Foto: Marcos Ribolli - Globo.com |
Todo ano é assim: os clubes grandes são favoritos. E no Paulistão desse ano, não foi diferente. Palmeiras era favorito por ter mantido a base do ano passado, quando ganhou o Brasileiro da Série B, e por ter contratado mais alguns jogadores, como o zagueiro Lúcio. Santos sempre entra como favorito, pois tem um elenco forte e chega às finais da competição. São Paulo e Corinthians são tradicionais na fórmula, principalmente o último, por ter 27 títulos.
Mas esse ano, foi dos clubes do interior. Botafogo de Ribeirão Preto, Ituano, Penapolense, Bragantino e Ponte Preta chegaram às quartas de finais do Paulistão. Junto com eles, vieram Santos, São Paulo e Palmeiras. Corinthians foi eliminado precocemente, após fazer uma campanha irregular e por ter havido entrega do São Paulo. Mas isso não vem ao fato. Ituano eliminou o Botafogo-SP nos pênaltis (3 a 1); São Paulo foi eliminado pela Penapolense nos pênaltis (5 a 4); Santos passou fácil pela Ponte Preta (4 a 0); e o Palmeiras venceu o Bragantino por 2 a 0.
Na teoria, a final mais própria para o Campeonato Paulista seria Santos x Palmeiras. As duas equipes disputavam gol a gol para saber quem tinha o melhor ataque. Porém, o Ituano, surpreendentemente, eliminou o Palmeiras, em pleno Pacaembu, por 1 a 0. Gol aos 38 minutos, de Marcelinho. Cabia ao Santos passar pela Penapolense, para que houvesse um time grande na final, embora o Ituano seja gigante. Sem trocadilhos.
O Santos teve dificuldade de vencer a Penapolense. O jogo foi 3 a 2. Santos e Ituano iriam fazer a final do Paulistão. Boa parte achavam que o Santos iria passar como se fosse um trator por cima do Ituano. Enganaram-se. No primeiro jogo, o Ituano colocou o Santos no bolso. Toques rápidos e envolventes. Parecíamos ver Barcelona x Santos. Fica a critério qual jogo o torcedor santista quer: os 4 a 0 no Mundial, ou os 8 a 0 no Amistoso. O time de Itu venceu por 1 a 0, gol de Cristian.
A derrota não abalou o Santos, porém colocou um ponto de interrogação na torcida. Será que vamos perder para o Ituano? Não é possível. É sim. Como diz a máxima do futebol, "o futebol é uma caixinha de surpresa". Mas não seria surpresa caso o Ituano vencesse. A equipe comandada por Doriva fez um excelente trabalho. Melhor defesa do Campeonato.
Chegou o tão esperado dia. Derrubando os considerados grandes um a um, o bravo time treinado por
Doriva chegou ao ápice neste domingo, ao vencer o Santos, por 7 a 6, nos
pênaltis, no Pacaembu, após derrota 1 a 0 no tempo normal. Pela segunda
vez, a primeira com a presença de todos os grandes, o Ituano é campeão
estadual. A primeira foi em 2002, quando os principais clubes do estado
disputavam uma edição maior do Torneio Rio São-Paulo. Entre os 34.964
pagantes no estádio, a minoria comemorou.
Em 2010, o Ituano escapou do rebaixamento na última rodada da primeira
fase, com Juninho Paulista fazendo o gol da permanência na elite. Hoje, é
ele quem comanda as ações fora de campo, como gerente de futebol. Em
2013, novo susto: um gol no último minuto salvou a equipe da degola,
após vencer o Palmeiras por 2 a 1.
Ou seja, a humildade do elenco do Ituano foi maior que a do Santos, que achou que poderia fazer a quantidade de gols a qualquer momento. Não é assim. O estrelismo é um mal que atinge qualquer elenco que se acha confiante demais. Não que a confiança não deva existir, mas desde que seja de forma cautelosa. O Ituano foi assim. Título merecido. Jogou com raça e coração nas pontas das chuteiras. Mérito. Aos times grandes, um aviso: cuidado com os times do Interior. Eles estão ficando mais fortes a cada ano que passa.
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