Juliana Ribeiro Cabral, mais conhecida como Juliana Cabral, nasceu em São Paulo, 3 de outubro de 1981), é uma ex-futebolista brasileira que atuava como Zagueira.
Juliana Cabral trancou a facudade de Educação Física, para atuar fora do Brasil. Na Suécia, jogou no Kopaberg Goutemburg. e foi capitã da Seleção Feminina de 2001 a 2004, Bicampeã Sulamericana 1998-2003, Medalha de Ouro no Pan-americano em 2003 e medalha de Prata nas Olimpíadas de Atenas. Também foi comentarista da TV Bandeirantes nos Jogos Pan-americanos de 2007 e das Olimpíadas de Pequim 2008 pela BandSports.
Hoje, Juliana é formada em Educação Física e comentarista da Rádio Globo. Abaixo, você pode conferir um pouco mais da entrevistada.
Gabriel Dantas: Para os futuros leitores, explique quem é Juliana Cabral?
Juliana Cabral: Ex-atleta de futebol que atuou profissionalmente durante 13 anos.
Cheguei a seleção brasileira com 15 anos de idade e tive a oportunidade de
disputar dois Sul-Americanos (98 e 2003), dois Mundiais (1999 - bronze e 2003 - sexto), duas
Olimpíadas (2000 Sidney - 4°lugar, e 2004 Atenas - Prata) e Ouro no Pan-Americano de Santo
Domingo 2003. Joguei nos EUA (2006) e na Suécia em 2004, aqui no Brasil joguei no
Pro Sport, Saad, São Paulo, Palestra, Corinthians, Vasco, São Bernardo e
Jaguariúna. Durante anos joguei salão na Associação Sabesp futebol de salão.
Parei de jogar em 2009, sou formada em Educação Física e hoje trabalho na rádio
Globo como comentarista.
GD: Você é
comentarista da Rádio Globo. Como surgiu o convite?
JC: Na época trabalhava na RedeTV, no programa Belas na Rede, e me chamaram
para fazer um jogo da seleção feminina no Torneio Internacional de São Paulo,
aceitei e após algumas semanas estava trabalhando na rádio. Sou muito grata a
oportunidade que a rádio Globo me deu através do produtor Eduardo Barbosa o
famoso Belezinha.
GD: Antes da
Rádio Globo, você teve uma passagem pela RedeTV e BandSports. Como foi
trabalhar nessas duas emissoras?
JC: Foi muito
bacana. Pela BandSports fiz alguns jogos de Olimpíadas e Mundiais
feminino, mas na RedeTV era diferente. Aos domingos tínhamos um programa para
falar dos campeonatos masculinos. Aprendi muito nas duas emissoras, na Band
ainda tive a oportunidade de trabalhar ao lado do Silvio Luiz no Pan de 2007 e
jamais vou esquecer essas experiências. Foram anos de muito aprendizado.
GD: Como começou sua história no futebol feminino? Dificuldades e
superações.
JC: Comecei de pequena jogando na escola, na rua e em casa com o meu irmão.
A primeira dificuldade surgiu na escola, na aula de educação física, as meninas
não podiam jogar até que um dia pedi para o professor e ele deixou. Passei a
jogar na escola, mas em casa surgiu a segunda dificuldade, minha mãe. Não
gostava que os meninos vinham me chamar na porta de casa e começou a me proibir
de jogar, como meu irmão Leandro sempre foi muito companheiro, sempre dava um
jeito de eu ir com ele e assim fizemos minha mãe mudar de ideia. Com a
aprovação da minha mãe e incentivo do meu pai fiz um teste na Pro Sport e
passei e ali começou a minha carreira. Os obstáculos foram vários, o término de
clubes, alguns meses sem receber, condições precárias de trabalho, a distância
da minha família após perder a minha mãe...o futebol foi a minha válvula
de escape, todos os obstáculos e dificuldades me fortaleceram ainda mais na
busca do meu sonho. Sempre tive meu pai e meus irmãos do lado e acredito que a
minha mãe sempre me guiou lá de cima.
GD: Você foi
zagueira. Sempre quis atuar nessa posição? E muito se fala que o atleta que
joga nessa posição, tem que mostrar liderança. Como era o seu comportamento
dentro das quatro linhas?
JC: Não,
comecei como meia e o grande Zé Duarte, Seu Zé do Boné, me colocou para jogar
de zagueira. Talvez tenha que mostrar porque tenha uma visão completa do jogo,
mas isso é de cada um, acredito. As coisas aconteceram naturalmente, prestava
atenção em tudo, treinava muito e sempre que tinha a oportunidade falava, me
expunha, incentivava, cobrava, orientava...
GD: Você
participou do grupo que foi medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Atenas, em
2004. Para você, onde o Brasil errou para não ter conquistado o ouro?
JC: Difícil
falar. Treinamos muito para chegar aonde chegamos. Estudamos demais as
americanas e na única bola que erramos, perdemos. Foi um grande jogo, deixamos
tudo ali.
GD: Quais são suas observações sobre o futebol feminino atualmente?
JC: Mudou muito pouco da minha época. Acredito que o futebol feminino tenha
altos (época de Olimpíadas, Mundiais onde surgem os interesses pela
modalidade) e baixos (na sua grande maioria). Vejo tudo o que é feito para o
feminino na maioria das vezes de qualquer jeito, para falar que estão fazendo.
A menina ainda tem dificuldade de acesso ao futebol, poucos clubes têm categoria
de bases, poucos clubes se mantêm o ano inteiro com campeonatos, o nível
competitivo entre as equipes é muito desigual, a preparação do profissional não
existe, atletas que cobram profissionalismo, mas não tem atitudes
profissionais. Resumindo, acho que o futebol feminino ainda engatinha no
Brasil.
GD: O que
acha da seleção brasileira feminina atual?
JC: Jogadoras
com qualidade que precisam evoluir muito. Acho que a chegada do Vadão será
muito interessante. Aliás fiquei impressionada com a qualidade das jogadoras da
sub-20 que disputaram o Mundial agora (do Canadá) e querer comparar essa derrota para
Alemanha com a dos homens na Copa, é uma piada.
GD: Muito se
fala que você se decepcionou com a desorganização do esporte
no Brasil, e por isso você decidiu pendurar as chuteiras. Isso se confirma
ou há mais algum motivo?
JC: Isso se
confirma. Para resumir perdi o tesão com tanta falta de respeito.
GD: Você já
jogou nos EUA e na Suécia. Qual a principal diferença no quesito estrutura
destes dois países para o nosso?
JC: Total, lá
a estrutura é profissional.
GD: Quais são
suas opiniões a respeito da seleção brasileira masculina? A revolução no
futebol deveria começar muito antes dessa derrota contra a Alemanha?
JC: Jogadores
que ganham muito e se comprometem pouco (não generalizando) Claro que sim, mas
mesmo com uma derrota dessa quem pensa o futebol brasileiro continua achando
que somos os melhores. Precisamos pensar mais no esporte e esquecer um pouco
questões políticas e grana.
GD: Qual a
principal diferença do futebol europeu para o nosso?
JC: Organização,
a busca do conhecimento sempre. Aqui estamos estacionados, vivendo de
passado.
GD: Dunga é
um bom nome para substituir Felipão?
JC: Não
acredito. Fez o que o Dunga nos últimos anos? Venceu um estadual com o Inter,
teve um bom time e teve dificuldades. Depois de uma derrota daquelas pensava
ver um treinador que pensa o jogo diferente, estudioso, com ideias novas...
Continuaremos em busca da vitória simples.
GD: Muito se
discutiu nesta Copa sobre o choro dos jogadores. Até quando o emocional pode
atrapalhar no desempenho de um atleta? E como ficava o seu emocional durante
uma partida decisiva?
JC: Jogador é
ser humano se emociona também, mas tem que ter limite, tem que ter controle das
ações. Acho que a questão emocional acentuada aliada ao despreparo técnico e
tático atrapalhou. O frio na barriga antes do jogo é normal, a ansiedade, a
emoção no hino que normalmente passa um filme na sua cabeça, mas a hora que o
jogo começa isso tudo tem que ficar de lado. Procurava adquirir confiança no
início do jogo, concentrar o máximo possível e quando o jogo começava tudo
fluía naturalmente.
GD: Vimos
na Copa, um grande público nas novas arenas. Você é otimista em relação que
essas arenas irão continuar recebendo um bom público ou não? Por que?
JC: Acho
difícil, primeiro pela qualidade do nosso futebol e segundo pelo valor dos
ingressos. Sem falar da violência.
GD: Como
você olha para o futebol feminino nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em
2016?
JC: Tenho certeza que seremos muito bem representada pelas meninas que se
dedicam muito, o fator casa pode dar uma motivação a mais, mas será muito
difícil porque enfrentaremos seleções completamente preparadas fisicamente,
tecnicamente e psicologicamente.
GD: Para finalizar, deixe um recado para os futuros leitores
JC: Ver o produto final com sucesso na maioria das vezes não conseguimos imaginar o processo para se chegar ali. O importante é sempre prosseguir, acreditar e transformar as dificuldades em energia para se conquistar o sonho. Grande beijo a todos.
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