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segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

O que está por trás da Doyen Sports?

Nos últimos meses, o nome mais falado no mercado da bola é o do grupo Doyen Sports. Uma empresa que financia contratos com jogadores e tem participação em clubes da Europa e do Brasil, casos de Flamengo e Santos.

A Doyen Sports Investment, sediada em Malta, integra-se num grupo privado mais vasto, cujo quartel-general está em Londres e que desenvolve atividade nas áreas de recursos naturais, energia, setor imobiliário, hotelaria, entretenimento e, claro, esportes, principalmente o futebol.

Para um investidor, nada é mais importante que segurança, altos rendimentos e baixos impostos para o seu dinheiro. E tais condições paradisíacas não são oferecidas apenas em praias de areia branca do Caribe – dentro da própria Europa florescem alguns paraísos fiscais.

O que poucas pessoas sabem é que Malta é paraíso fiscal. Ou seja, ocorre a facilidade para aplicação de tributos de origem desconhecida, protegendo a identidade dos proprietários desse dinheiro, ao garantirem o sigilo bancário absoluto.

O líder entre os paraísos fiscais da União Europeia é o pequeno Grão-Ducado de Luxemburgo, um membro fundador do bloco. Lá, estão instalados 141 bancos de 26 países, um deles é o Brasil.

Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) foi investigado em 2011 por um suposto esquema de pagamento de propina a pessoas ligadas à Federação Internacional de Futebol (FIFA) na década de 1990.

Documentos que listam operações de suborno de mais de U$150 milhões citam a Sanud como beneficiária, em processo que corre na Suíça. Os suíços descobriam a Sanud e outras empresas de fachada em investigação sobre a falência da empresa que vendida os direitos de transmissão dos eventos da Fifa, a ISL

Voltando sobre a Doyen. O fundo da Doyen para o futebol atua nos mercados de Espanha, Portugal, Leste da Europa e Brasil, onde já aplicou 100 milhões de euros (e tem prevista uma segunda fase de mais 200 milhões de euros). O CEO é o português Nélio Lucas, que colocou Falcão no Mônaco e ajuda o Real Madrid a encontra patrocinador para o estádio Santiago Bernadéu.

Entre os clientes da empresa constam Morata, Negredo, Casemiro, Mangala, Kondogbia, Guilavogui, Leandro Damião, Rojo, Ola John, Falcão, Defour, Brahimi e Labyad. Em Portugal constata-se que tem maior proximidade ao FC Porto.

Nos direitos de imagem, através da Doyen Global, o grupo representa e trabalha com Neymar (acordo válido até depois dos Jogos Olímpicos de 2016), Xavi, David Beckham, Boris Becker e Simeone (dos últimos a reforçar a carteira de clientes). Na área do entretenimento financiou o filme “A classe de 92.” E quer entrar no negócio dos direitos televisivos.

Mas a Doyen sozinha é só uma empresa sem alma. Precisamos de um nome. Procurando, chegamos a Claudio Tonolla, que aparece como diretor da Doyen.

Quem é Claudio Tonolla? Legalmente falando, ele é sócio de três empresas com sede no Panamá.

TIMESTLAND HOLDINGS INC. (fundada em 03-08-2009)

SILVERNUT DEVELOPMENTS INC. (fundada em 16-11-2009)

GLADROCK DEVELOPMENTS INC. (fundada em 17-12-2009)

As três foram fundadas no mesmo ano, em um período de quatro meses, entre agosto e dezembro de 2009. Nas três empresas, Tonolla aparece como “secretario”. Os cabeças, conforme os documentos dos registros panamenhos, são Roberto Verga (presidente) e Andrew Cefai (tesoureiro).

O Google nos diz que Verga é o homem de uma empresa suíça chamada Veco Group, empresa que, resumindo, faz dinheiro caminhar de um lado ao outro do planeta. Fora do Google, Verga é o homem de muitas outras empresas no Panamá.

Mas é em Andrew Cefai que devemos focar. Ele é diretor da Credence, outra empresa especializada em movimentar dinheiro. Quem também é diretor da Credence, juntinho com Cefai? Claudio Tonolla e sua bela cabeleira. E onde fica a Credence? Pois então, no mesmo endereço da Doyen Sports, sim: número 40 da Villa Fairholme, na rua Sir Augustus Bartolo, na zona de Ta’ Xbiex.

No mesmo endereço da Doyen e da Credence está instalada a Win Bets Ltd. A empresa tem registrado em seu nome o domínio betcompara.com, um buscador de casas de apostas que promete comparar taxas de sucesso para jogos esportivos online em vários sites, supostamente oferecendo ao consumidor a chance mais real de vencer. Não fica claro em quantos sites o Bet Compara faz essa “simulação de sucesso”, mas ao menos cinco deles tem seus nomes divulgados no banner central da página: Interwetten, Pinnaclesports, Williamhill, Betdsi e Youwin.

Interwetten – Sede declarada em Malta. Divulga como “parceiros” os times VFB Stuttgart, AC Fiorentina e Parma FC.

Pinnaclesports – Sede declarada em Curação, no Caribe.

Williamhill – Sede declarada em Gibraltar.

Betdsi – Sede declarada na Costa Rica.

Youwin – Sede declarada em Malta, com um controladora instalada na Ilha de Man. Seu garoto propaganda é o tenista alemão Boris Becker, curiosamente uma das estrelas da Doyen Sports.

Mas quem é Nélio Lucas? Nélio Lucas tem ligação com membros da MSI, que em 2005 trouxe jogadores como Tevez e Mascherano para o Corinthians e logo foi embora deixando o caos no Parque São Jorge. As transações com dinheiro vindo da Rússia, via Inglaterra, despertaram a atenção da Polícia Federal. A parceria teve de ser rompida depois da devassa no clube paulista. Desde então, o empresário se mantém longe do Corinthians.

Em 2004, Nélio começou a trabalhar com Pini Zahavi. Israelense, era um dos investidores da MSI, que tinha Kia Joorabchian como "cara" no Brasil. E quem representa hoje a Doyen Sports é Renato Duprat, o mesmo empresário que apresentou a MSI ao Corinthians.

De acordo com o empresário português, seu fundo funciona como um simples financiador (sem dizer qual é a taxa de juros que cobra para isso).

Usar o Flamengo e esquecer o Santos. É isso que a Doyen Sports quer fazer. Depois do fracasso na contratação do atacante Leandro Damião, o grupo com sede em Malta quer ter uma relação com o Flamengo. O homem-chefe da Doyen no Brasil é Renato Duprat, amigo íntimo de Luxemburgo. Se conheceram no Corinthians.

Com dívidas que batem nos R$ 750 milhões, o Flamengo recebe de braços abertos a iniciativa da empresa. Marcelo Cirino, atacante revelação do Atlético-PR, já é o novo reforço da equipe. Conca, atualmente no Flu, pode também pintar no Rubro-Negro. Lucas Lima, meia do Santos, também.

O site da ESPN revelou neste sábado que a antiga direção do Santos negociou com o Doyen Sports fatias dos direitos econômicos de três jogadores oriundos da base: Gabriel, Geuvânio e Daniel Guedes.O estatuto do clube não permite que o Peixe venda qualquer jogador até três meses antes da eleição, mas é liberal quanto a direitos econômicos e não federativos. 

Mas e a situação na conta bancária de Santos e Internacional? Nenhuma suspeita? Vale lembrar que o próprio Internacional, talvez o maior beneficiário da transação de Damião, perdeu um Brasileirão justamente por causa de uma reviravolta no campeonato motivada pelo estouro de um esquema de compra de resultados, crime confessado pelo ex-árbitro Edílson Pereira de Carvalho.

O que será do futuro dessas equipes citadas? São vítimas ou coniventes?

Fontes: Cosme Rímoli, jornalista do Portal R7; Leandro Demori, jornalista especializado em investigação pela Associazione di Giornalismo Investigativo di Roma e City University de Londres); e Blog Impedimento

1 comentários:

  1. Poderias dar o crédito ao blog Impedimento e ao jornalista Leandro Demori. Vários parágrafos desse post são plágio do trabalho deles.

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