Um drone, equipamento de solda, gás de pimenta. "Clima de Libertadores", "futebol de macho". Confesso que li essas frases nas redes sociais. Torcedores eufóricos. Que comportamento inútil. A humanidade deu errado.
É de consciência dos torcedores que um clássico como Boca Juniors x River Plate é muito mais marcado pelas brigas, chegadas firmes, discussões, cartões amarelos e vermelhos do que pela técnica.
O primeiro tempo acabou 0 a 0. No jogo de ida, River Plate venceu por 1 a 0. Não teve segundo tempo. Torcedores do Boca, especificamente o da imagem abaixo, espirraram spray de pimenta no túnel de entrada do River, e jogadores passaram mal. Ponzio, Ramiro Funes Mori, Vangioni e Kranevitter foram os mais atingidos.
A torcida do Boca permaneceu no estádio. Jogadores do River Plate ficaram no meio do gramado, aguardando alguma solução. A solução foi encontrada depois de quase duas horas. A Polícia Argentina não tomou nenhum procedimento no que se refere à retirada dos hinchas no estádio.
Para piorar o que já estava feio, torcedores do Boca, não contentes com a atitude do spray de pimenta, arremessaram garrafas d'água e outros objetos no gramado, atingindo dirigentes e jogadores adversários. E ainda filmaram. Lamentável.
Se o STJD é o pilar para a vergonha do futebol brasileiro, a Conmebol está para o futebol sul-americano. Não tem nenhuma credibilidade. Vale recordar o caso de Oruro.
Kevin Beltran Espada, de 14 anos, foi atingido por um rojão disparado por torcedores do Corinthians que comemoravam o gol de Paolo Guerrero – o primeiro da partida, a 5 minutos do primeiro tempo. Espada morreu por perda de massa encefálica.
Inicialmente, o Corinthians jogaria sem torcida na competição, até que uma decisão final sobre o caso fosse tomada. Após alguns dias dessa decisão, a entidade voltou atrás e liberou a entrada da torcida em jogos que o time atuassem em casa - à época, o clube ainda utilizava o Pacaembu. E teve o pagamento de uma multa - cerca de R$ 400 mil reais à época.
Houve uma morte. E "não aconteceu nada". No caso em questão, dificilmente teremos a expulsão do Boca Juniors na competição. Haverá o segundo tempo e tudo será colocado para debaixo do tapete.
A previsão é que aconteça o segundo tempo no estádio do Racing, em Avellaneda, com os portões fechados. Informação de uma importante rádio argentina. Mas e os torcedores que pagaram pelos seus ingressos? Eles têm o direito legítimo de assistir à partida.
Para completar o "Superclássico da Vergonha". A Polícia Argentina colocou mais homens em frente ao vestiário dos árbitros. Era por ali que jogadores e comissão técnica do River Plate sairiam. Todos estavam inseguros. Não adiantou colocar mais homens e escudos. Garrafas continuaram voando, até acertar o rosto do dirigente do River Plate em cheio.
Depois de tanto esperar, a partida se dava como encerrada. E quando já tinha visto de tudo, jogadores do Boca Juniors foram saudar a barra que provocou toda a confusão. Aplausos para os vândalos? Piada!
Falta de segurança, desrespeito com os atletas, indecisão sobre a suspensão do jogo. Tudo numa única noite que tinha de tudo para ser um espetáculo. Mas retomo as frases lidas nas redes sociais. "Isso é torcida", "futebol de macho", "espírito de Libertadores". Coitados desses imbecis que pensam assim.
Há indícios que a causa do "protesto" seria divergência na distribuição de ingressos.
Entrada de spray de pimenta, drone. Equipamentos que servem para o futebol praticado na Argentina ou em qualquer lugar do mundo?
Ontem, os verdadeiros torcedores sentiram vergonha de ser sul-americano, onde a educação é de quinto mundo. Vamos recordar o que aconteceu na Arena Joinville, no confronto Atlético-PR x Vasco. Vamos recordar o confronto entre Corinthians e Palmeiras, pelo Campeonato Paulista de 1999.
Após cenas lamentáveis, tive a oportunidade de ver a recepção da torcida para Atlético Nacional x Emelec. Jogo de volta. O time de Medellín venceu por 1 a 0, mas insuficiente para se classificar. Ajudou a resgatar a Libertadores que admiramos, que gostamos de ver. Com torcedores apaixonados, e não bandidos que pertence à ramificação criminal, que cuidam do tráfico de drogas ao combate de manifestações políticas.
A selvageria é marca registrada como se isso fosse demonstração de civilidade.
sexta-feira, 15 de maio de 2015
Superclássico da Vergonha: a selvageria de uma única torcida
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