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sábado, 25 de abril de 2020

Treze anos depois, o pagamento de uma dívida. Será?

Seleção feminina conquistou o Ouro no Maracanã (Foto; Flavio Florido/UOL)
Uma das maiores conquistas da Seleção Feminina. Ou a maior. As mulheres brilharam em solo brasileiro, no palco do futebol tupiniquim. O mês de julho do ano 2007 não saíram tão cedo da memória de personagens tão icônicas do futebol feminino.

O que é disputar uma final do Pan-Americano, no Maracanã, com mais de 67 mil pessoas cantando e vibrando? A consagração de uma geração. Detalhe: era quinta-feira, meio-dia.

Um título incontestável. A goleada sobre os Estados Unidos por 5 a 0 foi a cereja do bolo. Afinal, em seis jogos disputados, foram seis vitórias. Trinta e três gols anotados. Rainha Marta foi artilheira, reinou. Nós tivemos que reverenciá-la e aplaudi-la por 12 vezes só no Pan.

O roteiro para a glória contou com goleadas marcantes: 4 a 0 sobre o Uruguai, 5 a 0 contra a Jamaica, um impiedoso 10 a 0 sobre o Equador, um surpreendente 7 a 0 diante das canadenses e 2 a 0 sobre o México - jogo mais difícil daquele torneio.

A final contra os Estados Unidos estava rodeada de expectativa. Quem poderia parar aquela máquina brilhante de assistir? Quem poderia parar a genial Marta? E tinha Cristiane, Daniela Alves, Kátia Cilene. Constelação em pleno sol a pino.

O Rio de Janeiro parou para presenciar e prestigiar as mulheres guerreiras em campo. O Brasil parou em frente à televisão para entender que, sim, existia futebol feminino. Sim, as mulheres sabiam jogar. Sim, além das adversárias dentro das quatro linhas, elas tinham que enfrentar - e ainda enfrentam - o machismo, o preconceito, o olhar torto. "Futebol feminino, o que é isso?"

Há 13 anos, tudo era diferente. O modo de se comunicar e, consequentemente, a divulgação de uma modalidade que já havia sido destaque três anos antes, em 2004, quando conquistou a medalha olímpica, em Atenas. Mas quem se importava?

Na verdade, o que importava era título. Se não ganhasse, as guerreiras eram tratadas com desdém, eram escanteadas, e a palavra fracasso seria utilizada para definir o final. Todavia, o que se passava nos bastidores da modalidade? Como elas treinavam? Existiam competições?

Rainha Marta encantava o mundo com seus golaços, fora eleita a melhor jogadora do Mundo pela FIFA - já são SEIS! A nossa maior representante!

Três meses depois, em setembro, na China, o Brasil ficou com a segunda colocação na Copa do Mundo feminina, perdendo para a Alemanha na decisão. A camisa 10 da Seleção fez aquele gol antológico sobre os Estados Unidos, causando uma emoção na narração do Luciano do Valle e nos telespectadores - inclusive neste que vos escreve.

Voltando ao final do Pan de 2007, Marta ganhou asas cenográficas. Cena de filme. Mas era real. Na hora de receber a medalha de ouro, as jogadoras se emocionaram e no hino, a felicidade estava estampada no rosto delas que batalharam tanto para aquele momento de ápice, e em todos os torcedores. Puderam de ver de perto um jogo de futebol feminino.

Quase 13 anos depois, uma possível transmissão daquele Ouro está em pauta. Considero como um pagamento de uma dívida. Pois, em 2017, quando houve a comemoração dos 10 anos daquele feito tão incrível, poucas ações foram feitas. Que bom que a mudança está acontecendo! 

Qualidade nos jogos, qualidade nas transmissões, profissionais capacitados, mais times em campo, novas jogadoras surgindo. E o futebol feminino vai caminhando para a sua glória e também se tornando uma paixão nacional. O caminho é árduo. Mas, no fim, há sempre um gol de placa para se comemorar.

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