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quinta-feira, 21 de abril de 2016

Telê Santana: ao mestre, com carinho

Há dez anos, no dia 21 de abril de 2006, o técnico Telê Santana nos deixou. Um dos maiores e melhores treinadores que esse país teve. Treinou com maestria a seleção brasileira na Copa do Mundo de 1982 e o São Paulo no começo dos anos 90. Tanto o Brasil quanto o Tricolor jogaram por música sob o seu comando.

A sua história de sucesso começou em 1969. O treinador mostrou seu talento ao formar o time do Fluminense, que se sagrou campeão carioca de 1969. Depois, no Atlético-MG, foi responsável por montar aquele timaço (com Ronaldo, Dario e Tião comandando a linha ofensiva).

No Palmeiras, em 1979, Telê tirou leite de pedra. O elenco era limitado. Jorge Mendonça era o craque único, responsável por fazer grandes partidas. Como a equipe vivia em época de vacas magras, o investimento não era tão exorbitante. O título do Brasileirão não veio, em compensação o carinho da torcida ao mestre.

Antes de falar sobre o seu momento à frente do Brasil, devemos passar pelo São Paulo, clube com o qual o treinador tem mais carinho e reconhecimento. Até 1990, Telê carregava um grande peso nas costas: ser chamado constantemente de pé-frio. No Tricolor, simplesmente provou o contrário e derrubou todos os tabus e questionamentos.

Fez campanhas históricas. Como não lembrar da conquista do Brasileiro de 1991? E do bicampeonato da Copa Libertadores da América e do Mundial Interclubes, em 1992 e 1993? Foi nesse curto espaço de tempo que Telê conseguiu a façanha de ser um cara respeitado, valorizado. Provou que tinha competência e potencial.

Conseguiu fazer dos jogadores grandes seres humanos. Jogador comandado por Telê tinha que ser perito no passe, tinha que ter personalidade e humildade. Hoje o merecimento, alcunha que vem sendo muita usada por Tite, com Santana já existia.

Telê montou uma família. Um grupo muito forte, unido, técnico. Com qualidades e respeito. O futebol solidário voltou a aparecer. Ao todo, conquistou 22 títulos com o Tricolor. Dificilmente um técnico conseguirá bater esse recorde.

Não sei o que se passara na cabeça de Telê após aquelas conquistas no São Paulo. Mas creio que ele trocaria todos (ou a maioria desses canecos) por uma realização pessoal e nacional. O mineiro assumira o comando da seleção brasileira em 1980. Viria a ser o técnico na Copa do Mundo de 1982, na Espanha.

Telê era um cara de sorte. Tinha uma safra de puro talento que transbordava naquela época. A parte mais difícil, talvez, como convocar aqueles gênios da bola. Júnior, Leandro, Zico, Falcão, Sócrates e Éder. Que esquadrão para nos representar naquela edição de mundial.

Porém o desfecho não foi como queria. Um tal de Rossi apareceu no meio do caminho dos brasileiros. A tragédia de Sarriá. Derrota para a Itália por 3 a 2, e eliminação. Como aquele time conseguiu ser superado? Era imbatível. Telê queria aquela Copa!

Não foi fracasso. Foi detalhe e inspiração de um italiano faminto. Essa derrota fez com que sua ideologia no futebol passasse por um processo de transformação, mas nunca se esquecendo daquela velha e temida ofensividade.

O futebol nacional passaria, a partir daqueles anos, a focar mais nos resultados do que nos espetáculos. Está aí a prova do fracassado futebol que temos hoje. Com Dunga no comando!!

Telê faz falta ao futebol de hoje. Ele era perfeccionista, ofensivo no jogo e gostava de ensinar. Era um mestre. Um pai. Hoje vivenciamos uma geração de moleques mimados. Muita estrela, pouca bola.

Ah, Telê! Sentiremos - e muito - ainda a sua falta!

domingo, 10 de abril de 2016

Tempo de reflexão

Quem me acompanha, me segue, deve ter reparado que as minhas postagens aqui no blog tiveram uma queda.

Isso pode ser explicado através do meu trabalho profissional. E, também, à faculdade. Aulas, pesquisas, mais trabalhos. São madrugadas silenciosas adentro.

Apenas eu e a tela do computador, somadas ao celular, aos livros, papéis e canetas. Não é fácil. Não está sendo fácil.

Mas se engana aquele que diz na vida, tudo é moleza, o famoso pão com manteiga.

Além desses fatores, tenho usado bastante a reflexão. Pensamento introspectivo.

As horas e os minutos livres tenho me dedicado ao pensar. À leitura de obras que trabalhassem com o meu cérebro.

Lembro-me de uma professora que dava aula no Ensino Médio. Ela dizia que é na faculdade que você encontra novas amizades e tem uma vida melhor. Logo, fui contra.

O melhor da faculdade é ter bagagem profissional. O pessoal, nessa fase, não conta muito, vem em segundo plano.

No primeiro ano, há sempre aquelas incertezas. É um mundo diferente. Cultura nova, atitudes diferentes. Há quem crê que é na universidade que as pessoas ganham maturidade.

Pelo o que observo, tenho as minhas dúvidas. Enfim....

Nesses três anos que completo de curso, o contato com os professores são mais sólidos do que com alunos.

Posso ser considerado chato por isso, não tem problema. Sou responsável por aquilo que falo/escrevo, e não pelo que as pessoas ao meu redor entendem.

Surgem nesses tempos o que chamamos de amizade. Textões de Facebook, postagens no Instagram. Sim, admito, fiz  - e talvez - faça muito isso.

Mas nesses quatro meses de 2016 passei a observar com mais atenção e com uma visão mais focada que não há quase amizades genuínas, apenas aliados provisórios. Isso por um motivo: interesse.

Tanto que, ao observar que algumas "amizades" criadas e citadas, não são mais intensas e verdadeiras, apaguei as publicações.

Antes, amizade era uma palavra que tinha sentimento verdadeiro. Hoje, é apenas uma lata de milhos, que vem com data de vencimento em seu rótulo.

Aprendi nesses anos de ensino superior que a gente vive o presente, com a esperança no futuro, mas o fato é que queríamos estar em um determinado momento do passado. Recordar é viver!!

A geração mudou. O tempo passou. Houve evolução. Ou o que chamo de evolução caranguejo. Gosto de conversar com pessoas mais experientes (e não velhas, como costumam usar). E elas dizem que o descartável apenas se referia ao lixo. O século XXI passa por problemas.

Esse texto até aqui nada tem a ver com o futebol.

O que vem a seguir fica a cargo da interpretação.

Precisamos refletir mais. O nosso futebol está chato. Não se pode fazer comemorações, porque vem críticas do outro lado. As federações impedem que o torcedor faça protestos. Por quê?

A seleção brasileira (ou da CBF) não tem representatividade. É um bando comandando!

Fomos humilhados pela Alemanha em julho de 2014, no país-sede. Estamos em abril de 2016 e nenhum fator transformador foi colocado em plano.

A Alemanha ganhou com maestria e merecimento! Que nos sirva de lição! Até agora, nada.

Parece que foi um jogo comum, numa competição qualquer. Só erros. Visão velha e distorcida.

Enquanto Tite opta por não abandonar o Corinthians, a CBF diz não a Jorge Sampaoli, responsável por colocar o Chile num patamar mais elevado do futebol sul-americano.

Para contextualizar: Tite é o melhor treinador brasileiro em atividade. Mas ele está certo em fazer jogo duro com a entidade que não patrocina o futebol. Muito por conta das pessoas que lá estão.

Del Nero, presidente-fantasma da CBF, diz que Dunga e Gilmar Rinaldi ficam até o confronto contra a Bolívia, pelas Eliminatórias. Até lá, teremos Olimpíadas (ok, outro grupo) e Copa América Centenária. Testes de fogo.

E nas Eliminatórias estão mancando. Cedemos o empate contra o Uruguai, e arrancamos o empate no modo bumba-meu-boi diante do Paraguai. Ocupa a sexta colocação, a pior de sua história.

Eles ainda estão tentando descobrir os erros. Procuram o caminho para acertar e colocar o Brasil novamente no cenário positivo.

É o famoso jargão: cada dia, um a 7 a 1 diferente. E assim se caminha. Fundo do poço? Talvez.

Para ter novas ideias é preciso ter novas pessoas, com capacidade de analisar a situação.

Gosto de um trecho da coluna de Robson Morelli, do Estadão, quando ele diz:

"Os alemães, de modo geral, pediram para que nós, brasileiros, não joguemos no lixo toda a tradição e história do nosso futebol. Para que isso não aconteça, é preciso de fato mudar muita coisa. Ou continuaremos afundando nessa areia movediça em que caímos."

É isso. Falta reflexão. Ou tempo para refletir.