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segunda-feira, 28 de março de 2016

Impasse de Cuca e falta de controle da diretoria

Cuca é técnico do Palmeiras e está na corda-bamba (Cesar Greco/Ag. Palmeiras)

Troca de técnico, elenco inchado, jogos apáticos, sem qualidade. Palmeiras vive uma crise que parece não ter fim. Nos últimos 15 anos, os vexames têm se acumulado. Dois rebaixamentos à Série B, goleadas sofridas em sequência para Mirassol, Coritiba, Goiás e, recentemente, Água Santa - o time que se profissionalizou apenas em 2011.

Esta semana foi conturbada para o time paulista. Além de duas derrotas no Campeonato Paulista, teve um áudio vazado em que consta que o grupo estaria rachado, com problemas de relacionamento entre alguns jogadores, como Fernando Prass e Zé Roberto; e a insatisfação de Dudu ao ser substituído pelo treinador na derrota para o RB Brasil. E nesse sábado, 26, a torcida organizada invadiu o treino, pedindo raça e cobrando dos atletas.

Cuca vive um momento turbulento, conturbado. Já são quatro jogos e quatro derrotas sob o seu comando. O Palmeiras corre risco de ser rebaixado para a Série A2 do Campeonato Paulista. Precisa nesses últimos três jogos que restam vencer ao menos um e torcer por combinações de resultados. Sem precisar de ninguém, tem a obrigação de somar os nove pontos possíveis.

E na Libertadores? Situação ainda mais complicada. A pressão existe. As duas últimas derrotas no torneio continental custaram caro. E a equipe precisa de um resultado positivo contra o Rosário Central na Argentina para sonhar com a vaga na próxima fase. Isso sem depender de nenhuma combinação.

Seu contrato é curto. O treinador vive um impasse. Resultados precisam surgir antes que uma nova troca no comando seja efetuada pelos maiores culpados por esse momento ruim do Palmeiras - Alexandre Mattos e Paulo Nobre. Eles incharam o elenco. Contrataram à rodo. Só esqueceram de avisar que quantidade não é qualidade.

E Cuca já avisou: quer mais reforços. É como se fosse cobrar mais imposto para a situação econômica do nosso país melhorasse. Porém, no momento, não é necessário ir ao mercado para inchar ainda mais o elenco. Tem que pegar esses atletas e exigirem deles uma dedicação maior nos treinamentos. Isso se faz aprimorando a parte técnica, fazendo variações de jogo, colocando-os para suar.

Falta controle na gestão da diretoria. E os jogadores contratados e que hoje integram a equipe precisam de mais comprometimento, honrar a camisa e o clube que paga o salário.

terça-feira, 8 de março de 2016

Entrevista com Taynah Espinoza, apresentadora do Esporte Interativo

No Dia Internacional da Mulher, o blog recebe, com muito carinho, a jornalista Taynah Espinoza, que atualmente trabalha nos canais Esporte Interativo. Antes de assumir o posto de repórter e apresentadora, ela estava na TV Bandeirantes, onde foi funcionária da emissora por quase cinco anos. Exerceu as funções de estagiária, produtora de rádio, depois fez a interatividade do Jogo Aberto RS e  se mudou para São Paulo, onde participou de diversas transmissões ao vivo.

Nesta entrevista, ela fala sobre o início no rádio, o trabalho que exerceu na assessoria de imprensa do Grêmio, a chegada ao Esporte Interativo, o preconceito que existe com as mulheres que trabalham no jornalismo esportivo e muito mais.

Como foi a tua escolha pelo jornalismo?
Eu sempre gostei muito de esporte. Pratiquei vários esportes na infância e na adolescência e adorava assistir tudo. Fiz meu primeiro vestibular pra Educação Física, mas só pra ver como era mesmo. Não tinha certeza se queria isso. E aí fiquei 6 meses trabalhando com outras coisas e meu pai percebeu que eu tava sempre assistindo esporte na TV. Via de tudo, toda hora. Ele que me deu a ideia de fazer isso. Fiquei super na dúvida, mas pensei em começar a faculdade pra ver se gostava. E me apaixonei! Fiz jornalismo pra trabalhar com esporte.

A sua carreira se iniciou no rádio. Como foi esse começo?
Comecei na área esportiva na Assessoria de Imprensa do Grêmio. E na época, o clube foi pioneiro em ter uma web rádio e web tv. Meu primeiro jogo foi da categoria junior. E é um dos meios que eu mais gosto. A internet é muito rápida nas informações, mas nada supera o rádio. Quando acontece uma tragédia, ou quando acontece um título de um clube, o rádio é o veículo que consegue fazer a repercussão com maior rapidez. Consegue ouvir familiares, pessoas importantes no fato. Por isso gosto muito!

Trabalhar no rádio facilita o processo na TV?
Trabalhar no rádio facilitou muito o processo pra TV, com certeza. No rádio, na prática, a gente não escreve um texto pra falar. Na entrada ao vivo, você precisa dominar o assunto que tá falando e saber a melhor forma de passar isso ao ouvinte. Diferente da TV, que tem a imagem pra ajudar, ou do texto, que o leitor pode reler caso não entenda logo de primeira, no rádio, não tem essa ajuda. Ou seja, você precisa ser o mais claro possível, o mais simples, limpo nas informações. E o rádio esportivo tem muito também da improvisação. Não tem como você prever o que vai acontecer no jogo pra pensar num depoimento de gol. Você precisa assistir e informar exatamente o que acabou de acontecer. Então essa improvisação, esse jogo de cintura ajuda demais na TV.

E a sua chegada à Band RS?
Cheguei a Band depois de 2 anos de estágio no Grêmio. Fiz 6 meses de estágio na BAND. Comecei como produtora de rádio e fazia a interatividade do Jogo Aberto RS, programa local. Depois de 6 meses, já fui contratada e comecei a apresentar um programa de esportes olímpicos, saí da produção e consegui me tornar repórter de rádio e comecei a fazer reportagens de TV também. Na rádio, viajava pra acompanhar as partidas de Grêmio e Internacional fora do estado. Fui a primeira mulher a viajar por uma rádio pra cobertura de futebol no Rio Grande do Sul. Apresentei um programa de futebol na rádio feito apenas por mulheres, virei debatedora do programa...enfim, foi uma GRANDE escola pra mim. Só tenho a agradecer!

Depois, você se transferiu para a Band de São Paulo. Como foi esse processo?
A Band SP já conhecia o meu trabalho da Band RS, afinal as minhas reportagens passavam nos programas nacionais, eu fazia transmissões nacionais...então eles me convidaram pra integrar a equipe da Band SP e foi ótimo. A repercussão é outra. A Band tem muita força em SP, lá trabalhei com grandes pessoas, tive ótimas experiências de grandes coberturas. Cobri a Seleção Brasileira na Copa do Mundo, viajei ao México pra conhecer um pouco mais da Seleção que estava na chave do Brasil, cobri campeonato de Skate em Barcelona. Apresentei Jogo Aberto nacional, Band Esporte Clube, Melhor da Liga...foram quase 2 anos de muito aprendizado.

Das reportagens/matérias que você fez na emissora, qual aponta como a principal? Por que?
Nossa, isso é tão difícil. Cada reportagem é um filho, cada uma tem sua importância! Ehehe Mas gostei muito das reportagens da série do México, fiz uma matéria que gostei bastante também com um jogador que estava com leucemia, contei a influência da TPM no desempenho das mulheres no esporte, consegui juntar Beatles com “Gabrieeeeel, Gabrieeeeel” do Oswaldo de Oliveira numa reportagem sobre o Gabriel Jesus...e, claro, todas as matérias do Brasil na Copa do Mundo. Tem muito filho bom!

Muitos seguidores foram surpreendidos quando você saiu do Grupo Bandeirantes. Qual foi o motivo?
O que alegaram pra mim foi a questão financeira. A Band passava por uma crise e precisava desligar vários profissionais. E eu fui um deles.

Taynah Espinoza no Esporte Interativo (Reprodução/Facebook)

O que te levou a acertar com o Esporte Interativo?
O Esporte Interativo é um canal que está crescendo muito. A emissora tem grandes projetos e isso chama muito a atenção. É um canal que informa com seriedade, discute assuntos importantes, mas sabe brincar também. Me identifico muito com isso. Gosto de informar, que é o nosso grande papel. Mas gosto de poder me divertir também, afinal esporte é entretenimento. Dá pra informar e divertir.

Quem são as suas referências no canal?
Me identifico muito com estilo da Mariana Fontes, que está de licença maternidade agora. Ela tem essa pegada de informar, de dominar o assunto que fala, mas brinca, sabe a hora de descontrair. Andre Henning também tem isso. Passa emoção, dá seriedade a transmissão quando precisa, mas adora brincar também.

Logo na sua estreia no canal, o atacante Emerson Sheik ironizou o Vasco. Qual foi a sua reação naquele momento?
Eu ri. O Emerson Sheik sempre foi um cara de declarações únicas, ele fala o que pensa mesmo. Já me perguntaram que eu havia combinado aquilo com ele. De jeito nenhum! Eu perguntei uma coisa, ele respondeu, saiu, e eu continue o meu boletim e ele voltou do nada pra brincar. Eu, sinceramente, adoro isso! Acho que futebol é essa brincadeira mesmo. A gente reclama dos discursos sempre iguais, mas quando alguém fala algo diferente, reclamam também.

É mais fácil ser apresentadora ou repórter?
Uma coisa ajuda muito a outra. Como repórter, sempre tenho o costume de ler muito, ouvir rádio, acompanhar diversos programas, buscar informações em sites internacionais...procuro estar sempre muito bem informada. E isso é muito bom quando você está apresentando programa. Dominar o assunto é básico. Não existe função mais fácil ou mais difícil. As duas tem duas peculiaridades e eu gosto muito dos dois lados. A apresentadora provavelmente é um pouco mais julgada pelo público porque tá no ar por mais tempo. E a repórter é quem ouve tudo e mais um pouco quando cobre um jogo de futebol, por exemplo. Então tem lado bom e ruim nas duas funções.

O Esporte Interativo está crescendo no país. Presente em algumas operadoras e atualmente está negociando os direitos de transmissão com alguns clubes. O que há de diferente na emissora?
A emissora está crescendo muito. O diferencial é a emoção que o canal dá a todas as competições. Claro que a Liga dos Campeões é o maior produto que temos. Mas isso não significa que vamos desvalorizar campeonatos estaduais ou a Copa do Nordeste. Pro torcedor do Ceará, por exemplo, a Copa do Nordeste é tão ou mais importante que a Liga dos Campeões. E o segredo do canal é conseguir colocar a emoção em todos os eventos.

Sabemos que existe preconceito com as mulheres no jornalismo esportivo. Por quê há esse tipo de injustiça? Já sofreste algum?
Existe preconceito ainda, sim. Muito! Por mais que a gente veja muitas mulheres na cobertura diária de clubes de futebol, o preconceito ainda é muito grande. É muito comum que uma mulher consiga alguma informação em primeira mão e alguns colegas de profissão digam: “o que será que ela precisou oferecem em troca pra conseguir isso?” ou “com certeza ele tem um caso com o fulaninho e por isso soube essa notícia”. Se uma mulher dá uma informação errada, “só podia ser mulher pra falar uma bobagem dessas”. Se um homem erra, tudo certo, ele apenas se enganou. Eu evoluí muito rápido na Band RS e ouvi muito que eu era amante do diretor. Isso é das coisas mais lamentáveis de ouvir.

O que achou do desfile feito pelo Atlético-MG?
Achei ridículo o desfile. Não entendo o que leva um clube a colocar mulheres com a bunda de fora num desfile de camisas de futebol. O que as bundas acrescentaram ali? Assim como acho péssimo associar marcas de cerveja a mulheres com pouca roupa. Por quê? Só homem bebe? Só homem usa camisa de clube de futebol?

Qual a sua expectativa para os times brasileiros na Libertadores?
O Corinthians, mesmo com o desmanche que sofreu, ainda é o time que eu acredito que pode ir mais longe. O Galo se reforçou muito bem também, mas o rodízio imposto pelo Aguirre pode atrapalhar mais uma vez, como atrapalhou o Internacional o ano passado. O Grêmio conseguiu manter a base e contratar jogadores pontuais, mas não tem a mesma pegada e nem perto da organização da temporada passada. Além disso, ainda está no grupo mais forte. Palmeiras e São Paulo, não acredito que irão muito longe.

A Liga dos Campeões chegou à emissora, com exclusividade. O que você diria para quem ainda não assistiu às partidas pelo canal?
Que pena! Quem ainda não assistiu a cobertura que estamos fazendo, está perdendo muito! Não tenho dúvida que a cobertura que o Esporte Interativo faz é a maior que a Champions já teve no Brasil. Temos correspondentes na Inglaterra, Espanha, Portugal, França...e diariamente falamos sobre futebol internacional com a entrada de todos esses repórteres. Ou seja, quem assiste o EI, fica por dentro de todas as informações o ano todo. E na semana de Liga dos Campeões isso é ainda maior. Falamos direto dos estádios com muitas horas de antecedência, conseguimos entrevistas exclusivas com grandes personagens, temos um programa todo sábado dedicado especialmente a Liga dos Campeões. Só não enxerga o crescimento e a qualidade do Esporte Interativo quem vê com preconceito. Ou não quer.

No atual jornalismo, são muitos os que exercem a função sem diploma e com falta de credibilidade. Você é a favor do diploma para a atuação? E qual a importância da fonte na hora de de divulgar uma notícia?
Sou super a favor da obrigatoriedade do diploma. A faculdade me ensinou coisas muito importantes. Não tenho dúvida que a prática foi a minha melhor escola, mas princípios de jornalismo são muito importantes na hora de exercer a profissão. E muito do que eu ouvi na faculdade eu lembro e uso diariamente na função. Sobre a fonte, não vejo necessidade em divulgar pra comprovar a notícia que você está bancando. Mas você precisa saber em quem confia, precisa ter certeza que essa fonte é confiável.

Quais dicas você daria para quem pretende entrar na profissão?
É uma profissão apaixonante! Mas cansativa. Dá um prazer enorme contar histórias que serão lembradas por gerações e gerações, fatos importantes de um país, de um clube, de um povo, de um atleta. Mostrar a superação de alguém aqui, a corrupção no campeonato ali...isso pode ser um grãozinho pra mudar coisas enormes. Amo o que faço! Mas é preciso gostar muito pra trabalhar todos os feriados, todos os finais de semana, perder tantos eventos com amigos e família e achar tudo isso normal.

quarta-feira, 2 de março de 2016

A Ferroviária é exemplo para o futebol brasileiro

Hoje, quem pratica o melhor futebol no cenário paulista é a Ferroviária. Que aplicação tática perfeita! Pressão na saída de bola, toques curtos e precisos, pensa no coletivo. Esta aí a receita para o time ser o destaque. É só os técnicos brasileiros copiarem. Afinal, quem comanda a Ferrinha é o português Sérgio Vieira, que pode ser apontado como um discípulo de José Mourinho, consagrado técnico lusitano. 

Vale, aqui, um dado interessante: quando o time de Araraquara subiu da Série A2 para a elite do Campeonato Paulista, o responsável por escrever essa história foi Milton Mendes, que logo depois aceitou o convite e foi treinar o Atlético-PR. O português Sérgio Vieira, atual treinador, trabalhava no próprio time paranaense. Por meio da parceria do Furacão com o Guaratinguetá, que hoje está na Série A3 do estadual e disputa a Série C do Campeonato Brasileiro, Sérgio foi o responsável por arrancar o Tricolor do Vale e impedir que o clube fosse rebaixado para a quarta divisão nacional. 

A Ferroviária entra em campo com a missão de ter a posse de bola o máximo de tempo possível. Filosofia simples. Usa a agressividade na transição defesa-ataque, e quando é necessário se recompor, usa da marcação em linha. Quem observa o desempenho do clube na atual edição pode fazer uma análise simplista e dizer que apenas é uma fase. Discordo. 

O time complicou a vida de Corinthians e Palmeiras. E não é de hoje. Basta recordarmos a Ferroviária de 1960, que tinha em seu esquadrão: Rosan, Zé Maria, Antoninho, Lucas, Dirceu e Rodrigues, Faustino, Baiano, Bazani, Beni e Dudu. Essa formação vencera o famoso time do Santos de Dorval, Zito, Pagão, Pelé e Tite por 4 a 0. 

Voltando à fase atual, os comandados de Sérgio Vieira preferem cadenciar o jogo, pensar na melhor estratégia possível para reter por mais tempo a posse de bola. Por isso, as bolas longas para o ataque só acontecem em caso de necessidade. O trabalho é de pé em pé. Podemos compará-lo ao Osasco Audax, comandado por Fernando Diniz, que implementou o estilo tiki-taka, tão conhecido no Barcelona, aqui no Brasil. Vieira faz o mesmo. 

E pensar que os grandes treinadores que aqui estão, casos de Muricy Ramalho, Tite, Marcelo Oliveira, Roger Machado, não conseguem com tanta proeza estudar uma metodologia aplicada. Tite e Roger fizeram isso em 2015, quando seus times - Corinthians e Grêmio, respectivamente, - eram considerados os melhores nesse quesito. Atualmente, os dois times apresentam um futebol bem abaixo do esperado. Com o Timão, era notório que o ritmo e a qualidade tivessem uma relativa diminuição, vide à debandada do elenco titular. As peças que chegaram ainda buscam o melhor ritmo de jogo. Já o Grêmio, conseguiu manter a base e ainda se reforçou, mas está longe do nível apresentado. 

A Ferroviária é exemplo, atualmente, para o futebol brasileiro. E os frutos do treinador português serão colhidos.