Pages

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Entrevista com Maurício Saraiva

Voando bem longe. Sai do estado de São Paulo e fui para Porto Alegre. E nessa viagem, que propriamente não ocorreu, consegui mais uma entrevista. Dessa vez, com o jornalista Maurício Saraiva.

Maurício Saraiva nasceu em Porto Alegre, em 1964. É um jornalista brasileiro. É comentarista e apresentador da RBS. Já apresentou o programa TVCOM Esportes, e também do Bate Bola, ambos na TVCOM.

Atualmente, apresenta o TVCom ao lado de Luis Alano. E apresenta também o Globo Esporte.

Confira mais sobre o Maurício Saraiva:

Gabriel Dantas: Para os futuros leitores, quem é Maurício Saraiva?
Maurício Saraiva: Um jornalista rigoroso consigo mesmo na intenção de usar sempre o raciocínio e a razão para fazer análises e projeções, alguém que muito cedo percebeu que o caminho do sucesso seria a honestidade máxima com seu público e age assim sem negociação.

GD: Em que momento de sua vida, decidiu entrar na área do jornalismo?
MS: Muito cedo, ainda menino ouvindo os jogos de futebol no rádio ao lado do meu pai enquanto minha mãe cuidava das coisas da casa. À época, rádio era muito mais forte do que tevê como mídia. Nunca sonhei ser o jogador que fazia o gol, mas sim o cara que relatava aquela emoção ao público presente no estádio ou longe dele. Não pensava em ser narrador, meu fascínio era o comentarista que colocava seu olhar sobre o que era narrado pelo parceiro de cabine.

GD: Tem algum time de coração?
MS: Em criança, não torcia para o juiz. Sou de Porto Alegre, então minha cor era azul ou vermelha. Mãe gremista, pai colorado...quando comecei a trabalhar no meio esportivo, descoloriu o coração automaticamente, não foi preciso fazer esforço. Hoje, nada somaria eu declarar para que time torcia na infância. Logo, esta informação ficou assim: quem sabe, guarda. Quem não sabe, não saberá...

GD: Você apresentou o TVCom Esportes. Como era esse programa?
MS: Na verdade, comecei apresentando a parte esportiva do Jornal da RBS, entrava no início da madrugada na RBSTV. Depois, somei o Esporte TVCOM, entrava às oito da noite, tinha meia-hora e reproduzia vts do Globo Esporte. A partir de 1999, virou TVCOM Esportes de hora inteira ao lado do meu amigo Pedro Ernesto e depois do meu amigo Jader Rocha. Hoje, apresento ao lado do meu amigo Luiz Alano.

GD: Mudando de assunto, o que acha dessa nova fase da Seleção Brasileira?
MS: Um ponto de interrogação em neon...ninguém sabe o potencial deste time, nem mesmo Luiz Felipe. Sequer temos equipe definida, que dirá sabermos até onde pode chegar. Preocupa, sim, não é por falta de material humano, mas por nenhum dos treinadores que tenta armar um time ter conseguido dar liga e encaixe aos jogadores disponíveis.

GD: Felipão é o técnico ideal? Quem seria a melhor opção para substituí-lo?
MS: Eu preferia ver Tite como técnico da seleção brasileira, é o melhor do Brasil. Luiz Felipe é um pensamento mágico de retomar 2002, mas sem Ronaldinho, Ronaldo Nazário e Rivaldo. Não é mau treinador, claro que não. Porém, não vivia seu melhor e mais empolgado momento na carreira quando foi chamado para o cargo no fim do ano passado.

GD: Gostava da formação tática de Mano Menezes?
MS:
Gostava do time que começava a pintar. Hulk e Neymar na frente, Oscar e Kaká nas meias, Paulinho de segundo volante...havia um desenho esboçado ali, mas não houve tempo depois das Olimpíadas de dar rotina ao time que se projetava.

GD: Brasil é um candidato favorito ao título da Copa das Confederações e Copa do Mundo?
MS: Candidato, sim, tem camisa e é país-sede. Favorito, não. Espanha, Argentina, Alemanha, Holanda e Itália estão na frente.

GD: O que difere do futebol europeu para o nosso?
MS: Incrível escrever isso, mas a Europa joga um futebol mais bonito do que o nosso, a estratégia passou a ser privilegiar qualidade técnica, somá-la à preparação física e à consciência tática. Os treinadores de ponta adotaram a ofensividade como marca. A maioria dos nossos, infelizmente, ainda enche de marcadores o setor de meio e reza por uma bola para ganhar de um a zero...

GD: Qual a sua opinião a respeito da interdição do Engenhão?
MS: Um ato de coragem do prefeito Eduardo Paes. É provável que nada acontecesse de ruim se o estádio seguisse aberto, mas o risco existia. Logo, o gestor precisa agir, Paes não titubeou, não negociou. O segundo passo, porém, é encontrar uma solução e executá-la. Fechar o estádio por tempo indeterminado não faz sentido, é só tirar o sofá da sala.

GD: Sobre os times do sul: Quem tem o melhor elenco? Grêmio ou Internacional?
MS: O Grêmio tem melhor elenco, mas não conseguiu fazer time ainda. O Inter já estabeleceu um desenho, mas lhe faltam opções de meio mais qualificadas. Os dois têm bons elencos e podem fazer bom 2013, não estariam nem perto de qualquer risco de rebaixamento como o Palmeiras corre de série B pra C ou o Vasco de A pra B.

GD: Libertadores: Grêmio irá passar para a próxima fase da competição ou a situação está difícil?
MS: O jogo-fronteira é Grêmio x Fluminense na Arena. Vencendo, bastará o empate aos gaúchos no Chile, o que não será fácil. Confiante em caso de vitória contra o campeão brasileiro, o Grêmio se fortalece para jogar em território desconhecido contra um time que lhe é inferior. Creio que o Grêmio classifica, mas não precisava ser tão difícil nem pra Grêmio, nem pra Fluminense...

GD: Marcelo Moreno vai sair do Grêmio?
MS: Tudo leva a crer que sim. Não vinha jogando bem como titular, não foi errado tirá-lo do time. Porém, não o vejo inferior a William José, por exemplo. A soma de fatores é que deve estar tirando Moreno do Grêmio.

GD: O time do Internacional, que venceu o Rio Branco-AC, é o ideal? Por que?
MS: Não, o time ideal tem Damião com Forlán na frente e um meio com Willians, Fred, Dátolo e D'Alessandro. Falta reforçar o leque de opções de meio e defesa. Na frente, Caio e Otávio podem crescer como alternativas.

GD: Qual a sua opinião a respeito dos estaduais? Considera desprezível?
MS: De modo algum. Estaduais têm valor, mas estão em formato equivocado. No Rio Grande, há times demais. É possível fazer um torneio mais interessante com menos participantes e dando objetivos claros a todos os disputantes. Não vejo o fim da rivalidade local, é a partir dela que os grandes crescem e avançam.

GD: Quem tem o melhor elenco atualmente? Atlético-MG, Fluminense ou Corinthians?
MS: O melhor elenco é o do Corínthians. O FLuminense parece desgastado em algumas peças essenciais, Deco caiu muito. O Atlético MG formou time ofensivo, varia 4.3.3 e 4.2.4, mas precisaria de mais peças de reposição.

GD: Quem é o melhor treinador? Tite, Abel Braga, Luxemburgo ou Cuca?
MS: Maduro, pronto e qualificado, Tite está acima dos outros citados. Gosto do profissional, gosto da pessoa e torço pelo seu sucesso. 

GD: Para finalizar, qual a sua opinião dos pontos corridos, que há 10 anos está presente no nosso futebol?
MS: Prefiro a Fórmula Fraga, isto é, campeão do turno contra campeão do returno. Mantém-se ponto corrido, basta dar vantagens a quem somou mais pontos. Esta fórmula contemplaria regularidade e momento e devolveria a emoção das finais. Tomara que caminhemos pra ela um dia.

GD: Muito obrigado por conceder essa entrevista. Forte abraço e mais sucesso em sua carreira!
MS: Grato, abraço grande e bom trabalho.



 

0 comentários:

Postar um comentário