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quarta-feira, 18 de abril de 2018

Do que adianta o "novo" se as ideias são velhas?

Rogério Caboclo, único candidato a presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), contou com o apoio das 27 federações e 37 clubes, e assumirá o posto em abril de 2019, no lugar de Marco Polo Del Nero, suspenso pelo Comitê de Ética da Fifa de todas as atividades relacionadas a futebol, e que não pode sair do Brasil, caso contrário será preso.

Atlético-PR, Corinthians e Flamengo não votaram em Caboclo na eleição dessa terça-feira, 17. Em seu discurso, o novo presidente da entidade disse que está comprometido com quem o apoiou. Ou seja, seria uma ameaça àqueles que não compactuaram com o chefe da delegação da Seleção Brasileira na Copa do Mundo da Rússia?

Rogério Caboclo foi eleito o novo presidente da CBF (Divulgação/CBF)

O que esperar de Caboclo na CBF? Nada de novo. A estratégia da CBF é velha, ultrapassada, marcada pelo coronelismo. E isso vem desde João Havelange, que deu poder aos familiares mais próximos, como o seu genro - Ricardo Teixeira, que assumiu o posto de presidente da CBF em 1989, ficando até 2012.

Depois, assumiu José Maria Marin, marcado pelo roubo da medalha durante a cerimônia de premiação na final da Copa São Paulo de Futebol Júnior, em 25 de janeiro de 2012. A medalha seria entregue a um jogador do Corinthians, mas, disfarçadamente, ele praticou o roubo.

Cinco anos depois, Marin foi condenado por seis dos sete crimes no escândalo de corrupção da FIFA. O escândalo permaneceu na gestão de Marco Polo Del Nero, seu "substituto".

Caboclo terá que se desvencilhar das imagens assombrosas dos últimos mandatários. São quase 30 anos de vergonha. Os títulos da Copa do Mundo (1994 e 2002) nesses últimos comandos e as premiações altas para os campeões são uma massa de manobra, uma tentativa - furada - de fechar os olhos para as polêmicas e sujeiras jogadas ao vento. Não podemos nos esquecer dos vexames na Copa do Mundo de 2014 e nas duas edições da Copa América.

Não dá para esperar algo de bom e novo na nova CBF, visto que o atual diretor de desenvolvimentos e projetos é Gustavo Perrella, político flagrado traficando 450 kg de cocaína em um helicóptero.

Caboclo assumirá a gestão apenas em abril do ano que vem. É uma prática corriqueira da instituição que manda no futebol brasileiro. Dinheiro não vai faltar no cofre. Arrumar a casa, em vários âmbitos, precisa ser feita, como transformar o futebol feminino, investir nas categorias de base, solucionar os problemas do calendário e da arbitragem.

Discurso de integridade e união é mero clichê. Na teoria, tudo é lindo. Na prática, é mais do mesmo.

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