Não é de hoje que há o fatiamento dos jogadores, principalmente no futebol brasileiro. Os clubes brasileiros precisam deste artifício. Fatiar os jogadores em dois três, até quatro donos, é a forma que encontraram os dirigentes para contratar os jogadores e, futuramente, vendê-los para o exterior.
Muitos são os casos de investidores que compram metade dos direitos econômicos do jogador e colocam num clube e, em caso de venda, dão metade desse valor para o clube como uma forma de recompensá-lo por colocar o jogador na vitrine.
Dinheiro fácil, riscos altos, falta de clareza, de prestação de contas. A grande preocupação nos últimos anos foi a grana preta que inundou o esporte futebol.
Grandes parcerias são feitas entre clubes e patrocinadores, principalmente grupo de investidores. Neste blog, você, caro leitor, já leu sobre a Doyen Sports e a Elenko Sports.
Porém essa atitude é antiga. Basta lembrarmos de Palmeiras-Parmalat, Corinthians-Excel Econômico, Corinthians-MSI, Flamengo e Grêmio com a ISL, Fluminense-Unimed, que teve seu fim no ano passado. Até hoje muita coisa permanece em livros empoeirados, guardada a sete chaves.
O alvo principal dessas empresas são as categorias de base. É lá que os grupos de investidores fazem do jogador de apenas 15 anos uma vítima e o divide em quatro pedaços, como uma pizza. E depois de poucos meses, esse garoto já está fora do país, atuando em campeonatos patéticos, como o Russo, Turco, Ucraniano.
Quebrados, os clubes brasileiros têm de se virar para continuar formando equipes competitivas e se manterem vivos financeiramente. A solução imediata encontrada pelos cartolas do país foram parcerias. E a saúde dos clubes foram sendo estragadas.
A Fifa, entidade maior do futebol, já fechou o cerco contra essa política envolvendo investidores, empresários e as vítimas, no caso os atletas. Mas será que o fim da prática de 'fatiar' jogadores fará o futebol brasileiro se organizar? É uma boa pergunta para ser feita aos dirigentes dos clubes brasileiros.
Dentre esses clubes brasileiros, o Santos passa pelo seu momento mais delicado. Salários atrasados, direitos de imagem vencidos e até a floricultura da equipe sem receber um tostão sequer. O que aconteceu com a equipe paulista? A equipe revelou craques para o cenário mundial nesta década, casos de Robinho, Diego, Ganso e Neymar. Este último ainda causa polêmica, principalmente no que diz respeito à sua venda para o Barcelona.
Antes mesmo daquela final contra o Barcelona pelo Mundial de Clubes, o Neymar Pai já havia recebido o valor. A informação consta em documento da empresa, a N&N, mandado à Receita Federal. No total, a firma ficou com R$ 113,9 milhões no total só pela transferência.
Sua empresa faturou dinheiro com direitos federativos da transferência e o jogador tinha pré-contrato com os europeus desde 2011, o que era negado pelo empresário e pelo próprio atleta.
Por conta dessa negociação, fica a impressão de que Neymar não jogou o que podia (e sabia) naquela partida? Pode até ser. Não sabemos o que se passava na cabeça do atleta, principalmente quando ele abraça o seu futuro companheiro Messi.
Agora, vamos aos detalhes da negociação de Neymar com o Barcelona, baseada na leitura do livro O Lado Sujo do Futebol.
Foram gastos € 57,1 milhões (cerca de R$ 188,5 milhões, na cotação de janeiro de 2014) para contar com o atacante brasileiro. Porém, o diretor de futebol do clube catalão, Raul Sanllehí, elevou a conta ao considerar também as luvas recebidas pelo craque, as parcerias sociais e de marketing e o acordo de prioridade com o Santos: € 86,2 milhões (R$ 284,5 milhões).
Na negociação, a DIS, detentora dos 40%, ficou com 6,84 milhões de euros, e a TEISA, detentora de 5%, recebeu 855 mil euros.
Somando-se os R$ 30 milhões recebidos pela venda direta do atleta com os R$ 25 milhões pagos pela preferência dos meninos da base, casos de Gabigol, Giva e Victor Andrade, o Santos ficou com R$ 55 milhões.
R$ 55 milhões é o valor, portanto, que o Santos recebeu em junho de 2013 por Neymar (tirando toda a confusão do dinheiro recebido exclusivamente pelo pai do atleta).
Para onde, então, foi todo esse dinheiro?
R$ 10 milhões foram aplicados diretamente na contratação do lateral direito Cicinho, ex-Ponte Preta, posição carente do elenco à época.
R$ 8 milhões foram gastos na contratação do lateral-esquerdo da seleção chilena Eugenio Mena, ex-Universidad del Chile.
Sobram R$ 37 milhões.
Para onde foi esse dinheiro?
Para pagar os altos salários dos improdutivos Muricy Ramalho, Durval, Marcos Assunção e Renato Abreu. Para quitar dívidas do clube, hoje no valor desconhecido.
Os 3 jogadores contratados pelo Santos para 2013 - Leandro Damião, Lucas Lima e Rildo - vieram por meio de financiamento, com o clube esperando uma revenda dos atletas, o que aconteceu com Damião, que foi para o Cruzeiro, e Rildo, voltando para a Ponte Preta.
Infelizmente, para o futebol brasileiro, a atual fase é essa. E voltemos àquele clichê que é falar sobre a goleada sofrida diante da Alemanha. O problema do nosso futebol vai além dos gramados. É falta de transparência, falta de ética. Poucos dirigentes estão interessados em ver os seus clubes mandando bem financeiramente. Apenas querem seus próprios sustentos e ostentar.
domingo, 11 de janeiro de 2015
"Fatiamento" dos jogadores e clubes com dívidas: a atual fase do futebol brasileiro
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