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quarta-feira, 28 de junho de 2017

Montillo: caráter, profissionalismo e força

Força, Montillo (Foto Ricardo Moraes / Reuters)
Desde que Montillo foi anunciado oficialmente como o novo reforço do Botafogo, fui a favor da contratação. Considero um jogador muito importante, cerebral, dos passes inteligentes e finalizações precisas. Ele cairia como uma luva no esquema do técnico Jair Ventura e faria uma excelente dupla com Camilo.

O gol no amistoso contra a Desportiva, do Espírito Santo, foi um grande sinal de que ele poderia, sim, render.

Porém, as expectativas foram diminuindo de acordo com as frequentes lesões que vinham o afastando dos gramados. Não deve ser fácil, para ele e, principalmente, para a família. É muita pressão.

A lesão na partida contra o Avaí, pela 10ª rodada do Campeonato Brasileiro, foi a gota d'água.

Ali, ele percebeu que não daria mais. Substituído logo aos sete minutos da primeira etapa, saiu cabisbaixo, irritado. E com razão. A insatisfação era consigo mesmo. Porque não vinha rendendo.

Mas Montillo merece destaque, respaldo e respeito. Afinal, falou publicamente que havia um acordo com o presidente Carlos Eduardo Pereira para a devolução dos salários.

Não fazia questão do dinheiro que ele próprio conquistou trabalhando, se entregando, suando a camisa, mostrando vontade de se recuperar das lesões e voltar a jogar. Torcida cobrava empenho, mas isso não faltou. É preciso entender os motivos.

Isso é ser profissional. Mostrou um grande caráter.

Num país onde a honestidade passa longe, foi preciso um hermano, de fora, dar a lição mais valiosa para nós. Que atitude!

E que bom que o atleta é ligado à família. Questão de orgulho, honra. É o bem mais precioso que existe. Nas horas tristes e alegres, ela estará lá, um alicerce.

Infelizmente, ele vai se aposentar dos gramados. Fará falta. Mas nos deixa uma grande lição.

sábado, 24 de junho de 2017

Cuca recupera o prestígio e a inteligência de Guerra

Guerra é o cérebro do Palmeiras (Alexandre Schneider/Getty Images South America)

Melhor jogador da última edição da Copa Libertadores, Guerra foi contratado para reforçar o Palmeiras. Quando houve o anúncio oficial, não hesitei em dizer que foi um grande acerto por parte da diretoria. Um jogador inteligente, articulador nato.

Só que o começo dele no Verdão foi marcado por empecilhos. Ele não era uma peça de confiança do Eduardo Baptista. Teve que lidar com o banco de reservas, era apenas opção para preencher uma lacuna.

A história todos sabem: Baptista foi demitido, até pela sua insistência e teimosia. Não aguentou a pressão, aumentada devido às suas declarações após o polêmico e confuso jogo contra o Peñarol, no Uruguai.

Cuca chegou e o Palmeiras mostra sinais de recuperação e evolução tática, mesmo que tardia, se compararmos com outros clubes, como Corinthians e Santos.

Guerra virou a peça principal no meio-campo do Palmeiras. E como o venezuelano tem dado conta do recado. Ele tem uma visão de jogo acima da média. Muito rápido, de movimentação.

Contra Bahia e Atlético-GO, coincidentemente nas duas vitórias do clube, o jogador tem mostrado que está afim de ser aquele jogador decisivo e cerebral do ano anterior, na campanha brilhante do Atlético Nacional.

O treinador palmeirense recuperou a confiança e o prestígio de Guerra, bem como a sua inteligência dentro das quatro linhas. Seja vindo de trás, como no primeiro tempo em Salvador, quanto mais avançado, mostrando variações táticas e confundindo os zagueiros adversários.

Guerra foi um dos melhores em campo contra o time de Goiânia, na rodada anterior do Campeonato Brasileiro. Apesar de não conseguir acertar alguns passes, ele consegue achar um companheiro em melhor posição, para que as jogadas tenham sequência.

É natural que ele fique nervoso consigo mesmo. Mas isso é bom. Mostra que está com vontade, não quer perder a titularidade. A consequência vem. Demanda tempo. Ele tem evoluído aos poucos, e se adaptando ao futebol brasileiro. É aptidão para a adaptação.