, já que ele narra os fatos vividos.
No mesmo ano, Juca Kfouri, um dos mais respeitados jornalistas brasileiros, publicou Meninos, eu vi...Neste
livro, ele mostra uma nova faceta - a do memorialista em que o autor publica memórias históricas ou literárias. São cinqüenta deliciosas
histórias, fruto de um observador, acima de tudo, apaixonado pelo
futebol. Logo, o estilo narrativo é onisciente.
É necessário saber por que um esporte tão impregnado no imaginário brasileiro, como o
futebol, tem, à exceção da crônica, uma presença relativamente tímida em
nossa literatura. José Lins do Rego dedicara um romance ao futebol (Água-mãe), e
Alcântara Machado, curiosamente um amigo de Oswald[de Andrade], fazia sucesso com
Brás, Bexiga e Barra Funda, seleta de contos na qual o jogo aparecia com
destaque. Mais tarde, contistas como Edilberto Coutinho, Sérgio
Sant’Anna e Rubem Fonseca também abordariam o futebol em suas obras,
pavimentando uma estrada na qual, hoje, caminham autores da chamada
Geração 90, como Marcelino Freire e Flávio Carneiro.
O time da poesia poderia escalar Vinicius de Moraes, Ferreira Gullar,
Armando Freitas Filho e Glauco Mattoso. Todos dedicaram versos ao
esporte futebol.
Já a tradição da crônica futebolística, menos “ficcional” porquanto
mais centrada na análise dos jogos ou na descrição de episódios da vida
dos envolvidos com o esporte, se sedimentou por intermédio de nomes como
João Saldanha, Sandro Moreyra, Armando Nogueira, Mario Filho e Nelson
Rodrigues. Os dois últimos, irmãos, foram pioneiros — cada qual a seu
modo.
Ex-jogador que se tornou escritor, torcedor e
crítico literário, professor universitário e técnico como tantos milhões
de brasileiros, Flávio Carneiro mostra, em Passe de letra – Futebol
& literatura, que “há mais coisas entre o céu e a pequena área do
que supõe nossa vã filosofia” – e, justamente por isso, razões
indefiníveis para a paixão. Já que não dá para explicá-la, Flávio
prefere declarar seu amor incondicional à ‘redondinha’ através de suas
reminiscências de infância e de ponta-direita na juventude, bem como das
grandes emoções que um homérico Pelé, um lírico Garrincha ou mesmo um
clown Dadá Maravilha lhe proporcionaram.
Flávio Carneiro aproxima suas duas paixões
traçando analogias entre o esporte e a literatura. Para ele, Garrincha
dominava a arte da simplicidade e era tão lírico em campo quanto
Drummond ou Bandeira em seus versos.
Duas áreas diferentes, mas que se juntaram e estão presentes até hoje. Um casório sem fim. Viva a lua de mel. Mais uma vez.
quinta-feira, 14 de novembro de 2013
As palavras são deles, dos jornalistas
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Rodrigo Viana
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