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quinta-feira, 14 de maio de 2015

Da Champions League à realidade

O Corinthians pagou caro por ter escolhido um adversário tecnicamente "mais fraco". Aquele jogo contra o São Paulo servirá como aula para os futuros confrontos decisivos. Mas, afinal, como o time de nível Champions League, como a imprensa o retratava, conseguiu ir do céu ao inferno em poucas semanas?

Sérgio Janikian, diretor de futebol do Corinthians, disse em uma entrevista à Fox Sports que foi presenteado por Deus ao saber que o adversário era o Guaraní, do Paraguai. Talvez ele, inocente ou despreparado, não tenha parado em frente à televisão para acompanhar sequer dez minutos do jogo do time paraguaio.

"A gente teve a felicidade, não vamos negar, a gente foi presenteado por Deus, vamos dizer assim, nessas oitavas com um jogo que não é tão complicado", afirmou otimista e sorridente.

Na primeira partida, um baile. Só que do time paraguaio. Corinthians sonolento. Perdido. Desorganizado. Sequer ameaçava o goleiro adversário. Parecia que o nível Europa inverteu de lado. Era o Guaraní que tinha a soberania. Que tinha a vontade de vencer. E conseguiu. Dois a zero. Poderia ter sido mais, caso não fosse a intervenção de Gil sobre a linha e as próprias falhas cometidas pelos jogadores.

Jogo de volta. Arena Corinthians. Invencibilidade de 32 jogos. Mas a equipe paulista já havia passado por uma eliminação. Contra o Palmeiras, pelo Campeonato Paulista. Outro campeonato. Outra reação.

A autoconfiança é muito importante, porque nos dá a segurança de estarmos bem preparados para qualquer desafio, seja ele físico ou intelectual. Era isso que o torcedor e os jogadores sentiram antes da bola rolar. Pareciam que o foco estava de lado. Era só entrar no gramado, esperar o apito do árbitro e fazer os gols a qualquer momento. Deu errado.

Equipe paraguaia tem sob seu comando um espanhol. Filosofia de jogo impecável. Recuou todos seus jogadores de linha. Entrar na área era raridade, assim como encontrar um grão de ouro.

Ouro. No caso, o gol. Estava difícil. O jeito era arriscar de longe. Jadson, Renato Augusto, Elias, Guerrero. Nada. A bola esbarrava na defesa ou no goleiro. Quando chegou à área, após cruzamento de Jadson, Elias cabeceou, mas Aguilar, firme, defendeu. Malcom, infiltrando, cruzou. Guerrero não conseguiu chegar a tempo para concluir.

A intensidade que faltou no Paraguai sobrou na primeira etapa. Por que não fizera isso lá? A autoconfiança é a resposta. Veio o segundo tempo. Fábio Santos e Jadson, perdidos no controle emocional, foram expulsos. Se com 11 a missão estava complicada, com nove virou ingrata.

O tempo era o inimigo. Dois gols eram necessários para ir aos pênaltis. Danilo se movimentava, buscava algo. Queria a iluminação. Não deu. Os paraguaios abdicaram de jogar. Esperavam o apito final para silenciar a Arena Corinthians.

Cansado, o time paulista já não tinha mais forças. Errava passes fáceis. Nos acréscimos, o golpe de misericórdia paraguaio. Fernández recebeu na área e colocou a pá de cal na participação do Corinthians na Libertadores. Silêncio de lado, euforia da minoria torcida paraguaia.

Santander assinou a classificação do Corinthians. Com xeque, comprovante e saldo no cartão de crédito. Ao Corinthians, restou o débito. Sinal vermelho ligado. Atrasos nos direitos de imagens, oba-oba, falta de concentração.

Somos soberbos e prepotentes. Menosprezamos. Consideramos nossos vizinhos inferiores, catimbeiros, violentos, animais selvagens. Como se não tivéssemos atitudes parecidas. Nós nos colocamos em um patamar diferenciado no futebol. Fantasioso.

É necessário saber dosar a confiança em si mesmo. Deve-se estar sempre disposto a aprender, valorizar, seja com os fracassos ou até mesmo com os sucessos, a cada nova conquista.

Guaraní foi o professor. Ensinou o time corintiano a saber se comportar durante os 180 minutos. Já o Corinthians, foi um aluno de ensino fundamental. Aquele que pensa que a prova será com consulta, não estuda, apenas relaxa, mas que na hora da aplicação é surpreendido e fica sem saber como reagir.

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