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segunda-feira, 12 de maio de 2014

Futebol brasileiro está perdendo a sua principal característica: tradição

Chiquinho comemora seu gol no clássico de ontem, mas recebeu cartão amarelo
Antes, dava gosto de ir ao estádio de futebol. O torcedor levava seus filhos para acompanhar um clássico à tarde de domingo. Comprava o ingresso na bilheteria. Passava da catraca e da revista policial. Depois, sentavam-se nas cadeiras, comprava pipoca e refrigerante dos vendedores e assistia ao jogo tranquilamente. Hoje, até é visto isso, porém com o padrão FIFA de consumismo e compra. Nos estádios que sediarão a Copa, existem as lanchonetes, os bares e restaurantes. Preço absurdo. Fora isso, temos a proximidade dos jogadores com a torcida.

Quando um atleta do seu time fazia um gol, ele comemorava no alambrado. Louco com a torcida. Depois, voltava ao campo de jogo e a bola rolava novamente. Hoje, com a "arenização", não existem mais os alambrados, e sim escadas com pequenos degraus. Se um jogador marca um gol, ele até pode comemorar com a torcida, subindo as escadas, tirando fotos, abraçando a torcida calorosa e demoradamente. Porém, o árbitro impede a continuidade e ainda dá um cartão amarelo para o jogador.

Ainda hoje temos a famosa "Lei do ex". Um jogador atua por um clube A, mas sai e defende, posteriormente, o B. Os dois clubes se enfrentam. Se esse jogador marca um gol, não pode comemorar por respeito ao clube anterior. Besteira. O momento de gol é o mais valioso para a torcida. Ela não quer saber se você atuou por outra equipe. Ela quer que o jogador comemore, esbraveje em vez de levantar as duas mãos e dá um abraço nos companheiros de clube.

Outra besteira é a questão do juiz atribuir um cartão amarelo para o jogador que tira a camisa. Isso vem do mesmo modo que o exemplo acima. O jogador se recupera de uma lesão, por exemplo, e volta aos gramados e faz um gol antológico, que concede o título de um campeonato. O atleta sai feliz e tira a camisa. Momento glorioso de gol. Não foi um gol comum, foi um gol de título.

Outra questão que deve ser levantada: bandeiras e instrumentos musicais. Em alguns estádios, esses objetos foram vetados, principalmente na Copa das Confederações. A preocupação com a segurança foi tamanha que até bandeiras de pequeno porte, levadas por crianças, foram vetadas, por precaução das autoridades. A torcida quer festejar. É jogo do Brasil. Não pode. Por que? Padrão FIFA.

Assim, a tendência nas novas arenas parece ser o banimento de tudo que represente potencial ameaça para a realização do espetáculo futebolístico. É claro que alguns objetos devem ser impedidos, mas e a bandeira da Nação? Ela machuca, fere alguém? Não!

Ontem, uma cena me chamou a atenção. O Manchester City foi campeão da Premier League, após vencer o West Ham por 2 a 0. Assim que o juiz apitou o fim de jogo, torcedores saíram das suas cadeiras e invadiram o gramado. Momento histórico. Mais de 50 mil presentes no gramado, tirando fotos, abraçando os jogadores. Entretanto, o mais curioso foi quando o sistema de som anunciou que o troféu estava chegando ao gramado. Todos os torcedores voltaram para os seus lugares e acompanharam a premiação.

E se fosse no Brasil? Todos seriam presos e punidos. É assim que aqui funciona. Fomos invadidos pelo Padrão FIFA. Vai ser difícil sair dessa moda. E a tradição fica para escanteio.

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