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quarta-feira, 11 de abril de 2018

Palmeiras está certo em desconfiar da interferência externa. Mas dá para provar?

A decisão do Campeonato Paulista ainda é assunto após três dias. O Palmeiras, derrotado nos pênaltis para o rival Corinthians, se silenciou, não abriu treinos para a imprensa e, nesta quarta-feira, precisa virar a chave, pois enfrenta o Boca Juniors, da Argentina, pela terceira rodada da Libertadores. O jogo será no Allianz Parque, mesmo palco da finalíssima do último domingo.

A pauta do Paulista não é a excelente partida feita pelo garoto Matheus Vital ou a mobilidade que o alviverde ganhou com a entrada de Keno. E, sim, a possível interferência externa, no lance envolvendo o atacante Dudu e o volante Ralf.

No segundo tempo, quando o placar apontava 1 x 0 para os visitantes, o árbitro Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza marcou pênalti do jogador corintiano sobre o palmeirense. Porém, um grande cerco se fechou e a pressão sobre o dono do apito ficou forte. Muita conversa e muita demora. Passados oito minutos da marcação, Marcelo Aparecido decidiu voltar atrás e anulou a penalidade. A meu ver, decisão acertada. Não foi pênalti.

Entretanto, o mérito da questão é a seguinte: houve interferência externa? Por que Dionísio Roberto Domingos, diretor de arbitragem da Federação Paulista de Futebol, estava no gramado? O Palmeiras divulgou um vídeo no qual aposta em "provas irrefutáveis" de que houve o chamado erro de direito.

Veja abaixo:


Sem áudio, fica difícil (quase impossível) provar o teor da conversa e até mesmo a participação de Dionísio Roberto. Mas uma coisa é certa: ele não deveria estar ali. O lugar dele era o camarote, sentado na confortável cadeira, com ar-condicionado. Qual a intenção em invadir o gramado do Allianz Parque?

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O árbitro não pode tomar uma decisão baseada em informações de uma pessoa de fora que não seja do quadro de arbitragem. Tanto que na súmula divulgada pela Federação Paulista de Futebol, o nome de Dionísio não está presente. Quem também conversa com o árbitro é Adriano de Assis Miranda, designado como quarto árbitro. Nesse caso, a participação dele é válida, pois faz parte do corpo de arbitragem.

Adriano de Assis está "próximo" da jogada, cerca de 22 metros. Na avaliação dele, o Ralf só toca a bola, mas a convicção passa longe quando ele diz que a decisão tem que "ser sua", apontando para Marcelo Aparecido. São oito minutos!! A demora tira a credibilidade da arbitragem e induz ao uso indevido da interferência externa.

Marcelo Aparecido de Souza apitou a decisão (Foto: Jales Valquer/Fotoarena/Estadão Conteúdo)

O CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva), no artigo 259, diz que a partida, caso tenha sido provada a interferência externa, "poderá ser anulada se ocorrer, comprovadamente, erro de direito relevante o suficiente para alterar seu resultado”.

Isso não deve acontecer. Pois o Corinthians não tem nada a ver com a situação e ganhou o campeonato nos pênaltis. Mas o Palmeiras está certo em lutar pela moralidade do futebol brasileiro e desmascarar o sistema da Federação Paulista de Futebol, comandada por pessoas que não entendem bulhufas do assunto. São políticos, nunca dirigiram um clube.

O Palmeiras tem esse direito e vai lutar até o fim. Há razão para desconfiar da interferência? Sim. Se vão conseguir provar, é a questão. A ver o desdobramento do caso e a solução final.

Agora, caso o árbitro de vídeo fosse utilizado, a demora seria menor e a eficiência, maior. Simples assim. Sou a favor da utilização do recurso eletrônico. No vôlei, na Superliga Feminina e Masculina, a arbitragem está sendo ajudada. A justiça é feita!

Vale lembrar que houve votação para o implemento do recurso no Campeonato Brasileiro, mas 12 clubes votaram contra (América-MG, Atlético-MG, Atlético-PR, Ceará, Corinthians, Cruzeiro, Fluminense, Paraná, Santos, Sport, Vasco e Vitória) e sete a favor (Botafogo, Bahia, Chapecoense, Flamengo, Grêmio, Internacional e Palmeiras). O São Paulo não votou, porque não havia representante.

Uma vez eu entrevistei um ex-árbitro de futebol (terá o nome preservado por ser uma fonte), e ele me disse que era contra o árbitro de vídeo, pois "quem iria controlar a câmera oficial do jogo era o homem, o ser humano".

Ou seja, o problema da arbitragem e até o auxílio é crônico!

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