O final de semana foi repleto de clássicos. Em São Paulo, tivemos o Majestoso (São Paulo x Corinthians); em Fortaleza, o Clássico-Rei envolvendo Ceará e Fortaleza; em Belo Horizonte, Cruzeiro x Atlético-MG. E no Rio de Janeiro, tivemos o clássico Vovô. Fluminense x Botafogo.
Ceará e Fortaleza duelaram pela terceira vez na temporada, no sábado à noite, em partida valida pela quarta rodada do Campeonato Cearense, no Castelão. O Alvinegro defendia uma escrita de 13 partidas sem derrotas para o Tricolor. Eram três anos de invencibilidade. No entanto, de virada no fim, o time do Pici venceu, por 2 a 1, no Castelão.
Os clássicos do Sudeste foram realizados no domingo. São Paulo x Corinthians e Cruzeiro x Atlético-MG jogaram às 16h, enquanto que Fluminense x Botafogo foi às 18h30.
O Majestoso foi realizado no Morumbi. Domingo à tarde. A previsão era de que ao menos 25 mil pessoas comparecessem ao estádio. Apenas 18.720 pagantes, gerando uma renda de R$ 817.160,00. Ou seja, a média de cada ingresso foi de R$ 43,65.
Já no clássico mineiro, o público foi maior, quase que o dobro de São Paulo x Corinthians. O público no Mineirão foi de 34.412 pagantes (35.390 público total). A renda dessa partida foi de R$ 1.368.285,00, concluindo que a média por ingresso foi de R$ 39,76.
No Rio de Janeiro, o clássico mais antigo do Estado gerou apenas 21.795 pagantes. O público total foi de quase 25 mil. E a renda: R$ 694.640,00. Média de cada ingresso: R$ 31,87.
No clássico de sábado, realizado no Castelão, 29.380 torcedores pagaram o ingresso, enquanto que o público não pagante foi de 855, gerando uma renda de R$ 522.643,00. Cada ingresso custou, em média, R$ 17,79.
Conclusão: o clássico do Nordeste custou mais barato ao bolso dos torcedores, preenchendo alguns setores do estádio, principalmente no que diz respeito às áreas destinadas para as torcidas organizadas. Já o clássico paulista, foi a mais cara e menos produtiva (capacidade x público). No que diz respeito às rendas, o clássico envolvendo Cruzeiro x Atlético-MG foi mais lucrativa. Foi mais do que o dobro da renda de Ceará x Fortaleza e quase que o dobro do clássico carioca.
O preço dos ingressos no Brasil (US$ 22,62) é cerca de o dobro do que se paga na Argentina ($12,22), Turquia ($11,20) e México (US$ 10,72), países com renda per capita semelhantes. Também é muito próximo ao que se paga na média na França ($25,35), país com Renda per capita 270% superior à brasileira*.
Encher o estádio deveria ser prioridade total dos clubes, mesmo que para isso seja necessário praticar preços de ingressos mais compatíveis com a renda da população. Sabemos que há uma correlação direta entre interesse de mídia e de patrocinadores, com jogos em estádios cheios (e o inverso também é verdadeiro), portanto, “casa cheia” potencializa outras receitas dos clubes, além de aumentar o interesse dos jogadores.
Em 2014, a Ferj (Federação de Futebol do Rio de Janeiro) pediu que os clubes reduzissem os preços dos ingressos para aumentar o público durante o Campeonato Carioca. De 2013 para 2014, a média de público pagante no estadual aumentou apenas em 432 pessoas.
O produto futebol no Nordeste está tendo seu auge devido à Copa do Nordeste e às cotas de TV, principalmente do Esporte Interativo, primeiro canal de TV aberta que apostou na competição. Os clássicos agradam. E os preços, idem.
O preço dos ingressos não é o único responsável pelo esvaziamento dos estádios brasileiros, entretanto é um dos mais relevantes. Mas tem algo pior para o futebol do que um jogo ruim disputado em estádio vazio?
“Tenho certeza absoluta de que nem se a gente deixasse os portões abertos encheria o Morumbi.” (Ataíde Gil Guerreiro, vice-presidente de futebol do São Paulo)
*Informação coletada do órgão Pluri Consultoria.
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