Um dia antes da partida contra o Santa Fe, da Colômbia, na terça-feira, 17, o Flamengo fez um treino aberto no Maracanã. Mais de 45 mil pessoas estiveram presentes em uma tarde de sol. Julio Cesar, goleiro, e Juan, zagueiro, disseram que a torcida é "diferente".
Tanto os atletas mais experientes quanto os jovens prometiam levar ao Maracanã, um dia depois, a vibração da torcida. Na quarta-feira, 18, o estádio estava vazio, pois o Rubro-Negro foi punido pelas confusões contra o Independiente, da Argentina. O que se viu em campo foi apatia. Principalmente após o gol de empate marcado por Morelo - artilheiro da Libertadores. Henrique Dourado abriu o placar.
Na quinta-feira, 19, o São Paulo entrou em campo para enfrentar o Atlético-PR - jogo de volta da quarta fase da Copa do Brasil. Na ida, o Furacão bateu o Tricolor por 2 x 1. O ritmo da equipe comandada por Diego Aguirre foi intenso. Muitas trocas de passes, movimentação de Nenê e Valdívia, variação pelas laterais. Era um time bem vibrante em campo.
Flamengo ficou no empate com Santa Fe (Foto: Gilvan de Souza/Flamengo) |
Mas, após abrir 2 x 0 (gols de Valdívia e Nenê), o Atlético-PR diminuiu com Guilherme, em cobrança de pênalti. O São Paulo sentiu o golpe e desandou. Na segunda etapa, apenas os visitantes começaram a sair para o ataque. E não demorou para sair o gol de empate, com Matheus Rossetto.
O empate prosseguiu e o Atlético-PR ficou com a classificação para as oitavas de final da Copa do Brasil.
Mas o que tem a ver Flamengo e São Paulo? Explico.
São duas equipes que encontram dificuldades quando sofrem pressão. Os erros são repetitivos. Falta identidade para ambas. Ao Flamengo, é questão técnica, de jogadores que deveriam assumir um papel importante, como Diego (muito elogiado pela pessoa que vos escreve) e Everton Ribeiro. Ao São Paulo, falta de continuidade. O clube gastou mais de R$ 50 milhões em contratações, mas o resultado não surge.
O Flamengo não consegue passar da fase de grupos da Libertadores. Não tem uma linha a seguir. Joel Santana, Vanderlei Luxemburgo, Andrade, Rogério Lourenço, Zé Ricardo e, agora, Maurício Barbieri, que substitui Paulo Cesar Carpegiani (que também comandou o Flamengo no início da competição internacional). São alguns exemplos. Barbieri, mais recente, é jovem, fez estágio com José Mourinho e se inspira em Guardiola. Entretanto, nos dois jogos oficiais à frente do Rubro-Negro, o treinador cometeu erros nas substituições.
São Paulo também ficou no empate com o Atlético-PR (Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net) |
O São Paulo, além do problema em campo, tem situações complicadas fora dele. A gestão é incompetente, como analisei neste espaço em uma outra oportunidade. São Paulo não ganha um título desde 2012, ano em que faturou o título inédito da Copa Sul-Americana, após vencer o Tigres-ARG. O último Campeonato Brasileiro foi conquistado em 2008.
Nos últimos seis anos, a história chega a ser irrisória, repleta de tropeços e vexames. Eliminações para a Ponte Preta, Penapolense, Bragantino, Ceará. No Campeonato Paulista deste ano, quase foi surpreendido pelo São Caetano, sendo eliminado nas semifinais para o Corinthians.
O São Paulo ainda não tem a taça da Copa do Brasil na sua sala. E terá esperar mais um ano para tentar o título inédito. Com Aguirre, o Tricolor tem mostrado evolução, mas ainda é insuficiente para buscar o "algo a mais".
As diretorias de Flamengo e São Paulo vão tocando o barco no ritmo lento, do "vai assim mesmo". Não é assim que funciona. Com elencos bem mais modestos, Corinthians e Grêmio mostram que é possível jogar um futebol pragmático e eficiente. São times que têm identidade e jogadores selecionáveis.
O discurso de "raça e determinação", para mim, é indiferente. Como disse o jornalista André Rocha, do portal UOL, "não dá para vencer sempre na fibra. O que conta é o talento individual de uma peça que deveria assumir a faixa, é a qualidade técnica, inteligência e, claro, o gol.
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