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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Muricy sofre perseguição injusta; Como resposta, mostra aos incompetentes que tem liderança

A derrota para o Corinthians na primeira rodada da Libertadores não foi bom para o São Paulo. Muito menos para Muricy Ramalho. No dia seguinte à derrota, membros de uma torcida organizada pediu a demissão do técnico. Vale lembrar que o Tricolor é líder do seu grupo no Paulistão. Tem o melhor ataque, um dos melhores elencos do país e um técnico que tem a identidade. 

A vitória por 4 a 0 sobre o Audax, no último final de semana, foi o tempero perfeito para que o torcedor comum e outros membros da torcida organizada do São Paulo aplaudissem o treinador e o colocasse como nome certo para o resto da temporada. 

Depois da vitória, Muricy, visivelmente irritado, desabafou na entrevista coletiva. O treinador falou de sua relação com Juvenal Juvêncio e esbravejou: "Se não me quiser é só me mandar embora". O recado tinha alvo: Carlos Miguel Aidar. Mas isso será explicado mais adiante. 

Veio a segunda rodada da Libertadores. Jogo em casa, no Morumbi. O adversário era o Danúbio, do Uruguai. Time visitante pouco fez na partida. São Paulo dominou do começo ao fim. E goleou! 

O triunfo de 4 a 0 do São Paulo sobre o Danúbio na noite da última quarta-feira, no Morumbi, pela segunda rodada do Grupo 2 da Copa Libertadores da América, foi importante para o clube, afim de evitar o princípio de uma crise e um desempenho pífio no começo da competição. Mas a vitória foi especial para Muricy Ramalho. Com a goleada, o treinador chegou a 250 vitórias no comando do Tricolor.

Calaram-se as cornetas. Aplausos para o time e comandante. Após o jogo, Muricy mostrou o distintivo do São Paulo ao torcedor. Gesto para coroar a liderança que lhe é peculiar. E há quem diga que os mais de 17 mil presentes no Morumbi compararam Muricy com Telê Santana. Os dois citados são de respeito. Ídolos da história são-paulina. 

A variação de Muricy não afeta contra times pequenos do Paulista, dada a superioridade técnica. O que realmente acontece é que o comandante está triste com o futebol brasileiro. É comprovado a sua insatisfação. O lado político do clube também afeta. Muricy e Juvenal Juvêncio, ex-presidente do São Paulo, são amigos. Com a saída do mandatário e a entrada de Aidar, as relações se encurtaram. 


O problema para o presidente Carlos Miguel Aidar é a amizade que Muricy ainda mantém com o seu antecessor Juvenal Juvêncio. Tanto que em setembro do ano passado, Juvenal lamentou ter escolhido o atual presidente do clube, e ainda disse que ele queria demitir Muricy Ramalho, que tem contrato com o clube até dezembro desse ano. 

Publicamente, Aidar elogia Muricy a todo momento e garante que ele será treinador do clube até quando quiser. O abraço do atual mandatário no Muricy representa a paz e o bom momento, pelo menos dentro das quatro linhas; e o apaziguamento do rancor que tem fora delas. 

Não vejo no mercado do futebol outro treinador para assumir o cargo de Muricy Ramalho. Ele conhece como a palma da sua mão tudo o que se passa no clube. Tem a identidade, o comportamento, a inteligência. Talvez o técnico saiba o que significa realmente aquele abraço. E a declaração "[O presidente] tem que estar junto" seja um sinal de que Aidar não se preocupa tanto com o clube. 

O processo de fritura e a sabotagem fazem com que Muricy procure outros ares, ou se envolva menos com o lado político da equipe. O seu problema de saúde também vem afetando. Muricy não é mais vibrante como antes, mesmo assim demonstra que é vencedor e que tem muita lenha para queimar. 

Faço das palavras de Alexandre Silvestre, repórter da TV Gazeta, as minhas: "O Futebol é um universo injusto, sujo e ingrato. Ou melhor: o futebol, não; as pessoas que tocam o futebol, sim". 

Perseguição ao Muricy representa a queda-de-braço entre o atual presidente e o antecessor. E vale aqui mais uma ressalva: Aidar prometeu ao técnico que vai ligar para Juvenal na data do seu aniversário. Ato apenas para esfriar os ânimos. E o principal: não deixar que a apatia de Muricy invada as quatro linhas e prejudique o comportamento dos jogadores. 

Muricy precisa de tranquilidade. E todos os envolvidos devem trabalhar a favor da entidade São Paulo Futebol Clube. Pois nenhum sujeito é maior que o clube. Nem Muricy Ramalho. Que simplesmente é mais digno e íntegro. 

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