Luis Moura/Gazeta Press |
Os primeiros minutos do clássico já demonstravam quem poderia sair vencedor. E obviamente era o clube comandado por Oswaldo de Oliveira. Jogando com três atacantes, Dudu, Cristaldo e Rafael Marques, o Palmeiras pressionava muito a saída de bola do São Paulo, algo que raramente acontece com o clube alviverde, uma vez que nos últimos jogos faltaram pressão e intensidade nas saídas de bola do adversário.
E o gol aos três minutos aponta claramente essas características. O erro de Rogério Ceni ao chutar a bola, fez com que a mesma caísse nos pés de Robinho, que estava a 40 metros da meta são-paulina. Robinho teve inteligência, frieza e espírito ousado. Dominou a bola no peito, esperou quicá-la no gramado e chutou, encobrindo Rogério e marcando um golaço!
Com o placar favorável, o Palmeiras apenas fazia o que sabe de melhor: trocar passes. E foi nessa troca de passes, que, aos 9 minutos, Dudu, ao fazer a passagem, acertou Tolói com uma cotovelada. O zagueiro do São Paulo não deixou barato e revidou. Foi expulso e o 4-4-2 do São Paulo se desmanchou de vez contra o 4-2-3-1 do alviverde, com Dudu, endiabrado, e Robinho invertendo.
Após a expulsão, Ganso, anulado em campo, tornou-se volante. O time ficou ainda mais lento: lento pra defender, lento pra atacar. Muricy observou e quis recompor a zaga. Sacou Alexandre Pato e colocou Edson Silva. Pouco mudou. O Palmeiras tornou o Tricolor ainda mais lento e aberto devido à algo que Oswaldo de Oliveira tem competência para trabalhar: as viradas de jogo. Foi assim com Lucas e Zé Roberto, dois laterais que fizeram com eficiência esse tipo de lance.
O segundo gol palmeirense não demorou a sair. Dudu, um dos melhores em campo, carregou a bola até a linha de fundo, fez o passe. A bola passou por Robinho, mas não por Rafael Marques, que ampliou em chute cruzado. Os 2 a 0 mostram como a estratégia alviverde enganou o São Paulo: dava a bola de propósito, deixava a equipe passar do meio-campo, chegar com perigo pela linha de fundo. E isso irritou Oswaldo de Oliveira, que pediu para a equipe gastar a bola e diminuir os espaços.
A comissão técnica em conjunto com os analistas de desempenho organizam um 4-2-3-1 posicional, que recupera a posse de bola rapidamente, mas que trabalha bem a bola antes de finalizar. Aplicação perfeita. Tite, treinador do Corinthians, utiliza este método. Não quero comparar Corinthians e Palmeiras. Apenas é para deixar claro que Oswaldo de Oliveira provou deste veneno no clássico realizado no mesmo Allianz Parque.
Muricy colocou Centurión aberto pela esquerda no lugar do cada vez mais vagaroso Ganso. O comandante Tricolor queria velocidade, infiltração, passes rápidos e finalização. Mas novamente foi engolido pela vantagem numérica, vontade, inteligência e organização alviverde.
Oswaldo colocou Gabriel Jesus, porém manteve o 4-2-3-1 com muitas trocas de posição. Em um 4-2-3-1 é essencial que um dos pontas seja um jogador agudo, que entre na diagonal. Dudu não possui essa característica: é um jogador que retém a posse, gira a bola e espera o momento exato para agredir. Rafael Marques possui. E foi nessa diagonal, que ele fez o terceiro gol palmeirense.
Arouca e Gabriel, dupla de volantes, recuperaram a segunda bola e protegeram-a. Dudu fez o movimento de diagonal, característica que não lhe é comum, para a área. Zé Roberto recebeu, teve tempo de pensar a jogada e cruzou. Rafael Marques, infiltrado entre Edson Silva e Denílson, ficou livre, sem marcação, para correr em direção a bola e marcar.
Foram 417 passes contra 305 do São Paulo e 22 desarmes, o dobro do rival. São Paulo não finalizou uma vez sequer. Foi assim contra o Corinthians pela Libertadores. Outro clássico de improdutividade da equipe são-paulina. Apática, fria, sem movimentação. Muitos erros. E ficou ainda pior quando perdeu seu melhor jogador em campo: Michel Bastos, expulso.
Palmeiras fez a sua melhor partida em 2015 até aqui. Foi um time versátil, rápido, envolvente. Colocou o São Paulo no bolso. Um time que não teve jogadores em suas posições fixas. Vimos os três atacantes atuando como meias passadores e protegendo, em alguns momentos, a defesa, deixando o São Paulo sem reação.
Se o Paulistão é um laboratório para o que realmente vale na temporada, o jogo de hoje era um simulado das provas finais. E o Palmeiras gabaritou. O São Paulo terá uma prova de recuperação. Tem que estudar mais, se preparar mais. Foi anacrônico. Muricy está apático, atordoado. E não é para menos. Sentiu a falta de intensidade em mais um clássico.
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