Bibiana Bolson entrevista o craque Rivellino |
Bibiana Bolson começou a trajetória aos 16 anos. Entrou na faculdade muito nova e imatura, mas sempre foi muito curiosa. Em poucos meses, já estava trabalhando nos laboratórios da PUC-RS, para que assim que surgisse uma oportunidade estivesse preparada. Vieram estágios em online, revistas, jornais e televisão. Quando percebeu, estava formada e completamente realizada.
Teve duas passagens pela RBS TV, afiliada da Rede Globo em Porto Alegre. Apresentou o Jornal do Almoço, fez aparições no Globo Esporte, onde cobria a região de Pelotas. Está na segunda passagem no Canal Campeão. Faz matérias e cobre grandes eventos, como o Brasileirão e o UFC, além de coletivas nos clubes cariocas.
Em nova entrevista para o Blog do Gabriel Dantas, Bibiana comenta sobre a Copa de 2014, o que mudou na sua vida profissional, a admiração dos seus seguidores nas redes sociais e muito mais.
Você participou do maior evento futebolístico, a Copa do Mundo, pelo SporTV. Conte-nos como recebeu o convite e a experiência de cobrir este evento?
Tenho certeza que a Copa do Mundo de 2014 vai ser pra sempre uma grande história na minha vida. Eu era repórter em Pelotas, mas desde 2013 tinha o sonho de poder trabalhar no SporTV. Mandava e-mail para os chefes, portfólio, buscava contatos com frequência. Soube que o canal precisaria usar repórteres das afiliadas da TV Globo para uma grande cobertura (fizemos a maior cobertura da televisão fechada, com mais de 500 pessoas diretamente envolvidas).
Então manifestei meu desejo de estar nesse time. Isso foi em 2013. Quando o ano virou, me preparava para a cobertura do Campeonato Gaúcho, tinha uma tremenda responsabilidade em Pelotas, porque era o retorno do Brasil de Pelotas à elite do futebol e seria minha primeira vez cobrindo dois times para o Estado e apresentando o Jornal do Almoço local. Trabalhei muito, tinha uma meta profissional a cumprir e fiz uma meta pessoal maior.
Era um desafio: enviar pelo menos 3 matérias por semana para o Globo Esporte Estado (quem trabalha em praça sabe que nem tudo que é feito para o jornal local é exibido no estado). Ao final do Gauchão, tinha números ótimos, tinha conseguido dar visibilidade à cidade de Pelotas e também ao meu trabalho. Iniciei o ano bem, mas queria mais.
Em meados de fevereiro, quando o Gauchão ainda estava no começo, recebi uma ligação pedindo meus dados para que um pedido de credenciamento fosse encaminhado à FIFA. Naquele momento, pensei: "Isso é um sonho, não pode ser verdade!". E era. Em maio, passei por um treinamento no Rio de Janeiro. Alguns dias depois, fui informada que havia sido solicitada para ficar na redação da cidade, onde funcionaria a base de toda a cobertura. Queriam conhecer meu trabalho, uma indicação que partiu do próprio SporTV. Era sinal do reconhecimento do trabalho que já vinha fazendo no Rio Grande do Sul.
Quando a Copa começou, me sentia um pouco insegura, me questionava como seria cobrir esse evento e se eu realmente estava preparada para tamanha responsabilidade. Mas com o passar dos dias fui me soltando mais e pude mostrar um pouco do que eu dominava. Um dos diferenciais foi ter o domínio do inglês e do espanhol, facilitou na execução das pautas, no contato com os turistas e foi útil para mostrar o comportamento dos milhares de apaixonados que escolheram o Rio de Janeiro para viver a experiência única de uma Copa do Mundo.
O canal estava 24 horas no ar, então tive também que aprender a executar o jornalismo independente do horário, durante dois meses. Trabalhei muito, passei por perrengues naturais, mas tive oportunidades que vou levar na memória pra sempre. Entrevistei o Caniggia, Passarela, Lothar, acompanhei jogos como Bélgica x Rússia, Espanha x Chile, entrei ao vivo do hotel em que estava a seleção alemã no dia da grande final. Para fechar com chave-de-ouro: vi o gol da Alemanha, na final, de pertinho. (E nesse dia nem estava trabalhando, por sorte, consegui estar no Maracanã no momento do jogo).
Das reportagens que fizeste na Copa do Mundo, qual foi a mais especial? Por quê?
Todas foram especiais. Mas a que mais gosto e que marcou a cobertura era uma que contava sobre Copacabana transformada por turistas, a Copacabana do Mundo.
Neste ano, você entrou para o time do SporTV, mas por um contrato temporário. Como surgiu o contato e o que mudou na sua vida profissional?
Eu estava cumprindo uma licença-estudo da RBS TV. Não estava trabalhando, vim para o Rio de Janeiro para concluir um mestrado e fazer algumas pesquisas. Um repórter (e grande amigo) precisou de uma licença-saúde no SporTV, acabei sendo chamada para cobrir o período e a RBS liberou. Ele ainda não retornou, fui ficando. Quero que ele volte logo, é um repórter fantástico e uma pessoa que eu gosto muito também. Se Deus quiser, vamos trabalhar juntos novamente na emissora ou no mercado (me desliguei da RBS TV em junho).
Sobre o que mudou?! Mudou muito! Essa segunda passagem oportunizou um contato mais longo e diário com os editores, colegas, profissionais envolvidos nas produções do canal. Retornar deu mais credibilidade para o meu trabalho também, é uma possibilidade de aprender com quem conhece muito, oportunidade de circular nos clubes cariocas, trocar informações com colegas de outras empresas, assessores de imprensa, assessores de jogadores, enfim, ampliar minha rede de contatos e mesmo a bagagem de conhecimento.
Todo dia eu aprendo algo novo, num universo que está sempre se modificando. Estar num canal como o SporTV é o sonho de todo jornalista, era o meu e segue sendo, é um daqueles sonhos que você não quer acordar, sabe?! Vejo muita dedicação das pessoas que comandam o projeto do canal, o diretor, Raul Costa Jr., por exemplo, tem uma visão sobre jornalismo que é diferenciada, porque ele gosta de apostar na inovação, consegue identificar potencial em jovens (tanto que tem um projeto para iniciantes- Passaporte SporTV). Ele já havia feito um trabalho de destaque na RBS TV e provou em coberturas de grandes eventos que sempre pode surpreender. Eu sempre acreditei que profissionais de destaques são aqueles que tentam fazer o impossível e vejo isso nessa gestão, seja pelo Raul ou por quem auxilia (muita gente trabalhando/pensando). O programa premiado da Copa "É Campeão" prova isso que eu estou dizendo.
Qual a reportagem mais marcante e o seu jogo mais importante que cobrira para o SporTV nesta segunda passagem?
Eu não gosto dessa coisa de eleger qual a reportagem mais marcante, porque no fundo tenho a sensação que a reportagem mais importante é aquele que ainda não fizemos ou mesmo aquela que estamos fazendo naquele momento.
Uma pessoa que entende muito de telejornalismo, me disse que admirava meu jeito de olhar pro filé mignon ou pra carne de pescoço, que eu encarava as pautas com a mesma empolgação. Acho bondade dessa pessoa em destacar isso, mas no fundo, eu tenho mesmo essa coisa de supervalorizar aquela pauta.
As histórias são tão fascinantes que eu fico muito empolgada! Só acho que o dia-a-dia, treinos, por exemplo, muitas vezes tiram essa empolgação, como em qualquer profissão. A rotina, às vezes, tira o brilho. Porém, vou eleger aqui o trabalho que mais gostei de fazer: uma entrevista exclusiva com Paolo Guerrero, atacante do Flamengo. Dias de negociação, mas quando foi ao ar muitas pessoas falaram. Gostei!
Pela RBS Caxias, você tinha um quadro chamado ‘Fôlego’. Como surgiu esse quadro?
Sim, esse quadro foi um desafio que fiz pra Bibiana sedentária. Eu tinha participado da Copa do Rio. Quando mudei pra Caxias, voltei um pouco desmotivada para o esporte. Decidi então que faria uma atividade que me desse prazer, que não fosse obrigação. Um cinegrafista da RBS TV corria num grupo, era um time de profissionais competentes e com uma proposta interessante. Fui conhecer e me apaixonei pela dinâmica. Pensei a série de uma forma fora do padrão, porque percebi que a corrida movimentava um mercado paralelo, da venda de acessórios à suplementação. A corrida é paixão, mas é negócio também...Assim foi surgindo ideias! O resultado foi sensacional, um orgulho!
Em outubro de 2014, estiveste presente na UCS (Universidade de Caxias do Sul) na Semana de Comunicação, onde teve um bate-papo com os alunos. Além de você, estava o Maurício Saraiva. Qual foi a sensação de falar para os futuros jornalistas?
Na PUC-RS, em Porto Alegre, ainda como estudante, eu sempre fui à muitas palestras. Acredito que a minha formação oportunizou que eu buscasse desafios maiores na minha carreira, sei da importância de levar o mercado de trabalho para a academia. Dividir com jovens é também estimulá-los. Nesse dia na UCS, eu estava nervosa, mas orgulhosa! Aos 25 anos falar pra uma plateia é louco, né?! Responsa!
Pelas redes sociais, você recebe muito carinho. Qual é a sensação de recebê-lo? Isso te motiva a seguir na área esportiva?
Eu percebi a força que tinha nas redes sociais recentemente. Porque depois de cada jogo que fazia, buscava meu nome e lia o que enviavam. Reparei que não era só em jogos, mas em matérias de forma geral. Passei a postar mais pra observar a reação. Isso foi tomando uma proporção maior e eu fui aprendendo a compartilhar mais.
Não tenho milhares de seguidores, mas tenho seguidores fiéis. Eles vibram quando apareço. Comentam, sugerem, criticam...Eu gosto desse contato, porque é tudo muito espontâneo o que eles pensam, eles postam. Serve de termômetro também.
Meus chefes e meus colegas acho que nem sabem como uso essas redes. Hoje administro três contas:
Instagram: https://instagram.com/bibihbolson/
Facebook: https://www.facebook.com/bibiana.bolson
Twitter: https://twitter.com/bibianabolson
Juntos somam mais de 15 mil pessoas. Falando de Internet, parece pouco, mas pra mim é algo gigante. Não sou celebridade e nem intenciono ser. Sou jornalista, trabalho com credibilidade. Acho engraçado conhecer 20% dessas pessoas, quer dizer que os outros 80% me conhecem da telinha! Isso é demais!!!!
O seu mestrado terá como assunto o tema racismo no futebol, tendo como base o caso da Patrícia Moreira. Por que decidiu abordar este tema?
Antes do caso da Patricia Moreira, em 2014, passei por uma situação em Pelotas. Fiz uma matéria sobre o assunto logo depois do caso do Tinga, fui vista como "a jornalistazinha metida a besta que mexeu onde não devia". Muitos me rotularam, entenderam que eu estava erguendo uma bandeira para criticar uma torcida em específico. Mas, na verdade, minha intenção era abordar o assunto de forma séria, com informações que as pessoas desconheciam.
Na época, o editor do programa no estado ficou com receio de colocar a matéria no ar. Um tempo depois, vi o Brasil inteiro debatendo a questão, jornais nacionais fazendo matérias sobre o racismo no futebol. Esse foi meu momento de "redenção", do tipo "ufa, ainda há gente interessada em tratar dessa questão".
As pesquisas foram me envolvendo, as ideias foram surgindo. Infelizmente, a minha rotina de trabalho atrasa um pouco minha produção intelectual. É difícil fazer as duas coisas ao mesmo tempo, mas até o final do ano vou publicar um trabalho sobre o assunto e quero transformar em livro posteriormente. Essa vai ser a minha contribuição como jornalista, como cidadã. Quero ser referência nessa temática, ajudar a quebrar essa barreira que nós, imprensa, construímos com o tema.
O que mudou da profissional e pessoa Bibiana de 2014 para cá?
Em 2014, eu estava fazendo jogos no interior do Rio Grande do Sul. Passei pela Copa do Mundo, voltei pro Sul, fui pra Serra Gaúcha, me dediquei à apresentação, melhorei a técnica (a narração principalmente). Estudei muito, aprendi, li. Um belo dia acordei pra me preparar pra cobrir Flamengo x Fluminense no Maracanã. De repente, o Maracanã, templo do futebol, passou a ser meu destino todo final de semana. O que mudou? Mudou tudo!
A Bibiana pessoa aprendeu a ser mais tolerante, a entender que as críticas por mais que sejam arrasadoras, são fundamentais e devem servir de combustível. Eu sei onde quero chegar, sei que pode demorar, mas eu vou conseguir. Em 2014, eu tinha a péssima mania de estabelecer prazos (até tal ano estarei em tal lugar), agora tô mais light. Entendo que a vida tem também seu ritmo e que temos que respeitar. Eu me afastei de amigos e familiares pra viver o sonho do jornalismo esportivo, mudei de cidade muitas vezes nos últimos 4 anos. Essa foi uma mudança (segue sendo) importante, tenho me esforçado mais pra ser presente, priorizando pequenas coisas como uma ligação que recebo da minha mãe: "Já tá em casa, filha? Comeu o quê? Faz um chá! Vai correr!". Mas, de verdade, tenho que agradecer tudo que aconteceu nos últimos 12 meses, sou abençoada!
Para encerrar, o que seus admiradores podem esperar da profissional Bibiana Bolson?
Por conta dos meus "admiradores", eu estou elaborando um projeto para Internet. Ainda que continue na televisão, que eu quero muito, eu estou me especializando em conteúdo online. Pesquisas diárias, artigos, ideias, pilotos, projetos. Quero até o final do ano ter um canal no Youtube, que seja diferente de tudo que tem por aí.
Na minha intimidade, entre amigos, sou muito brincalhona, atrapalhada, cabeça de vento. Portanto, quero colocar mais da minha personalidade nas coisas que produzo. Ter uma pitada mais "artística", de repente, cozinhar falando de futebol, me aventurar por aí... São ideias que surgem.
Bibiana Bolson tem a sua personalidade brincalhona. E essa é tanta, que pode ser observada no trecho abaixo:
"Posso dizer o seguinte: se hoje somos 15 mil pessoas, em breve, vamos atingir UM MILHÃO. E olha eu fazendo expectativa com números e metas altíssimas (risos). Podemos ser um milhão, né?! Pega o milho, deixa ele crescer bastante e pronto. MILHÃO. Brincadeira, gente! Vamos em frente!"
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