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domingo, 21 de junho de 2015

Futebol na madrugada

21 de junho de 2002. Há exatos 13 anos, a seleção brasileira vencia a Inglaterra por 2 a 1 e avançava às semifinais da Copa do Mundo. Como esquecer daquele gol épico de Ronaldinho Gaúcho?

Quem ficaria acordado para ver jogos às 3 e meia da madrugada ou às 6 da manhã?

Durante 30 dias foram trocas do dia pela noite.

À época, em 2002, estudava no período da manhã. Como os jogos da seleção eram disputadas na madrugada, eu tinha aula normalmente.

Porém, a minha paixão pelo futebol e pela seleção brasileira eram grandes, fazendo com que acordasse na madrugada fria e calada para acompanhar o barulho das torcidas, a voz inconfundível de Galvão Bueno. Fazia questão de assistir a todos os jogos possíveis.

Briguei com o sono. Explodi de alegria na madrugada. E de tensão, lógico. Um dos jogos mais marcantes foi exatamente este Brasil x Inglaterra.

Estava dormindo em um berço esplêndido. Sonhando. O despertador toca. Era 3h15. Animado, levantei-me da cama e fui para a sala, junto com minha mãe e avó. Com frio, a coberta foi a minha bandeira.

A rua em silêncio. Não sei se os meus vizinhos estavam assistindo ao jogo ou dormindo calmamente. Só sei que estava aflito. Algo me dizia que aquele jogo seria um dos mais difíceis. Tal qual foi.

3h30. Bola rolando. Sem ter noção da lei do silêncio, gritei. Minha mãe pedira a todo momento para ficar quieto. Por quê? Era Brasil. Luta por uma vaga às semifinais de Copa do Mundo.

3h53. Gol da Inglaterra. Desanimação. Fiquei triste. Lágrimas escorreram. Minha coberta parecia um lenço. Suspiro. O primeiro tempo se aproximava do seu fim. E o gol não saía. Lembro que minha avó disse para eu ir dormir, afinal tinha aula às 07h. Não quis. Fui teimoso. Ainda sou. E valeu a pena.

O gol de empate saiu. Rivaldo. 1 a 1. Gritei. É do Brasil!!!

Não teve como. Reação instantânea. Era o grito que estava preso à garganta contra o silêncio e a escuridão.

O sono era o meu maior adversário. Mas joguei junto.

Começou o segundo tempo. E logo depois uma falta na intermediária.

A câmera focava em Ronaldinho Gaúcho. Cantei a jogada: "Cruza!".

Ele não me escutou. Inocência minha.

Ronaldinho encobriu o goleiro e acertou o ângulo direito para desempatar.

Que golaço! Como gritei! Fiquei rouco!

A insistência dos meus familiares para voltar a dormir era enorme. Assustadora.

Continuei. E talvez fosse melhor ter ido dormir.

O homem de vermelho mostrou um cartão da mesma cor para aquele que tinha feito um gol magistral.

Homem de vermelho que eu viria a saber depois que era o árbitro.

Ronaldinho foi expulso. Pensei: "Como um time joga com 10?"

Foi difícil. Os minutos passavam. A seleção brasileira não conseguia fazer o terceiro gol.

Inglaterra criava. Pânico. E se acontecesse o empate? Prorrogação, diz minha mãe.

Não foi necessário. O Brasil venceu. Choro de um lado; animação, do outro.

Comemorei com os jogadores. Senti-me naquele gramado verde.

5h30. Dormir? Que nada! Acompanhei a repercussão do jogo, tomei banho, aliviei aquela tensão fragmentada em cada espaço do corpo.

Tomei café da manhã reforçado. E fui à escola.

Os jogos da madrugada pararam de fazer parte da minha vida.

E voltaram a fazer parte neste Mundial Sub-20, onde a Sérvia conquistou o título frente ao Brasil.

Acompanhei quase todos os jogos, em especial a final.

Cheguei da faculdade às 23h. Poderia ter ido dormir. Mas a vontade de assistir foi maior.

Lutei contra o sono e o frio. Mais uma vez.

E a coberta, novamente, foi minha companheira. Dessa vez, acompanhada de café e pão de mel.

Nas três horas que antecederam à partida, me comuniquei com alguns jornalistas.

Fiz uma análise nas redes sociais. Escutei algumas músicas e li um livro.

2 horas. Começa o jogo. Enquanto a bola rolava, expus meus comentários nas mesmas redes sociais.

Valeu a pena ter ficado acordado, embora a seleção brasileira tenha perdido por 2 a 1.

O futebol na madrugada voltou a fazer parte da minha história após 13 anos.

Que venha mais!

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