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terça-feira, 17 de abril de 2018

Discurso humilde, curso com Luxemburgo e legado no futebol capixaba: entrevista com Zé Humberto, técnico do Atlético Itapemirim

O Atlético Itapemirim tem escrito a sua história no futebol capixaba e brasileiro. E isso acontece devido ao trabalho firme e com respaldo da diretoria do treinador Zé Humberto, de 55 anos.

José Humberto de Oliveira, natural de Uberaba-MG, está na equipe alvinegra desde junho de 2016. Em menos de dois anos, se consolidou. Faturou dois títulos de nível estadual: campeão do Campeonato Capixaba e da Copa ES. Nesta temporada do estadual, o Atlético ficou em quinto na classificação geral e não foi para as semifinais.

Agora, o treinador disputará sua terceira final, desta vez em um campeonato nacional, a Copa Verde. Para chegar à decisão, o Atlético-ES eliminou Brasiliense, Cuiabá e Luverdense. O adversário será o Paysandu. O primeiro jogo está marcado para a próxima quarta-feira, 25, às 21h30, no estádio Kleber Andrade. O jogo da volta será 16 de maio, às 20h, no Mangueirão, em Belém.
Zé Humberto espera conquistar mais títulos no Atlético-ES (Foto: Reprodução/Facebook/Atlético Itapemirim)

Três decisões em menos de dois anos. Qual a fórmula do sucesso? Zé responde:

– É muito trabalho. Trabalho, união, dedicação. Tenho uma condição boa para trabalhar. A diretoria é competente, temos uma boa estadia, alimentação, tudo isso favorece – disse o treinador, em entrevista por telefone.

Confira a íntegra da entrevista:

Como foi a sua chegada ao Atlético-ES?
Eu tenho um amigo em São Paulo, Júlio Borges. Ele me indicou para o presidente Rubens Pinheiro, que entrou em contato comigo. Ele me ligou, apresentou o projeto e eu aceitei.

Elenco
Fui moldando de acordo com o que eu gosto de trabalhar. A diretoria me deu respaldo e carta branca para montar do meu jeito. Sempre trabalhei com elenco reduzido, não gosto de [elenco] inchado. Eu considero qualificado e que mira grandes objetivos. Nós estamos trabalhando com muita humildade, dedicação, aqui todo mundo é amigo. Sabemos que é um time modesto, mas que vamos traçar conquistas.

Atlético-ES disputará primeira final em um torneio de âmbito nacional (Foto: Reprodução/Facebook/Atlético Itapemirim)

É o melhor momento da carreira?
Tive muitos outros momentos bons na carreira, como os três acessos seguidos no futebol paulista: Ferroviária (2001), Oeste (2002) e Sertãozinho (2003). Estive em Goiás, onde treinei o Itumbiara, também fui campeão. Mas, de fato, vivo um momento muito bom. Conquistar dois títulos no mesmo ano, estar em uma final de Copa Verde, onde eliminamos o Brasiliense, não é para qualquer um. Aquilo que te falei anteriormente: é trabalho. O coletivo funciona.

Fórmula do sucesso:
É muito trabalho. Trabalho, união, dedicação. Tenho uma condição boa para trabalhar. A diretoria é competente, temos uma boa estadia, alimentação, tudo isso favorece. A gente tem conhecimento que o time é modesto, humilde, mas vamos sempre traçar objetivos. É um elenco vencedor.

Há preconceito com o futebol capixaba?
No tempo que eu estou aqui, vejo que futebol é resultado, assim como em qualquer lugar do mundo. O Atlético Itapemirim é um time humilde, modesto. Para muitos, é zebra, outros dizem que é grata surpresa. O nível do futebol capixaba está melhorando e vai evoluir gradativamente. Isso é natural. Temos um bom quadro de arbitragem, os dirigentes são sérios, os clubes têm mostrado um bom futebol, isso é mérito. Houve uma presença maior dos torcedores nos estádios, então isso é bacana. Aos poucos, as pessoas vão passar a respeitar ainda mais o futebol capixaba.

Variação tática e legado: Zé Humberto (Foto: Reprodução/Facebook/Atlético Itapemirim)

Inspiração vem de qual técnico?
Fiz cursos com Abel Braga, Dorival Júnior, Vanderlei Luxemburgo. São treinadores que eu respeito muito. Acho que a gente tem que evoluir, mostrar o nosso trabalho, estudar bastante. Eu preciso fazer aquilo que seja bom para mim e para o elenco. Futebol é resultado e evolui rapidamente. Temos que estar atentos aos detalhes. Lembro que na década de 90, os técnicos utilizavam o esquema 3-5-2, depois, em 2000, era o famoso tripé de volantes, no 4-3-3, agora é 4-2-3-1 ou 4-2-4, como o Corinthians vem fazendo. Então, há variação.

Modelo de jogo
Eu monto o elenco e o esquema tático de acordo com a necessidade, ou seja, varia, depende do adversário, do momento do jogo. Então, eu começo a partida no 4-4-2, mas dependendo da situação, eu vou para um 4-2-3-1 ou 4-3-3. Eu preciso entender a filosofia do adversário, perceber qual o melhor momento da substituição, que às vezes nem é a saída do atleta, vai da percepção mesmo. Por isso, tenho que estudar.

O que esperar do Atlético Itapemirim na final da Copa Verde e na Série D do Brasileirão?
Temos que, primeiramente, manter a humildade. Na Copa Verde, eliminamos Brasiliense, Cuiabá e Luverdense, que são equipes fortes, bem montadas, que merecem respeito. Se conseguimos chegar à final é porque mostramos que o nosso objetivo está bem consolidado. A Série D é uma competição muito difícil. Temos pela frente o Americano (Rio de Janeiro), que tem um bom trabalho, o Novorizontino (São Paulo), que dispensa comentários, pois chegou às quartas de final do Campeonato Paulista, tem um ótimo trabalho desenvolvido, e o Uberlândia (Minas Gerais), que tem condição boa. Mas o nosso objetivo é se classificar para a próxima fase.

Legado?
Eu quero ficar no Atlético Itapemirim. O presidente Rubens Pinheiro já deixou bem claro que eu posso sair assim que eu quiser. Mas não penso em sair. Quero ficar mais tempo, tenho contrato até o fim de 2018. Quero conquistar mais títulos aqui e deixar um legado para o futebol capixaba. Um legado de conquistas, de um trabalho bem montado, sério. Se eu deixar uma coisa boa aqui, que os próximos possam dar continuidade, para que as coisas fluem.

O Atlético-ES, fundado em 1965, também debutou na Copa do Brasil. Entretanto, foi eliminado na primeira fase pelo Remo (vitória por 2 x 0). A estreia na Série D está marcada para este domingo, 22, às 16h, contra o Uberlândia, fora de casa, no estádio Parque do Sabiá. Além dois dois, Novorizontino-SP e Americano-RJ completam o grupo A13.

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