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sábado, 2 de maio de 2020

Carta ao Dr Sócrates

Fala, Dr Sócrates, tudo bem?

Infelizmente, não te conheci. Queria ter conversado contigo, ter te entrevistado, mas não deu.

Quando você morreu, em 2011, eu estava me preparando para ver Corinthians x Palmeiras, pelo Campeonato Brasileiro. Jogo que, inclusive, sacramentou o título do Timão.

Aliás, fiquei emocionado em ver os jogadores com o punho cerrado, uma homenagem muito justa, por sinal.

Sabe, Sócrates. Por aqui, tá foda. Tá tudo muito cinza.

Dão palanque pra otário dançar.

Dão palanque pras asneiras.

Não querem que futebol e política se misturem.

Aí comecei a reler novamente o livro escrito por Tom Cardoso, que descreveu brilhantemente sua trajetória. Como atleta e como cidadão.

Porra, Sócrates. Querem que o seu legado seja jogado no lixo.

Desdenharam da Democracia Corinthiana. Assim não se faz.

Seu irmão, Raí, herdou o seu lado politizado, de um cara culto, inteligente e manifestou uma opinião forte e bem importante, fugindo dos padrões daquelas entrevistas monótonas e chatas pra cacete.

Mas alguns, que nem foram craques e só ocupam um lugar na crônica esportiva deus sabe como, achou ruim. Rebateu os comentários.

Diz que futebol e política precisam ser separados. Como faz, doutor??

Não é possível, Sócrates. Está duro de ver.

As coisas estão difíceis por aqui.

Infelizmente, o país ficou mais pobre e menos inteligente com a sua partida, Sócrates. Tá osso.

A balbúrdia, o apoio à tortura e o "e daí" para se referir aos mais de 5 mil mortos pelo coronavírus são tratados como "coisas normais" e tem gente que até dá risada.

É, querido Sócrates, alguns habitantes deste país não quiseram te ouvir. Pena deles.

Sorte dos bons que te acompanharam e democratizaram o Brasil através do Corinthians.

Muito obrigado, Sócrates, pelos ensinamentos diários.

Abraços

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