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sexta-feira, 12 de junho de 2020

Do factual na rádio à final da Copa do Mundo: a trajetória de Roberta Barroso, que afirma: "Batalhei muito para chegar onde estou hoje"

Roberta Barroso é a entrevistada do blog (Foto: Divulgação/ESPN)
Produtora, apresentadora, repórter. Carismática e responsável por cobrir os times do Rio de Janeiro pelos canais ESPN, desde novembro de 2019, a jornalista conversou com o blog para falar um pouco mais da sua carreira, os momentos marcantes e como tem sido a sua rotina de trabalho em virtude da pandemia do novo coronavírus.

Roberta Barroso Teixeira Millem nasceu em 15 de outubro de 1982. A jornalista formou-se em 2006, mas em 2005 já fizera o seu primeiro estágio, na Rádio Tupi. Em fevereiro daquele ano, ela dava informações do Trânsito e fazia plantão.

Em julho de 2005, foi para a TV Brasil, onde era produtora/repórter do programa EsporTVisão, ficando na emissora até janeiro de 2006. De lá até hoje, não saiu mais do esporte. Com passagens pelo Esporte Interativo, onde foi apresentadora do Caderno de Esportes e Via Esporte (Programa de entrevistas com atletas olímpicos), também ingressou no campo da reportagem.

Roberta Barroso foi contratada pela Rede Record, em 2011. Ficou dois anos na casa, onde fazia reportagens para o Esporte Fantástico, programa exibido aos sábados. Dois anos mais tarde, em 2013, voltou para o rádio, para integrar o time da Rádio Globo, do Rio de Janeiro.

Em janeiro de 2014, Roberta foi contratada pela Band para atuar como repórter e apresentadora do Jogo Aberto. Em novembro de 2019, passou afazer parte dos canais ESPN.

Confira o bate-papo com a jornalista:

Qual foi o teu primeiro passo para ingressar no jornalismo esportivo? Já sonhava em trabalhar na área?
A minha mãe sempre foi apaixonada por esporte. Lá em casa era assim: meu pai não via muito futebol, e minha mãe ficava até tarde, assistindo aos jogos. Cresci com isso. Minha mãe acompanhando, apaixonada pelo time do coração. E ela sempre falava para fazer jornalismo. Mas, no inicio, até pensei em fazer jornalismo factual, não tinha pensado em fazer jornalismo esportivo. Por influência dela, acabei entrando nessa área. Só trabalhei uma vez com factual quando fui estagiária na Rádio Tupi, em 2005. Aí fui para a TV Brasil, onde fui produtora do programa EsporTVisão. De lá pra cá, não saí mais do esporte.

Nesse período, qual cobertura mais te emociona?
Tem muitas coberturas especiais que fiz durante esse período. Posso dizer que uma reportagem muito especial que fiz e ficou guardada até hoje foi na Comunidade Pavão-Pavãozinho, no Rio de Janeiro. Era um projeto que a polícia implantou na comunidade, para aproximar as crianças das policiais por causa da UPP. Lembro que entrevistei um menino chamado Pingo. Foi uma matéria bem emocionante, porque ele disse que já tinha perdido muitos amigos por causa da guerra entre policiais e traficantes. Uma reportagem que me marcou muito.

Um jogo inesquecível que você trabalhou como repórter?
Tem vários, né? (risos). Finais de campeonatos sempre são marcantes, jogos especiais que mudam do nada. Posso destacar a final da Copa do Mundo de 2014. Imagina cobrir uma final da Copa do Mundo, no seu país, no Maracanã? Só faltou o Brasil estar lá, mas a Seleção foi eliminada na semifinal pela Alemanha. Foi muito especial fazer aquela cobertura. E o jogo Brasil x Espanha, na final da Copa das Confederações, que, aí sim, pude ver o Brasil ser campeão no Maracanã. Esses jogos foram bem marcantes. Olimpíadas também são marcantes. É difícil escolher um outro, pois no jornalismo esportivo sempre somos surpreendidos, mas acredito que esses foram os mais especiais.

É mais “fácil” ser apresentadora ou repórter? A preparação é diferente?
Não tem nada fácil (risos). Essa profissão exige muito trabalho, muito estudo, muita dedicação. Você sempre tem que estar atualizado. Se você não sabe o que está acontecendo, tem que ir atrás. E eu acho que para você se tornar uma profissional completa, eu acho que é importante passar pelos dois lados, tanto na apresentação quanto na reportagem.

Você tem uma carreira muito importante dentro do jornalismo esportivo. Quais são seus próximos objetivos?
Tenho algumas metas, né? No começo da carreira, no Esporte Interativo, fui apresentadora – até comecei no caminho inverso. Também quero fazer coberturas internacionais – quem sabe me tornar correspondente. Então, são algumas metas e tenho certeza que vão acontecer. Em algum momento (risos).

Roberta Barroso tem um sonho de ter um programa esportivo próprio (Foto: Arquivo Pessoal/Facebook)

Estamos vivendo um momento diferente no esporte e na sociedade como um todo. A pandemia do coronavírus fez com que modalidades fossem suspensas ou até mesmo canceladas. Qual a sua perspectiva para o futebol brasileiro pós-pandemia?

A gente vai ter um mundo diferente, até encontrarem a vacina. Temos visto todos os protocolos sendo feitos. Tudo vai ser bem diferente. É difícil dizer o que vamos encontrar pela frente. As coletivas são virtuais. Mando as perguntas para os assessores e os entrevistados respondem tudo à distância. E quando a gente voltar vai ser diferente. As famosas zonas mistas não vão ter, não tem como ficarem todos reunidos. Porém, sempre com o pensamento positivo de que as coisas vão melhorar. Temos que ter essa esperança.

Como tem sido a sua rotina de trabalho?
A rotina tem sido bem intensa. Tenho agendado entrevistas e feito pelo Skype. Tenho entrado ao vivo, faço toda apuração, mandando mensagens para as fontes, para que a gente possa passar o melhor conteúdo para o telespectador. É um aprendizado, pois a gente se grava, edita e envia o material. Tem dado certo e está funcionando.

Historicamente, o futebol sempre foi considerado um ambiente hostil e predominado por homens. Mas, a cada ano, o número de mulheres na imprensa esportiva só aumenta. Qual a sua análise da participação feminina nos grandes eventos esportivos e o maior obstáculo enfrentado por você para entrar nessa área?
Eu vejo com muita alegria a participação feminina, mais mulheres estão escolhendo o jornalismo esportivo. Aquela velha história de que "ah, futebol é coisa pra homem", não tem essa. Somos todos iguais. Nós viemos para ficar. Eu quero que mais mulheres entrem no jornalismo esportivo. A luta foi grande para chegarmos até aqui. Tem sempre obstáculos para passar na vida. Todos os espaços podem ser ocupados por nós, mulheres. Que bom que algumas empresas reconhecem isso. Nós vamos passar por todos esses obstáculos. Essa luta é antiga. Que bom que hoje somos mais e sempre seremos mais. Nada e nem ninguém vai me parar. Sigo o meu caminho, com dedicação, e isso é o mais importante.

Em sua opinião, por que há ainda um espanto ao deparar com mulheres no futebol?
É porque é uma coisa enraizada, que vem de muitos e muitos anos. Porque sempre teve aquela de que a mulher tinha que trabalhar  em casa. Mas eu não vejo mais como espanto e acredito que muitas pessoas já não vejam mais como isso também. É claro que alguma pessoa ou outra que vai ter preconceito. Fico muito feliz por ver mais mulheres trabalhando com o futebol e isso é incrível.

No atual jornalismo, são muitos os que exercem a função sem diploma e com falta de credibilidade. Você é a favor do diploma para a atuação? E qual a importância da fonte na hora de divulgar uma notícia?
Sou, sim, a favor do diploma. Muita coisa, quando entrei nesse mundo do jornalismo, aprendi na faculdade. Depois, na prática, você vai aprendendo muito mais. Fazer a faculdade e ter o diploma, você acaba saindo na frente. Sobre a fonte, é fundamental. Você tem que saber preservá-la. Se ela te pede off, você não pode revelar. E é assim que é possível obter novas fontes. Tem que ter uma boa relação. É uma relação de confiança e nós precisamos muito dessas fontes. Nesse período de pandemia, as fontes têm sido fundamentais para que o trabalho aconteça.

Para finalizar, para você, o que é ser repórter e quais dicas poderia dar para os futuros estudantes que querem seguir essa área?
Ser repórter é especial, é não ter rotina, é abrir mão de muita coisa. É muito sacrificante. Muitas vezes você não está no aniversário de quem você ama, nos eventos com seus amigos, mas se você é apaixonado pela profissão, apaixonado por aquilo você gosta, é mais especial ainda. Ser jornalista é ter paixão. E a dica que eu dou para os estudantes: se dediquem muito. Saibam que tem todos esses sacrifícios, não tem final de semana. Você tem uma vida completamente dedicada à profissão. Mas se você escolheu isso, vá em frente. Corram atrás, busquem. É dedicação, amor. Eu batalhei muito para chegar onde estou hoje e continuo aprendendo cada vez mais para crescer mais também. E quando você conquista com o seu trabalho, com a sua dedicação, aí não tem coisa melhor. Então, se você quer trabalhar com televisão, vá atrás. Quer trabalhar com rádio? Vai lá, busque. As coisas acontecem para quem corre atrás. É uma profissão apaixonante.

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