Espanha: ponto fora da curva?

Muito se sabe que a Espanha é uma das seleções mais fortes do futebol. É a atual campeã da Copa do Mundo (2010) e bicampeã da Euro (2008 e 2012). Tem um elenco caro e talentoso. Porém, ontem, em Salvador, na Arena Fonte Nova, a Espanha caiu. A Holanda, que enfrentou a Espanha na final da Copa da África, mostrou o verdadeiro futebol e massacrou a seleção espanhola. À época, em 2010, a Espanha havia vencido os holandeses por 1 a 0, com gol de Iniesta. Ontem, parecia que os jogadores holandeses estavam com o sangue nos olhos e com raça e determinação a flor da pele. Resultado: Van Persie e Robben desequilibraram, e a seleção holandesa goleou por 5 a 1.

A repercussão foi imediata. Como pode uma atual seleção campeã do mundo perder por este placar avassalador? Qual a diferença daquela Espanha encantadora de 2008 até ontem? Seria o fim de uma geração que marcou história no futebol europeu e mundial?

Talvez a resposta da última pergunta seria sim. O famoso 'tiki-taka', a troca excessiva de passes dos espanhóis, não surtiu efeito. Os espanhóis exageram no preciosismo. Um esporte como o futebol é visto sob o aspecto de objetividade, algo que a Espanha não tem trabalhado muito. Os jogadores querem chegar à área do adversário mantendo a posse de bola. Poderíamos chamar até mesmo de egoísmo por parte de alguns jogadores.

Porém, por quê tanta pressão sobre a Espanha? A seleção espanhola, até 2010, nunca havia chegado a uma semifinal de Copa do Mundo. O melhor resultado até então foi em 2002, quando chegou as quartas de final. Participou apenas de duas Copas das Confederações (2009 e 2013) e ambas não conquistou o título. Já na Eurocopa, conquistou seu primeiro título em 1964, porém só conquistou o bi após 44 anos, em 2008, e, por conseguinte, o tri, em 2012.

A derrota acachapante de ontem é uma forma de dizer que a Espanha é um ponto fora da curva? Talvez, sim. Os resultados citados acima comprovam isso. A seleção espanhola modificou seu estilo de jogo. Melhorou o nível, porém toda fase tem seu fim. Em nenhuma das outras edições do torneio, um time que já levantou a taça foi goleado da forma como a Espanha foi em Salvador. Vale lembrar que os espanhóis já sofreram uma goleada por 6 a 1 do Brasil na Copa de 1950. No entanto, a Fúria ainda não era campeã mundial.

Del Bosque, técnico da Fúria, já foi criticado por não revolucionar o seu elenco e mudar a forma de jogo. Porém, rebateu as críticas dizendo que "temos que aprender a lidar com a derrota quando elas aparecem". A Espanha é a última colocada do Grupo B, com nenhum ponto e um saldo de -4 gols. O Chile, que venceu a Austrália por 3 a 1, é a segunda colocada, com um saldo positivo de dois. O próximo compromisso dos comandados de Del Bosque é justamente contra o Chile, no dia 18. Caso percam, os espanhóis ficarão de fora da fase mata-mata da Copa do Mundo. Seria incrível, porém desanimador. Ou seria correta a eliminação precoce?