É com muita honra, mas com muita honra mesmo, que recebo nesse humilde espaço mais um jornalista de alta categoria. O nome dele é Milton Neves, blogueiro do UOL e apresentador do Terceiro Tempo, na TV Bandeirantes.
Milton Neves Filho nasceu em Muzambinho, Minas Gerais, no dia 6 de agosto de 1951. É jornalista e radialista. Iniciou a carreira em 1968, aos dezessete anos, como locutor na Rádio Continental em sua cidade natal. Radialista esportivo, trabalhou na Rádio Colombo em Curitiba, na Rádio Jovem Pan AM de São Paulo (onde marcou época a frente do programa Terceiro Tempo e do Plantão de Domingo) e na Rádio Oscar Monchito de Goiânia. Atualmente está na Rádio Bandeirantes AM e na BandNews FM.
Desde os anos 90 dedica-se também à apresentação de debates televisivos sobre futebol, obtendo grandes audiências. Iniciou na Rede Manchete, apresentando o Canal 100, programa clássico onde mostrava o futebol sob uma ótica cinematográfica. Depois, na Rede Bandeirantes, seguiu comandando os programas esportivos "Gol O Grande Momento", "Esporte Total Debate" e "Super Técnico". Em dezembro de 2001, seguiu para a Rede Record apresentando os programas "Terceiro Tempo" e "Debate Bola". Na Rede Mulher de Televisão e afiliadas apresentando o programa "Golaço".
Atualmente, após seu retorno à Rede Bandeirantes, apresenta o "Terceiro Tempo" aos domingos. Durante a Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, estreou um novo programa, também na área esportiva, com o nome de "Band Mania". Participaram da atração os ex-jogadores Denílson, Emerson e Vampeta.
É assumidamente torcedor do Atlético Mineiro e do Santos.
Um de seus atritos mais polêmicos é com Sílvio Luiz, narrador, e com o técnico Emerson Leão.
Abaixo, você poderá acompanhar mais sobre esse excelente comunicador.
Gabriel Dantas: Para os futuros leitores, quem é Milton Neves?
Milton Neves: Um caipira abençoado por Deus
GD: Como é a sua relação com Muzambinho?
MN: Direta, por telepatia, coração, amor eterno
GD: Você gosta de ser crítico usando a ironia?
MN: Sei não...tenho meu jeito, nasci assim
GD: Você gosta de utilizar a brincadeira nos programas de TV. Você acha que de certa forma inspirou o estilo de Leifert na Globo?
MN: O brilhante Tiago Leifert é ''filho do Debate Bola" (2001-2007) da Rede Record
GD: Em que ano ingressou no Jornalismo? Teve alguma influência?
MN: Em 1967, em Muzambinho, em serviço de alto-falante
GD: Em quais empresas de mídia já trabalhou?
MN: Rádios Continental de
Muzambinho, Colombo (Paraná), Jovem Pan, Bandeirantes e TVs Gazeta, Manchete,
Band, Record, Band (novamente), TV Assembléia e Rede Mulher.
GD: TV ou Rádio? Qual dessas oferece um maior suporte?
MN: Óbvio que é a TV, que é o Canhão. O rádio é apenas um revólver.
GD: Você é assumidamente torcedor do Atlético-MG e do Santos. Quando as duas equipes se enfrentam, para qual você torce mais?
MN: Sou Santos desde
06/08/1951 e Galo desde 06/10/2001.
GD: Como é sua rotina hoje?
MN: Só vou à Band às quartas
e domingos. No mais, faço 18 colunas de rádio por dia por telefone e vou ao meu
escritório às segundas e quintas-feiras.
GD: O que gostaria de fazer na carreira e ainda não conseguiu realizar?
MN: Mais nada, só manter
isso aí e esperar 2016 para me aposentar.
GD: O que levou um profissional tão completo a optar pela área de esportes?
MN: Destino e o amor pelo
Santos. Tanto ouvia rádio que resolvi tentar ser radialista.
GD: Acreditas que um jornalista esportivo deve assumir seu time de coração?
MN: Por que não? Não só pode, como deve.
GD: Quem são os jornalistas e/ou profissionais da comunicação que mais admira?
MN: Flavio Gomes, Cláudio
Zaidan, Ruy Carlos Ostermann e Tadeu Schmidt.
GD: Você tem uma histórica briga com o Avallone em 1997, no Mesa Redonda. Por quê começou aquela rusga?
MN: Foi coisa dele que
estava fora da realidade. Foi uma pena, mas ele mereceu a “esfrega” que levou.
GD: Você tem um atrito muito grande com Silvio Luiz e com o técnico Emerson Leão. Por quais motivos ocorreram esses atritos?
MN: Silvio Luiz adora falar
mal das pessoas, é crônico, e Leão foi infeliz e covarde, xingou o cara errado.
GD: Na sua opinião, a cobertura esportiva brasileira é satisfatória? Não faltaria, por exemplo, um pouco mais de jornalismo investigativo?
MN: Satisfatória não, é a melhor do mundo.
GD: Tem alguma história curiosa ou engraçada da profissão?
MN: Anote aí três delas: Mauro Beting, Ibraim José e Telê Santana. Já
o “célebre” e saudoso Ibraim José, moço de Itapetininga-SP e ex-Rádio e
TV Tupi, marcou época na Rádio Jovem Pan AM. Após um “Plantão Esportivo
Permanente”, que eu comandava na emissora, Ibraim José, o popular
Fuinha, leu a primeira manchete do “Jornal da Madrugada” que ele
apresentava nos anos 80: “General Costa chega à Brasília e canta
amanhã”! Era Gal Costa, a baiana então no auge da carreira. Mauro
Beting, além de jornalista, radialista, filho de milionário,
palmeirense, escritor, cineasta, piloto de avião, cabeleireiro,
pasteleiro e físico nuclear, gaba-se de ser campeão mundial em resolução
de palavras cruzadas. Nos estúdios da Rádio Bandeirantes, às 11h18m de
12 de setembro de 2011, Mauro Beting travou diante da questão:
“Explosivo com cinco letras”. Pensou, pensou, pensou e cravou: “Porva”. Em
1992, em final de tarde, na Sala da Assessoria de Imprensa do Detran,
recebi ligação do saudoso empresário Julinho Bordon, então meu
patrocinador pelo Grupo Bordon das transmissões de futsal da TV Jovem
Pan e da F-1 pela Rádio Jovem Pan. Ele estava me convidando para o
jantar de comemoração de seu aniversário no restaurante Esplanada Grill,
nos Jardins, do qual era um dos sócios. Sai do Ibirapuera, apanhei o
locutor e amigão Antonio Freitas na Av. Paulista e fomos lá para o
evento na Rua Haddock Lobo. Restaurante lotado, a festa comia solta e
nós dois fomos acomodados na mesa principal ao lado do aniversariante,
de Osmar Santos e de sua então esposa Rosamaria, Fernando Casal De Rey e
esposa, presidente Pimenta, do São Paulo, diretor Kalef João Francisco
Neto, Carlos Alberto Torres e de Telê Santana. Telê de olhos vermelhos
depois de umas caipirinhas, soube mais tarde. Mal me sentei à mesa,
longa e de madeira maciça de bancos sem encosto, bem defronte ao Telê,
quando imediatamente o saudoso treinador se levanta, dobra o corpo,
debruça na mesa e com uma faca na mão direita perto de meu rosto passou a
gritar: “Fala agora que eu coloco o Elivélton na reserva só porque ele é
titular na Seleção e que estou provocando o Parreira por ciúmes. Fala,
vamos, fala agora! Falar lá na rádio é fácil, quero ver é falar aqui”. E
“zunia” e “chuchava” no ar a faca texana de ponta reta e não pontuda
entre meus peito e rosto e eu só me afastando. Foram os 10 ou 15
segundos mais longos de minha vida, mas deu tempo para o ágil e
assustado Casal De Rey puxar Telê pela cintura e “me salvar”. Deixei a
mesa do salão principal com Antonio Freitas e fomos para o reservado que
tinha um declive, nos fundos do restaurante. Foi quando chega o agitado
Julinho Bordon: “Pô, Milton Neves, você quer acabar com minha festa”?
“Eu não, o Telê sim é que quis acabar com minha vida”, respondi. Foi um
grande susto, mas mais tarde tive o prazer e a honra de ter feito a Telê
as duas últimas homenagens que ele recebeu em vida. No SuperTécnico da
Band e no Terceiro Tempo da Record. Ufaaaa...
GD: Você teve uma passagem pela Record e pela Rede Mulher. Como foi trabalhar nessas duas emissoras?
MN: Foi maravilhoso. 7 anos de Record e 3 de Golaço na Rede Mulher. Valeu por tanto emprego que arrumei pra tanta gente.
GD: Tens uma passagem pela Rádio Jovem Pan. Foi um dos momentos mais marcantes em sua carreira?
MN: É claro, foram 33 anos fantásticos. Mas ela foi muito infeliz de sair comigo por imbecis ciúmes. Ela 'sifu' sem mim.
GD: A Renata Fan foi lançada por você?
MN: É a pessoa que mais ajudei profissionalmente em minha vida
GD: Qual Copa do Mundo que você cobrira foi a melhor? Por que?
MN: A de 90, porque foi a primeira e que sai bem, graças a Deus
GD: Mudando de assunto, o que achou do título do Brasil na Copa das Confederações? Você acha que vai existir um clima de oba-oba apenas por ter ganhado da Espanha?
MN: Foi uma deliciosa zebra, mas os europeus vieram em férias
GD: Depois do título, Felipão é mesmo o técnico ideal para a Copa 2014?
MN: Não era de jeito nenhum, mas passou a ser.
GD: No assunto Seleção Brasileira, você prefere a de 70 ou 82?
MN: A de 70, disparado. A de 82 não ganhou nada.
GD: Ronaldinho Gaúcho e Kaká merecem uma oportunidade no time de Felipão?
MN: Sim, merecem, mas estão fora.
GD: Neymar é a estrela do atual futebol brasileiro e mundial. Você acha que ele pode se tornar um dos melhores jogadores do mundo com essa transferência para a Europa?
MN: Já é e será maior ainda. O Santos o 'doou' e 'sifu'.
GD: Qual a sua opinião a respeito dos Estaduais? Devem ser ignorados pelos clubes?
MN: Devem ser encurtados
GD: Corinthians passa por um momento conturbado. Chegou a hora de Tite ser demitido?
MN: Não, pô. O cara é o atual campeão mundial de clubes
GD: Existe cartel na CBF?
MN: A CBF não cheira bem faz anos
GD: As torcidas organizadas atrapalham ou ajudam o futebol?
MN: Estupram a bola do futebol do Brasil.
GD: Nesse início de Brasileirão, quem é a grande surpresa e decepção?
MN: Cruzeiro é a surpresa. O Inter é a decepção.
GD: Em relação à Copa de 2014, quais são as suas impressões ou constatações? A organização do Brasil, ao final da Copa, poderá ser digna de aplausos?
MN: Será uma bela Copa, o Brasil tem sorte.
GD: Para finalizar, deixe um recado para os nossos leitores que querem seguir a àrea do jornalismo, e nos conte como é apresentar o Terceiro Tempo, na Bandeirantes, e ser blogueiro no UOL?
MN: É uma honra. E para vocês, três conselhos: aprendam Inglês, saibam tudo de computador e sejam doentes pelo jornalismo.
Essa foi a entrevista com um ícone do jornalismo brasileiro.
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