Juan Carlos Osorio está há um mês no comando do São Paulo. Acreditou no planejamento feito pelo presidente Carlos Miguel Aidar. Porém, nesse período, o que o técnico está vendo é a debandada do seu elenco. Perdeu o zagueiro Antônio Carlos, que foi para o Fluminense; Paulo Miranda, para o futebol austríaco e os volantes Rodrigo Caio, que está na Espanha, e Souza, vendido para o Fenerbahçe, da Turquia.
Assim como Osorio, Rogério Ceni acreditou na perspectiva de trabalho do seu mandatário. Prolongou o seu contrato até o fim de 2015. Quer encerrar a carreira com um título. Entretanto, não erguerá a taça. Campeonato Paulista sequer chegou à final. Libertadores, eliminado pelo Cruzeiro. No Brasileirão, não convence. Já são duas derrotas seguidas, além de um empate contra o Avaí, no Morumbi.
Michel Bastos é o único jogador que vem dando orgulho ao torcedor são-paulino. Porém, um dia depois de ser goleado pelo Palmeiras por 4 a 0 pelo Brasileirão, o jogador de 32 anos ressaltou que a situação financeira ruim do clube já dura desde o ano passado.
São quatro meses de direitos de imagem atrasados. Diferente de Alexandre Pato, Michel, com muito mais experiência, disse que não processará a equipe. Mas ressaltou que o Tricolor nunca fora um clube de atrasar pagamentos.
"Pelo que me falaram antes, o São Paulo nunca foi de atrasar salários, sempre arcou com seus compromissos. Lógico que se soubesse dessa situação antes, teria colocado tudo na carteira para receber".
O dinheiro da venda de Rodrigo Caio seria utilizado para quitar as dívidas e melhorar a saúde financeira. Mas a negociação melou. Oito milhões de reais. Este foi a quantia para vender o volante Souza. Se o valor é insuficiente para quitar os atrasados, o que aconteceu com o planejamento da diretoria?
O caso do São Paulo é semelhante ao do Corinthians em relação a salários atrasados. O rival do Parque São Jorge, porém, vive situação ainda mais delicada. Com dívidas na casa dos R$ 300 milhões — mais o pagamento do estádio — o Timão teve que repensar sua folha salarial e dispensar Guerrero e Sheik, ambos contratados pelo Flamengo.
Juan Carlos Osorio, desconhecido em solo tupiniquim, já vê a realidade do futebol brasileiro. Clubes que não pagam o que devem, jogadores mal-condicionados, parte técnica e física em decadência a cada rodada. Por isso, estipula-se que ele peça demissão nas próximas rodadas. Talvez nem complete o primeiro turno da competição.
Saiu da Colômbia, onde era homenageado e visto como um inovador. Veio para o Brasil para aperfeiçoar. E isso não foi visto. A vitória contra o Grêmio, por 2 a 0, e Chapecoense, por 1 a 0, serviram apenas com uma luz para que abafasse o que realmente acontece nos bastidores do clube.
Avança, São Paulo foi o slogan errado. Aidar faz declarações entorpecidas de impulsividade e completo despreparo. Cobra títulos através da imprensa. Esteve fora do futebol há 26 anos. A filosofia mudou, ficou mais mercantil, menos amigável.
Foi o idealizador, co-fundador e presidente do Clube dos 13. Já elegeu-se presidente do São Paulo, de 1984 a 1988. Marin e Aidar são amigos de longa data, frequentadores um da casa do outro, íntimos o suficiente para trocar as mais secretas confidências. A CPI do Futebol pode até interrogá-lo, e seria justo.
Sua filha, Mariana, já quis ser sócia-majoritária do clube. Pretendeu colocar no clube do Morumbi mais de 30 atletas. Muricy Ramalho, à época ainda treinador do São Paulo, disse não ao projeto estapafúrdio da jovem garota.
Os atrasos de salários e a situação atual caótica fazem com que Osorio tenha dúvidas e incertezas para trazer a sua família, que reside na Colômbia, para São Paulo. Ele acha que seria um negócio arriscado.
Reforços não chegaram. Jogadores foram vendidos. Cafu, jovem atacante, pode estar de saída. Tudo para quitar as dívidas. E o rendimento do clube paulista cai gradualmente a cada rodada. Situação delicada no Tricolor Paulista, que entre os grandes já foi o primeiro.
E o torcedor, impaciente com técnico estrangeiro e revolucionário, já pede o boné de Osorio. Não há jeito. Aquele torcedor esperto sabe que quem causa o prejuízo maior ao clube não é o inocente colombiano, e sim o amigo de Marin, que é sócio do São Paulo e apoiou Juvenal Juvêncio em suas eleições. De presente, tirou o Morumbi da Copa do Mundo de 2014.
A culpa é realmente do técnico? Ou da diretoria?
sexta-feira, 3 de julho de 2015
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